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UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇOS SOCIAIS EDNA CAMPOS DE BRITO LIMA IVANA CRISTINA S. SANTOS PAULO AFONSO GIRÃO DA SILVA TEREZA CARLA DE NAZARÉ S. DO NASCIMENTO O ASSISTENTE SOCIAL E SUA ATUAÇÂO NA CONSULTORIA EMPRESARIAL BELÉM - PA 2018 1 EDNA CAMPOS DE BRITO LIMA IVANA CRISTINA S. SANTOS PAULO AFONSO GIRÃO DA SILVA TEREZA CARLA DE NAZARÉ S. DO NASCIMENTO O ASSISTENTE SOCIAL E SUA ATUAÇÂO NA CONSULTORIA EMPRESARIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista (UNIP), como requisito necessário para a conclusão do curso de Bacharelado em Serviço Social. Orientadora: Profa. Angélica do Socorro Gonçalves BELÉM - PA 2018 2 EDNA CAMPOS DE BRITO LIMA IVANA CRISTINA S. SANTOS PAULO AFONSO GIRÃO DA SILVA TEREZA CARLA DE NAZARÉ S. DO NASCIMENTO O ASSISTENTE SOCIAL E SUA ATUAÇÂO NA CONSULTORIA EMPRESARIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista (UNIP), como requisito necessário para a conclusão do curso de Bacharelado em Serviço Social. Avaliação __________________________________________ Profa. Angélica do Socorro Gonçalves Data: Nota: 3 AGRADECIMENTOS A Deus, por todas as graças e bênçãos concedidas ao longo de nossa vida, e em agradecimento especial pela conclusão do curso de Serviço Social. À Profa. Angélica do Socorro Gonçalves, orientadora neste Trabalho de Conclusão de Curso, pela contribuição, orientação e paciência com a qual encaminhou o desenvolvimento da produção acadêmica. Aos demais professores e colegas de turma com os quais nos últimos anos dividimos e interagimos o mesmo espaço de conhecimento. A todos que de alguma forma contribuíram para que chegássemos a esse momento, nossos sinceros agradecimentos. 4 Nos processos de consultoria o assistente social elabora parecer sobre o caminho que a equipe escolheu e propõe encaminhamentos para realização. Vasconcelos (2010, p. 96) 5 RESUMO A pesquisa cujo tema se refere ao trabalho do assistente social com gestor de recursos humanos e como consultor empresarial dado ao fato deste profissional ter bastante conhecimento com as demandas sociais presentes no contexto humano. O objetivo geral do estudo é analisar acerca da relevância do assistente social na área de recursos humanos de uma empresa e o outro para prover estudos e intervenções nos demais departamentos da organização, na condição de consultor. A inserção do assistente social no ambiente empresarial vincula-se à importância atribuída à qualidade dos trabalhos desempenhados pelos funcionários, dado que eles podem ser afetados por carências materiais e psicológicas, ideias/comportamentos divergentes aos pregados pela organização, dentre outros. Uma correta assistência social pode também ajudar a evitar ações trabalhistas. Vale destacar que essas novas demandas são acrescidas às competências requeridas do profissional de Serviço Social. Além dessas atribuições antigas, ainda se encontram em voga a manutenção do caráter educativo, voltado para mudanças de hábitos e comportamentos, para que o trabalhador se adéqüe ao processo produtivo, assim como, relativo ao absenteísmo, alcoolismo, uso de drogas, afastamento do trabalho, conflitos familiares, dificuldades financeiras, dentre outros. Em todos os campos de atuação o embate e característico do desempenho do papel de assistente social, o que torna a área de gestao estratégica de pessoas, apenas mais um cenários em relação a tantos outros em que o assistente social se insere de forma mais rotineira com grande exponencial de profissionais trabalhando em tais contextos como: hospitais, creches, centros comunitários e outros. A metodologia aplicada no estudo foi a pesquisa bibliográfica. Em considerações finais, destaca-se que todos da empresa ganham com o assistente social como gestor de recursos humanos e no âmbito da consultoria empresarial. Palavras-chave: Assistente Social. Demandas. Gestor. Recursos Humanos. 6 ABSTRACT This study, whose theme refers to the work of the social worker with human resources manager and as a business consultant given the fact that this professional has enough knowledge with the social demands present in the human context. The general objective of the study is to analyze the relevance of the social worker in the area of human resources of one company and the other to provide studies and interventions in the other departments of the organization, as a consultant. The insertion of the social worker in the business environment is related to the importance attributed to the quality of the work performed by the employees, since they can be affected by material and psychological deficiencies, ideas/ behaviors that differ from those preached by the organization, among others. Correct social assistance can also help avoid labor lawsuits. It is worth mentioning that these new demands are added to the skills required of the Social Work professional. In addition to these old attributions, the maintenance of the educational character, aimed at changes in habits and behaviors, is still in vogue for the worker to adapt to the productive process, as well as, related to absenteeism, alcoholism, drug use, work withdrawal, family conflicts, financial difficulties, among others. In all the fields of activity, the impact of the role of social worker is significant, making the strategic management area of people just one more scenario in relation to many others where the social worker inserts more routinely with great exponential of professionals working in such contexts as: hospitals, kindergartens, community centers and others. The methodology applied in the study was the bibliographical research. In final considerations, it stands out that all of the company wins with the social worker as human resources manager and in the scope of business consulting. Keywords: Study. Demands. Manager. Human Resources. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 8 2 HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL ......................................... 10 3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO ESPAÇO SÓCIO- OCUPACIONAL DAS EMPRESAS ................................................................. 12 4 ASSISTENTE SOCIAL COMO GESTOR DE RECURSOS HUMANOS EM EMPRESAS PRIVADAS ..................................................................... 20 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ REFERÊNCIAS ........................................................................................... 35 36 8 1 INTRODUÇÃO Viver em organizações já faz parte da história do homem desde a pré-história, quando se esboçava os primeiros modelos de líderes que norteava caminhos a partir do consentimento do grupo. Com o passar dos tempos, a administração passa a ser a palavra de ordem para o alcance de objetivos pré-estabelecidos que culminam para o sucesso da organização. Convém ressaltar o papel extremamente importante da área de Recursos Humanos,que além de outras atribuições é responsável pelo recrutamento, seleção da força de trabalho e por manter as pessoas na organização. Assim, a qualidade da maneira como as pessoas são geridas em meio às mudanças rápidas do atual cenário e da crescente competitividade, são elementos que expressam os anseios latentes na organização, dando o ritmo para as ações e relações que aí se reproduzem. As organizações, na contemporaneidade, precisam mostrar uma vivência coerente com o discurso dos valores proferidos para a sociedade. Daí a necessidade da intensificação da inserção do Assistente Social nos espaços organizacionais. O enunciado (problemática do estudo) traz o seguinte questionamento: de que maneira o Serviço Social poderá influenciar a organização empresarial e promover a satisfação dos colaboradores? A escolha pelo tema é um desafio, haja vista que mais que nunca se observa a necessidade do assistente social trabalhar nas organizações privadas como responsável pela administração de recursos humanos e também outro assistente social prestando consultoria à empresa, uma vez que as demandas sociais são muitas para apenas um profissional de Serviço Social. Ademais, as empresas 9 públicas de vários segmentos mercantis já contam com a presença desse profissional, o que implica em ressaltar que o trabalho permanente e a consultoria por parte de dois profissionais assistentes sociais é relevante tanto para a empresa, para os empregados, para o assistente social dada a relevância do conhecimento em lidar com as demandas sociais. O objetivo geral é analisar acerca da relevância do assistente social na área de recursos humanos de uma empresa e o outro para prover estudos e intervenções nos demais departamentos da organização, na condição de consultor. Quanto aos objetivos específicos estes são: identificar acerca da evolução histórica do serviço social no espaço sócio-ocupacional das empresas; abordar sobre a implementação da assessoria do assistente social nas empresas privadas. No que tange à metodologia da pesquisa, trata-se de um estudo bibliográfico, que de acordo com Gil (2010) consiste em uma produção textual escrita a partir de estudos existentes sobre a temática escolhida acerca do profissional de serviço social no âmbito das organizações empresariais privadas. Estruturalmente, o estudo está dividido em introdução; desenvolvimento, que subdividido em três seções trata acerca da história do serviço social no Brasil, evolução histórica do serviço social no espaço sócio-ocupacional das empresas e o assistente social como gestor de recursos humanos em empresas privadas e; as considerações finais. 10 2 HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL O serviço social surge do movimento católico o processo de profissionalização e legitimação da profissão está articulada as instituições sócio- assistenciais estatais surgindo na década de 40. O Estado a partir daí, passa a não intervir na regulamentação do trabalho, mas na política assistencial ligada a organização das classes produtoras na política que controla a ditadura social Varguista ao afirmar a situação de paz social imposta pela condição partenalista da sociedade e do estado. A partir de 1964, a profissão passa a assumir posição de destaque no cenário da sociedade com política de ação peculiar com o uso de um perfil mais objetivo, métodos procedimentos de intervenção e metodológicos eficazes que regulamentam a pratica da profissão. No plano político as manifestações sociais intensificam-se de forma a radicalizar as ações públicas e exigindo um desfeito expressivo de mudança a partir do golpe de 64. O Serviço Social liga-se a divisão do trabalho no sentido de agir e lutar com os movimentos sociais de bases ligadas a igreja católica no mundo temporal no início da década de 30. A igreja católica junto com a população lutaram para defender um sentido missionário e evangelizador para com a sociedade necessitada. A posição da igreja católica é de defender os problemas socais com reivindicações para sanar as questões sociais da sociedade carente. O serviço social surge da emergente sociedade urbana - industrial dos anos 30 do século 20, em uma conjuntura peculiar do desenvolvimento capitalista, marcada por conflitos de classes, pelo crescimento numérico e qualitativo da classe operária urbana e pelas lutas sociais que esta desencadeia contra a exploração do 11 trabalho e pela defesa dos direitos de cidadania. Cujo objetivo era controlar as insatisfações e o pauperismo popular, advindas da relação entre o capital x trabalho. O Serviço Social no Brasil se dá vinculado à Igreja para a recuperação e a defesa de seus interesses junto às classes subalternas e à família operária “ameaçada” pelas ideias comunistas. Para gerir trabalhos através da globalização Mundial com ajuda do capital financeiro e a aliança entre o capital financeiro e a aliança entre o capital bancário e o capital industrial. A execução social econômica, política cultural de jovens e crianças e adultos se faz através dos desenvolvimentos do trabalho coletivo com dos desenvolvimentos também da tecnologia e da ciência, dos meios de comunicação e produção do mercado. A acumulação do capital liga-se a igualdade o crescimento é possível devido com o consumo ampliações do mercado de trabalho com concentração de renda, capital, poder, a melhoria dos serviços sociais das políticas públicas. Para exercitar a política do assistente social é preciso exercer uma função formadora crítica e competente, libertar-se das prisões, os indivíduos que estão nas perspectivas de desenvolvimentos sociais, no sentido de atender a realidade deles. O movimento das classes sociais e do Estado e suas relações sociais tentam diluir as particularidades do atendente da profissão de assistente social, ir além da história de vida da sociedade, extrapolar os serviços sociais no sentido de qualificar o assistente social identificando essas particularidades e criar alternativas de ações para a sociedade emergente e ávida por mudanças e transformações. O trabalho do assistente social permite uma atuação para efetivação das políticas públicas e da gestão social e das políticas sociais. As exigências do trabalho social do assistente social se pauta apenas ao mero emprego que até mesmo com as lutas reivindicatórias da categoria para definir a atuação do campo 12 profissional se limita as funções, até então não reconhecidos suas competências, mas através das ações das sociedades reconhecendo a profissão como importante para garantir os direitos e deveres das ações das políticas públicas. É preciso atuação forte, lutando para reconhecer os campos e projetos de ação da categoria profissional, pois o trabalho impõe certos limites e possibilidade de efetivação do campo em ação. O assistente social tem o papel de fazer valer a implementação e execução das políticas pública e atender as reivindicações da população. A questão que envolve o assistente social e na área de atuação não se encontra na profissão como ato de filantropia, mas uma possibilidade de atuar em conformidade com os possibilidades e limites da realidade social. A ilusão desfocada da realidade não se encontra no assistente social e sua profissão, pois esta visão ilusória da realidade não condiz com sua atuação. O trabalho efetuado pelo profissional é de trabalhar e desenvolver atividades voltadas para a realidade social da programação no sentido de ver e resolver os problemas sociais é um trabalho coletivo externo a sociedade e o profissional. O senso comum, pensa e reflete quea atuação do assistente social se limita a filantropia, mas isso é um conceito deturpado da área de atuação do profissional, o assistente social é um trabalhado especializado é um profissional liberal. O profissional faz parte do trabalho social que envolve prestação de serviços e atendimento às necessidades da realidade social, distribuição dos valores, mas um conjunto de trabalhos de conscientização da aplicabilidade dos benefícios empregados. É a chamada atuação no campo das propostas de caratês político ideológico. 13 3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO ESPAÇO SÓCIO- OCUPACIONAL DAS EMPRESAS O Serviço Social na área empresarial tem seu início em 1941 por meio das empresas públicas, e nas privadas em meados de 1943, segundo Iamamoto e Carvalho (2012), sendo este livro um dos clássicos no conjunto das obras dessa profissão. Tal surgimento ocorreu em virtude da cena política da época, por meio do movimento dos operários por melhores condições de trabalho. O objetivo da contratação desse profissional é com o propósito de minimizar os conflitos existentes oriundos da contradição capital versus trabalho. A atuação dos assistentes sociais nas empresas se intensificou na década de 1970, dado que as relações empresariais demandavam a ação desse profissional, a fim de que respondessem ás necessidades da reprodução material da força de trabalho. Gomes et al (2010), relatam que o processo de reestruturação produtiva vem acarretando diversas mudanças no desenvolvimento das organizações privadas, desde a década de 1970. A crise de acumulação capitalista requisitou novas orientações, determinando um novo processo da gestão da força de trabalho. A partir dos anos 1980, surgem novas tecnologias e consequentemente mudanças no mundo do trabalho. Nesse contexto, as empresas começam a desenvolver projetos voltados para o envolvimento dos trabalhadores com os interesses da organização. Com isso, o trabalho do assistente social passa por diversas alterações para com essas novas requisições. Os autores citados salientam ainda que o assistente social passa a vir a ser requisitado a tratar dos problemas relativos à produtividade, prestação de serviços 14 sociais, assessoramento as chefias, assim como o trabalho de cunho assistencial e educativo para com os trabalhadores e seus familiares. Motta (2010), uma das autoras de referência no que concerne a atuação dos assistentes sociais em empresas, afirma que a presença desses profissionais nas organizações privadas vem atestar que a expansão capitalista gera a criação de novas necessidades sociais, ou seja, o assistente social vem contribuir na área empresarial no que concerne a área assistencial e educativa. A contribuição desses profissionais pode ocorrer por meio de trabalhos individuais ou coletivos junto aos trabalhadores, contemplando ainda atendimentos aos familiares. A inserção do assistente social no ambiente empresarial vincula-se à importância atribuída à qualidade dos trabalhos desempenhados pelos funcionários, dado que eles podem ser afetados por carências materiais e psicológicas, ideias/comportamentos divergentes aos pregados pela organização, dentre outros. Uma correta assistência social pode também ajudar a evitar ações trabalhistas (AMARAL; CESAR, 2009). De acordo com Amaral e Cesar (2009), em meados da década de 1980 é possível observar a presença do assistente social em empresas, o que foi favorecido pela conjuntura brasileira da época, haja vista que, a classe trabalhadora começou a se organizar politicamente, por meio da criação de partidos e sindicatos. Nos anos 1990, conforme proposto por Cesar (2009), o Serviço Social, na área de Recursos Humanos, passou por algumas mudanças no que se refere à racionalidade técnica e ideopolítica, que refuncionalizam o tradicional em prol do moderno e mesclaram no campo das atividades profissionais velhas e novas demandas. Com isso, é requerida dos profissionais a adoção de estratégias que afirmem a legitimidade social. 15 É na virada do milênio, segundo Amaral e Cesar (2009), que ocorrem mudanças significativas na área empresarial, período esse definido por alguns autores como sendo a fase da acumulação flexível. As características desse período repercutiram diretamente na lógica do funcionamento das empresas, assim como no trabalho do assistente social. O profissional de Serviço Social, passou a interagir diretamente com os trabalhadores com o propósito de tornar menos drástico possível o processo de transição, que se deu através da introdução de tecnologias de ponta, diferentes modalidades de contratação, flexibilização do trabalho, entre outros. A atuação do assistente social também passou por um processo de requalificação, posto que novas exigências vieram ao encontro desse profissional. "Um dos seus papéis é assegurar a aderência e o comprometimento dos trabalhadores para com as novas formas de trabalho" (VASCONCELOS, 2010, p. 31). O processo de adesão dos trabalhadores às novas requisições de suas funções foi viabilizado, muitas vezes, por meio de programas de recursos humanos voltados para o envolvimento com as metas, tais como: desenvolvimento de capacidades e habilidades; treinamento e desenvolvimento; remuneração pautada em resultados; gestão de benefícios e atuação na área de segurança do trabalho, voltado à prevenção de acidentes. Esta postura representa, de acordo com Amaral e Cesar (2009), a integração da Administração de Recursos Humanos com os princípios da Gestão da Qualidade Total. Vale destacar que essas novas demandas são acrescidas às competências requeridas do profissional de Serviço Social. Além dessas atribuições antigas, ainda se encontram em voga a manutenção do caráter educativo, voltado para mudanças 16 de hábitos e comportamentos, para que o trabalhador se adéqüe ao processo produtivo, assim como, relativo ao absenteísmo, alcoolismo, uso de drogas, afastamento do trabalho, conflitos familiares, dificuldades financeiras, dentre outros (MOTTA, 2009). Não se pode deixar de mencionar também a requisição no que concerne à mediação de conflitos entre a organização e funcionários. Alguns programas de Gestão de Pessoas costumam inseriir ser chamados a intervir são os Programas de Treinamento e Desenvolvimento, Programas Participativos (Gestão da Qualidade Total), Programa de Qualidade de Vida, Programa de Clima ou Ambiência Organizacional, dentre outros. Os objetivos desses programas são muito bem resumidos por Amaral e Cesar (2009), que explicam que a atuação do profissional de Serviço Social se dá por meio da mensuração dessas informações, as quais podem ser geradas, por exemplo, por meio da aplicação de entrevistas, com a finalidade de correlacionar as práticas de gestão com o clima organizacional da empresa. Tais resultados precisam ser analisados e transmitidos aos gestores, servindo como indicadores do que deve ser modificado na estrutura do processo de trabalho com vistas a aumentar a produtividade. Amaral e Cesar (2009) relatam ainda que o possui um conjunto diverso de frentes de trabalho nas empresas, das quais destacaram: gestão de recursos humanos, programas participativos, desenvolvimentos de equipes, ambiência organizacional, ação comunitária, certificação social, educação ambiental, entre outros. Percebe-se, segundo Amaral e Cesar (209), que o assistente social é requisitado para atuar na parte de assessoramento aos gestores das organizações, com a intenção de obter uma melhor administração das pessoas, gerando 17 confiabilidade, aprendizado, crescimento esatisfação dos trabalhadores. O profissional pode ser demandado para atuar na área de Gestão de Pessoas, com o interesse de dar respostas às necessidades humanas dos trabalhadores, contribuindo com a formação de um comportamento produtivo de acordo com as exigências da organização, sendo um fomentador da adesão do trabalho as novas formas de produção. Para Amaral e Cesar (2009), o Serviço Social é requisitado para intervir nos problemas que afetam diretamente na produtividade do trabalhador, é aliada a intervenção de questões psicossociais, que não relacionam diretamente ao processo de trabalho, mas que vem a interferir diretamente no mesmo. Vasconcelos (2010, p. 23) especifica as características que compõem o perfil do assistente social, como sendo um profissional que tem condições de realizar uma compreensão analítica dos processos sociais partindo sempre de uma perspectiva de totalidade. Para tanto, esse profissional deve ser capaz de realizar uma analise do movimento histórico da sociedade brasileira compreendendo as particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país. O profissional de Serviço Social, segundo Vasconcelos (2010), compreende o significado da profissão e de seu desenvolvimento sócio-histórico (nacional e internacional), sendo capaz de desvelar as possibilidades de ações contidas na realidade. Consegue identificar as demandas presentes na sociedade e formula respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, levando em consideração as novas articulações entre público e privado. O Serviço Social vivencia um amadurecimento e reconhecimento profissional, fruto de sua natureza investigativa e interventiva que vem gerando um aumento significativo no número de produções científicas. Faz parte do debate atual da categoria, pensar sobre os novos espaços de trabalho e as novas competências 18 profissionais, o que torna relevante pensar sobre a temática da assessoria/consultoria como possibilidade de trabalho para profissionais da área de Serviço Social. A capacidade crítica e o embasamento teórico são condições fundamentais do trabalho do assistente social. Sendo o mesmo um profissional que se caracteriza por sua condição de intervir na vida cotidiana dos trabalhadores, tanto no âmbito fabril como na esfera doméstica ou de sua vida particular. Não consegue escapar a condição de trabalhar para a reprodução da forca de trabalho, quando desenvolve suas funções relacionadas com a administração de benefícios sociais, assim como desempenha o papel de mediador nos cenários mais diversos que compõe a vida dos cidadãos. Exerce uma função pedagógica e enfrenta o desafio de identificar estratégias de ação que se articulem ao projeto ético-político. Em todos os campos de atuação o embate e característico do desempenho do papel de assiste social, o que torna a área de gestao estratégica de pessoas, apenas mais um cenários em relação a tantos outros em que o assistente social se insere de forma mais rotineira com grande exponencial de profissionais trabalhando em tais contextos como: hospitais, creches, centros comunitários e outros. Martinelli, (2005) realizou uma retrospectiva a história do Serviço Social no mundo e o Brasil constatando alguns pontos como sendo fundantes da identidade do Serviço Social. A relevância que a área de gestão estratégica de pessoas vem ganhando, nos últimos tempos, aponta para a necessidade de o Serviço Social discutir a possibilidade de explorar esse campo de trabalho como um campo estratégico de ação para o enfrentamento das questões relacionadas ao mundo do trabalho, que afetam diretamente a vida de todos os cidadãos. 19 Segundo Freire (2006), a reestruturação produtiva nos anos 90 imprimiu características diferenciadas ao espaço que se insere no campo das atuais tecnologias de qualidade total e clima organizacional. Este espaço amplia-se, mas é apropriado como instrumento gerencial, de importância estratégica, referente às relações sociais nos meios de produção. E essas necessidades não suprimidas dos trabalhadores prejudicam, além dos aspectos sociais, a saúde deles, pois, citando Freire (2006, p. 47): os trabalhadores vão assumindo novas responsabilidades e uma grande carga de sofrimento psíquico. Esse processo resulta na ampliação do desgaste físico e mental do trabalhador, crescendo o exército de mutilados e mortos prematuramente. Tais perdas são identificadas mesmo entre os trabalhadores centrais, pela constante intensificação do trabalho e por viverem sob ameaça de expulsão da posição. Os resultados negativos também se verificam: na precarização das condições de vida da classe que vive do seu trabalho, na progressiva redução de direitos previdenciários, de recursos e de investimentos e apoio às políticas de saúde ao trabalhador. Freire (2006) ressalta que a reestruturação produtiva instituiu novos padrões de comportamento dentro das empresas, onde a participação e a comunicação dos funcionários são estimuladas. Para valorizar os colaboradores, as empresas desenvolvem programas motivacionais. Segundo a autora, para assegurar o engajamento dos trabalhadores, é necessário que sejam consideradas suas necessidades fisiológicas (reprodução material, de segurança, estabilidade no emprego e proteção da família), sociais (aceitação, amizade, união, cooperação) de estima (reconhecimento e valorização) e de auto-realização (crescimento contínuo). Enfim, todas estas mudanças relacionadas anteriormente implicam de forma significativa nas relações de trabalho, no desemprego, na precarização das condições da força de trabalho e nos direitos sociais. Neste sentido, primeiro mostraremos como surgiu a área de Recursos Humanos no Brasil e o atual conceito de Gestão de Pessoas, e depois mostraremos como estas alterações no mundo do capital e do trabalho refletem na prática profissional dos assistentes sociais 20 4 ASSISTENTE SOCIAL COMO GESTOR DE RECURSOS HUMANOS EM EMPRESAS PRIVADAS Encontram-se definições que apontam o consultor como uma pessoa que está em posição de ter alguma influencia sobre um individuo, um grupo ou uma organização, mas que não tem poder direto para produzir mudanças ou programas de implementação. Enquanto o assessor e aquele para o qual se delega funções e poder para tomar decisões e conduzir estratégias em áreas de seu domínio, que caso não fossem executadas pelo assessor seriam executadas pelo administrador. O consultor tem competência para orientar e aconselhar e o assessor alem de mostrar as opções também atua na área operacional, fazendo as idéias se concretizarem. O foco recai sobre o poder e o controle das situações. Compreende- se que o jogo de poder e uma característica marcante nas organizações, uma vez que estas estão estruturadas em termos de hierarquia de funções, sendo que as funções colocadas na parte superior dos organogramas das instituições são consideradas mais importantes ou as que têm maior poder de decisão. Todavia, ao invés de focar-se nesse antagonismo, o que se acredita é no processo educacional, cultural, social e político que estão envolvidos nas relações dentro e fora das organizações. Opta-se por enfatizar a possibilidade de aprendizagem envolvida em todas as relações com seus conflitos e pontos de vista diferentes, que ocorrem quando uma ou mais pessoas realizam uma atividade em conjunto quer estejam total ou parcialmente integradas. Ao se contrapor os papeis de consultor com o de assessor descortina-se rico mundo de possibilidades de aprendizagem, de desenvolvimento humano e organizacional. A definição de assessor que já foi comentada: aponta alguém que planejae ou supervisiona a atividade de terceiros. 21 Dentre todos os papeis pertinentes ao assessor o que mais chama a atenção e o de promover o intercambio de informações, que e o propulsor de aprendizagem, uma vez que a comunicação costuma ser um dos pontos de primazia de qualquer organização. Sem comunicação não há como atingir os objetivos propostos por uma organização, já que a divisão de tarefas e inerente a qualquer atividade executada por pessoas, que exerçam os mais diversos cargos existentes nas organizações. O consultor não se envolve na execução das ações planejadas, usa sua expertise na área para analisar os fatos e propor uma linha de ação que devera ser executada pelo cliente que pode ser um administrador da empresa ou mesmo um de seus assessores. No presente trabalho estamos mais interessados no papel do assessor como sendo um nicho de trabalho para o assistente social, uma vez que o assessor e aquele que se coloca em contato com as pessoas que formam uma organização para elaborar e implantar estratégias de melhoria. A complexidade de desafios e exigências que enfrenta o consultor nas empresas privadas propicia a necessidade de assessoria/consultoria, uma vez que uma única pessoa não tem como desempenhar tantos papéis ao mesmo tempo. Sendo tarefa de o assessor auxiliar o administrador a planejar e/ou supervisionar a atividade de terceiros, suas atribuições poderiam ser atendidas pelo administrador se esse dispusesse de tempo e de conhecimento especializado. O trabalho do assessor possibilita ao administrador a distribuição das tarefas aos subordinados trazendo consigo a implicação de criar relações um tanto complexas na organização. Quando o assessor possui conhecimentos e habilidades técnicas que nem o subordinado nem administrador possuem, as vantagens de seu trabalho são comumente reconhecidas. Esse tipo de assessoria e conhecido como assessoria especializada Ao desempenhar o papel de assessor independente da 22 especialidade em questão, o mesmo faz recomendações a seu superior como aos chefes de operação subordinados aquele. A indução a ação garante maior eficácia nessas comunicações. As recomendações apresentadas ao administrador devem ser desenhadas pelo seu ponto de vista, a linguagem adequada para a fácil compreensão do conteúdo exposto e fundamental. Da mesma forma as sugestões feitas ao pessoal de operação subordinados ao chefe, devem refletir a situação operacional especifica. Acontece um processo de venda da ideia, que somente se for aceita será implantada a contento. Mesmo porque, normalmente as propostas apresentadas pelo assessor não tem forca normativa, a menos que o assessor esteja falando em nome do gestor principal. O uso de autoridade e desaconselhável, devendo o assessor ter como objetivo a aceitação espontânea das ideias apresentadas. Conquistar a cooperação integral do pessoal de operacao e, ao mesmo tempo, introduzir modificações nos métodos de trabalho faz parte dos desafios de se trabalhar como assessor em gestao de pessoa, sendo o conflito e a mediação dos mesmos, cenários rotineiros em sua experiência profissional. Vivenciar os antagonismos de interesses permite ao profissional a possibilidade de ampliar sua capacidade de compreensão e pontos de vista diferentes de uma mesma situação, podendo aprender com essa experiência a utilizar o conhecimento dos argumentos tanto dos administradores quanto dos subordinados para a diminuição das barreiras ao melhor desempenho de todos os envolvidos. A valorização das pessoas como sendo o ponto fundamental para a obtenção de resultados nas organizações, faz parte do cenário atual, criando assim uma 23 demanda por parte das organizações de profissionais capacitados para o desenvolvimento de estratégias que garantam a participação das pessoas que compõem as organizações na obtenção de resultados. O despreparo dos profissionais para lidar com a complexidade das relações humanas nas organizações acaba por gerar uma busca pelo serviço de profissionais especializados, para desempenhar essa função nas organizações, o que explica o crescimento de profissionais das mais diversas áreas, trabalhando com consultoria/assessoria em gestao de pessoas. Independentemente do porte da organização (grande, media ou pequena) e mais claro para os empresários que mesmo que a empresa possua capital, maquinário, tecnologia sem as pessoas não é possível atingir seus objetivos. Uma pessoa que não faca parte ou que se oponha aos ideais da empresa tem o poder de impedir a obtenção de resultados por parte da empresa. O consultor tem o papel de trazer ideias novas, de inovar nas estratégias criadas para obter melhores resultados, tendo como centralidade de suas soluções o homem organizacional. Ele é o profissional que está fora da empresa e em contato com diversas realidades no mercado está assim apto para trazer inovações. Devendo o assessor cuidar da implantação das estratégias propostas. Muitas vezes ao prestar um serviço de consultoria o profissional e convidado para realizar o trabalho de assessoria dentro da empresa. A consultoria e marcada por uma característica de maior transitoriedade, uma vez que a demanda por seu trabalho obedece a necessidades pontuais de inovação na empresa. Tendo como objetivo de seu trabalho fazer uma leitura da situação atual da empresa e sua interface com diversas variáveis como: economia, mercado, tecnologia, entre outras, e propor novos caminhos oferecendo a empresa que o 24 procura uma nova metodologia de condução do tema em questão, um novo plano de ação que devera ser implantado pelos profissionais que pertencem aos mais diversificados postos de trabalho existentes na empresa em questão. O trabalho de assessoria tem um caráter de maior tempo de permanência na empresa contratante, uma vez que o assessor devera apresentar e implantar a estratégia aos funcionários da empresa, e exercendo o papel de mediador e mesmo de convencimento por parte dos funcionários na execução das etapas necessárias para a implantação das estratégias empresariais escolhidas. As funções e as exigências de competências necessárias para o desempenho profissional que se faz ao assessor se coadunam com as de assistente social. O profissional de Serviço Social tem a preparação teórica e pratica que facilitam o olhar dialetico para os relacionamentos, característica essa essencial para o trabalho de assessor. A crescente demanda pelo trabalho de consultoria/assessoria torna necessário um maior aprofundamento teórico em relação à caracterização do trabalho de consultor e de assessor, uma vez que tal delimitação traz implicações diretas na ocupação dos postos de trabalho que estão se abrindo no momento atual de mercado. Depois de entender o processo histórico que desencadeou as mudanças no processo de trabalho e principalmente as transformações ocorridas no âmbito do Serviço Social, discute-se um interessante campo de atuação do Assistente Social, a Assessoria e Consultoria. Ao levantar o material teórico sobre o tema, percebeu-se a pouca produção de artigos, livros e demais materiais que respaldassem a conceituação do tema, que será feita neste momento. Encontrou-se dificuldade também, no momento de 25 diferenciar os termos Assessoria e Consultoria, devido à proximidade de conceitos, a definições amplas e vagas. Buscou-se, no decorrer do texto, deixar os termos claros e distingui-los de acordo com o material encontrado e os relatos dos profissionais. No primeiro momento, levanta-se a análise feita por Mattos (2010), onde relata escassa produção a respeito do tema Assessoriae Consultoria no serviço social, as principais publicações são datadas a partir dos anos de 1998. Com relação a pouca produção sobre o tema, segundo Mattos (2010), destacam-se dois principais motivos, o primeiro seria pelo fato do tema estar presente na fala dos profissionais que passam a atuar após o momento de ruptura, ou seja, mais atualmente, trabalhando com as novas demandas do Serviço Social. O segundo motivo é a recente inclusão da palavra Assessoria no campo do Serviço Social, estando presente principalmente nos relatos de experiências em formulação de políticas, atividades voltadas aos movimentos sociais e trabalhos educativos, sendo experiências ricas, porém com pouco referencial teórico e na grande maioria estarem voltadas a atividades de extensão universitária. A demanda de Assessoria e Consultoria é atual, fazendo parte da nova conjuntura de transformações. Antes dos anos 80, era um demanda inexistente ou inexpressiva. Hoje se pode destacar segundo Mattos (2010) como uma demanda explícita para o trabalho do Assistente Social, assim como os profissionais que vem buscando os espaços de Assessoria. Nas duas situações o que se tem em evidencia a capacidade intelectual do profissional. Buscando o resgate histórico sobre o tema, nos anos 80, foi encontrado duas importantes questões sobre a Assessoria e Consultoria. A primeira refere-se a um artigo sobre Assessoria escrito por Balbina Ottoni Vieira, a qual trata da importância 26 da Assessoria com pressupostos do estrutral-funcionalismo. A segunda questão é a experiência de criação de campos de estágio junto aos movimentos sociais. Nos anos 90, houve um avanço na discussão sobre Assessoria e Consultoria, primeiro pela conjuntura da reestruturação produtiva e pelas mudanças ocorridas no Estado, como foi visto no tópico anterior. A partir desse contexto o Serviço Social passou a trabalhar na garantia dos direitos da população usuária. Nesse momento começa a aparecer profissionais trabalhando com Assessoria, voltados, principalmente, para a implementação de planos e políticas sociais. Durante esse período é importante resgatar as experiências, durante os anos 1991 e 1994, realizadas nos estágios supervisionados nas escolas públicas de Serviço Social do Rio de Janeiro, foi a partir de então que surgiram de forma mais clara as demandas nessa direção, como coloca Vasconcelos (2010), houve o aumento da solicitação de elaboração de projetos de prática e/ou acompanhamento e avaliação de sua operacionalização, voltados principalmente na esfera pública, na implementação de projetos sociais. Nos anos 2000, o tema Assessoria/Consultoria ganha mais destaque na iniciativa dos profissionais, porém ainda não existiam esclarecimentos sobre o tema. A Assessoria passa a ter diferentes conotações políticas, as faculdades e campos privados passam a criar espaços próprios, nesse período também crescem o número de textos a respeito do tema, principalmente o relato de experiências (VASCONCELOS, 2010). Analisando todo esse percurso, percebe-se que ainda hoje faltam fontes e documentos que esclareçam o que é a Assessoria e a Consultoria. Como já dito acima, a grande maioria das bibliografias encontradas são relatos de experiências, e falta embasamento teórico sobre o tema. 27 A assessoria/consultoria possui um debate sobre sua compreensão que ora é entendida como supervisão profissional e ora no trabalho interventivo junto às comunidades ou movimentos sociais, é ainda vista como militância política. É oportuno entender o conceito de assessoria e consultoria dentro do Serviço Social, haja vista que parte das interpretações são retiradas de outras áreas do conhecimento, como da administração. É importante observar a origem e o sentido da palavra. Assim, defini-se assessoria/consultoria como aquela ação que é desenvolvida por um profissional com conhecimentos na área, que toma a realidade como objeto de estudo e detém uma intenção de alteração da realidade (MATTOS, 2010 p. 31). O assessor/consultor deve deter conhecimentos específicos, ser estudioso e se manter atualizado, e principalmente saber expressar claramente suas proposições. O conhecimento para o profissional que atua com assessoria e Consultoria é um instrumento para captar o movimento da realidade social. Segundo Vasconcelos (2010), é necessário que os interessantes e objetivos, do assessor e assessorado, sejam recíprocos. Estes devem ser explicitados com clareza, para que assim se mantenha um contato sistemático, contínuo e de longa duração com determinada equipe, no processo de construção, operacionalização e critica de um projeto de prática. Para Vasconcelos (2010), o assistente social envolvido com assessoria e consultoria necessita conhecer pelo menos os seguintes estágios de atuação e intervenção: O estágio da equipe quanto à projeção do espaço profissional, os registros da prática, o tipo de relação com a academia, as expectativas da equipe em relação ao processo, o tempo disponível para as atividades que envolvem o 28 planejamento, o número de profissionais existentes e interessados, a inserção quantitativa e qualitativa e os recursos institucionais. Após concluir os estágios supracitados é que se criarão condições de trabalho que cumpram as expectativas e explicitem um projeto de assessoria e consultoria frente às condições institucionais e principalmente profissionais. As Assessorias e Consultorias são na maioria dos casos solicitadas ou indicadas, com o objetivo de possibilitar a articulação e a preparação de uma equipe para a construção do seu projeto de prática por meio de um profissional que venha assisti-la teórica e tecnicamente. "É função do assessor propor instrumentos que possibilitem o desvelamento do movimento da realidade social, ocultando pelo movimento cotidiano das relações sociais” (VASCONCELOS 2010, p. 127). Para este autor, os profissionais do Serviço Social, buscam pensar em seu projeto de prática, em um projeto de qualidade, dando conta da realidade que é objeto de ação profissional, captando as tendências, sendo a base para a construção de propostas de trabalho criativas e articulada aos interesses e necessidades dos que demandam da ação profissional. Produzir uma prática de qualidade, numa perspectiva de ruptura com práticas conservadoras, exige o resgate da unidade entre espaços de formação e espaços de prática. Mas, diante do quadro que se encontra, sem uma postura concreta por parte dos assistentes sociais que pressione as unidades formadoras a aceitar, também como seus, os desafios postos pela realidade [...] tão cedo não se terá uma aproximação de qualidade (VASCONCELOS, 2010). Sendo assim, a demanda de assessoria e consultoria é pouco assumida pelas instituições de ensino, tanto públicas como particulares, as poucas instituições que recebem esta demanda e atendem as expectativas dos solicitantes, são as 29 instituições públicas como é o caso da Universidade Estadual de Ponta Grossa, porém ainda é pouco visto a grande demanda e a falta de tempo destas instituições. A academia ao recusar a demanda de Assessoria e Consultoria perde espaço, que passa a ser absorvidas por assistentes sociais e/ou equipes de profissionais que não possuem vinculação com a academia, o que pode ocasionar perda para os dois lados, principalmente relacionada à qualidade do processo. Para Oliveira (2010), a assessoria no Serviço Social está vinculada ao projeto de formação profissional e à função social da universidade, “ao articular e potencializar o tripé: ensino, pesquisa e extensão”, contribuindo na formação e no fazer profissionalqualificado e comprometido com a realidade. Assim, compreendemos que a atividade de Assessoria pode e deve ser valorizada, principalmente no âmbito da universidade pública, onde se efetiva na articulação entre ensino, pesquisa e extensão e enquanto campo de estágio [...] possibilitando, assim, a formação de um profissional que, para além de consciente e comprometido ética e politicamente, é capaz de realizar seu potencial critico, criativo e propositivo (OLIVEIRA 2010, p.123) Na efetivação do projeto ético político, segundo Oliveira (2010), o trabalho de assessoria encontra na universidade campo privilegiado, no cumprimento da função social, através da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, “que a atividade de Assessoria tem se concretizado e adquirido expressão enquanto estratégia profissional.” A assessoria e consultoria são recursos para a prática dos assistentes sociais junto a diferentes grupos de usuários, essa prática tem o objetivo, segundo Vasconcelos (2010) de contrapor a realidade dos espaços profissionais ocupados, com a análise, estratégias e ações realizadas no seu enfrentamento. 30 Assim, assessoria/consultoria estão voltadas para a busca de totalização no processo de prática, no sentido de apontar, resgatar e trabalhar as deficiências, os limites, recursos e possibilidades da equipe, socializando conteúdos, instrumentos de indagação e análise e também produzindo estudos e análises que a equipe não está preparada e nem é seu papel realizar, tendo em vista as respostas concretas e imediatas que precisa dar às demandas que a realidade põe a sua ação. (VASCONCELOS, 2010). Geralmente, espera-se que o assessor na sua prática proporcione caminhos e estratégias ao profissional ou à equipe que assessora e estes buscam ter autonomia em acatar ou não suas proposições. Deve ser alguém estudioso, permanentemente atualizado e com capacidade de apresentar claramente suas idéias e proposições. Analisando a contraditória sociedade capitalista, a partir do que coloca Vasconcelos (2010) é necessário desvendar os caminhos da prática do Serviço Social, que por um lado pode favorecer a organização social vigente, ou por outro lado, favorecer os diferentes segmentos sociais. É nessa lógica que podemos começar a discutir sobre a prática de Assessoria e Consultoria. Com relação à Consultoria, para Suzin e Almeida (1999) surge como possibilidade de espaço profissional no qual o Assistente Social possa desenvolver um trabalho de valorização da vida. Pode ser entendida como um serviço prestado por uma pessoa para identificação e investigação de problemas, buscando recomendar a ação adequada e proporcionar auxilio na implementação dessas recomendações. Vale a pena citar as duas formas de Consultoria, sendo a primeira a interna, no qual o consultor possui vinculo com a organização e segunda, a externa, a qual é legal e administrativa independente do cliente. 31 Segundo Vasconcelos (2010, p. 96), "nos processos de consultoria o assistente social elabora parecer sobre o caminho que a equipe escolheu e propõe encaminhamentos para realização". Este processo surge de uma solicitação da própria equipe, ou por algum tipo de indicação. Para se solicitar um processo de Consultoria é necessário que já tenha passado pela elaboração de um projeto de prática, buscando na Consultoria resposta para algumas questões pontuais que dificultam o encaminhamento do mesmo. Para se trabalhar como consultor é necessário transmitir confiança, responsabilidade e saber expressar suas próprias necessidades. Podem-se diferenciar dois níveis de intervenção na Consultoria, o nível tarefa que é a atuação direta sobre mudanças estruturais, políticas e de procedimento e o nível de processo que atua diretamente sobre a forma que a tarefa impacta a organização (SUZIN e ALMEIDA, 2009) As habilidades do profissional que atua como assessor devem ser: capacidade de negociação, inserir-se em equipes interdisciplinares, trato com novas tecnologias, produzir e introduzir mudanças e implantar projetos e programas. A qualificação profissional exige inovação, criatividade, criticidade, informação, relacionamento interpessoal e de equipe, qualificação formação generalista e especializada conhecimento de novas técnicas e discursos gerenciais, decisão, determinação, posicionamento (SUZIN; ALMEIDA, 1999, p.67). Como citado no inicio desta discussão, os profissionais vem sendo requeridos para Assessoria a gestão/formulação de políticas sociais públicas e privadas e aos movimentos sociais, principalmente, assim como também nos campos de responsabilidade social, ONGs e empresas privadas. 32 A assessoria desenvolvida pelo Serviço Social visa prioritariamente à qualificação do seu trabalho, tendo como referencia o projeto da profissão, que é interventiva, com posicionamento na defesa dos usuários, é produtora de conhecimentos e estabelece dialogo com matrizes das ciências humanas e sociais. Toma as expressões da questão social como objeto da sua ação profissional. Conforme Mattos (2010), a assessoria pode ser desenvolvida em diferentes campos de atuação do assistente social, podendo ser na organização política dos usuários, a movimentos sociais, dentro outros. Leva-se em conta que a asssessoria também deve privilegiar o trabalho com os usuários dos serviços, buscando viabilizar os direitos dos usuários e intermediar o seu acesso a serviços. A assessoria também pode ser desenvolvida à gestão das políticas sociais, devido os profissionais do serviço social deterem um conhecimento especifico sobre as políticas sociais públicas e também privadas, estando voltadas a execução de políticas sociais, para a atuação na gestão da totalidade do processo da política social, incluindo a dimensão de formulação, de gestão e sua operacionalização. Para a prática da assessoria é necessário conhecer a realidade onde se está inserido para assim apontar estratégias, e nesse processo o assessor deve ter uma capacidade intelectiva, capaz de desvendar a realidade e propor ações que efetivem a prática. Durante o processo o assessor deve ficar atento aos temas e tentar prever futuros debates e explanações. Para Matos (2010) A atividade de Assessoria prevê, portanto, uma permanente capacitação do assessor, uma leitura continuada da conjuntura e a capacidade de apresentar claramente as suas proposições. A partir da contribuição dos autores, é importante concluir que o assessor deve buscar sistematizar sua prática, na construção de textos que auxilie quem assessora assim como, relatar suas experiências, seus desafios e suas conquistas. 33 Foi possível perceber que a Assessoria é um instrumento possível, viável que se coloca aos assistentes sociais em diferentes contextos e demandas sociais e institucionais, assim como a Consultoria. Ao analisar o material a respeito de assessoria e consultoria, principalmente o que Mattos (2010) foi possível distinguir os termos assessoria e consultoria. Assessoria pode ser entendida como um processo que demanda de maior dedicação e tempo, e a Consultoria uma atividade pontual e mais sistemática. As reflexões que se seguem partiram das falas dos sujeitos da investigação, os assistentes sociais gerentes de Recursos Humanos, cuja função específica é coordenar as políticas e as diretrizes dessa área. Nessa função desenvolvem trabalho em equipe com outros profissionais, tais como psicólogos, advogados, médicos do trabalho, enfermeiras do trabalho, engenheiros de segurança do trabalho, além dos gerentes de outras áreas da empresa. Essa atuação profissional possui uma característicainterdisciplinar. Nas empresas nas quais o assistente social é o gerente de Recursos Humanos, há contratação de outro assistente social que também faz parte da equipe, além da coordenação da área de Recursos Humanos também cuido dos atendimentos individuais aos funcionários, acompanhamentos e visitas domiciliares. Outra atividade específica do Serviço Social nessa empresa é o atendimento aos clientes, por meio de grupos com a terceira idade, coordenação dos serviços prestados na forma de empréstimos de equipamentos a convalescentes. Explica Martinelli (2005, p. 39) que [...] para os clientes conveniados. As principais atividades desenvolvidas na gestão de Recursos Humanos ou de Pessoas, coordenadas pelos assistentes sociais são: • recrutamento e seleção; • treinamento e desenvolvimento (treinamentos operacionais, programas de integração de funcionários, programas de bolsas de estudos e outros); 34 • plano de carreira; • avaliação por resultados e/ou competências; • administração dos benefícios sociais; • comunicação interna, organização de eventos (convenções, encontros, reuniões); • pesquisa do clima organizacional; • administração de cargos e salários; • planejamento estratégico da área e da empresa; • coordenação de projetos sociais – interno e externo; • coordenação de programas de estagiários e • processos de desligamentos. Na gestão moderna de Recursos Humanos a tendência é terceirizar muitas dessas atividades, porém, nas empresas investigadas, todas essas atividades ainda são realizadas pelos próprios profissionais da área. A investigação evidenciou que a importância atribuída à área de Recursos Humanos pelos empresários está intimamente ligada às novas demandas colocadas pela reestruturação produtiva, cuja principal estratégia é o consentimento dos trabalhadores aos objetivos e metas de maior produtividade e melhor qualidade. Para isso, as empresas mais inovadoras passam a investir no capital intelectual, pois as pessoas representam o diferencial competitivo que mantém e promove o sucesso organizacional (MARTINELLI, 2005). Nas empresas nas quais o assistente social é o gerente de Recursos Humanos, há contratação de outro assistente social que também faz parte da equipe interdisciplinar. Somente em uma delas, pelo fato de ser de pequeno porte, a equipe não possui outro profissional de Serviço Social, assistente social gerente, O papel das assistentes sociais é prestar serviço de forma educativa e organizativa as classes trabalhadoras e a sociedade carente e necessitada. A origem da profissão retoma as políticas públicas empreendidas pela profissão de assistência social ligada as questões sociais no capitalismo monopolista. O reformismo conservador acentua a prática e confirma os compromissos sociopolíticos com o conservadorismo de acordo com as exigências do Serviço Social. 35 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma estratégia de fortalecimento seria as consultorias não substituírem o trabalho dos assistentes sociais das empresas, contribuindo para a redução deste mercado de trabalho profissional. Mas, ao contrário deveriam conjugar as atribuições e as competências profissionais, reafirmando o Código de Ética Profissional, Projeto Ético-Político do Serviço Social e a Lei de Regulamentação da Profissão, que definem a atividade de consultoria como uma competência profissional compartilhada com outras áreas. Uma luta importante a ser assumida pela categoria profissional e entidades representativas seria a definição de estratégias de qualificação dos profissionais para atuar em empresas e lutar pela contratação direta de assistentes sociais, no sentido de enfrentar a ampliação das consultorias que encobrem a terceirização. Outro aspecto seria trazer o debate das consultorias empresarias pelo assistente social para as organizações empresariais, socializando os desafios enfrentados e permitindo maior visibilidade desse espaço sócio-ocupacional para que o mesmo possa ser redefinido na perspectiva do projeto ético-político, contando com a participação ativa da consultoria do assistente social para trabalhar com as demandas sociais existentes na empresa.. Em suma, todo esse movimento apresenta que o capitalismo esgotou suas possibilidades civilizatórias, o que se explicita pela sua produção destrutiva nas relações sociais e nas trabalhistas. Esse pode ser um movimento, uma ponta de esperança para a construção de um novo projeto societário, que precisa ser debatido coletivamente na categoria profissional e junto aos usuários dos serviços. 36 REFERÊNCIAS ALVES, Giovanni. O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise do sindicalismo. São Paulo: Bom Tempo, 2010 (Col. Mundo do trabalho). ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Bom Tempo, 2012. ARRUDA, Daniel Péricles. Constelação de ideias. São Paulo: Scortecci, 2011. BRASIL. Assédio moral e sexual no trabalho. Brasília: MTE, ASCOM, 2009. CARELLI, Rodrigo; CARELLI, Lacerda. Terceirização e direitos trabalhistas no Brasil. DRUCK, Graça; FRANCO, Tânia (Orgs.). A perda da razão social do trabalho: terceirização e precarização. São Paulo: Bom Tempo, 2007. IAMAMOTO, M. V. Projeto profissional, espaços ocupacionais e trabalho do assistente social na atualidade. In: CFESS. 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