Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUTÔNOMO DO BRASIL ESCOLA DE SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM ÚLCERA NO PÉ DIABÉTICO Disciplina: Processo de Cuidar I Professora: Profª: Mª Caroline Waldrigues Acadêmicos: Elizangela Delfino, Ivone Costa, Jaqueline Apª. B. Polli, Tamires S. D. Moraes, Tallys C. Jacomite. OBJETIVO Apresentar conceitos relacionados à Diabetes Mellitus, e fatores desencadeantes de Úlcera em Pé Diabético. Atuação do Enfermeiro frente aos cuidados com o pé diabético. Medidas preventivas, orientações para contribuir na evolução e melhoria do tratamento a estes pacientes. DIABETES MELLITUS: CONCEITOS É um grupo de doenças metabólicas caracterizada por hiperglicemia resultante de defeitos de secreção insulínica, da ação insulínica, ou de ambos. Cerca de 20% de todos os diabéticos desenvolvem úlceras de membros inferiores em algum momento de suas vidas, e 25% de todas as internações que acontecem com diabéticos são por problemas nos membros inferiores. (Parísi, 2005) PÉ DIABÉTICO – ÚLCERA O pé diabético é resultante das seguintes complicações crônicas do diabetes: a neuropatia diabética e a doença vascular periférica. (Parísi, 2005). Fonte: Imagem Google. Denomina-se Pé Diabético a presença de infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos associados a anormalidades neurológicas e a vários graus de doença vascular periférica em pessoas com DM. (GRUPO DE TRABALHO INTERNACIONAL SOBRE PÉ DIABÉTICO, 2001). PÉ DIABÉTICO O pé diabético é resultante das seguintes complicações crônicas do diabetes: a neuropatia diabética e a doença vascular periférica. Fonte: Imagens Google PÉ DIABÉTICO NEUROPÁTICO Neuropatia diabética O pé diabético neuropático CONSEQÜENCIA: Que membros inferiores é responsável pela: Neuropatia autonômica Polineuropatia periférica sensitivomotora. (Parísi, 2005). A neuropatia autonômica leva à diminuição progressiva da sudorese, o que leva ao surgimento de uma pele fina, ressecada, portanto mais suscetível a rupturas que a pele normal. A polineuropatia sensitivomotora causa: Perda progressiva da sensibilidade protetora. Atrofia da musculatura Interóssea dos metacarpianos e das falanges. (ex. o hálux valgo "joanete“) Alteração de marcha. PÉ DIABÉTICO NEUROPÁTICO (Parísi, 2005). Fonte: JORGE,S.A.;DANTAS,S.R.P.E.; Abordagem Multiprofissional do Tratamento de Feridas, 2005 PÉ DIABÉTICO VASCULAR O pé diabético vascular é conseqüência da doença arterial periférica. O “pé isquêmico” em geral apresenta-se pálido, frio, com atrofia de musculatura do membro inferior. (Parísi, 2005). Pé Diabético Misto ou Neurovascular: É aquele onde apresentam-se ao mesmo tempo tanto complicações neuropáticas como isquêmicas *Altíssimo risco para ulceração* (DANTAS, 2005) A ÚLCERA DO PÉ DIABÉTICO A classificação é relacionada ao tipo de pé diabético que o paciente apresenta: Pé diabético neuropático: úlcera neuropática. Pé diabético vascular: úlcera vascular. Pé diabético misto: úlcera mista (neuroisqüêmica) (DANTAS, 2005) Úlcera neuropática tipo mal perfurante plantar DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Anualmente, 1 milhão de indivíduos com DM perde uma parte da perna em todo o mundo, traduzindo-se em três amputações por minuto. Apenas 2/3 das UPDs cicatrizarão. 85% das UPDs precedem Amputações Incidência de 25% de UPDs. NEUROPATIA SENSITIVO-MOTORA (CAIAFA et al., 2011) NEUROPATIA MISTA Dedos em garra (CAIAFA et al., 2011) ARTROPATIA DE CHARCOT O “Pé de Charcot” (neuro-osteoartropatia) é uma neuropatia autonômica que provoca a perda da regulação das comunicações arteriovenosas, aumenta o fluxo sanguíneo e leva à reabsorção óssea, com decorrente osteopenia e fragilidade do tecido ósseo. O “trauma” repetitivo da deambulação, pode levar a múltiplas fraturas e deslocamentos. (C A IA FA et al., 2011) DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA (Fonte: Imagens Google) (Diabetes na Prática Clínica. 2015) HISTÓRICO DO PACIENTE: (Recomendações da Prática Clínica das FDI no Diabético, 2017) Sintomas de dor na perna ou pé ao caminhar aliviado quando sentado ou inclinado para frente. DIAGNÓSTICO DE RISCO PARA OCORRÊNCIA DE ÚLCERA NO PÉ DIABÉTICO A avaliação requer duas medidas extremamente simples: história clínica e exame dos pés. Infelizmente, ainda não constitui rotina em vários locais de trabalho do mundo todo. Dados de estudo multicêntrico no Brasil mostram que apenas 58% (1.300) dos pacientes com DM2 atendidos em centros especializados e não especializados tiveram registro de exame dos pés efetuado no ano anterior (DSDB, 2017-2018). FREQUÊNCIA DA AVALIAÇÃO CATEGORIA RISCO Frequência da avaliação 0 Sem neuropatia Uma vez ao ano 1 Com neuropatia Uma vez a cada 6 meses 2 Com neuropatia, sinais de DVP e/ou deformidades Uma vez a cada 3 meses 3 Amputação/ulceração prévia. Uma vez a cada 1 a 3 meses (Protocolo de Tratamento de Feridas da Secretaria Municipal de Saúde – 2001) (Diabetes na Prática Clínica. 2015) PESQUISA DOS PULSOS PODÁLICOS A pesquisa de DAP é realizada pela palpação dos pulsos podálicos pedioso e tibial posterior, e, na diminuição ou ausência destes, faz-se a suspeita de DAP. (Diabetes na Prática Clínica. 2015) MÉTODOS DE AVALIAÇÃO A avaliação de perda da sensibilidade protetora é feita com dois instrumentos; o diapazão de 128 Hz e o monofilamento de Semmes-Weistein de 10g. Testa-se a sensibilidade a variação térmica, dor, vibração e o reflexo de aquileu. (Fonte: Imagens Google) (Diabetes na Prática Clínica. 2015) ÚLCERA - AVALIAÇÃO A úlcera é a mais importante e frequente complicação da SPD. Sua associação com infecções e amputações é indiscutível. Quanto mais precoce e adequado for o tratamento da úlcera, maiores serão as possibilidades de sucesso e menores os riscos de amputação. Na abordagem de uma úlcera em pé diabético a classificação desta é o primeiro passo. Localização Profundidade Neuropatia – Presença e Intensidade DAP – Presença e Intensidade Presença de Infecção (Diabetes na Prática Clínica. 2015) ÚLCERA - AVALIAÇÃO “O VIPS” é uma das ferramentas de avaliação do tratamento do pé diabético para assegurar os resultados V O suprimento vascular é adequado I É conseguido controle da infecção P Descarga/redução da pressão S Foi considerado desbridamento completo/cirúrgico. As úlceras do pé diabético costumam apresentar um aro espesso de tecido queratinizado ao redor da ferida. (Coloplast, 2011) Dor neuropática Queimação, aguda, penetrante e perfurante (não dependente de estímulo) Dor local Infecção profunda ou neuroartropatia de Charcot Tamanho Comprimento, largura, profundidade e localização, preferivelmente com fotografia clínica Leito da ferida Aparência • necrose/esfacelos • tecido de granulação e /ou epitelial • profundidade Sinais de infecção Odor. Avaliar a úlcera em busca de sinais de infecção, inflamação e edema. Exsudato Alto, Moderado, Leve, Nenhum Borda da ferida Hiperqueratose, descamação, maceração, eritema, edema AVALIAÇÃO DA ÚLCERA (Coloplast, 2011) (Coloplast, 2011) AVALIAÇÃO Histórico Ulceração anterior, amputação Avaliação da pele local Edema Cor Temperatura Calo Avaliação das Unhas Corte Formato Descolamento Espessada Cor Exame Vascular Verificar se há DAP Estar atento aos sinais: pés frios, palidez à elevação, ausência de crescimento dos fâneros, pele seca, brilhante atrófica. Pesquisa de pulsos podálicos. Medir o índice de pressão tornozelo-braço (ITB) Neuropatia Sensorial – Perda da SensaçãoProtetora Autonômica – Ausência de suor que resulta em uma pele seca e com fissuras que sangram e criam uma porta para a entrada de bactérias. Motora – Perda de reflexos, atrofia dos músculos que levam a deformidades nos pés e como consequência pontos de pressão que ocasionam hiperqueratose. Deformidade Verificar se há deformidades. Pé de Charcot Dedos em martelo, Dedos em garra, Joanetes Calçados Examinar os sapatos quanto ao formato e as adaptação, Observar os materiais (couro ou plástico) de que são feitos a parte superior e inferior do calçado. Revisar os sapatos, para remover qualquer objeto estranho Buscar quaisquer irregularidades como projeção das costuras para dentro, dobras, ou rompimento ou desgaste do revestimento interno. Examinar as palmilhas para a presença de expressões ocasionadas por saliências ósseas. AVALIAÇÃO (Coloplast, 2011) O diagnóstico precoce e o tratamento rápido e agressivo evitam perda do membro e reduzem tempo e custo da internação. As principais portas de entrada das infecções agudas são através de micoses interdigitais, pequenas lesões por sapatos inadequados, traumas banais e úlceras crônicas. Os traumas por sapatos apertados podem gerar desde simples hematomas e necroses superficiais até abscessos e lesões infecciosas osteo- articulares graves. AVALIAÇÃO ÚLCERA - AVALIAÇÃO (CAIAFA et al., 2011) CLASSIFICAÇÃO DE INFECÇÃO EM PÉ DIABÉTICO CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA TERAPIA LEVE Debridamento cirúrgico urgente, drenagem ou amputação Antibioticoterapia endovenosa de amplo espectro Controle de hiperglicemia e de cetoacidose Verificar se a revascuçarização é necessária Antibioticoterapia oral Tratamento local MODERADA Úlcera profunda Secreção purulenta Celulite taxemia Necrose de leve a moderada Presença ou não de osteomielite Antibioticoterapia endovenosa Drenagem cirúrgica/retirada de abscesso profundo Antibiocoterapia prolongada e/ou ressecção do osso em caso de osteomielite Verificar se revascularização necessária SEVERA Úlcera profunda Secreção purulenta Celulite Taxemia, com sinais de choque séptico Necrose intensa, com gangrena Presença ou não de osteomielite Bacteremia Desbridamento cirúrgico urgente, drenagem ou amputação. Antibioticoterapia endovenosa de amplo espectro Controle de hiperglicemia e de cetoacidose Verificar a revascularização é necessário. (DANTAS, 2005) Em úlceras crônicas, faz-se necessário avaliação de imagem para investigação de possível acometimento ósseo, principalmente nas lesões plantares e dos dedos, a ressonância magnética é o exame padrão ouro para os principais diagnósticos diferenciais (principalmente quando existe a dúvida se osteomielite ou Artropatia de Charcot). AVALIAÇÃO (Diabetes na Prática Clínica. 2015) CLASSIFICAÇÃO DE WAGNER Grau 0 - Nenhuma lesão aberta, pode ter deformidade ou celulite. Grau 1 - Úlcera diabética superficial (espessura parcial ou total) Grau 2 – Extensão da úlcera até o ligamento, tendão, capsula articular ou fáscia profunda sem abscesso ou osteomielite. Grau 3 – Úlcera profunda com abscesso, osteomielite ou sepse articular. Grau 4 – Gangrena localizada no antepé ou no calcanhar. Grau 5 – Envolvimento gangrenoso extenso de todo o pé. (Coloplast, 2011) CLASSIFICAÇÃO DA FERIDA DIABÉTICA DA UNIVERSIDADE DO TEXAS. (DSBD, 2017-18) Estágios Graus 0 I II III A (ausência de infecção ou isquemia) Lesão pré ou pós-ulcerativa completamente epitelializada Ferida superficial não envolvendo tendão, cápsula/osso. Ferida com exposição de tendão ou cápsula. Ferida com exposição de osso ou articulação. B Infecção Infecção Infecção Infecção C Isquemia Isquemia Isquemia Isquemia D Infecção e Isquemia Infecção e Isquemia Infecção e Isquemia Infecção e Isquemia TRATAMENTO TRATAMENTO Déficit de sensibilidade: educação, cuidados com os pés e sapatos comuns com bico largo e caixa alta (caixa de dedos). Pé ressecado: uso de cremes hidratantes diariamente (evitar o uso entre os dedos). Calosidades iniciais e pequenas deformidades: uso de sapatos comerciais comuns com bico largo, de caixa alta (caixa de dedos), palmilhas e remoção gradativa das calosidades com lixas. Calosidades maiores, dolorosas ou não, e com ou sem hematomas: remoção cirúrgica (para diminuir a pressão sob a calosidade) e prescrição de palmilhas e órteses adequadas. TRATAMENTO Grandes deformidades causadas pela neuropatia motora, por úlceras cicatrizadas ou após amputações parciais: uso de órteses confeccionadas sob medida com alívio da pressão. As cirurgias ortopédicas reconstrutivas e corretivas das alterações biomecânicas devem ser consideradas em casos selecionados e em pacientes não isquêmicos. (CAIAFA et al., 2011) Úlceras Controle metabólico e nutricional adequado. Curativos diários, a não ser quando em uso de coberturas específicas. O uso de coberturas especiais apropriadas para as diversas fases de evolução da ferida pode acelerar sua cicatrização. Repouso; Técnicas de alívio da Pressão. Sandálias de alívio; Órteses sob medida e palmilhas adequadas Gesso de contato total: tratamento padrão ouro. TRATAMENTO Cirurgias ortopédicas de alívio da pressão. Material necrótico e/ou osteomielite associados: debridamento cirúrgico. Curativos com pressão negativa, a vácuo, podem oferecer benefício no tratamento das lesões em diabéticos. TRATAMENTO CAIAFA et al., 2011 PREVENÇÃO (Ministério da Saúde, 2013) CONSIDERAÇÕES FINAIS (Fonte: Google Imagens, 2018) REFERÊNCIAS Jorge, S. A.; Dantas, S. R. P. E. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. Geovanini,Telma. Tratado de Feridas e Curativos: Enfoque Multiprofissional. São Paulo, Rideel, 2014.. Potter, Patricia A. et al. Fundamentos de enfermagem. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018. Pedrosa HC, Tavares FS. As vias para a ulceração. In: Pedrosa HC, Vilar L, Boulton AJ, editores. Neuropatias e pé diabético. Rio de Janeiro: AC Farmaceutica; 2014. p. 144-59. Recomendações de Prática Clínica das FDI sobre o Pé Diabético – 2017 Ferreira, SRG; Pititto, B.A; Pedrosa HC; Zach, P.L, et al. E-book 2.0 - Diabetes na Prática Clínica. 2015. CAIAFA, J. et al. Atenção integral ao portador de Pé Diabético. J Vasc Bras 2011, Vol. 10, Nº 4.
Compartilhar