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AULA 3 OS PACTOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS DE 1966 E OUTROS IMPORTANTES TRATADOS

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DIREITOS HUMANOS
- AULA 3 -
- OS PACTOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS DE 1966 –
A falta de consenso entre os juspositivistas (para quem a Declaração Universal seria uma “mera recomendação”) e jusnaturalistas (para quem o documento teria plena eficácia jurídica) sobre a natureza jurídica da DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos), de 1948, fez com que a Comissão de Direitos Humanos propusesse a adoção de um único pacto internacional de direitos humanos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, em forma de tratado e que seria submetido à ratificação de todos os Estados-membros da ONU.
Como havia a chamada “Guerra Fria”, entre os EUA e a então União Soviética (URSS), e havia divergências políticas entre as grandes potências ocidentais – que advogavam que os direitos humanos seriam apenas os direitos civis e políticos (direitos de liberdade), e os países do bloco comunista – para quem os direitos humanos seriam apenas os direitos sociais e econômicos que tivessem por objeto as políticas públicas de inclusão dos grupos desfavorecidos (direitos de igualdade real), a Comissão de Direitos Humanos da ONU optou pela adoção de dois pactos internacionais, com duas séries de direitos humanos.
Importante salientar que o conjunto dos direitos humanos foi reconhecido como um sistema indivisível e universal; portanto, a divisão formalmente prevista nos dois pactos é artificial.
Portanto, os dois Pactos Internacionais são verdadeiros tratados multilaterais, que foram aprovados pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 16.12.1966.
O PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS (PIDCP):
Entrou em vigor em 23.03.1976 e é mais pormenorizado do que o outro Pacto (PIDESC).
Esse Pacto ampliou o rol dos direitos humanos, em relação aos previstos na DUDH de 1948, pois incluiu o direito à autodeterminação, o direito das crianças em relação à família, à sociedade e ao Estado (art. 24), o direito das minorias quanto à manutenção de suas identidades, línguas, culturas e religiões (art. 27) e o direito de não ser preso por inadimplemento de obrigação contratual (art. 11).
Os principais direitos e liberdades consagrados pelo PIDCP:
Direito à vida;
De não ser torturado;
De não ser escravizado nem submetido à servidão;
À liberdade e à segurança pessoal;
De não ser preso arbitrariamente;
A um julgamento justo;
À igualdade perante a lei;
À proteção da vida privada contra atos arbitrários e ilegais;
À liberdade de locomoção;
À nacionalidade;
De casar e de formar família;
À liberdade de pensamento;
Consciência e religião;
À liberdade de expressão e opinião;
À reunião para fins pacíficos;
À liberdade de associação, incluindo a liberdade sindical;
De votar e tomar parte no Governo.
O PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS (PIDESC):
Este Pacto é mais sintético que o outro, e contém cinco partes.
A primeira parte deste Pacto (PIDESC) é tida como idêntica à do Pacto de Direitos Civis e Políticos (PIDCP). Diz respeito à autodeterminação dos povos – principalmente em relação à independência das colônias -, à livre disposição de seus recursos naturais e riquezas, que corresponde à sua soberania em relação às demais nações.
A segunda parte diz respeito ao compromisso dos Estados de efetivarem os direitos nele previstos; ou seja, seus signatários assumiram verdadeira obrigação jurídica de promoverem políticas públicas voltadas para a concretização progressiva dos direitos econômicos, sociais e culturais.
A terceira parte trata dos direitos sociais, econômicos e culturais em espécie, com destaque ao direito ao trabalho – compreende o direito que têm todas as pessoas de assegurar a possibilidade de ganhar a sua vida por meio de um trabalho digno, livremente escolhido e aceito, cabendo aos Estados tomar medidas apropriadas para salvaguardar esse direito.
Além do direito ao trabalho, o PIDESC consagra o direito de liberdade sindical.
O PIDESC reconhece o direito de todas as pessoas à segurança social (incluindo os seguros sociais e o direito à proteção e à assistência mais amplas possíveis para a família, particularmente durante o tempo em que ela tem a responsabilidade de criar e educar os filhos; proteção especial às mães durante um período de tempo razoável antes e depois do nascimento das crianças.) 
Os Estados também devem adotar medidas especiais de proteção e de assistência às crianças e adolescentes, sem nenhum tipo e discriminação derivada de razões de paternidade ou quaisquer outras. 
Crianças e adolescentes devem ser protegidos contra a exploração econômica e social, devendo os Estados fixar os limites de idade abaixo dos quais o trabalho será proibido e sujeito às sanções da lei.
Esse Pacto (PIDESC) também enaltece o direito de todas as pessoas a um nível de vida suficiente para si e suas famílias, incluindo alimentação – direito de não passar fome – vestuário e alojamento suficientes, bem como a um melhoramento constante das suas condições de existência, cabendo aos Estados adotar medidas apropriadas destinadas a assegurar a realização desses direitos. 
O PIDESC assegura o direito de todas as pessoas de gozar do melhor estado de saúde física e mental possível de atingir, o que obriga os Estados a adotarem medidas necessárias para assegurar a diminuição da mortalidade e da mortalidade infantil, e ao desenvolvimento sadio da criança; o melhoramento de todos os aspectos de higiene do meio ambiente, inclusive o laboral; a profilaxia, tratamento e controle das doenças epidêmicas, endêmicas, profissionais e outras; a criação de condições próprias a assegurar a todas as pessoas serviços médicos principalmente em casos de doença.
O direito à educação é expressamente consagrado no artigo 13 do PIDESC. Para tanto, os Estados-partes concordam que a educação deve: habilitar toda a pessoa a desempenhar um papel útil numa sociedade livre; promover compreensão, tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais, étnicos e religiosos; favorecer as atividades das Nações Unidas para a conservação da paz.
O direito à cultura (art. 15 do PIDESC) compreende o direito de todas as pessoas de: participar na vida cultural; beneficiar-se do progresso científico e das suas aplicações; beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais que decorrem de toda a produção científica, literária ou artística de que cada um é autor. 
A quarta parte do PIDESC trata do mecanismo de supervisão por meio da apresentação de relatórios ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC).
A quinta e última parte dispõem sobre normas referentes à ratificação e vigência do Pacto.
- O BRASIL E OS PACTOS INTERNACIONAIS DE DH -
O Brasil somente ratificou os dois Pactos (PIDCP e PIDESC) de Direitos Humanos bem depois de suas vigências no plano internacional – foram ratificados em 12.12.1991, pelo Decreto Legislativo n. 226, e promulgados pelos Decretos 591 e 592, de 06.07. 1992, o que reforça a tese de que o nosso País tenha deficiência teórica e prática na promoção dos direitos humanos. 
Devido às enormes desigualdades sociais, o Brasil tem um importante desafio na efetivação dos Direitos Humanos, especialmente no tocante aos Direitos Sociais. 
Além disso, de acordo com Bezerra Leite (2014) podemos comprovar facilmente que há deficiência de uma cultura jurídica humanística em nosso País, pois são raros os cursos de direitos humanos oferecidos em programas de Pós-Graduação Lato e Stricto Sensu, e, muito menos há previsão da disciplina de Direitos Humanos na maioria dos currículos dos cursos de Graduação em Direito. 
Aquele autor ainda nos chama a atenção para o fato da importância dada, com raras exceções, ao “sistema de ensino jurídico positivista, dogmático, legalista e formalista”, com proeminência das disciplinas Direito Civil e Processo Civil, na maior parte do curso (4 anos); “disciplinas que concernem, na essência, ao direito de propriedade em uma perspectiva liberal-burguesa, patrimonial e individualista. (...) Assim, os juristas e operadoresjurídicos não desenvolveram um ‘sentimento constitucional’, pois a disciplina Direito Constitucional, cuja gênese repousa na positivação dos direitos humanos, tornando-os fundamentais, é ministrada em apenas seis meses ou no máximo um ano nos cursos de Graduação em Direito. (...) Com razão Norberto Bobbio, ao lembrar as resistências para a implementação dos direitos humanos:
‘deve-se recordar que o mais forte argumento adotado pelos reacionários de todos os países contra os direitos do homem, particularmente contra os direitos sociais, não é a sua falta de fundamento, mas a sua inexequibilidade. Quando se trata de enunciá-los, o acordo é obtido com relativa facilidade, independentemente do maior ou menor poder de convicção de seu fundamento absoluto; quando se trata de passar à ação, ainda que o fundamento seja inquestionável, começam as reservas e as oposições. O problema fundamental em relação aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de protegê-los. Trata-se de um problema não filosófico, mas político (...). O problema que temos diante de nós não é filosófico, mas jurídico e, num sentido mais amplo, político. Não se trata de saber quais e quantos são esses direitos, qual é sua natureza e seu fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados.” 
Como o Brasil possui uma das maiores desigualdades sociais de todo o planeta, temos um importante desafio para a efetivação dos Direitos Humanos, principalmente em se tratando de Direitos Sociais.
- OUTROS IMPORTANTES TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS -
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (1984): entrou em vigor no plano internacional em 1979, mas só em 20.3.1984 foi promulgada no Brasil. Os primeiros tratados de direitos humanos, como a Declaração Francesa de 1789 protegiam apenas os homens (machos), brancos e ricos. Seus dispositivos atendiam às necessidades dos banqueiros, empresários e comerciantes. Por muito tempo, prevaleceu a ideia de que as mulheres não possuíam direitos.
Contudo, à partir do momento em que as mulheres entraram no mercado de trabalho, e, à partir de diversos outros acontecimentos, surgiram os movimentos feministas, que lutavam em prol dos direitos da mulher, e que passaram a reivindicar melhores condições de vida. Ao receberem seus próprios salários, perceberam que poderiam viver livres, com autonomia para fazer o que bem entendessem. Passaram, assim, a sujeitos de direito, e passaram a fazer diversos movimentos sociais que despertaram o repúdio em relação à subordinação da mulher, conseguindo vencer o preconceito em diversas partes do mundo.
Essa Convenção foi um documento de dimensão internacional que reconheceu a mulher como merecedora de proteção. Esse tratado considera discriminação contra a mulher toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objetivo ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício, pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais em quaisquer aspectos, sejam políticos, econômicos, sociais, culturais, civis etc. (art. 1º da Convenção).
Com relação ao trabalho é vedada a diferença de salários, exercício de funções e critérios de admissão por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil.
No tocante ao poder familiar, os direitos e deveres devem ser exercidos igualmente pelo homem e pela mulher, e o Estado-parte deve criar mecanismos para coibir a violência doméstica, além de proporcionar recursos educacionais e científicos para o exercício do direito ao planejamento familiar, sendo este de livre decisão do casal. E que ambos os sexos deverão ter igual acesso aos serviços oferecidos pelo Estado.
Essa Convenção preconizou a igualdade formal; porém, sabe-se que a discriminação contra a mulher ainda existe. Em algumas nações, elas ainda não têm direitos reconhecidos nas Constituições ou nas leis, não recebendo, portando, nenhuma proteção estatal. Muitas vezes, vítimas de atrocidades por motivos banais e culturais. Assim, os defensores dos direitos humanos travam uma luta enorme para propagar nesses povos a educação humanista, para eliminar qualquer tipo de violência – física, moral ou psíquica – contra a mulher, pelo simples motivo sexual, da história da hunmanidade.
Convenção sobre os Direitos da Criança (1990);
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica – 1992), mais ampla do que a DUDH de 1948. O Pacto de São José dá ênfase ao “princípio da prevalência dos direitos mais vantajosos para a pessoa humana” pelo qual se entende que, diante de conflito entre direito nacional e internacional, deve-se aplicar o que for mais benéfico à pessoa humana. Exemplo disso é a vedação expressa à pena de morte e a exclusão da prisão civil do depositário infiel, em prol dos direitos à vida e à liberdade. Portanto, os Estados que ratificarem tal Tratado e possuírem em seus ordenamentos jurídicos permissão para a pena de morte e a prisão civil do depositário infiel, deverão adequar-se ao comando da norma internacional (Tratado).
Essa Convenção Americana de Direitos Humanos dispõe sobre o direito de propriedade – preenchendo lacuna deixada pelo PIDCP - , garantindo o livre gozo e usufruto dos bens, desde que atendida a sua função social e sem prejuízo de uma indenização justa para os casos de desapropriação por motivo de utilidade pública ou de interesse social. Também veda a usura e qualquer forma de exploração do homem pelo homem.
Também ampliou a proteção sobre os direitos de circulação e residência, pois primou pela liberdade de ir e vir, vedando a expulsão dos nacionais pelos Estados-membros e restringindo a expulsão dos estrangeiros residentes no território de um desses países. Além disso, assegura o direito de asilo em território estrangeiro, em caso de perseguição por crimes políticos ou conexos com esses, proibindo a expulsão do estrangeiro ou a sua entrega a outro país quando a sua liberdade e integridade física forem ameaçados por motivos de raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2008);
Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

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