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Aula 4 - DIREITO CONSTITUCIONAL 1 2º Sem 17.docx

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DIREITO CONSTITUCIONAL I – AULA 4
Em nossas próximas aulas, estudaremos os direitos fundamentais previstos na Constituição Brasileira, em especial aqueles constantes dos artigos 5 a 17 da Carta.
Para melhor compreensão do seu conteúdo, antes de seu estudo em espécie (um a um), é necessário entendermos o que são direitos fundamentais, qual sua origem histórica, qual sua importância na Constituição e na sociedade brasileira, quem são os titulares destes direitos e, por fim, quem deve dar cumprimento a eles.
O QUE SÃO DIREITOS FUNDAMENTAIS?
Todo ser humano, única e exclusivamente em função de ser uma pessoa humana, tem um conjunto mínimo de direitos que deve estar protegido contra a ação de outras pessoas (mesmo que estas sejam esmagadora maioria), ou mesmo os interesses do Estado. São, ao mesmo tempo, um conjunto de prerrogativas dos cidadãos e um conjunto de limites/restrições ao Poder do Estado e a outros tipos de Poder – trata-se de assegurar à minoria um conjunto mínimo de direitos perante a maioria.
Embora esta afirmação tenha alcançado grande consenso (acordo) em nosso país, e arriscaríamos dizer, mesmo no mundo, esta ideia é mais recente do que se pode imaginar, e somente se firmou em toda sua extensão depois dos horrores da Segunda Guerra Mundial.
O núcleo ético deste conceito já foi visto por nós, na aula passada: é a dignidade da pessoa humana, ou seja, o reconhecimento de que cada um de nós é um fim em si mesmo, não podendo ser rebaixado à condição de objeto ou de meio para alcance de outros fins. Como posta em nossa Constituição, em seu artigo 1º, ela é não somente um direito fundamental normativo (um texto do qual se podem extrair consequências imediatas), mas também um ponto de partida para interpretação e definição da extensão dos demais direitos fundamentais: ela confere unidade, sentido e legitimidade a este conjunto de direitos.
É preciso lembrar que este conceito, hoje tão evidente, é historicamente recente. Em sociedades do passado, as pessoas eram consideradas não por si, mas como parte de pequenas ou grandes coletividades (família, clã, aldeia, nação, partido, grupo de fieis). Onde o indivíduo é submerso em uma identidade coletiva, a ideia de direitos fundamentais imediatamente desaparece.
Voltando ao conceito de dignidade da pessoa humana, para o melhor estudarmos, podemos dividi-lo em quatro ideias principais, já um pouco mais específicas: a) respeito à autonomia da vontade; b) respeito à integridade física e moral; c) não objetificação do ser humano; d) garantia do mínimo existencial. Preservar estes aspectos é a tarefa mais importante do Estado Brasileiro.
Em nosso sistema jurídico, foram acolhidos, principalmente no artigo 5º e 6º da Constituição, um grande número de direitos que representam situações práticas, já identificadas, em que estas ideias devem se traduzir em comportamentos específicos.
Note que sua positivação (fixação em norma obrigatória) em um texto normativo é o que distingue o conceito de direitos fundamentais de outros conceitos mais abstratos, como “direitos naturais” ou “direitos humanos”. Conforme indica o §2º do artigo 5º, a positivação não precisa se dar necessariamente expressa: ela pode decorrer de uma interpretação do texto da Constituição. E também não precisam estar necessariamente no texto da Constituição, podendo decorrer de tratados internacionais.[1: Direitos anteriores ao contrato social, conforme Canotilho, em Direito Constitucional e Teoria da Constitução, 7ª ed., Editora Almedina, 2003.][2: Direitos pertencentes ao homem, em qualquer ordem jurídica, inseridos em documentos de direito internacional, não necessariamente positivados em cada país, conforme Paulo, Vicente e Alexandrino, Marcelo, em Direito Constitucional Descomplicado, 15ª ed. Gen Editora, p. 95]
Da positivação decorre sua possibilidade de serem exigidos pelos favorecidos. Tradicionalmente dividem-se entre direitos propriamente (prestações exigíveis) e garantias (formas de demandar o cumprimento das prestações).
HISTÓRIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. GERAÇÕES/DIMENSÕES DE DIREITOS
Do ponto de vista estritamente jurídico, a ideia de que os cidadãos têm direitos fundamentais, ou seja, são detentores de características essenciais que não estão à disposição do Estado nem de outras pessoas, nasce junto com as primeiras Constituições.
No entanto, sua elaboração histórico-filosófica é mais antiga, remontando ao pensamento Greco-romano, e à tradição judaico-cristã, que criaram a noção de indivíduo, distinta do seu grupo.
Pensadores como Aristóteles e São Tomás de Aquino trataram de um “Direito Natural”, que não poderia ser alterado pelos homens, por expressão de sua mente racional ou da vontade de Deus, respectivamente. 
Mas do ponto de vista histórico, a ideia de direitos individuais fundamentais reconhecidos em legislação ganha verdadeiro impulso entre o final do Século XVII e o início do século XVIII, com os chamados filósofos contratualistas (Locke, Kant, Paine, Rosseau) que refletiram sobre os direitos dos homens em relação ao Estado que os abrigava.
Mas, como vimos acima, o conceito de Direitos Fundamentais está ligado muito diretamente ao seu efetivo reconhecimento pelos Estados, normalmente em textos constitucionais. Por conta disso, a doutrina de direito constitucional os reconhece como realmente existentes no mundo do Direito a partir da incorporação destas elaborações filosóficas nas Constituições.
Esta história não acaba com a promulgação das primeiras Constituições. Novos direitos são constantes definidos nos ordenamentos jurídicos. Para fins didáticos e de compreensão do processo histórico pelo qual se deu este reconhecimento, dividem-se os direitos fundamentais em “gerações”.
A expressão “geração” é substituída por alguns autores pela expressão “dimensão”, para dar a entender que o processo histórico não é linear, misturando-se no tempo, algumas vezes, a conquista de direitos de gerações/dimensões diversas.
1ª Geração (dimensão) de Direitos Fundamentais
Nascidos na passagem do Estado Autocrático para o Estado de Direito, tendo por fundamento ideológico o pensamento liberal-burguês do século XVIII. 
Caracterizam-se como direitos do indivíduo perante o Estado: o Estado deve respeito às liberdades individuais, devendo abster-se de intervenções que as suprimam ou diminuam. 
Presentes desde as primeiras Constituições Escritas, como a Americana (1786) e a Francesa (1792). Presentes no Brasil desde a Constituição de 1824. São exemplos: o direito à vida, à liberdade, à liberdade de expressão, ao contraditório judicial, à participação política e religiosa, à inviolabilidade de domicílio, à liberdade de reunião, entre outros.
Em princípio, por demandarem uma verdadeira zona de não intervenção do Estado sobre a vida do indivíduo, foram denominados “Direitos Negativos”. Durante muito tempo, essa expressão também significou que o Estado não gastaria recursos com sua concessão, o que não é verdade, pois seu cumprimento (principalmente perante terceiros) exige a manutenção de um aparato policial, que também representa um custo.
2ª Geração (dimensão) de direitos fundamentais
Historicamente impulsionados pela industrialização (primeiro na Europa e nos EUA, depois no resto do mundo), são o resultado da busca dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e de vida. Sua instituição é o reconhecimento de que a liberdade e a igualdade apenas do ponto de vista formal é uma ilusão se não há condições para uma vida digna, em razão da fragilidade econômica dos trabalhadores.
Para seu cumprimento, é necessária uma efetiva intervenção do Estado na realização da Justiça Social, para proporcionar aos seus cidadãos a participação no Bem Estar social. Daí serem chamados também de “direitos positivos”
São direitos sociais, culturais e econômicos, que dependem de uma ação do Estado para serem implementados, e foram incluídos pela primeira vez em um texto constitucional pelo México (1917) e pela Alemanha (Constituição de Weimar – 1919). No Brasil,aparecem pela primeira vez na Constituição de 1934. São exemplos atuais os direitos sociais (trabalhistas e previdenciários)
3ª Geração (dimensão) de direitos fundamentais
Também chamados de direitos da fraternidade ou da solidariedade, e resultantes de alterações sociais surgidas principalmente após a Segunda Guerra Mundial, tratam de interesses que não são demandáveis individualmente, mas que são relativos a toda humanidade e seu bem estar.
 São exemplos deles os direitos ao meio-ambiente, ao patrimônio histórico e cultural, à defesa do consumidor Apareceram pela primeira vez em Constituições Européias do pós-guerra, e, no Brasil, na Constituição de 1988.
Sua característica principal é serem transindividuais, pertencerem a um conjunto de indivíduos, sem que seja possível indicar qual é a fração de cada um em sua dimensão como indivíduo. Também por isso, deram ensejo à criação de novas formas de sua proteção por instituições públicas (Ministério Público, Defensoria Pública) ou particulares (ONGs, associações).
OUTRAS GERAÇÕES?
Alguns autores mencionam uma 4ª e 5ª gerações/dimensões de direitos, mas isso está longe de ser consensual.
QUEM SÃO OS TITULARES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS?
Inicialmente os titulares seriam todas as pessoas naturais, individualmente, brasileiros e estrangeiros residentes no país. Em relação aos estrangeiros não residentes no país, embora não haja menção explícita no texto constitucional, o STF já reconheceu que também eles são destinatários dos direitos fundamentais brasileiros, como no julgamento em agosto de 2009 do HC 97147/MT, no qual tratou da progressão de pena de estrangeiro sem residência no Brasil que havia sido preso.
A leitura do texto constitucional faz incluir também as pessoas jurídicas (pensem em direitos como propriedade, inviolabilidade do domicílio, direitos dos partidos políticos).
Por fim, temos também direitos que são necessariamente usufruídos por conjuntos de pessoas, ligadas previamente ou não (direito de greve, direito ao meio ambiente, proteção ao consumidor).
QUEM DEVE DAR CUMPRIMENTO AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS?
Em sua imensa maioria, os direitos fundamentais regulamentam as relações entre as pessoas e o Estado (relações verticais)
Mas também há situações em que é claro que quem deve dar cumprimento a eles são outras pessoas, físicas ou jurídicas, que não o Estado, em relaç como no caso dos direitos trabalhistas, cujo cumprimento pertence às empresas empregadoras. Ou seja, eles também se aplicação às relações privadas (horizontais)

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