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L.P.E - CRIMES TRIBUTÁRIOS

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CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO VIII
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
__________________________________________________________________
Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
1.	SONEGAÇÃO FISCAL - Lei n. 8.137/90 – CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA 
Os crimes estão previstos nos arts. 1.º, 2.º e 3.º. As figuras típicas inseridas nos arts. 1.º e 2.º são praticadas pelo particular contra o erário, enquanto que as do art. 3.º exigem sujeito ativo com qualidade especial, ou seja, só podem ser cometidas por funcionários públicos (crime funcional). 
Art. 1.° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal, ou documento equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inc. V.
Art. 2.° Constitui crime da mesma natureza:
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 3.° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público.
 Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Os crimes definidos no art. 1.º são de resultado, punidos com reclusão de 2 a 5 anos e multa. A suspensão condicional do processo é inviável, ressalvada a hipótese de tentativa, haja vista ser a pena mínima de 2 anos. Cabe suspensão condicional da pena, desde que tenha sido fixada no mínimo pelo Juiz. É possível a substituição da pena privativa por alternativa, nos termos do disposto nos arts. 43 a 47 do CP.
Com relação ao art. 2.º, sendo a pena mínima de seis meses de detenção, não há óbice ao “sursis processual”. No mais, segue-se a orientação dada em relação ao art. 1.º.
Quanto aos crimes funcionais (art. 3.º), a suspensão condicional do processo cabe no caso do inc. III, punido com reclusão de 1 a 4 anos.
Atenção: a substituição prevista no art. 9.º só é cabível nos crimes contra a ordem econômica e as relações de consumo (arts. 4.º a 7.º).
1.1. Competência
É necessário verificar o sujeito passivo. Tratando-se da União, é competente a Justiça Federal. Se o tributo é estadual ou municipal, a competência será da Justiça Estadual.
1.2. Extinção da Punibilidade
O art. 14 da Lei n. 8.137/90 foi revogado. O tema foi novamente tratado em 1995, por meio do art. 34 da Lei n. 9.249, de 26.12.95. Segundo o dispositivo, o agente que promover o pagamento do tributo e seus acessórios, antes do recebimento da denúncia, nos casos dos arts. 1.º e 2.º da Lei n. 8.137/90, terá extinta a sua punibilidade. Estabeleceu-se uma discussão sobre o pagamento parcelado, com o surgimento de três posições: 
1.ª) Predominante, afirma que extinção da punibilidade só ocorrerá com o cumprimento integral do acordo estabelecido com o fisco, antes do recebimento da denúncia. Há vários precedentes no STF.	
2.ª) Basta o acordo e o pagamento das primeiras parcelas. Nesse sentido algumas decisões do STJ.
3.ª) Argumenta que o acordo com o fisco estabeleceria uma causa suspensiva para a aplicação da extinção da punibilidade. Se todas as parcelas forem pagas extingue-se a punibilidade. Caso contrario, será o agente responsabilizado penalmente.
Frise-se que a Lei n. 9.964/2000, que instituiu o Programa de Recuperação Fiscal – REFIS, circunscrito a débitos tributários de pessoas jurídicas com vencimento até 29 de fevereiro de 2000, no seu artigo 15, caput, reza que será suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes definidos nos arts. 1.° e 2.° da Lei n. 8.137/1990, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos citados crimes estiver incluída no REFIS, desde que a inclusão no aludido programa tenha ocorrido antes do recebimento da denúncia. Durante a suspensão da pretensão punitiva, não corre a prescrição (§ 1.° do art. 15). Cumprido o acordo com o fisco, com o pagamento integral dos débitos, extingue-se a punibilidade dos agentes, nos termos do § 3.º do dispositivo supracitado. 
Nota-se que a Lei n. 9.964, de 10.04.2000, vinculou a extinção da punibilidade do agente ao pagamento integral do débito, o que reforça a tese adotada no STF (1.ª posição).
1.3.	Ação Penal
A ação penal é pública incondicionada nos crimes previstos nos arts. 1.º, 2.º e 3.º. 
Após o advento da Lei n.9.430/1996, especificamente o seu art. 83, vedou-se à autoridade fazendária remeter notícia de crime (que o artigo chama de “representação”) ao Ministério Público antes do término do procedimento administrativo fazendário. 
Deixa-se claro que o mencionado art. 83 não criou uma condição de procedibilidade para o exercício da ação penal. Na verdade, ele traduz uma simples ordem dada à autoridade fazendária. Evidentemente, se o Ministério Público dispuser de elementos para dar início à ação penal, deverá fazê-lo.
O fundamento da conclusão acima exposta assenta-se no princípio da autonomia das instâncias (penal e administrativa) e na não reformulação do art. 15 da Lei 8.137/90 (posicionamento do plenário do STF). 
1.4.	Sujeito Ativo e Passivo
Nos crimes definidos nos arts. 1.º e 2.º, o sujeito ativo é o contribuinte. Também poderãopraticar os crimes supracitados o contador, o advogado, entre outros.
O sujeito ativo do art. 3.º é o funcionário público (crime próprio e funcional típico).
O sujeito passivo é o Erário. 
1.5. Denúncia 
Quando a pessoa jurídica é utilizada para a prática de crime contra a ordem tributária há dificuldade para a individualização das condutas. É por tal razão que o STF orienta que, nesses casos, atenua-se o rigorismo do art. 41 do CPP.
A orientação mencionada, entretanto, não legitima a acusação temerária, feita sem um mínimo de investigação processual, de molde a excluir, desde logo, do pólo passivo da ação penal, as pessoas que, embora figurem no contrato social, não têm qualquer poder de comando. 
1.6. Delação Premiada 
Redução de 1/3 a 2/3 da condenação nos crimes da Lei n. 8.137/1990, cometidos em co-autoria ou quadrilha, ao agente que revelar toda a trama delituosa. Não se exige o desmantelamento de quadrilha, contentando-se a Lei com as informações detalhadas acerca do cometimento da infração, tais como o tempo do crime, seus agentes, o modo de execução, vantagem obtida com o ilícito etc. A confissão deve ser espontânea. 
Requisitos da delação: a) crimes previstos na Lei; b) praticados em concurso ou quadrilha; c) delação à autoridade policial ou judicial, sendo revelada toda a trama delituosa; d) delação espontânea. 
A redução é obrigatória e personalíssima.
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CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO IX
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Crimes Contra a Ordem Tributária – Lei n. 8.137/90
__________________________________________________________________
Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Crimes Contra a Ordem Tributária – Lei n. 8.137/90
Prof. Luiz Fernando Vaggione
1. ART. 1.º 
Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as condutas discriminadas nos incisos do artigo 1.º.
Os crimes definidos no artigo 1.º são materiais (conduta e resultado), salvo, como veremos, o parágrafo único. Exige-se, portanto, para a consumação, na hipótese dos incisos, o resultado supressão ou redução de tributo ou seu acessório. 
Admitem, como regra, a forma tentada.Vários dos crimes inseridos no artigo 1.º são crimes plurissubsistentes. A tentativa, entretanto, é impossível nos crimes omissivos próprios. No inciso I, por exemplo, constatamos o núcleo “omitir” que não admite tentativa. No mesmo inciso, todavia, encontramos a conduta “prestar”, comportamento positivo (crime comissivo) que ensejará a forma tentada. 
O artigo 1.º cuida de crime de forma vinculada, porquanto só pode ser cometido numa das formas previstas em seus cinco incisos e no parágrafo único.
Art. 1.º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – omitir informação ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias.
O inciso I é muito abrangente, mas há condutas específicas em outros incisos. 
O crime definido no inciso I do artigo 1.º visa assegurar a confiabilidade ou credibilidade das informações transmitidas ao Fisco, para que esse possa proceder ao lançamento dos tributos, tal como previsto no artigo 147 do Código Tributário Nacional. Por exemplo: imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza; imposto sobre a circulação de mercadorias e prestação de serviços (ICMS); imposto sobre produtos industrializados (IPI).
Um dos comportamentos típicos freqüentes é o da prestação de declaração falsa em escritura pública de compra e venda de imóveis, com o objetivo de reduzir o pagamento do Imposto de Transmissão de Bens Imobiliários (ITBI). 
Recorda-se, mais uma vez, que o crime só se consumará com a efetiva redução ou supressão do tributo. É crime que se assemelha à falsidade ideológica ou material previstas no Código Penal. Evidentemente, a figura da lei especial, que ora estudamos, prevalece. 
A conduta pode recair sobre documentos da pessoa jurídica, tais como talonários de notas fiscais, livros fiscais, dados informatizados etc.
II – fraudar a fiscalização tributária inserindo elementos inexatos ou omitindo operação de qualquer natureza em documento ou livro exigido pela lei fiscal.
 
O objeto material nesse inciso deve ser obrigatoriamente documento ou livro exigido pela lei fiscal. Faz-se necessário que lancemos mão do regulamento do tributo para verificar quais são tais documentos. Exemplo: são obrigatórios para a apuração do ICMS o livro de registro de entrada e saída de mercadorias, entre outros obrigatórios. Isso se verifica no Decreto n. 33.118/91, que regulamenta o ICMS no Estado de São Paulo. Trata-se, por conseguinte, de norma penal em branco (heterogênea).
Vê-se, claramente, que o inciso expressa a preocupação do legislador em assegurar a credibilidade dos documentos e livros obrigatórios.
A tentativa é inviável na conduta omissiva.
III – falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável.
A falsificação consiste na contrafação dos objetos materiais previstos no inciso (o rol de objetos materiais não é exaustivo, é exemplificativo). A falsificação pode ser total (o agente forma o documento por inteiro) ou parcial (o agente acresce dizeres, letras ou números ao documento verdadeiro). 
Na alteração, por sua vez, o agente faz modificações de quaisquer espécies no documento antes perfeito, tais como rasuras ou acréscimos. 
Dispõe o inciso que o documento falsificado ou alterado deve estar ligado à operação tributável.
IV – elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato.
A fraude é feita com documentos inidôneos (“frios”). Por exemplo: o contribuinte, para reduzir ou suprimir o pagamento de ICMS, adquire talões de notas fiscais de empresas já encerradas. Em seguida, emite os documentos fiscais, possibilitando-lhe o abatimento do tributo, em razão da aquisição de produtos ou serviços. 
O elemento subjetivo exigido é o dolo. Pune-se, também, com a constatação do dolo eventual, na hipótese em que o agente devia saber falso ou inexato o documento. A sanção é a mesma prevista para o caso de dolo direto. 
V – negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
 	O crime visa evitar a evasão de receitas, por meio da venda de produtos ou prestação de serviços sem a emissão da nota fiscal, quando obrigatória. 
O crime ora estudado revogou o inciso IV do artigo 2.º da Lei de Economia Popular (Lei n. 1.521/51) e difere do artigo 172 do Código Penal (crime de duplicata simulada), porque neste não houve operação nenhuma, é tudo fictício, enquanto no crime em estudo houve uma efetiva operação mercantil. 
Consuma-se, como nos incisos anteriores, com a supressão ou redução do tributo a pagar. A tentativa, na forma comissiva, é viável.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
O parágrafo único do artigo 1.º constitui exceção. Enquanto nos incisos anteriores temos crimes materiais (de conduta e resultado), no parágrafo único inseriu-se delito de mera conduta. Sua consumação, pois, independe da efetiva redução ou supressão do tributo, mas só se dará com o desatendimento da exigência da autoridade, após o decurso do prazo dado ao contribuinte. Cuida-se de infração que se assemelha ao crime de desobediênciaprevisto no artigo 330 do Código Penal. 
A tentativa é impossível, porque se trata de crime omissivo.
O dolo exigido pelo tipo consiste em deixar de atender a exigências da fiscalização, com o intuito de assegurar a supressão ou a redução do pagamento de tributo ou acessório. 
Embora não se exija para a consumação do crime a efetiva supressão ou redução do tributo, é imprescindível que o contribuinte seja notificado por escrito, sendo alertado sobre a exigência a ser cumprida e sobre o prazo em que deverá fazê-lo. 
O parágrafo visa assegurar aos agentes fiscais o livre acesso aos livros e documentos fiscais, ao estoque de mercadorias, enfim, ao que for necessário para poderem efetuar a fiscalização. Os documentos particulares dos contribuintes e as operações protegidas pelo sigilo bancário estão fora do alcance do parágrafo único.
Trata-se de crime punido com as mesmas penas reservadas aos incisos que lhes antecedem, ou seja, reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.
2. ART. 2.º
Todos os delitos previstos no artigo 2.º são formais. Embora prevista pelo legislador, não se exige a efetiva redução ou supressão de tributo ou seu acessório para a consumação.
I – fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo.
 
Aparentemente, esse inciso I do artigo 2.º é idêntico ao mesmo inciso do artigo 1.º. Entretanto, as sanções nitidamente distintas, muito mais graves no artigo 1.º, reclamam uma forma de interpretação que se possa diferenciá-los. Há duas interpretações do inciso:
O artigo 2.º, inciso I, é a forma tentada do inciso I do artigo 1.º da Lei;
No inciso I do art. 2.º, o agente desejando suprimir ou reduzir tributo, insinua uma situação de isenção fiscal que não se coaduna com a sua real situação. Assim, o “eximir-se”, encontrado no art. 2.º, I, nada mais é do que uma isenção fiscal. Tanto isso é verdade, que o legislador no inciso ora estudado não inseriu as contribuições sociais e as obrigações acessórias, porque essas não se submetem ao regime de isenção fiscal. Nesse sentido Rui Stocco, nos comentários lançados no Código Penal e Sua Interpretação Jurisprudencial. Essa segunda posição é a que parece ser a mais acertada, porquanto torna-se difícil admitir que a figura tentada de um crime de resultado possa ser encontrada como figura autônoma de outro delito, de natureza formal.
Os núcleos são três: fazer declaração, omitir informação ou empregar outra fraude com a finalidade de pagar menos ou nenhum tributo. 
O crime admite a forma tentada nos comportamentos comissivos “fazer e empregar”. Quanto à conduta omissiva não se admite a tentativa. 
No tocante ao dolo, exige-se a finalidade especial de praticar o comportamento típico, ou seja, a de suprimir ou reduzir tributo. 
II – deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos.
Trata-se de conduta omissiva, que se assemelha à apropriação indébita. Exige-se rigor na constatação do dolo de suprimir ou reduzir tributo ou acessório. Assim, o ato isolado, advindo de dificuldades financeiras momentâneas, não configura o delito. 
Se a ação consistir no não recolhimento de contribuições devidas ao INSS, o crime em estudo será absorvido pelo crime definido no artigo 168-A do Código Penal, na redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.983, de 14 de julho de 2000. A lei supracitada entrou em vigor 90 dias após sua publicação, ocorrida no dia 17 de julho do mesmo ano, no Diário Oficial da União. Convém salientar que a alínea “d” do artigo 95 da Lei n. 8.212/91 (Lei da Seguridade Social) foi expressamente revogada pelo artigo 3.º da Lei. 9.983/2000. 
Segundo o que dispõe o § 2.° do já mencionado artigo 168-A do Código Penal, é extinta a punibilidade do agente que, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. O § 3.° do mesmo artigo 168-A prevê hipóteses em que o juiz poderá deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa, desde que se trate de agente primário e de bons antecedentes.
Lembramos, finalmente, que a Lei n. 9.983/2000 também incluiu no Código Penal o artigo 337-A, tipificando a sonegação de contribuição previdenciária, com pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa. Tal dispositivo retira parte da incidência do artigo 1.º da Lei de Sonegação Fiscal, especificamente em relação à contribuição previdenciária e seus acessórios.
O crime previsto no inciso II exige a comprovação cabal do dolo. Será a partir desse exame que afastaremos as hipóteses de mera inexecução das obrigações tributárias, as quais deverão ser perseguidas pelo fisco através dos executivos fiscais. 
Trata-se de crime formal, portanto a consumação ocorrerá no momento em que o tributo não for recolhido, respeitado o prazo legal.
III – Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal.
IV – Deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento.
Os incisos III e IV visam assegurar a aplicação correta dos incentivos fiscais, além de procurar evitar o comércio na captação de incentivos. Excepcionalmente, poderemos ter como sujeito ativo funcionários de instituições financeiras privadas que atuem na captação dos incentivos fiscais. 
V – Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Esse inciso pune o caixa dois eletrônico. As condutas visadas são a utilização ou divulgação do referido programa de processamento de dados. A elaboração do programa, simplesmente, não constitui comportamento típico.
É crime formal. Embora a finalidade seja suprimir ou reduzir o pagamento de tributo, ela não é exigida para a consumação do delito. 
Os delitos mencionados no artigo 2.°, que também é um crime de forma vinculada, são punidos com detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. É cabível, pois, presentes os demais requisitos, a suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei n. 9.099/95).
3. ART. 3.º
Os crimes definidos nos três incisos do artigo 3.° são funcionais, isto é, praticados por funcionários públicos. Logo, considerando o sujeito ativo da infração, tratam-se de crimes próprios.
Não incide a causa especial de aumento de pena prevista no artigo 12, inciso II, sob pena de bis in idem, pois a condição de funcionário público é elementar do tipo. Por tal razão, o artigo 12, caput, não faz referência ao artigo 3.º ora estudado.
	Aplica-se o artigo 514 do Código de Processo Penal (defesa preliminar do funcionário público) quando couber, isto é, em relação aos crimes afiançáveis. Disso decorre a exigência de aplicação do supracitado artigo, considerando a forma consumada dos crimes previstos no artigo 3.°, exclusivamente ao inciso III, porquanto a pena mínima cominada em abstrato é de 1 (um) ano de reclusão (conforme artigos 323 e 324 do Código de Processo Penal). Nos dois demais incisos, a pena mínima é de três anos de reclusão, o que os torna inafiançáveis, nos termos do inciso I do artigo 323 do Código de Processo Penal.
I – Extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social.
Como já anunciado, o sujeito ativo deve ser funcionário público. Trata-se de delito semelhante ao artigo 314do Código Penal, que não é aplicado nas hipóteses indicadas no inciso I do artigo 3.° por força do princípio da especialidade. 
Exige-se o dolo. Consuma-se o crime com o pagamento indevido ou inexato de tributo. Trata-se, pois, de crime material (conduta e resultado), admitindo a forma tentada.
	Pune-se com reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos e multa.
	II – Exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente.
O legislador, para criar a figura penal ora enfocada, inspirou-se nos crimes definidos nos artigos 316 (concussão) e 317 (corrupção passiva) do Código Penal. Enfatizamos, mais uma vez, que o inciso II é especial em relação aos dois crimes previstos no Código Penal.
	O inciso II do artigo 3.° é crime formal, consumando-se com a mera exigência, solicitação, ou recebimento de indevida vantagem. Exige-se que o dolo vise especial finalidade: deixar de lançar ou cobrar tributo, ou cobrá-lo parcialmente.
	Quanto à tentativa é necessário distinguir. No comportamento de exigir indevida vantagem, sendo ele materializado de forma verbal, trata-se de conduta unissubsistente, senda a forma tentada impossível. A forma escrita, quase não observável na prática por razões óbvias, admitiria a tentativa (conduta plurissubsistente). Quanto à solicitação, desde que de forma escrita, a forma tentada é admissível. No que concerne ao recebimento, a tentativa é inviável.
	O inciso II é punido com a mesma pena prevista para o inciso antecedente: reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos e multa.
	III – Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público.
À semelhança do artigo 321 do Código Penal, pune-se a advocacia administrativa. O inciso III é norma especial em relação à mencionada do Código Penal, devendo, portanto, prevalecer (princípio da especialidade).
Trata-se de crime de mera conduta, consumando-se quando o funcionário postula interesse privado perante a administração fazendária. O patrocínio pode ser explícito ou dissimulado.
 Como ensina Damásio E. de Jesus, a consumação ocorre com o primeiro ato de patrocínio, independentemente de o funcionário obter o resultado pretendido.
Admite-se a forma tentada. 
	A pena prevista para o inciso III é de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Admite-se a suspensão condicional do processo, presentes os demais requisitos.
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