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Aula 10 - DIREITO CONSTITUCIONAL 1 2017 2º Sem.docx

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DIREITO CONSTITUCIONAL I – AULA 10
DIREITOS POLÍTICOS (ARTIGOS 14 a 17)
O último grupo de direitos abrigado no título “Direitos e Garantias Fundamentais” são os Direitos Políticos.
Os direitos políticos são os direitos reconhecidos aos cidadãos de participar da vida política e na formação das decisões públicas.
Sua consagração constitucional têm por objetivo garantir a liberdade de escolha periódica dos cidadãos entre candidatos a cargos públicos, que a eles concorram com liberdade e igualdade de chances (dimensão subjetiva dos direitos eleitorais).
Por intermédio destes direitos, a Constituição cumpre a função de concretizar e resguardar o regime democrático em nosso país, ao mesmo tempo em que representa a aposição de limites às maiorias circunstanciais (dimensão objetiva dos direitos eleitorais): a democracia é a garantia constitucional e política da dignidade da pessoa humana e do pluralismo.
É mediante a fruição de direitos participação política que o indivíduo evita ser reduzido à mera condição de objeto da vontade estatal, assegurando sua condição de sujeito do processo de decisão sobre sua própria vida e da comunidade que integra.
Sufrágio Universal, por voto secreto e direto, com igual valor a todos
Por sufrágio compreende-se o direito à participação no pleito eleitoral, tanto como eleitor como candidato (eventualmente, como eleito). Sua manifestação final é o voto, que deve ser:
Universal – é um direito de todos que tenham a cidadania brasileira, sendo esta e a menoridade (incapacidade intelectual presumida genericamente) as únicas restrições gerais possíveis;
Direto – na eleição para cargos públicos no Brasil, é vedada a divisão do processo eleitoral em duas etapas, em que a primeira seria tão meramente de escolha de representantes que escolheriam daquele que seria eleito finalmente para o cargo público;
Secreto – sem que haja a necessidade de se tornar público em quem se vota, de modo a garantir a mais extensa liberdade possível;
Com igual valor a todos – cada cidadão, um voto, independentemente de riqueza, raça, credo, gênero, ou qualquer outra forma de discriminação.
No entanto, a liberdade de sufrágio protege todo o processo eleitoral, aí incluindo a liberdade de convencimento e informação: direito de propaganda e apresentação de propostas, que devem ser apresentadas sem constrangimentos ilegais. 
O sufrágio é um direito personalíssimo, ou seja, não se admite o seu exercício por representação/procuração de terceiro.
Democracia Representativa e Democracia Direta
No Brasil, o poder político pertence à soberania popular, que o exerce:
Indiretamente, por seus representantes: eleitos nos termos gerais acima descritos;
Diretamente: pelos instrumentos postos no texto constitucional – Plebiscito, Referendo, Iniciativa Popular.
Na quase totalidade das ações, a democracia brasileira se vale da representação da vontade popular.
Os três instrumentos do item “b” tem atuação restrita e servem para:
Plebiscito: que o povo, diretamente, manifeste-se sobre determinado assunto anteriormente à vontade do legislador;
Referendo: que o povo, diretamente, manifeste-se sobre determinado assunto, ratificando ou rejeitando posição já manifestada pelo legislador;
Iniciativa popular: apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por um percentual dos eleitores brasileiros (artigo 61, §2º).
Nos dois primeiros casos, a decisão expressa a soberania popular sobre o assunto, sendo de muito duvidosa constitucionalidade se o legislador criasse qualquer norma em desacordo com o resultado destas consultas.
Condições para alistamento eleitoral e voto
O alistamento eleitoral é o ato de se apresentar à Justiça Eleitoral e comprovar suas condições de participar dos sufrágios.
O voto é o comparecimento às urnas, no dia da eleição, com sua manifestação sobre os candidatos disponíveis ou temas propostos.
O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de 18 anos e menores de 70 anos e 1 dia.
O alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 anos e menores de 18 anos.
Os estrangeiros são inalistáveis (com exceção dos portugueses, nos termos da reciprocidade existente).
São também inalistáveis aqueles que estejam em serviço militar obrigatório. Não há nenhuma restrição constitucional àqueles que estejam em serviço militar permanente, inclusive policiais militares. No entanto, para se candidatarem devem se afastar da atividade (se com menos de 10 anos de serviço) ou serem agregados pela autoridade superior (se com mais de 10 anos), passando para inatividade, se eleito.
Condições de elegibilidade (possibilidade se candidatar)/inelegibilidade (impossibilidade de se candidatar):
A regra é a elegibilidade. Seus requisitos mínimos são:
Nacionalidade brasileira: tema explorado na última aula;
Pleno exercício dos direitos políticos: ausência de restrições legais, como condenações penais ou em ações cíveis de improbidade administrativa ou juízos políticos (perda de mandato/impeachment);
Alistamento eleitoral: já visto acima.
Domicílio eleitoral na circunscrição: local onde a pessoa mantém interesses políticos e sociais. Não coincidente em 100% com o domicílio civil.
Filiação partidária: os partidos políticos detêm o monopólio das candidaturas. O STF examina, neste momento, o Recurso Extraordinário 1.054.490, que indaga se essa exigência foi ou não revogada pela adesão do Brasil ao Pacto de São José (1992), cujo texto prevê que “todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades: (...) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país”. 
Idade mínima (variável conforme o cargo) 
A inelegibilidade é um impedimento do exercício da cidadania, de maneira que o cidadão fica impossibilitado de ser escolhido para exercer cargo público eletivo. Seu objetivo é defender a democracia contra possíveis abusos
 Somente pode ser fixada pela própria Constituição (casos abaixo), ou por lei complementar (tipo especial de lei que depende da aprovação expressa de mais da metade da Câmara e do Senado).
Na Constituição, temos as seguintes inelegibilidades:
Analfabetos;
Inalistáveis: estrangeiros, conscritos, menores de 16 anos;
Exercentes de cargos executivos: para o mesmo cargo, salvo o direito a uma reeleição. Para concorrerem a outros cargos, devem se desincompatibilizar (deixar seu cargo anterior) até seis meses antes do pleito.
Parentes consanguíneos ou afins destes do item “c”, salvo se já titulares de mandado eletivo e candidato à reeleição.
Militares necessitam abandonar completamente a carreira se têm menos de 10 anos de serviço ou se afastar temporariamente caso tenha mais do que este tempo de serviço.
Por fim, a Constituição permite que lei complementar estabeleça novas hipóteses de inelegibilidade, como foi o caso da chamada “Lei da Ficha Limpa” (Lei Complementar 135/10).
Outras regras eleitorais constitucionais
A ação de impugnação de mandato eletivo tem status constitucional (artigo 14, §§ 10 e 11): busca reprimir condutas de abuso de poder econômico, corrupção e fraude que possam ter subvertido o pleito eleitoral.
Outra regra importante é que qualquer alteração legal do processo eleitoral só valerá para eleições que aconteçam pelo menos um ano depois da data de sua vigência (art. 16).
A perda/suspensão de direitos políticos
A perda (por prazo indeterminado) ou suspensão (por prazo determinado) da possibilidade de participar dos sufrágios eleitorais no Brasil é considerada pela Constituição uma pena especialmente drástica, por excluir o cidadão brasileiro de componente essencial de sua cidadania.
 
A expressão cassação é comumente associada a estas situações, mas a Constituição faz muita questão de bani-la, entendo-a como o sinônimode ato ilegítimo e violento em que uma autoridade se arroga o direito de atribuir a uma decisão individual sua a perda dos direitos políticos de alguém.
São hipóteses de perda/suspensão dos direitos políticos de alguém:
Cancelamento de naturalização, por sentença transitada em julgado: hipótese de perda, pois não há prazo para eliminação de sua existência. As hipóteses de cancelamento foram vistas na aula anterior.
Incapacidade civil absoluta: hipótese de suspensão, pois pode haver a retomada. As hipóteses são as do Código Civil (artigo 1767);
Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos: texto hoje parcialmente alterado pela Lei da Ficha Limpa, que, para uma série de crimes, exige apenas a condenação por um órgão colegiado. Também, por natureza, provisória;
Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa: hoje, compreende apenas a recusa ao serviço militar ou prestação alternativa;
Improbidade administrativa: série de ações que não são estritamente crimes, mas estão previstas na Lei de Improbidade como condutas nocivas à Administração Pública. Também a partir da Lei da Ficha Limpa basta a condenação em órgão colegiado, não se exigindo mais o trânsito em julgado.
Os Partidos Políticos
Por partido político compreende-se a organização estável que solicita o apoio social a suas ideias e programas para disputar o poder e participar da orientação política do Estado.
Salvo as exceções vistas acima (plebiscito, referendo, iniciativa popular), o Brasil aparentemente optou por um modelo representativo de democracia, e a Constituição erigiu o Partido Político ao status de meio monopolista desta representação, ou seja, esta somente pode se dar por meio de candidaturas abonadas por partidos políticos. Como vimos acima, este modelo está atualmente em questão, no julgamento do Recurso Extraordinário 1.054.490.
É preciso destacar que não se trata de peculiaridade brasileira, sendo muito limitadas as experiências internacionais de disputas que prescindam dos partidos políticos.
Sua criação, fusão, incorporação e extinção é a mais livre possível, conforme diz a própria Constituição, reforçada por seguidas decisões do STF contrárias a qualquer tipo de limitação a estes atos.
Suas únicas limitações são aquelas postas pela própria Constituição: 
a) devem aceitar o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana. Ou seja, não devem almejar a um poder absoluto no Estado Brasileiro, devendo admitir que nossa sociedade é plural, composta por ideias diferentes que devem ser representados tanto no debate parlamentar quanto na Administração. Também não podem pugnar pela retirada de direitos a grupos sociais quaisquer, sob nenhum tipo de fundamento;
b) devem ter caráter nacional (não podem ser exclusivamente regionais ou estaduais). Forma de garantir a unidade nacional, um dos fundamentos de nossa República, fazendo com que os partidos tenham projetos políticos que envolvam, necessariamente, todo o país.
c) devem resguardar a soberania nacional (não podem ter em seu estatuto ideias que a coloquem em risco), e mais especificamente, não podem receber recursos financeiros de entidade ou governos estrangeiros, nem ser subordinados a estes; 
d) devem prestar conta à Justiça Eleitoral. Embora eles sejam pessoas jurídicas de direito privado (artigo 44, V do Código Civil) recebem dinheiro público para financiamento de suas atividades. Além disso, são autorizados a receber doações da população, circunstâncias ambas que levam à necessidade de seu controle por este órgão especializado da Justiça.
e) devem ter funcionamento parlamentar de acordo com a lei. Não podem ser voltados exclusivamente para a “rua”. Devem se voltar, necessariamente, para o parlamento também; 
f) finalmente, não podem ter caráter paramilitar.
A Constituição confere ainda aos Partidos Políticos as seguintes garantias para seu funcionamento:
Autonomia partidária: cada partido tem o direito de regulamentar suas próprias questões internas, como sua estrutura e seu funcionamento. À Justiça Eleitoral cabem apenas as questões relativas à apreciação de contas e cumprimento das formalidade eleitorais
Fidelidade partidária: com exceção daqueles eleitos para cargos executivos e dos parlamentares que superam o coeficiente eleitoral, os demais eleitos devem seu mandato ao partido/coligação que os elegeu. Com esta interpretação, o STF julgou (Mandados de Segurança 26.602, 26.603 e 26.604/2007) que os partidos podem requerer junto à Justiça Eleitoral o mandato daquele eleito que troca de partido
Disciplina partidária: por este instituto se impões aos filiados aos partidos políticos o respeito aos princípios, programa e às finalidades da organização, sob pena de perder a filiação
Acesso ao fundo partidário e aos meios de comunicação: os partidos têm direitos a fundos públicos e acesso gratuito ao rádio e televisão para divulgação de seus projetos e programas.
A recente Emenda Constitucional 97/17 introduziu algumas novidades substanciais no funcionamento dos partidos políticos brasileiros: a vedação a coligações de partidos em eleições proporcionais (deputados federal e estadual e vereadores) a partir de 2020, e a criação de uma cláusula de barreira sui generis, que não barra o ingresso de partidos no parlamento, mas limita seu acesso aos recursos do fundo partidário caso não alcancem um mínimo de votos e eleitos.

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