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Filosofia do Direito ED 2018

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Módulo I – Introdução à filosofia
Neste primeiro módulo da disciplina Filosofia do Direito vamos abordar as considerações iniciais sobre a filosofia geral para que, após a consolidação de alguns conceitos essenciais, possamos adentrar no âmbito da Filosofia do Direito.
A palavra filosofia é grega[1]. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio.
Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da palavra filosofia. Segundo Pitágoras, a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.
A Filosofia, entendida como aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e de suas transformações, da origem e causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego. Por meio da Filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte.
Evidentemente, isso não quer dizer, de modo algum, que outros povos, tão antigos quanto os gregos, como os chineses, os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da América não possuam sabedoria, pois possuíam e possuem. Também não quer dizer que esses povos não tivessem desenvolvido o pensamento e as formas de conhecimento da Natureza e dos seres humanos, pois desenvolveram e desenvolvem.
A Filosofia surge, portanto, quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos e as coisas da natureza, os acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.
Em muitas culturas, a coruja é a ave que simboliza a sabedoria[2]. Isso se deve ao fato de que, na tradição grega, a coruja foi vista como a ave de Athena (Minerva, para os romanos), ou seja, como símbolo da racionalidade e da sabedoria, como a representação da atitude desperta, que procura, que age sob o fluxo lunar, e que não dorme quando se trata da busca do conhecimento.
Associada à capacidade de enxergar mesmo nas trevas, seus grandes olhos voltados para a compreensão, para a observação, são suficientemente significativos para traduzirem a ideia de que a busca da sabedoria pressupõe um olhar atento para a compreensão do mundo (CHEVALIER, 2005 apud BITTAR & ALMEIDA, 2008, p. 1,2).
Em sua obra: “Curso de Filosofia do Direito”, Bittar & Almeida (2008) chamam a nossa atenção para o fato de que “uma longa experiência que seja não refletida, mas mecanicamente vivida, não é sinônimo de sabedoria adquirida. A sabedoria realmente evoca experiência e capacidade de absorção reflexiva da experiência mundana, esta predisposição de voltar-se para o processo de convívio com o espanto diante do mundo”.
Os especialistas referem-se a construções de mosteiros e de fortalezas no período medieval como uma outra metáfora para explicar a questão da sabedoria.
Os mosteiros construídos em regiões mais altas, as fortalezas num alto penhasco. Em ambos os casos, observam-se consideráveis distâncias da vida urbana, de onde se pode ter ampla visão do todo.
Os mosteiros, lugares de reclusão, de ligação com o divino, propiciam aos monges a condição de serem mediadores entre o mundo humano e o divino. A capacidade de os monges orientarem resulta da sua condição de ver muito além do que os homens conseguem ver.
Já das fortalezas no exercício de seu papel defensivo contra os inimigos de uma sociedade vulnerável a toda sorte de ataques e embates, os sentinelas podem ter ampla visão de tudo para propor o aviso estratégico ou de propor o ataque sobre o perigo iminente do invasor.
Para os autores, a visão de um filósofo não é a de um especialista, mas a de um conhecedor das diversas perspectivas em que se inscreve a vivência mundana e suas questões, em geral, seus grandes dilemas. Sua visão não é a visão local, a do cientista, mas a visão geral, abrangente. O filósofo observa diversos aspectos de questões abrangentes, suas observações se dão de modo integral e holístico. Suas questões são enigmáticas para a condição humana. O filósofo lida com questões aporéticas [dúbias, paradoxais], (Que é ser? Qual é a natureza humana? Qual o sentido da vida? Qual a melhor forma de governo? Como se pode definir justiça?). Assim, busca um lugar privilegiado para observação. Distancia-se para compreender, ora para contemplar tal qual o monge, ora para ter a certeza da mais clara estratégia defensiva, como o guerreiro (BITTAR & ALMEIDA, 2008).
Nas palavras dos autores, “ao usar o pensamento como força de compreensão, acaba por agir sobre o mundo, e isto porque, ao utilizar o ferramental da razão, se posta como sentinela e defensor da garantia de que a razão será conservada na vida social como um distintivo fundamental da condição humana. (...) A filosofia exerce uma verdadeira vigília dirigida a si mesma e ao mundo circundante, dedicada a cumprir uma tarefa de fundamental importância para a existência humana” (BITTAR & ALMEIDA 2008, p.4).
Como visto até este momento o filósofo volta-se à busca pelo conhecimento, pela sabedoria. Assim, devemos indagar: para que filosofia? [3]
Ao tomar distância da vida cotidiana e de si mesmo, indagando sobre as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência, o homem estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer o porquê de suas crenças e sentimentos. Essa atitude recebe o nome de atitude filosófica.
ATITUDE FILOSÓFICA = APRECIAÇÃO DISTANCIADA DO OBJETO DE REFLEXÃO.
A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às ideias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido.
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico.
ATITUDE CRÍTICA = NEGAR O PRÉ-ESTABELECIDO (1° PASSO) PARA PODER PROVOCAR, INDAGAR (2° PASSO).
A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da Filosofia, o grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa com a admiração; já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia começa com o espanto.
Admiração e espanto significam: tomamos distância do nosso mundo costumeiro, por meio de nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.
Todas as pretensões das ciências pressupõem que elas acreditem na existência da verdade, de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como aplicação prática de teorias, na racionalidade dos conhecimentos,porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados.
Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Filosofia quem as formula e busca respostas para elas.
Características da atitude filosófica que independem do conteúdo investigado:
- perguntar o que a coisa, ou o valor, ou a ideia, é. A Filosofia pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importa qual;
- perguntar como a coisa, ou o valor, ou a ideia, é. A Filosofia indaga qual é a estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma ideia ou um valor;
- perguntar por que a coisa, a ideia ou o valor, existe e é como é. A Filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor.
As perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento: o que é pensar, como é pensar, por que há o pensar? Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão.
A Filosofia torna-se, então, o pensamento interrogando-se a si mesmo.
Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo.
A reflexão filosófica é radical porque é um movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para conhecer-se a si mesmo, para indagar como é possível o próprio pensamento.
A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões:
1. Quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos?
2. Qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?
3. Qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
Crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro, um conhecimento?
A atitude filosófica inicia-se com perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas.
A reflexão filosófica indaga, dirige-se ao pensamento, aos seres humanos no ato da reflexão. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir.
A Filosofia, cada vez mais, ocupa-se com as condições e os princípios do conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro; com a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e culturais; com a compreensão das causas e das formas da ilusão e do preconceito no plano individual e coletivo; com as transformações históricas dos conceitos, das ideias e dos valores.
A Filosofia volta-se também para o estudo da consciência em suas várias modalidades: percepção, imaginação, memória, linguagem, inteligência, experiência, reflexão, comportamento, vontade, desejo e paixões; procurando descrever as formas e os conteúdos dessas modalidades de relação entre o ser humano e o mundo, do ser humano consigo mesmo e com os outros.
A Filosofia visa ao estudo e à interpretação de ideias ou significações gerais como: realidade, mundo, natureza, cultura, história, subjetividade, objetividade, diferença, repetição, semelhança, conflito, contradição, mudança etc.
Em outras palavras, a Filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural (o mundo das coisas) e a histórica (o mundo dos homens) tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis e enigmáticas, quando o senso comum já não sabe o que pensar e dizer e as ciências e as artes ainda não sabem o que pensar e dizer.
Essa descrição da atividade filosófica capta a Filosofia como análise (das condições da ciência, da religião, da arte, da moral), como reflexão (isto é, volta da consciência para si mesma para conhecer-se como capacidade para o conhecimento, o sentimento e a ação) e como crítica (das ilusões e dos preconceitos individuais e coletivos, das teorias e práticas científicas, políticas e artísticas), estando essas três atividades (análise, reflexão e crítica) orientadas para elaboração filosófica de significações gerais sobre a realidade e os seres humanos.
Além de análise, reflexão e crítica, a Filosofia é a busca do fundamento e do sentido da realidade em suas múltiplas formas, indagando o que são, qual sua permanência e qual a necessidade interna que as transforma em outras. O que é o ser e o aparecer-desaparecer dos seres?
A Filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e os conceitos científicos. Não é religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e as formas das crenças religiosas. Não é arte: é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas, das significações das obras de arte e do trabalho artístico. Não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e a avaliação crítica de conceitos e métodos da sociologia e da psicologia. Não é política, mas interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder. Não é história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio tempo. Conhecimento do conhecimento e da ação humana, conhecimento da transformação temporal dos princípios do saber e do agir, conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres; a Filosofia sabe que está na História e que possui uma história.
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.
Traçadas as delineações gerais do que vem a ser a filosofia é importante retomarmos algumas considerações a respeito do seu surgimento na Grécia para que possamos, dessa forma, pontuar algumas fases que são importantes ao estudo desta disciplina.
A Filosofia surgiu quando alguns pensadores gregos se deram conta de que a verdade do mundo e dos humanos não era secreta e misteriosa, que precisasse ser revelada por divindades a alguns escolhidos, mas, ao contrário, podia ser conhecida por todos por meio de operações mentais de raciocínio, que são as mesmas em todos os seres humanos. Descobriram que a linguagem respeita exigências do pensamento, o que, por esse mesmo motivo, os conhecimentos verdadeiros podem ser transmitidos e ensinados a todos.
Assim, considerando esse momento de questionamento e consequente surgimento da filosofia podemos delimitar, desse modo, alguns traços da atividade filosófica desde o seu nascimento:
1. Tendência à racionalidade: os gregos foram os primeiros a definir o ser humano como animal racional, a considerar que o pensamento e a linguagem definem a razão, que o homem é um ser dotado de razão e que a racionalidade é um traço distintivo em relação a todos os outros seres.
2. Recusa de explicações pré-estabelecidas: cada fato exige uma explicação racional como resultado de investigação.
3. Tendência à argumentação e ao debate: nenhuma solução pode ser aceita sem que tenha sido demonstrada, isto é, provada racionalmente em conformidade com princípios e regras do pensamento verdadeiro.
4. Capacidade de generalização: mostrar que uma explicação tem validade para muitas outras coisas diferentes ou muitos fatos diversos, porque sob a aparência da diversidade e variação, pode-se descobrir semelhanças e identidades. A capacidade racional chama-se síntese (palavra grega que significa reunião, fusão de várias coisas numa união íntima para formar um todo).
5. Capacidade de diferenciação: mostrar que fatos ou coisas que parecem iguais ou semelhantes, na verdade, são diferentes quando examinados pela razão. A capacidade racional de compreender diferençasem coisas nas quais parece haver identidade e semelhança, chama-se análise (palavra grega que significa ação de desligar, separar, resolução de um todo em suas partes).
Com a Filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do que chamamos de razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica e arte.
No tocante a história da Grécia [4] é válido salientar que essa costuma ser dividida pelos historiadores em quatro grandes fases ou épocas:
1. A da Grécia homérica, correspondente aos 400 anos narrados pelo poeta Homero, em seus dois grandes poemas, Ilíada e Odisseia;
2. A da Grécia arcaica ou dos sete sábios, do século VII ao século V a.C., quando os gregos criam cidades como Atenas, Esparta, Tebas, Megara, Samos etc., com predominância da economia urbana, baseada no artesanato e no comércio;
3. A da Grécia clássica, nos séculos V e IV a.C., quando a democracia se desenvolve, a vida intelectual e artística entra no apogeu e Atenas domina a Grécia com seu império comercial e militar;
4. E, finalmente, a da época helenística, a partir do final do século IV a.C., quando a Grécia passa para o poderio do império de Alexandre da Macedônia e, depois, para as mãos do Império Romano, terminando a história de sua existência independente.
Os períodos da Filosofia não correspondem exatamente a essas épocas, já que ela não existe na Grécia homérica e só aparece nos meados da Grécia arcaica. Entretanto, o apogeu da Filosofia acontece durante o apogeu da cultura e da sociedade grega; portanto, durante a Grécia clássica.
Estabelecida a divisão em períodos da história da Grécia cumpre estabelecermos a divisão, também em períodos, da filosofia grega.
1. Período pré-socrático ou cosmológico, do final do século VII ao final o século V a.C., - a origem do mundo e as causas das transformações na natureza.
2. Período socrático ou antropológico, do final do século V e todo o século IV a.C., - a ética, a política e as técnicas (em grego, ântropos = homem, período antropológico).
3. Período sistemático, do final do século IV ao final do século III a.C., - busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a cosmologia e a antropologia; busca mostrar o objeto do conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamento e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e da ciência.
4. Período helenístico ou greco-romano, do final do século III a.C. até o século VI d.C. Esse período alcança Roma e o pensamento dos primeiros padres da Igreja. A Filosofia se ocupa, sobretudo, com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a natureza e de ambos com Deus.
Pode-se perceber que os dois primeiros períodos da Filosofia grega têm como referência o filósofo Sócrates de Atenas, de onde vem a divisão em Filosofia pré-socrática e socrática.
No tocante ao período pré-socrático ou cosmológico é importante que nos atentemos às seguintes escolas filosóficas e aos filósofos que as integraram:
1. Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso;
2. Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;
3. Escola Eleata: Parmênides de Eleia e Zenão de Eleia;
4. Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
Com relação à cosmologia é oportuno observar as seguintes características:
1. Busca explicação racional e sistemática sobre a origem, a ordem e a transformação da natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de modo que, ao explicar a natureza, a Filosofia explique a origem e as mudanças dos seres humanos.
2. Nega que o mundo tenha surgido do nada, como acredita a religião judaico-cristã, segundo a qual Deus cria o mundo do nada. Por isso diz: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”. Isso significa:
a) que o mundo, ou a natureza, é eterno;
b) que no mundo, ou na natureza, tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer, embora a forma particular que uma coisa possua desapareça com ela, mas não sua matéria.
3. Afirma que o mundo é eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é invisível para os olhos do corpo e visível somente para o olho do espírito, isto é, para o pensamento.
4. Entende que o mundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo brota e para onde tudo retorna é o elemento primordial da natureza e chama-se physis (em grego,physis = fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir). A physis é a natureza eterna e em perene transformação.
5. Considera que, embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao contrário do princípio gerador, são perecíveis ou mortais.
6. Afirma que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de qualidade (por exemplo, o branco amarelece, acinzenta, enegrece; o novo envelhece, o quente esfria, o dia se torna noite, a primavera cede lugar ao verão, o saudável adoece, a criança cresce etc.) e mudando de quantidade (o pequeno cresce e fica grande, o longe fica perto, um rio aumenta de volume na cheia e diminui na seca etc.). Portanto, o mundo está em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.
A mudança - nascer, morrer, mudar de qualidade ou de quantidade - chama-se movimento e o mundo está em movimento permanente.
O movimento do mundo chama-se devir (vir a ser, transformar-se, tornar-se, metamorfosear-se) e segue leis rigorosas que o pensamento conhece, que mostram que toda mudança é passagem de um estado ao seu contrário: dia-noite, claro-escuro, cheio-vazio, um-muitos etc., e também no sentido inverso, noite-dia. O devir é, portanto, a passagem contínua de uma coisa ao seu estado contrário. Uma passagem que não é caótica. Obedece a leis determinadas pela physis ou pelo princípio fundamental do mundo.
Alguns filósofos gregos, do período pré-socrático, acreditavam na existência de um princípio eterno e imutável do qual teria resultado a natureza e pelo qual a natureza permaneceria em constante transformação.
Veja-se, por exemplo, o que pensavam alguns dos filósofos: Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante.
Após essas considerações imprescindíveis a respeito do surgimento da Filosofia, notadamente no que tange à Filosofia Grega, pois a Grécia, como visto, foi o berço de seu nascimento, vamos agora traçar algumas delineações gerais a respeito da filosofia na história[5].
Dessa forma, teremos, já neste primeiro módulo de estudo, uma visão holística sobre os caminhos que percorremos nos módulos seguintes.
De se registrar que foi dada maior atenção à Filosofia Grega uma vez que é daí que partem os demais filósofos, inclusive aqueles que realizarão, na Idade Média, uma releitura dos filósofos que sucederam Sócrates.
Como todas as outras criações e instituições humanas, a Filosofia está na História e tem uma história.
Está na História: a Filosofia manifesta e exprime os problemas e as questões que, em cada época de uma sociedade, os homens colocam para si mesmos, diante do que é novo e ainda não foi compreendido. A Filosofia procura enfrentar essa novidade, oferecendo caminhos, respostas e, sobretudo, propondo novas perguntas, num diálogo permanente com a sociedade e a cultura de seu tempo, da qual ela faz parte.
Tem uma história: as respostas, as soluções e as novas perguntas que os filósofos de uma época oferecem tornam-se saberes adquiridos que outros filósofos prosseguem ou, frequentemente, tornam-se novos problemas que outros filósofos tentam resolver, seja aproveitando o passadofilosófico, seja criticando-o e refutando-o. Além disso, as transformações nos modos de conhecer podem ampliar os campos de investigação da Filosofia, fazendo surgir novas disciplinas filosóficas, como também podem diminuir esses campos, porque alguns de seus conhecimentos podem desligar-se dela e formar disciplinas separadas.
A Filosofia teve seu campo de atividade aumentado:
No século XVIII, a filosofia da arte ou estética;
No século XIX, a filosofia da história;
No século XX, a filosofia das ciências ou epistemologia e a filosofia da linguagem. Por outro lado, o campo da Filosofia diminuiu quando as ciências particulares que dela faziam parte foram-se desligando para constituir suas próprias esferas de investigação. É o que acontece, por exemplo, no século XVIII, quando se desligam da Filosofia a biologia, a física e a química;
No século XX, as chamadas ciências humanas (psicologia, antropologia, história).
Pelo fato de estar na História e ter uma história, a Filosofia costuma ser apresentada em grandes períodos que acompanham, às vezes de maneira mais próxima, às vezes de maneira mais distante, os períodos em que os historiadores dividem a História da sociedade ocidental.
Assim, os principais períodos da Filosofia são: Filosofia Antiga, Filosofia Patrística, Filosofia Medieval, Filosofia da Renascença, Filosofia Moderna, Filosofia da Ilustração ou Iluminismo e Filosofia Contemporânea.
A Filosofia Antiga (século VI A.C. ao século VI D.C) compreende os quatro grandes períodos da Filosofia greco-romana, indo dos pré-socráticos aos grandes sistemas do período helenístico, mencionados linhas acima.
A Filosofia Patrística (século I ao século VIII) inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e termina no século VIII, quando teve início a Filosofia medieval.
A patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos primeiros padres da Igreja para conciliar a nova religião - o Cristianismo - com o pensamento filosófico dos gregos e dos romanos, pois somente com tal conciliação seria possível convencer os pagãos da nova verdade e convertê-los a ela. A Filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos.
Divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina (ligada à Igreja de Roma) e seus nomes mais importantes foram: Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo Agostinho, Beda e Boécio.
A patrística foi obrigada a introduzir ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a ideia de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade una, de encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos etc. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade. Introduziu, sobretudo com Santo Agostinho e Boécio, a ideia de “homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio, pelo qual o homem se torna responsável pela existência do mal no mundo.
Para impor as ideias cristãs, os padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas por Deus (através da Bíblia e dos santos) que, por serem decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e inquestionáveis.
Surge uma distinção, desconhecida pelos antigos, entre verdades reveladas ou da fé e verdades da razão ou humanas, isto é, entre verdades sobrenaturais e verdades naturais, as primeiras introduzindo a noção de conhecimento recebido por uma graça divina, superior ao simples conhecimento racional.
O grande tema de toda a Filosofia patrística é o da possibilidade de conciliar razão e fé, e, a esse respeito, havia três posições principais:
1. Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior à razão (diziam eles: “Creio porque absurdo”).
2. Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé (diziam eles: “Creio para compreender”).
3. Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se refere a tudo o que concerne à vida temporal dos homens no mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação da alma e à vida eterna futura).
No tocante à Filosofia Medieval (século VIII ao século XIV) saliente-se que essa abrange pensadores europeus, árabes e judeus. É o período em que a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e coroava reis, organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as primeiras universidades ou escolas. A partir do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a Filosofia medieval também é conhecida com o nome de Escolástica.
A Filosofia medieval teve como influências principais Platão e Aristóteles, embora o Platão que os medievais conhecessem fosse o neoplatônico (vindo da Filosofia de Plotino, do século VI d.C.), e o Aristóteles que conhecessem fosse aquele conservado e traduzido pelos árabes.
Conservando e discutindo os mesmos problemas que a Patrística, a Filosofia medieval acrescentou outros - particularmente um, conhecido com o nome de "Problema dos Universais" - e, além de Platão e Aristóteles, sofreu uma grande influência das ideias de Santo Agostinho. Durante esse período surge propriamente a Filosofia cristã, que é, na verdade, a teologia. Um de seus temas mais constantes são as provas da existência de Deus e da alma, isto é, demonstrações racionais da existência do infinito criador e do espírito humano imortal.
A diferença e a separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo), a diferença entre razão e fé (a primeira deve subordinar-se à segunda), a diferença e a separação entre corpo (matéria) e alma (espírito), O universo como uma hierarquia de seres, em que os superiores dominam e governam os inferiores (Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais, minerais), a subordinação do poder temporal de reis e barões ao poder espiritual de papas e bispos: eis os grandes temas da Filosofia medieval.
Outra característica marcante da Escolástica foi o método por ela inventado para expor as ideias filosóficas, conhecida como disputa: apresentava-se uma tese e esta devia ser refutada ou defendida por argumentos tirados da Bíblia, de Aristóteles, de Platão ou de outros padres da Igreja.
Assim, uma ideia era considerada uma tese verdadeira ou falsa dependendo da força e da qualidade dos argumentos encontrados nos vários autores. Por causa desse método de disputa - teses, refutações, defesas, respostas, conclusões baseadas em escritos de outros autores -, costuma-se dizer que, na Idade Média, o pensamento estava subordinado ao princípio da autoridade, isto é, uma ideia é considerada verdadeira se for baseada nos argumentos de uma autoridade reconhecida (Bíblia, Platão, Aristóteles, um papa, um santo).
Os teólogos medievais mais importantes foram: Abelardo, Duns Scoto, Escoto Erígena, Santo Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham, Roger Bacon, São Boaventura. Do lado árabe: Avicena, Averróis, Alfarabi e Algazáli. Do lado judaico: Maimônides, Nahmanides, Yeudah bem Levi.
A Filosofia da Renascença (século XIV ao século XVI) é marcada pela descoberta de obras de Platão desconhecidas na Idade Média, de novas obras de Aristóteles, bem como pela recuperação das obras dos grandes autores e artistas gregos e romanos.
Nesse período predominaram algumas linhas de pensamento, dentre elas podemos elencar as seguintes:
Proveniente de Platão, do neoplatonismo e da descoberta dos livros do Hermetismo; nela se destacava a ideia da natureza como um grande ser vivo; o homem faz parte da natureza como um microcosmo;
Originária dos pensadores florentinos, que valorizava a vida ativa, isto é, a política, e defendia os ideais republicanos das cidades italianas contra o ImpérioRomano-Germânico, isto é, contra o poderio dos papas e dos imperadores;
Propunha o ideal do homem como artífice de seu próprio destino, tanto através dos conhecimentos (astrologia, magia, alquimia), quanto através da política (o ideal republicano), das técnicas (medicina, arquitetura, engenharia, navegação) e das artes (pintura, escultura, literatura, teatro).
A respeito da Filosofia Moderna (século XVII a meados do século XVIII) esclareça-se que esse período, conhecido como o Grande Racionalismo Clássico, é marcado por três grandes mudanças intelectuais:
Aquela conhecida como o “surgimento do sujeito do conhecimento”;
O ponto de partida é o sujeito do conhecimento como consciência de si reflexiva, isto é, como consciência que conhece sua capacidade de conhecer;
A resposta à pergunta anterior constituiu a segunda grande mudança intelectual dos modernos e essa mudança diz respeito ao objeto do conhecimento;
Essa concepção da realidade como intrinsecamente racional e que pode ser plenamente captada pelas ideias e pelos conceitos preparou a terceira grande mudança intelectual moderna.
Com relação à Filosofia da Ilustração ou Iluminismo (meados do século XVIII ao início do século XIX) pode-se afirmar que esse período também crê nos poderes da razão, chamada de "As Luzes" (por isso, o nome Iluminismo). O Iluminismo afirma que:
pela razão, o homem pode conquistar a liberdade e a felicidade social e política;
a razão é capaz de evolução e progresso, e o homem é um ser perfectível;
o aperfeiçoamento da razão se realiza pelo progresso das civilizações;
há diferença entre natureza e civilização.
Os principais pensadores do período foram: Hume, Voltaire, D’Alembert, Diderot, Rousseau, Kant, Fichte e Schelling (embora este último costume ser colocado como filósofo do Romantismo).
Por derradeiro, com relação à Filosofia Contemporânea registre-se que essa abrange o pensamento filosófico que vai de meados do século XIX e chega aos nossos dias. Esse período, por ser o mais próximo de nós, parece ser o mais complexo e o mais difícil de definir, pois as diferenças entre as várias filosofias ou posições filosóficas nos parecem muito grandes porque as vemos surgir diante de nós.
[1]Texto adaptado da obra Convite à Filosofia, Unidade 1, A Filosofia, Capítulo 1 Origem da Filosofia da autoria de Marilena Chauí, Editora Ática, São Paulo, 2000.
[2] Texto adaptado da obra Curso de Filosofia do Direito, 6ª Ed. da autoria de Eduardo C.B. Bittar & Guilherme Assis de Almeida, Ed. Atlas, São Paulo, 2008.
[3]Texto adaptado da obra Convite à Filosofia, Unidade 1, A Filosofia, Capítulo 1
Origem da Filosofia da autoria de Marilena Chauí, Editora Ática, São Paulo, 2000.
[4]Texto adaptado da obra Convite à Filosofia, Unidade 1, A Filosofia, Capítulo 3
Campos de investigação da Filosofia da autoria de Marilena Chauí, Editora Ática, São Paulo, 2000.
[5]Texto adaptado da obra Convite à Filosofia, Unidade 1, A Filosofia, Capítulo 1 Origem da Filosofia da autoria de Marilena Chauí, Editora Ática, São Paulo, 2000.
Exercício 1
Considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa que contenha apenas as assertivas que são corretas.
1) A Filosofia se volta para as questões humanas no plano da ação, dos comportamentos, das ideias, das crenças, dos valores e, portanto, preocupa-se com as questões morais e políticas.
2) O ponto de partida é a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexão. Reflexão é a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para conhecer-se; é a consciência conhecendo-se a si mesma como capacidade para conhecer as coisas, alcançando o conceito ou a essência delas.
3) A preocupação se volta para estabelecer procedimentos capazes de permitir ao homem encontrar a verdade. O pensamento deve oferecer a si mesmo caminhos próprios, critérios próprios e meios próprios para saber o que é o verdadeiro e como alcançá-lo em tudo que é investigado.
4) A Filosofia está voltada para a definição das virtudes morais e das virtudes políticas, tendo como objeto central de suas investigações a moral e a política; isto é, as ideias e as práticas que norteiam os comportamentos dos seres humanos tanto como indivíduos quanto como cidadãos.
 
 
A 	
A) Apenas as alternativas 2 e 4 estão corretas.
 
B 	
B) Apenas as alternativas 1 e 3 estão corretas.
 
C 	
C) Apenas as alternativas 1, 2 e 3 estão corretas.
D 	
D) Apenas as alternativas 2 e 3 estão corretas.
 
E 	
E) Todas estão corretas.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: E.
Comentário;
A filosofia pode ser descrita como uma busca pelo conhecimento ( e sabedoria ) Racial, lógico e sistemático da realidade humana e natural.
xercício 2
“[...] se em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas ideias, gostos, preferências e valores, preferisse analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Alguém que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo [...] Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica. Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é Filosofia?” poderia ser: A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido” (CHAUÍ, M. Convite è Filosofia. Introdução).
De acordo com o texto, qual das seguintes atitudes seria uma atitude filosófica?
 
A 	
A) Fico sentado diante de uma flor para observar cada detalhe.
 
B 	
B) Leio um livro para me distrair e não entendo o que o autor quer dizer com a palavra “altruísmo”.
 
C 	
C) Espero o ônibus ouvindo música clássica no meu MP3.
 
D 	
D) Olho-me no espelho de manhã e me pergunto “o que eu sou”. 
 
E 	
E) Saio de casa correndo logo cedo de manhã, para não me atrasar.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: D.
Comentário; Esta freasse é uma atitude filosófica, pois e a pessoa interroga sobre si mesma, tentando dizer não as ideias pré-concebidas e tentar compreender sobre o que são as coisa, as ideias, as situações, os comportamentos, os valores nós mesmos.
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Exercício 3
Quanto a Filosofia como um fato tipicamente grego considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa que contenha apenas as assertivas que são incorretas.
I - A antiga Grécia deu origem a Filosofia como aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, que se ocupa da origem e das causas do mundo, de suas transformações, das ações humanas e do próprio pensamento.
II - Foram os gregos que instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte.
III - Não podemos dizer que outros povos, tão antigos quanto os gregos, como os chineses, os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da América não possuíam sabedoria, como possuem até os dias de hoje.
IV - É sabido que povos antigos como os chineses, os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da América também desenvolveram o pensamento, mas não evoluíram quanto às formas de conhecimento de Natureza e dos seres humanos.
 
 
 
A 	
A) Apenas a I.
 
B 	
B) Apenas a II.
 
C 	
C) Apenas a III.
 
D 	
D) Apenas a IV.
E 	
E) Todas são corretas.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: D.
Comentário;Como é afirmado no texto, os outros povos, tão antigos quanto os gregos, possuíam e possuem a sabedoria, e desenvolveram e desenvolvem o pensamento
Exercício 4
Considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa que que contenha as assertivas que complementem, corretamente, a frase a seguir: “A Filosofia surge quando alguns gregos...”.
I - admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas.
II - demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos e as coisas da natureza e as ações humanas não podem ser conhecidos pela razão humana.
III - demonstram que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.
IV - Romperam com as explicações mitológicas sobre o cosmo.
 
 
A 	
A) Apenas a I.
 
B 	
B) Apenas a I e a II.
 
C 	
C) Apenas a I e a III. 
 
D 	
D) Apenas a III e a IV.
 
E 	
E) Todas estão corretas.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: C.
Comentário; Essa afirmativas estão corretas, pois no texto é afirmado “ A filosofia surge quando alguns gregos, admirandos e espantados com a realidade e insatisfação com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e seres humanos, os acontecimentos e as coisas da natureza, os acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidas pela razão humana, é que a própria razão é capaz de conhece-se a si mesmo.”
Exercício 5
Assinale a alternativa que contenha apenas as assertivas que são incorretas.
Quanto à atitude filosófica, não podemos dizer que:
I - A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às ideias da experiência cotidiana, ao que "todo mundo diz e pensa", ao estabelecido.
II - A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos.
III - É permitir-se a uma interrogação sobre o porquê de tudo de sobre nós mesmos, uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Porque é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
IV - A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude realista e pensamento realista.
 
A 	
A) Apenas a I.
 
B 	
B) Apenas a II.
 
C 	
C) Apenas a III.
 
D 	
D) Apenas a II e a IV.
 
E 	
E) Apenas a IV.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: E.
Comentário; A fase negativa e a fase positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico.
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Exercício 6
Leia as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta:
I – O termo Filosofia foi cunhado pelo filósofo grego Pitágoras de Samos
PORQUE
I – Esse filósofo professava que embora a sabedoria plena pertenciam aos deuses era possível que os homens a alcançassem em sua plenitude
 
A 	
A) A primeira assertiva é verdadeira e a segunda assertiva é falsa. 
 
B 	
B) A primeira assertiva é falsa e a segunda assertiva é verdadeira.
 
C 	
C) As duas assertivas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
 
 
D 	
D) As duas assertivas são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira.
 
E 	
E) As duas assertivas são falsas.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: A.
Comentário ; Segunda o texto, é atribuído ao filosofo grego Pitágoras de Samos a invenção da palavras filosofia, portanto, 1 é verdadeira. A segunda é falsa, pois Pitágoras dizia que a sabedoria plena e completa pertence aos Deuses, mas os homens podem deseja –lá ou amá-la, tornando –se filósofos. 
Módulo II - Mito
Um mito[5] é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder etc.).
A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e na confiabilidade da pessoa do narrador. Essa autoridade vem do fato de que ele ou testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.
Quem narra o mito? O poeta-rapsodo[1]. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra - o mito - é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.
Registre-se que a origem do mundo e de tudo o que nele há também já foi objeto de narrativas mitológicas. Veja-se, por exemplo:
a. Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é, tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais. Essas relações geram os demais deuses: os titãs (seres semi-humanos e semidivinos), os heróis (filhos de um deus com uma humana ou de uma deusa com um humano), os humanos, os metais, as plantas, os animais, as qualidades, como quente-frio, seco-úmido, claro-escuro, bom-mau, justo-injusto, belo-feio, certo-errado etc.
A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, narrativa da geração dos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassados.
Tomemos um exemplo da narrativa mítica:
b. Houve uma grande festa entre os deuses. Todos foram convidados, menos a deusa Penúria, sempre miserável e faminta. Quando a festa acabou, Penúria veio, comeu os restos e dormiu com o deus Poros (o astuto engenhoso). Dessa relação sexual, nasceu Eros (ou Cupido), que, como sua mãe, está sempre faminto, sedento e miserável, mas, como seu pai, tem mil astúcias para se satisfazer e se fazer amado. Por isso, quando Eros fere alguém com sua flecha, esse alguém se apaixona e logo se sente faminto e sedento de amor, inventa astúcias para ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora rico e cheio de vida.
c. Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre as forças divinas, ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens.
O poeta Homero, na Ilíada, que narra a guerra de Troia, explica por que, em certas batalhas, os troianos eram vitoriosos e, em outras, a vitória cabia aos gregos. Os deuses estavam divididos, alguns a favor de um lado e outros a favor do outro. A cada vez, o rei dos deuses, Zeus, ficava com um dos partidos, aliava-se com um grupo e fazia um dos lados - ou os troianos ou os gregos - vencer uma batalha.
A causa da guerra, aliás, foi uma rivalidade entre as deusas. Elas apareceram em sonho para o príncipe troiano Paris, oferecendo a ele seus dons e ele escolheu a deusa do amor, Afrodite. As outras deusas, enciumadas, fizeram-no raptar a grega Helena, mulher do general grego Menelau, e isso deu início à guerra entre os humanos.
d. Encontrando as recompensas ou os castigos que os deuses dão a quem os desobedece ou a quem os obedece.
Como o mito narra, por exemplo, o uso do fogo pelos homens? Para os homens, o fogo é essencial, pois com ele se diferenciam dos animais, porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar caminhos na noite, a seaquecer no inverno, quanto podem fabricar instrumentos de metal para o trabalho e para a guerra.
Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do que dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente para os humanos. Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu fígado) e os homens também foram castigados (cf. A caixa de Pandora).
Vemos, portanto, que o mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens. Como os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são cosmogonias e teogonias.
A palavra gonia vem de duas palavras gregas: do verbo gennao (engendrar, gerar, fazer nascer e crescer) e do substantivo genos (nascimento, gênese, descendência, gênero, espécie). Gonia, portanto, quer dizer: geração, nascimento a partir da concepção sexual e do parto. Cosmos, como já vimos, quer dizer mundo ordenado e organizado. Assim, a cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas.
Teogonia é uma palavra composta de gonia e theós, que em grego significa: as coisas divinas, os seres divinos, os deuses. A teogonia é, portanto, a narrativa da origem dos deuses, a partir de seus pais e antepassados.
A Filosofia, ao nascer, é, como já dissemos, uma cosmologia, uma explicação racional sobre a origem do mundo e sobre as causas de transformações e repetições das coisas; para isso, ela nasce de uma transformação gradual dos mitos ou de uma ruptura radical com os mitos? Continua ou rompe com a cosmogonia e a teogonia?
Respostas dadas:
A primeira delas foi dada no fim do século XIX e começo do século XX, quando reinava um grande otimismo sobre os poderes científicos e capacidades técnicas do homem. Dizia-se, então, que a Filosofia nasceu por uma ruptura radical com os mitos, sendo a primeira explicação científica da realidade produzida pelo Ocidente.
A segunda resposta foi dada a partir de meados do século XX, quando os estudos dos antropólogos e dos historiadores mostraram a importância dos mitos na organização social e cultural das sociedades e como os mitos estão profundamente entranhados nos modos de pensar e sentir de uma sociedade. Por isso, dizia-se que os gregos, como qualquer outro povo, acreditavam em seus mitos e que a Filosofia nasceu, vagarosa e gradualmente, do interior dos próprios mitos, como uma racionalização deles.
Atualmente, consideram-se as duas respostas exageradas e afirma-se que a Filosofia, percebendo as contradições e as limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e diferente.
Assim, temos algumas diferenças entre filosofia e mito:
1) O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso; voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A Filosofia, ao contrário, preocupa-se em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são.
2) O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas. A Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e Ponto. A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar.
3) O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.
Resolvido esse problema, no que tange as diferenciações entre mito e filosofia, temos ainda um último a solucionar: o que tornou possível o surgimento da Filosofia na Grécia no final do século VII e no início do século VI a.C.? Quais as condições materiais, isto é, econômicas, sociais, políticas e históricas que permitiram o surgimento da Filosofia?
Podemos apontar como principais condições históricas para o surgimento da Filosofia na Grécia:
4.1. As viagens marítimas, que permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitados por monstros e seres fabulosos não possuíam nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a desmistificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua origem, explicação que o mito já não podia oferecer;
4.2. A invenção do calendário, que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova ou uma percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível;
4.3 A invenção da moeda, que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
4.4 O surgimento da vida urbana, com predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio da aristocracia de terras e de sangue (as linhagens constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos, favorecendo um ambiente em que a Filosofia poderia surgir;
4.5. A invenção da escrita alfabética, que, como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas - como os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses - supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia dela, o que dela se pensa e se transcreve;
4.6. A invenção da política, que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da Filosofia:
1. A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade - da polis - servirá de modelo para a Filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
2. O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que guiavam o poeta) uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses que eles deveriam obedecer.
Com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político comoa palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa.
A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.
3. A política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, mas que procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A ideia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para a Filosofia. 
O Mito da Caverna narrado por Platão no livro VII do Republica é, talvez, uma das mais poderosas metáforas imaginadas pela filosofia, em qualquer tempo, para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos homens, escrita há quase 2500 anos, inspirou e ainda inspira inúmeras reflexões pelos tempos afora.
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro, cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem poder mover a cabeça para a entrada, nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, e sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do sol. Acima do muro, uma réstia de luz exterior ilumina o espaço habitado pelos prisioneiros, fazendo com que as coisas que se passam no mundo exterior sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Por trás do muro, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras de homens, mulheres, animais cujas sombras são projetadas na parede da caverna. Os prisioneiros julgam que essas sombras são as próprias coisas externas e que os artefatos projetados são os seres vivos que se movem e falam. Um dos prisioneiros, tomado pela curiosidade, decide fugir da caverna. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões e escala o muro. Sai da caverna, e no primeiro instante fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados; pouco a pouco, habitua-se à luz e começa ver o mundo. Encanta-se, deslumbra-se, tem a felicidade de, finalmente, ver as próprias coisas, descobrindo que, em sua prisão, vira apenas sombras. Deseja ficar longe da caverna e só voltará a ela se for obrigado, para contar o que viu e libertar os demais. Assim como a subida foi penosa, porque o caminho era íngreme e a luz ofuscante, também o retorno será penoso, pois será preciso habituar-se novamente às trevas, o que é muito mais difícil do que habituar-se à luz. De volta à caverna, o prisioneiro será desajeitado, não saberá mover-se nem falar de modo compreensível para os outros, não será acreditado por eles e correrá o risco de ser morto pelos que jamais abandonarão a caverna.
A caverna, diz Platão, é o mundo sensível onde vivemos. A réstia de luz que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (as ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis que tomamos pelas verdadeiras. Os grilhões são nossos dogmas, preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e faz a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do ser, isto é, o bem, que ilumina o mundo inteligível como o sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna é o diálogo filosófico. Os anos despendidos na criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma, descrito na Carta Sétima, para produzir a "faísca" do conhecimento verdadeiro pela "fricção" dos modos de conhecimento. Conhecer é um ato de libertação e iluminação.
O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento ascendente de libertação do nosso olhar que nos libera da cegueira para vermos a luz das ideias. Mas descreve também o retorno do prisioneiro para ensinar aos que permaneceram na caverna como sair dela. Há, assim, dois movimentos: o de ascensão (a dialética ascendente), que vai da imagem à crença ou opinião, desta para a matemática e desta para a intuição intelectual e à ciência; e o de descensão (a dialética descendente), que consiste em praticar com outros o trabalho para subir até a essência e a ideia. Aquele que contemplou as ideias no mundo inteligível desce aos que ainda não as contemplaram para ensinar-lhes o caminho. Por isso, desde Mênon, Platão dissera que não é possível ensinar o que são as coisas, mas apenas ensinar a procurá-las.
Os olhos foram feitos para ver; a alma, para conhecer. Os primeiros estão destinados à luz solar; a segunda, à fulguração da ideia. A dialética é a técnica liberadora dos olhos do espírito.
O relato da subida e da descida expõe como dupla violência necessária: a ascensão é difícil, dolorosa, quase insuportável; o retorno à caverna, uma imposição terrível à alma libertada, agora forçada a abandonar a luz e a felicidade. A dialética, como toda a técnica, é uma atividade exercida contra uma passividade, um esforço para concretizar seu fim forçando um ser a realizar sua própria natureza. No mito, a dialética faz a alma ver sua própria essência - conhecer - vendo as essências (ideia) - o objeto do conhecimento -, descobrindo seu parentesco com elas. A violência é libertadora porque desliga a alma do corpo, forçando-a a abandonar o sensível pelo inteligível.
O Mito da Caverna nos ensina algo mais, afirma o filósofo alemão Martin Heidegger, num ensaio intitulado "A doutrina de Platão sobre a verdade", que interpreta o mito como exposição platônica do conceito da verdade. Desse ensaio, destacamos alguns aspectos:
A ideia do Bem, correspondente ao sol, não só ilumina todas as outras, isto é, torna todas as outras visíveis para o olho do espírito, mas é também a ideia suprema, tanto porque é a visibilidade plena porque é a causa da visibilidade de todo o mundo inteligível. A filosofia, conhecimento da verdade, é conhecimento da ideia do bem, princípio incondicionado de todas as essências. Assim como o sol permite aos olhos ver, assim o bem permite à alma conhecer. A luz é a meditação entre aquele que conhece e o aquilo que se conhece.
Outra narrativa antiga é a “Caixa de Pandora” que é um mito grego que narra a chegada da primeira mulher à Terra e, com ela, a origem de todas as tragédias humanas. Essa história é apresentada na obra Os Trabalhos e os Dias, do poeta grego Hesíodo, que viveu no século VIII a.C.
Prometeu, deus cujo nome em grego significa "aquele que vê o futuro", doou aos homens o fogo e os ensinou as técnicas para acendê-lo e mantê-lo. Zeus, o soberano dos deuses, enfureceu-se com esse ato, porque o segredo do fogo deveria ser mantido entre os deuses. Por isso, ordena a Hefesto, deus do fogo e das habilidades técnicas, que criasse uma mulher que fosse perfeita e que a apresentasse à assembleia dos deuses. Atena, a deusa da sabedoria e da guerra, vestiu essa mulher com uma roupa branquíssima e adornou-lhe a cabeça com uma guirlanda de flores, montada sobre uma coroa de ouro. Hefesto a conduziu pessoalmente aos deuses e todos ficaram admirados; cada um lhe deu um dom particular. Atena lhe ensinou as artes que convêm ao seu sexo, como a arte de tecer. Afrodite lhe deu o encanto, que despertaria o desejo dos homens. As Cárites, deusas da beleza, e a deusa da persuasão ornaram seu pescoço com colares de ouro. Hermes, o mensageiro dos deuses, concedeu-lhe a capacidade de falar, juntamente com a arte de seduzir os corações por meio de discursos insinuantes. Depois que todos os deuses lhe deram seus presentes, ela recebeu o nome de Pandora, que em grego quer dizer "todos os dons".
Finalmente, Zeus lhe entregou uma caixa bem fechada e ordenou que ela a levasse como presente a Prometeu.Entretanto, ele e Pandora não quiseram receber a caixa e recomendou a seu irmão, Epimeteu, que também não aceitasse nada vindo de Zeus. Epimeteu, cujo nome significa "aquele que reflete tarde demais", ficou encantado com a beleza de Pandora e a tomou como esposa.
Pandora, não resisitindo à curiosidade, abriu a caixa e de lá escaparam todos os males que, a partir de então, assolam a humanidade e que tornam miserável a existência dos homens. Ao fechá-la, amedrontada diante do que via, deixou aprisionada na caixa a Esperança, uma criatura alada que estava prestes a voar que é a única forma por meio da qual os homens podem suportar todo mal que se abateu sobre eles.
Esse mito, como muitos outros, tem versões diferentes. Numa delas, por exemplo, a Esperança chega a escapar da caixa, e é graças a ela que os homens conseguem enfrentar todos os males e não desistem de viver. Além disso, nessa outra narrativa, o presente de Hermes não é a capacidade de seduzir, mas sim a falsidade. Fala-se, ainda, que não era uma caixa o que Pandora levava, mas um vaso. Essas variações, aliás, mostram como os mitos sofriam modificações à medida que eram narrados.
Na Grécia antiga, em suma, é importante ressaltar essa "familiaridade" das pessoas com os deuses. Os mitos formavam, para os gregos daquele tempo, um sistema complexo, que explicava praticamente todos os elementos de sua cultura. Eles estavam organizados num conjunto coerente, lógico; em termos amplos, era uma maneira de ver o mundo, de explicá-lo e compreendê-lo.
O conteúdo relata-nos o modo como os gregos compreendiam a natureza feminina, acentuando sua beleza, sensualidade e poder de destruição para o homem, diz Fernando Segolin, professor de Literatura da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo.
A importância de compreendermos tal metáfora reside, essencialmente, na condição de entendermos que a memória que constrói a imagem da mulher é pautada por fato que culminam em uma imagem complexa, na medida em que ela parece catalisar a culpa pelos males da humanidade. Se pensarmos na versão do Pecado Original, como trata a Bíblia Sagrada, teremos uma outra construção da imagem da mulher que lhe confere características negativas.
A curiosidade, o poder de sedução e a beleza da mulher formam uma imagem de pouca confiança e a apresentam ao mundo dentro de uma complexa dualidade – desejada e temida pelos males que poderá causar.
Uma leitura sob a ótica da ideologia que perpassa o texto permite-nos compreender que a fúria de Zeus pode ser atribuída ao fato de que ao poder dominante sempre interessa a alienação dos dominados, pois o conhecimento leva o homem a enxergar a realidade e, diante desta, de questionar suas incoerências. Logo, o homem, dotado de conhecimento, torna-se crítico e, desse modo, indesejável ao poder dominante.
Sob a mesma perspectiva, podemos dizer que, sendo o homem – dominante – em função da memória que o define como um ser dotado de força e coragem, a imagem da mulher – dominada – em função da memória que a define frágil e dependente do homem – uma vez descrita por ele, não poderia ser constituída de elementos capazes de desfazer a relação de dominação entre ambos.
[5]Texto adaptado da obra Convite à Filosofia, Unidade 1, A Filosofia, Capítulo 1 Origem da Filosofia da autoria de Marilena Chauí, Editora Ática, São Paulo, 2000.
 
[1] É o nome dado a um artista popular ou cantor que, na antiga Grécia, ia de cidade em cidade recitando poemas.
 
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Exercício 1
“Na Grécia Antiga utilizava-se de narrativas para explicar o surgimento e o porquê de determinadas coisas ou situações. Tais narrativas tinham grande aceitabilidade pelo povo grego sendo que estes, pelo menos num primeiro momento, escutavam e aceitavam como verdades incontestáveis”. O texto em questão sintetiza a utilização:
 
 
A 	
A) da filosófica.
 
B 	
B) da epistemologia.
 
C 	
C) da teogonia.
 
D 	
D) do mito
E 	
E) da cosmogonia.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: D.
Comentário: Para os gregos, o mito é um discurso pronunciado ou preferido para ouvintes que recebem como verdade a narrativa, porque confiam naquele que narra.
Exercício 2
Considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa que contenha assertivas que são incorretas.
I. O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado memorial, longínquo e fabuloso; voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente.
A Filosofia, ao contrário, preocupa-se em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são.
II. O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas.
A Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais.
III. O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e Ponto.
A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar.
IV. O mito se importava com contradições, com o fabuloso e o compreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador.
A Filosofia, ao contrário, admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, não exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; a autoridade da explicação vem da pessoa do filósofo, não da razão.
 
A 	
a) Apenas a I;
 
B 	
b) Apenas a II;
 
C 	
c) Apenas a I e a IV; 
 
D 	
d) Apenas a II e a IV;
 
E 	
e) Apenas a I e a III.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: C.
Comentário: 
O mito pretendia narrar como as coisa eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso; voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A filosofia, ao contrário, preocupa-se em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro ( isto é, na totalidade do tempo ), as coisas são como são. 4) O mito não se importava com as contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulações e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, logica, mas as razão que e a mesma em todos os seres humanos.
Exercício 3
Ao interpretarmos o Mito da Caverna, podemos dizer que estão corretas as assertivas:
I - A Caverna, segundo Platão, é o mundo sensível onde vivemos.
II - As sombras são as coisas sensíveis que tomamos por verdadeiras.
III - Os grilhões são os nossos dogmas, preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos e opiniões.
IV - O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo.
V - O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento ascendente de libertação do nosso olhar que nos libera da cegueira para vermos a luz das ideias.
 
A 	
A) Apenas a I.
 
B 	
B) Apenas a II.
 
C 	
C) Apenas III e IV.
 
D 	
D) Apenas IV e V.
 
E 	
E) Todas estão corretas.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: E.
Comentário: 
E ) Todas estão corretas, pois "A caverna, diz Platão, é o mundo sensível ondevivemos. A réstia de luz que projeta as sombras na parede é um reflexo da luzverdadeira (as ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombrassão as coisas sensíveis que tomamos pelas verdadeiras. Os grilhões são nossosdogmas, preconceitos, nossa confiança em nossossentidos e opiniões. Oinstrumento que quebra os grilhões e faz a escalada do muro é a dialética. Oprisioneiro curioso que escapa é o filósofo. O Mito da Caverna apresenta adialética como movimento ascendente de libertação do nosso olhar que nos liberada cegueira para vermos a luz das ideias."
Exercício 4
A respeito da narrativa mítica na sociedade grega é correto afirmar:
 
 
A 	
A) aqueles que a ouviam não recebiam de bom grado as narrativas proferidas.
 
B 	
B) aqueles que a ouviam recebiam de bom grado as narrativas proferidas, tendo em vista que o narrador era um deus.
 
C 	
C) aqueles que a ouviam recebiam de bom grado as narrativas proferidas, tendo em vista que confiavam no narrador por ser esse considerado um escolhido dos deuses.
 
D 	
D) embora as narrativas míticas tivessem sido reveladas por revelações divinas eram sempre passíveis de contestação.
 
E 	
E) o narrador sempre havia presenciado os fatos que narrava.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: C.
Comentário: 
C ) Acredita-se que o narrador é um escolhido dos deuses, que lhe mostram osacontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres ede todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. O mito é, pois,incontestável e inquestionável
Exercício 5
As narrativas mitológicas sempre procuraram explicar as mais variadas questões que atormentavam os serem humanos. Dentre essas questões encontra-se a narração da origem. Qual é o nome das narrativas mitológica que tinham por objeto explicar a origem as coisas?
 
A 	
A) teogonia.
 
B 	
B) cosmogonia.
 
 
C 	
C) genealogia
 
D 	
D) aporia.
 
E 	
E) sofismo.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: C.
Teogonia é uma palavra que em grego significa: as coisas divinas, os seresdivinos, os deuses, portanto, pode-se dizer que é a narrativa da origem dosdeuses, a partir de seus pais e antepassados. B) Cosmos quer dizer mundo ordenado e organizado. Assim, a cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forçasgeradoras (pai e mãe) divinas. C) A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, narrativa da geraçãodos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ouantepassados
Exercício 6
A narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas denomina-se:
 
A 	
A) teogonia.
 
B 	
B) cosmogonia
 
C 	
C) genealogia.
 
D 	
D) aporia.
 
E 	
E) sofismo.
 Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: B.
Comentário; 
Cosmos quer dizer mundo ordenado e organizado. Assim, a cosmogonia é anarrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas.
Módulo III- Filosofia Clássica - Grécia e Roma
Neste módulo trataremos da Filosofia Clássica, portanto, abordaremos no decorrer do texto as concepções dos sofistas, Sócrates, Platão, Aristóteles, Cícero, estoicos.
A respeito do período socrático ou antropológico[1] é válido afirmar que com o desenvolvimento das cidades, do comércio, do artesanato e das artes militares, Atenas tornou-se o centro da vida social, política e cultural da Grécia, vivendo seu período de esplendor, conhecido como o Século de Péricles.
É a época de maior florescimento da democracia. A democracia grega possuía, entre outras, duas características de grande importância para o futuro da Filosofia:
A igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade, da polis. Como consequência, a democracia sendo direta e não por eleição de representantes.
A garantia de todos na participação do governo e aos que dele participavam, o direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as decisões que a cidade deveria tomar.
Surge a figura política do cidadão.
 Nota: Estavam excluídos da cidadania o que os gregos chamavam de dependentes: mulheres, escravos, crianças e velhos. Também estavam excluídos os estrangeiros.
Para conseguir adesão nas assembleias, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de persuadir. Com isso, uma mudança profunda vai ocorrer na educação grega.
Quando as famílias aristocráticas, senhoras das terras dominavam o poder, tudo lhes pertencia. Valendo-se dos dois grandes poetas gregos, Homero e Hesíodo, criaram um padrão de educação, próprio dos aristocratas que afirmava que o homem ideal ou perfeito era o guerreiro belo e bom. Belo: seu corpo era formado pela ginástica, pela dança e pelos jogos de guerra, imitando os heróis da guerra de Troia (Aquiles, Heitor, Ájax, Ulisses). Bom: seu espírito era formado escutando Homero e Hesíodo, aprendendo as virtudes admiradas pelos deuses e praticadas pelos heróis, a principal delas sendo a coragem diante da morte, na guerra. A virtude era a Arete (excelência e superioridade), própria dos melhores, os aristoi.
Quando, porém, a democracia se instala e o poder vai sendo retirado dos aristocratas, esse ideal educativo ou pedagógico também vai sendo substituído por outro. O ideal da educação do Século de Péricles é a formação do cidadão. A Arete é a virtude cívica.
O cidadão mais aparece e mais exerce sua cidadania, quando opina, discute, delibera e vota nas assembleias.
Assim, a nova educação estabelece como padrão ideal: a formação do bom orador, isto é, aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política.
Agora, compete-nos algumas considerações a respeito dos sofistas.  
Os sofistas - primeiros filósofos do período socrático - adotavam essa educação, substituindo a educação antiga dos poetas. Os sofistas mais importantes foram: Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de Atenas.
A palavra sofista deriva do grego sophistés, com o sentido original de habilidade específica em algum setor, ou homem que detém um determinado saber (do grego sóphos, «saber, sabedoria»).
A partir do século V a.C. surgiram os professores itinerantes de gramática, eloquência e retórica, que ofereciam seus conhecimentos para educar os jovens na prática do debate público. A educação tradicional era insuficiente para preparar o cidadão para a discussão política. Era preciso o domínio da linguagem e de flexibilidade e agudeza dialética para derrotar os adversários.
Apresentavam-se como mestres de oratória ou de retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos. Diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da polis.
Que arte era essa? A arte da persuasão. Os sofistas ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que aprendiam a defender a posição ou opinião A, depois a posição ou opinião contrária, não A, de modo que, numa assembleia, soubessem ter fortes argumentos a favor ou contra uma opinião e ganhassem a discussão.
O êxito desses tutores foi extraordinário. Passaram a ser então designados de sofistas, sábios capazes de elaborar discursos fascinantes, com intenso poder de persuasão. Por outro lado, foram recebidos com hostilidade e desconfiança pelos partidários do antigo regime aristocrático e conservador.
Pensadores como Sócrates, Platão, Xenofonte e Aristóteles passaram a atacar sistematicamente os sofistas. O termo que antes era um elogio adquire um sentido pejorativo: argumento sofístico ou sofisma é o mesmo que falso argumento ou argumento intencionalmente falacioso.
Na peça As Nuvens, Aristófanes diz que o sofista possui a habilidade de pronunciar um discurso justo e um discurso injusto sobre o mesmo tema. No caso de um homicídio, por exemplo, o sofista poderia argumentar com igual brilhantismo como advogado de defesa e como promotor de acusação.
Outro discípulo de Sócrates e contemporâneo de Platão, Xenofonte escreve nos Ditos e Feitos Memoráveis de Sócrates, que os sofistas

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