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Apostila Minicurso Biologia Forense

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
Universidade Federal de Alfenas. Unifal-MG 
Rua Gabriel Monteiro da Silva, 700. Alfenas/MG. 
CEP 37130-000 
Fone: (35) 3299-1000. Fax: (35) 3299-1063 
1 
Minicurso: 
 
Biologia Forense 
Com ênfase em Biologia Molecular 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ministrantes/Discentes: Ana Sofia M. C. Saliba 
 Carolina W. F. G. Generoso 
Sumário 
• Introdução à Ciência Forense; 3 
• Salário; 5 
• Requisitos para se tornar um perito; 5 
• Subáreas de atuação; 6 
• Biologia Forense; 6 
• Entomologia Forense; 6 
• Toxicologia Forense; 7 
• Botânica Forense; 8 
• Hematologia Forense; 9 
• Antropologia Forense; 10 
• Odontologia Forense; 11 
• Física Forense; 12 
• Química Forense; 13 
• Introdução a Genética Forense; 14 
• Sistema ABO e o início de tudo; 15 
• Coleta de amostras de DNA; 17 
• Minissatélites, RFLP e descobertas forenses; 21 
• PCR (polymerase chain reaction) para facilitar os 
procedimentos; 23 
• Teste de Paternidade; 28 
• Identificação genética individual; 29 
• Atividade Prática; 31 
• Referências. 35 
 
 
 
 
2 
Introdução à Ciência 
Forense 
 Durante décadas, a ciência forense tem sido 
aliada das agências de aplicação da lei e, com os avanços 
da ciência e da tecnologia, essa relação tornou-se 
essencial para o desmembramento de inúmeros casos 
criminais (FISHER, 2004). 
 Em termos de definição, a ciência forense é uma 
área multidisciplinar que tem como principal objetivo 
auxiliar nas investigações na justiça civil e criminal e 
dentre as inúmeras subáreas pertencentes a essa, tem-se a 
entomologia, toxicologia, botânica, hematologia, 
antropologia, odontologia, física e química forense 
(CHEMELLO, 2006). 
 Em relação à forma como o Brasil lida com o 
combate ao crime, sabe-se que as forças policiais do país 
agem em três vias simultâneas, sendo a primeira dada pelo 
policiamento ostensivo, que abrange o confronto físico 
direto com os criminosos, a segunda engloba a 
investigação realizada pela polícia civil e a última envolve 
a pesquisa de vestígios nas cenas do crime, sendo que essa 
é responsabilidade do perito criminal (OLIVEIRA, 2006). 
 3 
 Em uma cena do crime, é de se esperar que uma 
pessoa com olho destreinado encontre poucas ou até 
nenhuma evidência no local, ficando em dúvida sobre um 
possível culpado (FISHER, 2004). Nesse contexto, 
encaixa-se o papel do perito criminal que pela definição 
(dicionário Aurélio) é um indivíduo que adquiriu aptidões 
acima do normal relativas a um sujeito, técnica ou 
conhecimento. Portanto, é ele que ficará encarregado de 
coletar e analisar a “evidência invisível” ali presente, como 
cabelo, pele, fluidos corporais, fibras microscópicas, e 
vestígios de itens aparentemente insignificantes, mas que se 
revelam como importantes peças do quebra-cabeça 
(OLIVEIRA, 2006). 
 Há pouco tempo, parte da população começou a 
se interessar e dar importância para a ciência no 
desvendamento de crimes, fato esse que pode ser 
justificado pelo crescente alastramento de programas de 
televisão, filmes, documentários e séries sobre o assunto 
(FILHO, 2010). 
 Dessa forma, séries famosas como CSI, Crossing 
Jordan, e Medical Detectives despertam o interesse de tal 
forma a influenciar os telespectadores a querer seguir a 
carreira (FILHO, 2010). Estes programas televisivos, 
portanto, têm um lado positivo, mas é necessário 
compreender que na maioria das vezes eles não refletem a 
realidade (CHEMELLO, 2006). Logo, compreender a 
realidade da rotina de um perito criminal e entender os 
principais recursos utilizados pelos mesmos são alguns dos 
objetivos deste minicurso. 
 
4 
Salário 
5 
 O salário de um perito criminal depende do órgão 
contratante e varia conforme os anos. No entanto, nesse ano 
(2016), o concurso público com 100 vagas para o cargo de Perito 
Criminal da Carreira de Policia Civil do Distrito Federal apresenta 
salário inicial de R$ 16.830,35, segundo o site de processos 
seletivos Iades. 
Requisitos para se 
tornar um perito 
 O cargo de perito criminal é conquistado por alguém 
que tenha sido aprovado no concurso público para a perícia e que 
tenha qualquer curso de graduação. Em relação às características 
pessoais, o indivíduo deve ser responsável, sincero, atento, 
curioso, ter raciocínio rápido, deve sempre apresentar uma visão 
realista dos fatos e possuir certa frieza e imparcialidade em 
relação às cenas fortes que envolvem morte. 
Subáreas de atuação 
Neste tópico, serão brevemente explicadas algumas das 
subáreas de atuação, lembrando que a ciência forense é 
muito abrangente, portanto, há inúmeras carreiras que 
podem realizar o concurso público para a perícia, mas no 
geral as que aparecem com mais frequência são: 
6 
• Biologia Forense: 
Entomologia Forense: é o estudo de insetos e outros 
artrópodes relacionados aos casos criminais. Ela auxilia, 
por exemplo, na averiguação de crimes contra vítimas de 
morte violenta. O entomologista forense deve possuir um 
bom conhecimento de taxonomia, biologia e ecologia de 
insetos. Esse perfil é bem raro, mas o Brasil possui um bom 
número de especialistas aptos para conduzir pesquisas e 
treinar profissionais nessas áreas do conhecimento, não só 
no estudo das moscas e besouros, mas também em outros 
grupos de animais necrófagos ou associados ao processo de 
decomposição cadavérica (PUJOL, 2008). 
Toxicologia Forense: a toxicologia é a área que estuda os 
efeitos tóxicos de um agente químico em virtude de sua 
relação com o sistema biológico. Na área forense, a ciência é 
aplicada com propósitos legais, detectando e quantificando 
substâncias envolvidas em crimes. São utilizados como 
amostras de análise em toxicologia forense órgãos colhidos 
em autópsia, fluídos biológicos obtidos do indivíduo e 
produtos orgânicos e inorgânicos suspeitos (AIELLO, 2011). 
 
7 
Botânica forense: O botânico forense é o profissional que 
trabalha com vestígios de plantas, empregando várias 
técnicas de análise às provas recolhidas no local do crime, 
incluindo pólen, fragmentos e resíduos de plantas, compostos 
químicos e DNA das plantas. Essa área tem ajudado na 
solução de casos de assassinatos, em mortes acidentais, ou 
indagando casos de mortes por meio de conexões entre a 
causa e a hora da morte, apontando ligações entre a 
identificação do criminoso e o crime, estabelecendo o local 
do delito e a época da morte através de pistas vegetais. 
(COYLE, 2005). 
8 
Hematologia forense: é o estudo do sangue, com o intuito de 
conseguir alguma prova criminal. Essa área subdivide-se em 
Hematologia Forense Reconstrutora, que estuda a maneira 
como as manchas de sangue estão dispostas no local do 
crime, ajudando nas reconstruções e motivações das ações da 
vítima e do culpado duranteo ocorrido e Hematologia 
Forense Analítica, em que o sangue é analisado no 
laboratório para fins como tipagem sanguínea para 
caracterização e identificação de indivíduos. 
 
9 
 O antropólogo forense é o profissional que 
estuda os esqueletos, corpos decompostos e restos 
humanos em geral, auxiliando na identificação de uma 
pessoa. Os ossos têm uma capacidade considerável para o 
registro de muitos eventos ocorridos durante vida de um 
indivíduo, no momento da morte ou até mesmo depois 
desta. Existem algumas marcas nos ossos ocasionadas por 
lesões traumáticas que são fontes importantes de registos 
sobre violência, cabendo, portanto, ao antropólogo forense 
a tarefa de solucioná-las (CUNHA, 2006). 
• Antropologia Forense 
10 
 A Odontologia Legal é um ramo que utiliza os 
fundamentos odontológicos, desde anatomia e matérias 
básicas, até as mais complexas especialidades como 
dentística, prótese, ortodontia, odontopediatria, periodontia, 
cirurgia buco- maxilo-facial, endodontia e radiologia, aos 
interesses do Direito. O profissional que trabalha na 
odontologia forense comumente é chamado de odontolegista e 
este possui uma importante função em diversos casos de 
identificação humana. A função mais habitual do 
Odontolegista, também conhecido como Dentista Forense é a 
identificação de mortos com o auxílio de registros dentais. 
Com o avanço da tecnologia do DNA o odontolegista 
emprega evidencias dentais para inclusive ajudar a solucionar 
crimes violentos (SILVEIRA, 2006). 
• Odontologia Forense/Legal 
11 
• Física Forense 
 Essa área envolve a aplicação de conceitos físicos 
que tem como objetivo a análise dos fenômenos físicos 
naturais, nos quais a interpretação tem importância para a 
justiça. Dentre as atribuições do físico forense, tem-se análise 
dos acidentes de transito, em que se determina o tipo do 
veículo a que possam pertencer vestígios como vidros, para-
choques e lanternas. Além disso, há o cálculo da distância 
onde foi efetuado o tiro, bem como a análise das possíveis 
posições da vítima e do suspeito durante o crime. Outro 
ponto forte para o desvendamento de casos nessa área é a 
fonética forense, onde através de gravações é possível 
identificar e estudar a voz de um provável assassino 
(SCATENA, 2010). 
 
12 
• Química Forense 
 Química Forense é a área que participa das 
investigações criminais dentro da química especializada, 
com o intuito de resolver casos de interesse judiciário. São 
exemplos de estudos químicos aplicados a ao interesse 
forense: reações empregadas nas análises de disparos de 
armas de fogo, a o diagnóstico das mudanças químicas em 
veículos, coleta de dados de impressões digitais, e a 
certificação do uso de drogas, como a maconha e a cocaína 
(OLIVEIRA, 2006). 
13 
Introdução a Genética 
Forense 
 A genética forense é uma área das ciências 
forenses que utiliza o DNA como ferramenta de estudo 
pra auxiliar na descoberta de casos de investigação 
criminal, Surgiu em 1984, porém, era chamada apenas de 
Biologia Forense, devido as técnicas genéticas ainda não 
serem conhecidas. 
 Os principais estudos realizados nessa área são 
os de criminalística biológica, onde são avaliadas 
manchas de sangue, sêmen, pelos e outros fluidos 
corporais encontrados na cena que está sendo investigada; 
identificação genética individual, onde são colhidas 
amostras de DNA que ao passarem por procedimentos de 
extração e amplificação, permitem fazer a identificação do 
indivíduo a quem pertence a amostra; e teste de 
paternidade, que ao comparar as amostras de DNA 
obtidas, da vítima, da mãe e dos possíveis pais, permitem 
identificar qual é o verdadeiro pai, ou mãe. 
 
14 
Sistema ABO e o início de tudo 
 No inicio do século XX, 
um pesquisador chamado Karl 
Landsteiner, descobriu através de 
uma transfusão sanguínea, que 
poderia ocorrer um tipo de 
incompatibilidade entre sangues 
diferentes. O tipo sanguíneo dos 
humanos possuí uma alta taxa de 
polimorfismo, e então, criou-se o 
sistema ABO, classificando os 
tipos sanguíneos em A, B, O e AB. 
 Essa descoberta acabou 
sendo de extrema importância para 
avanços na Ciência Forense. Essa 
importância ocorre pela 
possibilidade de identificar o tipo 
sanguíneo recolhido na cena do 
crime. Isso é possível, devido a 
presença dos aglutinogênios e 
aglutininas presentes nas 
hemácias. Cada tipo sanguíneo 
possuí sua própria aglutinina que 
são anticorpos que reagem com os 
aglutinogênios (responsáveis pela 
determinação do fenótipo 
sanguíneo A, B, ou AB, no caso de 
o fenótipo ser O, não há presença 
de aglutinogênio). 
 
Fig. 1. Possibilidades de 
transfusões sanguíneas que não 
geram aglutinações 
15 
 As aglutininas funcionam 
como exemplo, no caso do fenótipo A, 
que possuí aglutinina anti-B, ao receber 
sangue do fenótipo B, fará com que 
suas hemácias se coagulem, 
dificultando a circulação sanguínea. 
Através desse procedimento, permite-se 
afirmar qual o fenótipo do tipo 
sanguíneo que estará sendo analisado, 
porém, não é possível chegar a uma 
pessoa específica como resultado dos 
testes, e sim, eliminar suspeitos que não 
possuam o fenótipo encontrado. 
 
16 
Grupo sanguíneo Aglutinina no Plasma 
A anti-B 
B anti-A 
AB - 
O anti-A e Anti-B 
Fig. 3. Tabela de Aglutininas para cada grupo sanguíneo 
Fig. 2. Procedimento utilizado 
para identificação do tipo 
sanguíneo 
Coleta de amostras de 
DNA 
 A coleta dos materiais para se obter sucesso nas análises, devem seguir um procedimento rígido de 
cuidados a serem aplicados, devido a sensibilidade do 
material. Evidencias que não são coletadas de forma 
apropriada não possuem valor científico para análises de 
investigações criminais. 
 Os principais tipos de materiais submetidos a 
análise que são comumente encontrados nas cenas de 
investigações criminais são: sangue, sêmen, fios de 
cabelo, tecidos, órgãos e ossos. Outros tipos de amostras 
encontradas, são saliva, urina e fezes, porém, somente 
células nucleadas servem de material para análise 
genotípica. 
 Vale ressaltar que nem sempre as amostras 
obtidas estão em maneira pura, ou seja, muitas das pode 
ocorrer transferências de células de outras pessoas. Por 
esse motivo, os procedimentos de coleta devem ser muito 
rígidos, para que haja o mínimo possível de transferências 
de materiais genéticos paralelos, para a amostra coletada. 
 As evidências, antes de serem coletadas devem 
primeiramente ser fotografadas, pois a localização da 
amostra no ambiente pode revelar alguns fatos sobre o 
ocorrido. 
 
17 
- Amostras de sangue e sêmen: A coleta, quando o material ainda 
está em estado líquido, deve ser realizada com o uso de uma 
seringa estéril, e depositada em um tubo também estéril, contendo 
agentes anticoagulantes, porém, deve-se tomar muito cuidado pois 
a presença de alguns tipos de reagentes podem inibir a PCR, ou 
seja, isso acaba estragando a amostra, pois a partir dela não será 
possível realizar nenhum tipo de extração e amplificação. 
 Já amostras secas, devem ser raspadas do local, 
utilizando espátulas que também devem ser estéreis e depositadas 
em tubos também estéreis. O EDTA pode ser utilizado dentro dos 
tubos para preservação do DNA, desde que esteja em 
concentrações adequadas para o uso. 
 Podem ser utilizados também hastes flexíveis com 
pontas de algodão para coletar o material líquido e então são 
armazenadas em recipientes estéreis para não haver contaminação 
do material coletado. 
 Manchas secas de sangue ou sêmen, devem ser 
transportadas juntamente com o material em que estão contidas, 
como por exemplo em um tapete, o pedaço contendoa evidência 
deve ser recortado e transportado em ambientes estéreis, até os 
laboratórios onde serão realizadas técnicas para extração do 
material genético ali contido. 
 
18 
Fig.10. Exemplo de 
amostra sanguínea 
armazenada em tubo 
estéril. 
-Fios de cabelo, ossos, órgão e tecidos: devem ser 
coletados com a ajuda de pinças ou bisturis devidamente 
estéreis e então armazenados separadamente em locais 
também estéreis longe de contaminações, lacrados e então 
transportados para os laboratórios. 
 
19 
Fig.11. Amostra de fio de cabelo recolhida com o uso de uma pinça. 
-Saliva, urina e fluidos corporais: devem ser colhidos e 
armazenados em garrafas, ou tubos de vidros que 
impeçam a entrada de luz diretamente, pois isso pode 
comprometer o estado da amostra. Se estiver em estados 
desidratados, deve-se seguir os procedimentos como os 
realizados com as machas de sangue. 
 
20 
Fig.12. Luz Forense utilizada na identificação de fluidos corporais. 
Minissatélites, RFLP e 
as descobertas 
Forenses 
 Outra grande evolução da Ciência Forense, em 
1984, descoberta por Alec Jeffreys foi a dos Minissatélites 
(DNA Fingerprint) encontrados através da técnica de 
Southern Blots (utilizada para descobrir através de sondas, 
se uma sequência está ou não presente na fita de DNA). 
 Esses minissatélites, são regiões de alta 
repetição de sequências encontradas no DNA. Essas 
sequências possuem um grande índice de polimorfia, 
fazendo com que ao serem realizadas técnicas como a de 
eletroforese, o número de bandas amplificadas vai ser 
muito grande. Os minissatélites estão espalhados por todo 
o genoma, e apresentam um numero variável de 
repetições entre os indivíduos de uma mesma espécie 
(somente é igual em gêmeos monozigóticos). Essa taxa de 
divergência, faz com que essas sequências de 
minissatélites, formem marcadores genéticos que são 
considerados como Impressões digitais do DNA. 
 
 21 
 Por muito tempo, o uso dessa técnica persistiu 
para serem realizados testes de paternidade, casos 
criminais, etc. concentrados no uso específico de clones de 
minissatélites (SLP “single locus probes” também 
conhecidos como DNA fingerprint, ou impressões digitais 
do DNA) devido a alta taxa de polimorfismo entre os 
indivíduos, utilizando a técnica de RFLP (examina a 
diferença entre o tamanho de fragmentos de restrição de 
DNA), o que resultaria em uma fácil interpretação dos 
resultados para conclusão do caso, porém, é necessário o 
DNA celular total puro de alto peso molecular. 
 Esse uso ainda esteve amplamente presente 
mesmo após a descoberta dos métodos provindos da PCR 
(polymerase chain reaction). 
 
 22 
Fig. 4. Investigação de paternidade utilizando a técnica de minissatélites- RFLP 
23 
PCR (polymerase chain 
reaction) para facilitar os 
procedimentos 
Fig.5. Comparação entre a quantidade de sangue necessária 
para se realizar a técnica RFLP e a PCR. 
 A técnica de PCR é hoje a mais utilizada 
devido às amostras de DNA disponíveis para análise 
serem muito limitadas, e através dessa técnica, o menor 
vestígio de DNA obtido, pode ser amplificado e 
analisado. 
 A PCR ou em português, reação em cadeia da 
polimerase, é realizada da seguinte forma: 
 A amostra de DNA extraída, é elevada a uma 
temperatura que permite a desnaturação da dupla fita, 
formando duas fitas simples, que permitem a ligação de 
oligonucleotídeos iniciadores, conhecidos como primers. 
Esses primers são fitas únicas de em média 15 a 30 
nucleotídeos que se ligam em regiões específicas do DNA 
para promover a amplificação. 
 Para iniciar a amplificação, são necessários dois 
tipos de primers complementares que cercam a região de 
interesse, nos terminais 3‟ das fitas. E então, serão feitos 
moldes a partir dos primers do local que deverá ser 
amplificado. A reação pode ser realizada diversas vezes, 
fazendo com que sejam obtidos diversos fragmentos do 
DNA amplificado. 
 
24 Fig.6. Procedimento de PCR 
 Após serem obtidos os fragmentos, será feita a 
eletroforese, quem é uma técnica em que um gel, funciona 
como uma rede, que divide as moléculas de acordo com o 
seu peso molecular, onde moléculas grandes ficam presas 
logo no começo do gel, e moléculas menores passam com 
mais facilidade pela rede, ficando presas mais a baixo. 
 Na ciência forense, esses fragmentos são 
comparados com outros para por exemplo identificar 
paternidade, ou vitimas e suspeitos. Essa comparação é feita 
de forma em que, por exemplo, em teste de paternidade, 
metade das „bandas‟ obtidas na eletroforese sejam iguais a da 
mãe, e a outra metade do pai verdadeiro. 
 
 
25 Fig.7. Exemplo de teste de paternidade 
 
26 
 STR: (short tandem repeat) unidades de repetição na 
fita de DNA, que variam entre 2 e 7 pares de base, 
constituindo uma região de microssatélite no DNA cuja a 
detecção é dependente da utilização da técnica de PCR citada 
anteriormente. Regiões de STR, são mantidas íntegras mesmo 
em um alto grau de degradação das moléculas de DNA, que 
normalmente são obtidas nas cenas de crime, como por 
exemplo amostras de saliva, sangue e sêmen desidratados. 
 
Fig. 8. Fontes de variação genética humans usadas na análise forense. Fonte: 
Jobling e Gill (2004). 
 SNP: (single nucleotide polymorphism) mutação em 
um único nucleotídeo. No caso, a substituição de um nucleotídeo 
é caracterizada como uma SNP. Existem aproximadamente 10 
milhões de SNP‟s no genoma humano, que são responsáveis pela 
diferença de características entre as pessoas. Isso é causado, 
devido à mutação alterar os aminoácidos da proteína que será 
formada através do gene onde o nucleotídeo mutado está 
localizado, e então, ao formar uma nova proteína, ela 
desenvolverá diferentes funções em relação às proteínas formadas 
antes da mutação, o que acabará resultando em, por exemplo, 
diferentes características entre as pessoas. 
 
 27 
Fig.9. Exemplo de SNP 
Teste de Paternidade 
28 
 Um dos objetivos da Genética Forense é o de realizar 
o teste de paternidade, podendo ser tanto em um evento 
criminalista quanto para âmbito civil. 
 Em casos criminalistas, esse teste se torna necessário, 
para confirmação de incestos, quando são encontradas crianças 
abandonadas vivas ou mortas, restos fetais de um aborto ilegal, 
em casos de estupro, ou até para que se justifique um processo 
criminal, em que seja solicitado o exame. 
 O teste é feito de forma em que são colhidas amostras 
de DNA da criança, da mãe e dos possíveis pais. O DNA 
passará por processos de fragmentação e amplificação de partes 
com alto índice de polimorfismo, e então, através de processos 
como o de eletroforese, torna-se possível a comparação de 
todas as amostras de DNA obtidas. Ao serem comparadas, o 
DNA do filho, deve ter metade de suas bandas iguais as de sua 
mãe, e a outra metade deve ser igual a de seu pai, e através 
disso, torna-se possível a identificação do verdadeiro pai. 
 
Fig.13. Exemplo de 
um teste de 
paternidade onde 
existem os suspeitos 
A e B, e através 
desse teste, pode-se 
afirmar que o pai 
verdadeiro é o B. 
Identificação Genética 
Individual 
 Outro objetivo da Genética Forense é o de 
Identificação individual, em que são realizados estudos 
através do DNA recolhido para ser analisado, tendo como 
objetivo identificar a pessoa correspondente ao material 
genético encontrado. Essa identificação torna-se possível 
devido ao DNA funcionar como um código de barras de 
cada indivíduo pelos polimorfismos ocorrentes em suas 
sequências. Apenas gêmeos monozigóticos compartilham 
os mesmos tipos de genes.Esse estudo é feito como por exemplo, em cenas 
criminais, em que há presença de sangue, ou outros 
fluidos corporais, que ao serem analisados e identificados, 
poderão levar a conclusão do caso, ou a identificação da 
vítima que estava em condições que impediam a olho nu 
concluir quem era. 
 
29 
 Ao traçar um perfil genético de acordo com a 
amostra extraída, existe uma lei brasileira, que diz 
exatamente como e onde esse perfil deve ser armazenado, 
e quais as imposições feitas para que isso seja feito de 
maneira correta. Para título de curiosidade, trata-se da lei 
n° 12.654, de 28 de maio de 2012. 
 O perfil genético permite ligar a amostra ao seu 
dono, pela compatibilidade das bandas presentes na 
eletroforese realizada após o DNA extraído ter sido 
amplificado por PCR. Se as bandas forem todas iguais às 
bandas obtidas através de uma amostra recolhida do 
suspeito, esse sangue, ou fluido corporal analisado 
pertence ao sujeito. Se não forem iguais, a amostra não 
pertence ao suspeito. 
 
 
30 
Fig.14. Exemplo 
de exclusão de um 
suspeito e de 
identificação do 
correto através do 
teste de DNA. 
Atividade Prática 
Parte 1 
 Atente-se ao seguinte caso: Na noite do dia 
07/05/16, o corpo de uma estudante de 21 anos foi encontrado 
no Hall do V, prédio localizado na Universidade Federal de 
Alfenas. Há suspeita de assassinato e os policiais encontraram 
em um lixo próximo da Universidade os seguintes vestígios: 
uma camiseta contendo sangue da vítima e uma faca na qual 
foi encontrada uma digital. Além disso, suspeita-se que antes 
do assassinato, houve uma briga, já que foram encontrados 
hematomas no corpo da estudante e um fio de cabelo com raiz 
que não era da vítima em sua unha. Há, no momento, 8 
suspeitos que estavam no local e cada um teve que passar pelo 
teste de identificação individual de DNA. Somado a esses 
fatores, uma testemunha realizou uma denúncia, em que ela 
disse que ouviu gritos e que viu uma pessoa saindo da 
UNIFAL com jeito suspeito. Essa testemunha descreveu 
parcialmente 3 características do assassino. 
 Sabendo deste fato, cada grupo deve, 
discretamente, escolher um de seus integrantes para ser o 
assassino deste caso. O objetivo dessa prática é fazer com que 
cada grupo desenvolva evidências problematizadas para que 
outro grupo tente desvendar o mistério e descobrir qual de 
vocês é o assassino. 
31 
 Para que isso ocorra, primeiramente vocês devem 
escrever o nome de cada integrante em cada pedaço de papel 
sulfite com fita que está localizado nesta bancada (Um 
integrante por pedaço). OBS: Segurem o papel no local da fita, 
para que não comprometa o resultado. 
 Agora, para simular a digital que foi encontrada na 
faca, o assassino escolhido deve marcar sua digital (na parte 
branca) da folha correspondente ao seu nome. OBS: Façam isso 
de forma que o outro grupo não consiga ver quem foi que 
marcou. 
OBS: Essa digital será usada no final do caso, para revelar a 
identidade do indivíduo. 
 
 
32 
Parte 2 
Sabendo que o fio de cabelo encontrado na unha da vítima possui 
queratinócitos (células que contém DNA nuclear) e que foram 
realizadas as técnicas de Biologia Molecular para revelação do 
DNA, construam nessa tabela o resultado do teste de identificação 
individual, de forma que sejam eliminados 4 suspeitos (integrantes 
do grupo) do caso. 
PS: Levem em consideração que o DNA pode estar danificado, 
portanto nem todas as bandas apareceram e por isso quatro 
indivíduos (restantes) tiveram DNA semelhantes. 
33 OBS: Esse teste será dado como pista para o outro grupo, portanto, 
escrevam o nome de cada integrante nas linhas ali presentes. 
Parte 3: 
 
Sobraram quatro suspeitos, certo? Então o grupo deve formular 
as 3 pistas (características) que foram dadas pela testemunha 
sobre o assassino para que a outra equipe consiga desvendar o 
mistério. 
 
Exemplos de pistas: É uma pessoa alta, tem cabelos escuros, 
usava um relógio azul, é magro, tinha olhos claros, etc. 
 
Pista 1: 
 
 
Pista 2: 
 
 
Pista 3: 
 
 
Logo o assassino é:__________________________________ 
34 
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