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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas. Unifal-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 700. Alfenas/MG. CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000. Fax: (35) 3299-1063 1 Minicurso: Biologia Forense Com ênfase em Biologia Molecular Ministrantes/Discentes: Ana Sofia M. C. Saliba Carolina W. F. G. Generoso Sumário • Introdução à Ciência Forense; 3 • Salário; 5 • Requisitos para se tornar um perito; 5 • Subáreas de atuação; 6 • Biologia Forense; 6 • Entomologia Forense; 6 • Toxicologia Forense; 7 • Botânica Forense; 8 • Hematologia Forense; 9 • Antropologia Forense; 10 • Odontologia Forense; 11 • Física Forense; 12 • Química Forense; 13 • Introdução a Genética Forense; 14 • Sistema ABO e o início de tudo; 15 • Coleta de amostras de DNA; 17 • Minissatélites, RFLP e descobertas forenses; 21 • PCR (polymerase chain reaction) para facilitar os procedimentos; 23 • Teste de Paternidade; 28 • Identificação genética individual; 29 • Atividade Prática; 31 • Referências. 35 2 Introdução à Ciência Forense Durante décadas, a ciência forense tem sido aliada das agências de aplicação da lei e, com os avanços da ciência e da tecnologia, essa relação tornou-se essencial para o desmembramento de inúmeros casos criminais (FISHER, 2004). Em termos de definição, a ciência forense é uma área multidisciplinar que tem como principal objetivo auxiliar nas investigações na justiça civil e criminal e dentre as inúmeras subáreas pertencentes a essa, tem-se a entomologia, toxicologia, botânica, hematologia, antropologia, odontologia, física e química forense (CHEMELLO, 2006). Em relação à forma como o Brasil lida com o combate ao crime, sabe-se que as forças policiais do país agem em três vias simultâneas, sendo a primeira dada pelo policiamento ostensivo, que abrange o confronto físico direto com os criminosos, a segunda engloba a investigação realizada pela polícia civil e a última envolve a pesquisa de vestígios nas cenas do crime, sendo que essa é responsabilidade do perito criminal (OLIVEIRA, 2006). 3 Em uma cena do crime, é de se esperar que uma pessoa com olho destreinado encontre poucas ou até nenhuma evidência no local, ficando em dúvida sobre um possível culpado (FISHER, 2004). Nesse contexto, encaixa-se o papel do perito criminal que pela definição (dicionário Aurélio) é um indivíduo que adquiriu aptidões acima do normal relativas a um sujeito, técnica ou conhecimento. Portanto, é ele que ficará encarregado de coletar e analisar a “evidência invisível” ali presente, como cabelo, pele, fluidos corporais, fibras microscópicas, e vestígios de itens aparentemente insignificantes, mas que se revelam como importantes peças do quebra-cabeça (OLIVEIRA, 2006). Há pouco tempo, parte da população começou a se interessar e dar importância para a ciência no desvendamento de crimes, fato esse que pode ser justificado pelo crescente alastramento de programas de televisão, filmes, documentários e séries sobre o assunto (FILHO, 2010). Dessa forma, séries famosas como CSI, Crossing Jordan, e Medical Detectives despertam o interesse de tal forma a influenciar os telespectadores a querer seguir a carreira (FILHO, 2010). Estes programas televisivos, portanto, têm um lado positivo, mas é necessário compreender que na maioria das vezes eles não refletem a realidade (CHEMELLO, 2006). Logo, compreender a realidade da rotina de um perito criminal e entender os principais recursos utilizados pelos mesmos são alguns dos objetivos deste minicurso. 4 Salário 5 O salário de um perito criminal depende do órgão contratante e varia conforme os anos. No entanto, nesse ano (2016), o concurso público com 100 vagas para o cargo de Perito Criminal da Carreira de Policia Civil do Distrito Federal apresenta salário inicial de R$ 16.830,35, segundo o site de processos seletivos Iades. Requisitos para se tornar um perito O cargo de perito criminal é conquistado por alguém que tenha sido aprovado no concurso público para a perícia e que tenha qualquer curso de graduação. Em relação às características pessoais, o indivíduo deve ser responsável, sincero, atento, curioso, ter raciocínio rápido, deve sempre apresentar uma visão realista dos fatos e possuir certa frieza e imparcialidade em relação às cenas fortes que envolvem morte. Subáreas de atuação Neste tópico, serão brevemente explicadas algumas das subáreas de atuação, lembrando que a ciência forense é muito abrangente, portanto, há inúmeras carreiras que podem realizar o concurso público para a perícia, mas no geral as que aparecem com mais frequência são: 6 • Biologia Forense: Entomologia Forense: é o estudo de insetos e outros artrópodes relacionados aos casos criminais. Ela auxilia, por exemplo, na averiguação de crimes contra vítimas de morte violenta. O entomologista forense deve possuir um bom conhecimento de taxonomia, biologia e ecologia de insetos. Esse perfil é bem raro, mas o Brasil possui um bom número de especialistas aptos para conduzir pesquisas e treinar profissionais nessas áreas do conhecimento, não só no estudo das moscas e besouros, mas também em outros grupos de animais necrófagos ou associados ao processo de decomposição cadavérica (PUJOL, 2008). Toxicologia Forense: a toxicologia é a área que estuda os efeitos tóxicos de um agente químico em virtude de sua relação com o sistema biológico. Na área forense, a ciência é aplicada com propósitos legais, detectando e quantificando substâncias envolvidas em crimes. São utilizados como amostras de análise em toxicologia forense órgãos colhidos em autópsia, fluídos biológicos obtidos do indivíduo e produtos orgânicos e inorgânicos suspeitos (AIELLO, 2011). 7 Botânica forense: O botânico forense é o profissional que trabalha com vestígios de plantas, empregando várias técnicas de análise às provas recolhidas no local do crime, incluindo pólen, fragmentos e resíduos de plantas, compostos químicos e DNA das plantas. Essa área tem ajudado na solução de casos de assassinatos, em mortes acidentais, ou indagando casos de mortes por meio de conexões entre a causa e a hora da morte, apontando ligações entre a identificação do criminoso e o crime, estabelecendo o local do delito e a época da morte através de pistas vegetais. (COYLE, 2005). 8 Hematologia forense: é o estudo do sangue, com o intuito de conseguir alguma prova criminal. Essa área subdivide-se em Hematologia Forense Reconstrutora, que estuda a maneira como as manchas de sangue estão dispostas no local do crime, ajudando nas reconstruções e motivações das ações da vítima e do culpado duranteo ocorrido e Hematologia Forense Analítica, em que o sangue é analisado no laboratório para fins como tipagem sanguínea para caracterização e identificação de indivíduos. 9 O antropólogo forense é o profissional que estuda os esqueletos, corpos decompostos e restos humanos em geral, auxiliando na identificação de uma pessoa. Os ossos têm uma capacidade considerável para o registro de muitos eventos ocorridos durante vida de um indivíduo, no momento da morte ou até mesmo depois desta. Existem algumas marcas nos ossos ocasionadas por lesões traumáticas que são fontes importantes de registos sobre violência, cabendo, portanto, ao antropólogo forense a tarefa de solucioná-las (CUNHA, 2006). • Antropologia Forense 10 A Odontologia Legal é um ramo que utiliza os fundamentos odontológicos, desde anatomia e matérias básicas, até as mais complexas especialidades como dentística, prótese, ortodontia, odontopediatria, periodontia, cirurgia buco- maxilo-facial, endodontia e radiologia, aos interesses do Direito. O profissional que trabalha na odontologia forense comumente é chamado de odontolegista e este possui uma importante função em diversos casos de identificação humana. A função mais habitual do Odontolegista, também conhecido como Dentista Forense é a identificação de mortos com o auxílio de registros dentais. Com o avanço da tecnologia do DNA o odontolegista emprega evidencias dentais para inclusive ajudar a solucionar crimes violentos (SILVEIRA, 2006). • Odontologia Forense/Legal 11 • Física Forense Essa área envolve a aplicação de conceitos físicos que tem como objetivo a análise dos fenômenos físicos naturais, nos quais a interpretação tem importância para a justiça. Dentre as atribuições do físico forense, tem-se análise dos acidentes de transito, em que se determina o tipo do veículo a que possam pertencer vestígios como vidros, para- choques e lanternas. Além disso, há o cálculo da distância onde foi efetuado o tiro, bem como a análise das possíveis posições da vítima e do suspeito durante o crime. Outro ponto forte para o desvendamento de casos nessa área é a fonética forense, onde através de gravações é possível identificar e estudar a voz de um provável assassino (SCATENA, 2010). 12 • Química Forense Química Forense é a área que participa das investigações criminais dentro da química especializada, com o intuito de resolver casos de interesse judiciário. São exemplos de estudos químicos aplicados a ao interesse forense: reações empregadas nas análises de disparos de armas de fogo, a o diagnóstico das mudanças químicas em veículos, coleta de dados de impressões digitais, e a certificação do uso de drogas, como a maconha e a cocaína (OLIVEIRA, 2006). 13 Introdução a Genética Forense A genética forense é uma área das ciências forenses que utiliza o DNA como ferramenta de estudo pra auxiliar na descoberta de casos de investigação criminal, Surgiu em 1984, porém, era chamada apenas de Biologia Forense, devido as técnicas genéticas ainda não serem conhecidas. Os principais estudos realizados nessa área são os de criminalística biológica, onde são avaliadas manchas de sangue, sêmen, pelos e outros fluidos corporais encontrados na cena que está sendo investigada; identificação genética individual, onde são colhidas amostras de DNA que ao passarem por procedimentos de extração e amplificação, permitem fazer a identificação do indivíduo a quem pertence a amostra; e teste de paternidade, que ao comparar as amostras de DNA obtidas, da vítima, da mãe e dos possíveis pais, permitem identificar qual é o verdadeiro pai, ou mãe. 14 Sistema ABO e o início de tudo No inicio do século XX, um pesquisador chamado Karl Landsteiner, descobriu através de uma transfusão sanguínea, que poderia ocorrer um tipo de incompatibilidade entre sangues diferentes. O tipo sanguíneo dos humanos possuí uma alta taxa de polimorfismo, e então, criou-se o sistema ABO, classificando os tipos sanguíneos em A, B, O e AB. Essa descoberta acabou sendo de extrema importância para avanços na Ciência Forense. Essa importância ocorre pela possibilidade de identificar o tipo sanguíneo recolhido na cena do crime. Isso é possível, devido a presença dos aglutinogênios e aglutininas presentes nas hemácias. Cada tipo sanguíneo possuí sua própria aglutinina que são anticorpos que reagem com os aglutinogênios (responsáveis pela determinação do fenótipo sanguíneo A, B, ou AB, no caso de o fenótipo ser O, não há presença de aglutinogênio). Fig. 1. Possibilidades de transfusões sanguíneas que não geram aglutinações 15 As aglutininas funcionam como exemplo, no caso do fenótipo A, que possuí aglutinina anti-B, ao receber sangue do fenótipo B, fará com que suas hemácias se coagulem, dificultando a circulação sanguínea. Através desse procedimento, permite-se afirmar qual o fenótipo do tipo sanguíneo que estará sendo analisado, porém, não é possível chegar a uma pessoa específica como resultado dos testes, e sim, eliminar suspeitos que não possuam o fenótipo encontrado. 16 Grupo sanguíneo Aglutinina no Plasma A anti-B B anti-A AB - O anti-A e Anti-B Fig. 3. Tabela de Aglutininas para cada grupo sanguíneo Fig. 2. Procedimento utilizado para identificação do tipo sanguíneo Coleta de amostras de DNA A coleta dos materiais para se obter sucesso nas análises, devem seguir um procedimento rígido de cuidados a serem aplicados, devido a sensibilidade do material. Evidencias que não são coletadas de forma apropriada não possuem valor científico para análises de investigações criminais. Os principais tipos de materiais submetidos a análise que são comumente encontrados nas cenas de investigações criminais são: sangue, sêmen, fios de cabelo, tecidos, órgãos e ossos. Outros tipos de amostras encontradas, são saliva, urina e fezes, porém, somente células nucleadas servem de material para análise genotípica. Vale ressaltar que nem sempre as amostras obtidas estão em maneira pura, ou seja, muitas das pode ocorrer transferências de células de outras pessoas. Por esse motivo, os procedimentos de coleta devem ser muito rígidos, para que haja o mínimo possível de transferências de materiais genéticos paralelos, para a amostra coletada. As evidências, antes de serem coletadas devem primeiramente ser fotografadas, pois a localização da amostra no ambiente pode revelar alguns fatos sobre o ocorrido. 17 - Amostras de sangue e sêmen: A coleta, quando o material ainda está em estado líquido, deve ser realizada com o uso de uma seringa estéril, e depositada em um tubo também estéril, contendo agentes anticoagulantes, porém, deve-se tomar muito cuidado pois a presença de alguns tipos de reagentes podem inibir a PCR, ou seja, isso acaba estragando a amostra, pois a partir dela não será possível realizar nenhum tipo de extração e amplificação. Já amostras secas, devem ser raspadas do local, utilizando espátulas que também devem ser estéreis e depositadas em tubos também estéreis. O EDTA pode ser utilizado dentro dos tubos para preservação do DNA, desde que esteja em concentrações adequadas para o uso. Podem ser utilizados também hastes flexíveis com pontas de algodão para coletar o material líquido e então são armazenadas em recipientes estéreis para não haver contaminação do material coletado. Manchas secas de sangue ou sêmen, devem ser transportadas juntamente com o material em que estão contidas, como por exemplo em um tapete, o pedaço contendoa evidência deve ser recortado e transportado em ambientes estéreis, até os laboratórios onde serão realizadas técnicas para extração do material genético ali contido. 18 Fig.10. Exemplo de amostra sanguínea armazenada em tubo estéril. -Fios de cabelo, ossos, órgão e tecidos: devem ser coletados com a ajuda de pinças ou bisturis devidamente estéreis e então armazenados separadamente em locais também estéreis longe de contaminações, lacrados e então transportados para os laboratórios. 19 Fig.11. Amostra de fio de cabelo recolhida com o uso de uma pinça. -Saliva, urina e fluidos corporais: devem ser colhidos e armazenados em garrafas, ou tubos de vidros que impeçam a entrada de luz diretamente, pois isso pode comprometer o estado da amostra. Se estiver em estados desidratados, deve-se seguir os procedimentos como os realizados com as machas de sangue. 20 Fig.12. Luz Forense utilizada na identificação de fluidos corporais. Minissatélites, RFLP e as descobertas Forenses Outra grande evolução da Ciência Forense, em 1984, descoberta por Alec Jeffreys foi a dos Minissatélites (DNA Fingerprint) encontrados através da técnica de Southern Blots (utilizada para descobrir através de sondas, se uma sequência está ou não presente na fita de DNA). Esses minissatélites, são regiões de alta repetição de sequências encontradas no DNA. Essas sequências possuem um grande índice de polimorfia, fazendo com que ao serem realizadas técnicas como a de eletroforese, o número de bandas amplificadas vai ser muito grande. Os minissatélites estão espalhados por todo o genoma, e apresentam um numero variável de repetições entre os indivíduos de uma mesma espécie (somente é igual em gêmeos monozigóticos). Essa taxa de divergência, faz com que essas sequências de minissatélites, formem marcadores genéticos que são considerados como Impressões digitais do DNA. 21 Por muito tempo, o uso dessa técnica persistiu para serem realizados testes de paternidade, casos criminais, etc. concentrados no uso específico de clones de minissatélites (SLP “single locus probes” também conhecidos como DNA fingerprint, ou impressões digitais do DNA) devido a alta taxa de polimorfismo entre os indivíduos, utilizando a técnica de RFLP (examina a diferença entre o tamanho de fragmentos de restrição de DNA), o que resultaria em uma fácil interpretação dos resultados para conclusão do caso, porém, é necessário o DNA celular total puro de alto peso molecular. Esse uso ainda esteve amplamente presente mesmo após a descoberta dos métodos provindos da PCR (polymerase chain reaction). 22 Fig. 4. Investigação de paternidade utilizando a técnica de minissatélites- RFLP 23 PCR (polymerase chain reaction) para facilitar os procedimentos Fig.5. Comparação entre a quantidade de sangue necessária para se realizar a técnica RFLP e a PCR. A técnica de PCR é hoje a mais utilizada devido às amostras de DNA disponíveis para análise serem muito limitadas, e através dessa técnica, o menor vestígio de DNA obtido, pode ser amplificado e analisado. A PCR ou em português, reação em cadeia da polimerase, é realizada da seguinte forma: A amostra de DNA extraída, é elevada a uma temperatura que permite a desnaturação da dupla fita, formando duas fitas simples, que permitem a ligação de oligonucleotídeos iniciadores, conhecidos como primers. Esses primers são fitas únicas de em média 15 a 30 nucleotídeos que se ligam em regiões específicas do DNA para promover a amplificação. Para iniciar a amplificação, são necessários dois tipos de primers complementares que cercam a região de interesse, nos terminais 3‟ das fitas. E então, serão feitos moldes a partir dos primers do local que deverá ser amplificado. A reação pode ser realizada diversas vezes, fazendo com que sejam obtidos diversos fragmentos do DNA amplificado. 24 Fig.6. Procedimento de PCR Após serem obtidos os fragmentos, será feita a eletroforese, quem é uma técnica em que um gel, funciona como uma rede, que divide as moléculas de acordo com o seu peso molecular, onde moléculas grandes ficam presas logo no começo do gel, e moléculas menores passam com mais facilidade pela rede, ficando presas mais a baixo. Na ciência forense, esses fragmentos são comparados com outros para por exemplo identificar paternidade, ou vitimas e suspeitos. Essa comparação é feita de forma em que, por exemplo, em teste de paternidade, metade das „bandas‟ obtidas na eletroforese sejam iguais a da mãe, e a outra metade do pai verdadeiro. 25 Fig.7. Exemplo de teste de paternidade 26 STR: (short tandem repeat) unidades de repetição na fita de DNA, que variam entre 2 e 7 pares de base, constituindo uma região de microssatélite no DNA cuja a detecção é dependente da utilização da técnica de PCR citada anteriormente. Regiões de STR, são mantidas íntegras mesmo em um alto grau de degradação das moléculas de DNA, que normalmente são obtidas nas cenas de crime, como por exemplo amostras de saliva, sangue e sêmen desidratados. Fig. 8. Fontes de variação genética humans usadas na análise forense. Fonte: Jobling e Gill (2004). SNP: (single nucleotide polymorphism) mutação em um único nucleotídeo. No caso, a substituição de um nucleotídeo é caracterizada como uma SNP. Existem aproximadamente 10 milhões de SNP‟s no genoma humano, que são responsáveis pela diferença de características entre as pessoas. Isso é causado, devido à mutação alterar os aminoácidos da proteína que será formada através do gene onde o nucleotídeo mutado está localizado, e então, ao formar uma nova proteína, ela desenvolverá diferentes funções em relação às proteínas formadas antes da mutação, o que acabará resultando em, por exemplo, diferentes características entre as pessoas. 27 Fig.9. Exemplo de SNP Teste de Paternidade 28 Um dos objetivos da Genética Forense é o de realizar o teste de paternidade, podendo ser tanto em um evento criminalista quanto para âmbito civil. Em casos criminalistas, esse teste se torna necessário, para confirmação de incestos, quando são encontradas crianças abandonadas vivas ou mortas, restos fetais de um aborto ilegal, em casos de estupro, ou até para que se justifique um processo criminal, em que seja solicitado o exame. O teste é feito de forma em que são colhidas amostras de DNA da criança, da mãe e dos possíveis pais. O DNA passará por processos de fragmentação e amplificação de partes com alto índice de polimorfismo, e então, através de processos como o de eletroforese, torna-se possível a comparação de todas as amostras de DNA obtidas. Ao serem comparadas, o DNA do filho, deve ter metade de suas bandas iguais as de sua mãe, e a outra metade deve ser igual a de seu pai, e através disso, torna-se possível a identificação do verdadeiro pai. Fig.13. Exemplo de um teste de paternidade onde existem os suspeitos A e B, e através desse teste, pode-se afirmar que o pai verdadeiro é o B. Identificação Genética Individual Outro objetivo da Genética Forense é o de Identificação individual, em que são realizados estudos através do DNA recolhido para ser analisado, tendo como objetivo identificar a pessoa correspondente ao material genético encontrado. Essa identificação torna-se possível devido ao DNA funcionar como um código de barras de cada indivíduo pelos polimorfismos ocorrentes em suas sequências. Apenas gêmeos monozigóticos compartilham os mesmos tipos de genes.Esse estudo é feito como por exemplo, em cenas criminais, em que há presença de sangue, ou outros fluidos corporais, que ao serem analisados e identificados, poderão levar a conclusão do caso, ou a identificação da vítima que estava em condições que impediam a olho nu concluir quem era. 29 Ao traçar um perfil genético de acordo com a amostra extraída, existe uma lei brasileira, que diz exatamente como e onde esse perfil deve ser armazenado, e quais as imposições feitas para que isso seja feito de maneira correta. Para título de curiosidade, trata-se da lei n° 12.654, de 28 de maio de 2012. O perfil genético permite ligar a amostra ao seu dono, pela compatibilidade das bandas presentes na eletroforese realizada após o DNA extraído ter sido amplificado por PCR. Se as bandas forem todas iguais às bandas obtidas através de uma amostra recolhida do suspeito, esse sangue, ou fluido corporal analisado pertence ao sujeito. Se não forem iguais, a amostra não pertence ao suspeito. 30 Fig.14. Exemplo de exclusão de um suspeito e de identificação do correto através do teste de DNA. Atividade Prática Parte 1 Atente-se ao seguinte caso: Na noite do dia 07/05/16, o corpo de uma estudante de 21 anos foi encontrado no Hall do V, prédio localizado na Universidade Federal de Alfenas. Há suspeita de assassinato e os policiais encontraram em um lixo próximo da Universidade os seguintes vestígios: uma camiseta contendo sangue da vítima e uma faca na qual foi encontrada uma digital. Além disso, suspeita-se que antes do assassinato, houve uma briga, já que foram encontrados hematomas no corpo da estudante e um fio de cabelo com raiz que não era da vítima em sua unha. Há, no momento, 8 suspeitos que estavam no local e cada um teve que passar pelo teste de identificação individual de DNA. Somado a esses fatores, uma testemunha realizou uma denúncia, em que ela disse que ouviu gritos e que viu uma pessoa saindo da UNIFAL com jeito suspeito. Essa testemunha descreveu parcialmente 3 características do assassino. Sabendo deste fato, cada grupo deve, discretamente, escolher um de seus integrantes para ser o assassino deste caso. O objetivo dessa prática é fazer com que cada grupo desenvolva evidências problematizadas para que outro grupo tente desvendar o mistério e descobrir qual de vocês é o assassino. 31 Para que isso ocorra, primeiramente vocês devem escrever o nome de cada integrante em cada pedaço de papel sulfite com fita que está localizado nesta bancada (Um integrante por pedaço). OBS: Segurem o papel no local da fita, para que não comprometa o resultado. Agora, para simular a digital que foi encontrada na faca, o assassino escolhido deve marcar sua digital (na parte branca) da folha correspondente ao seu nome. OBS: Façam isso de forma que o outro grupo não consiga ver quem foi que marcou. OBS: Essa digital será usada no final do caso, para revelar a identidade do indivíduo. 32 Parte 2 Sabendo que o fio de cabelo encontrado na unha da vítima possui queratinócitos (células que contém DNA nuclear) e que foram realizadas as técnicas de Biologia Molecular para revelação do DNA, construam nessa tabela o resultado do teste de identificação individual, de forma que sejam eliminados 4 suspeitos (integrantes do grupo) do caso. PS: Levem em consideração que o DNA pode estar danificado, portanto nem todas as bandas apareceram e por isso quatro indivíduos (restantes) tiveram DNA semelhantes. 33 OBS: Esse teste será dado como pista para o outro grupo, portanto, escrevam o nome de cada integrante nas linhas ali presentes. Parte 3: Sobraram quatro suspeitos, certo? Então o grupo deve formular as 3 pistas (características) que foram dadas pela testemunha sobre o assassino para que a outra equipe consiga desvendar o mistério. Exemplos de pistas: É uma pessoa alta, tem cabelos escuros, usava um relógio azul, é magro, tinha olhos claros, etc. Pista 1: Pista 2: Pista 3: Logo o assassino é:__________________________________ 34 Referências • STARR, D. When DNA is lying. Science, [s.l.], v. 351, n. 6278, p.1133-1136, 10 mar. 2016. American Association for the Advancement of Science (AAAS). • COYLE, H. M.; LEE, C. L.; LIN,W. Y.; LEE, H. C.; PALMBACH, T. M. Forensic Botany: Using Plant Evidence to aid in Forensic Death Investigation. Croat Med J, 46 (4): 606- 612, 2005. • FISHER, B. A. J. Techniques of crime scene investigation. 7th ed. Flórida: CRC, 2004. • GAENSSLEN, R. E. How do I become a forensic scientist? Educational pathways to forensic science careers. 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