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RENOVAÇÃO, REGENERAÇÃO E CICATRIZAÇÃO Darlene Rezende Cunha INTRODUÇÃO • As tentativas de restaurar a lesão induzida por uma agressão local começam muito cedo no processo da inflamação resultando em REPARO e substituição de células mortas ou danificadas por células saudáveis. • Em geral, o processo de reparo inclui dois processos distintos: • REGENERAÇÃO: substituição do tecido lesado por células parenquimatosas do mesmo tipo • CICATRIZAÇÃO: substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo INTRODUÇÃO • Para que possamos entender completamente os fenômenos aqui estudados, precisamos revisar a PROLIFERAÇÃO CELULAR PROLIFERAÇÃO CELULAR • Tamanho das populações celulares: • Proliferação • Diferenciação • Morte por apoptose • número de células • proliferação • diminuição da morte celular PROLIFERAÇÃO CELULAR • DIFERENCIAÇÃO CELULAR • Células diferenciadas incapazes de se reproduzir são chamadas de células terminalmente diferenciadas • O impacto da diferenciação depende do tecido onde ela ocorre: • Em alguns tecidos – não são substituídas • Em outros – morrem, mas são continuamente substituídas por novas células geradas PROLIFERAÇÃO CELULAR • A proliferação celular pode ser estimulada por condições: • Fisiológicas • Células endometriais • Patológicas • Hiperplasia prostática • Câncer PROLIFERAÇÃO CELULAR • Os tecidos do corpo são divididos em 3 grupos, com base na atividade proliferativa: • Lábeis (divisão contínua) • Estáveis (quiescentes) • Permanentes (não se dividem) PROLIFERAÇÃO CELULAR LÁBEIS: Processo regenerativo muito bom, com tendência de reconstruir o órgão de maneira integral • Tecido epitelial • Epiderme • Mucosa escamosa da cavidade oral • Vagina • Colo uterino • Mucosa que reveste ductos excretores das glândulas • Epitélio colunar do trato gastrointestinal • Útero • Mucosa transicional das vias urinárias • As células do tecido esplênico, linfóide e hematopoético PROLIFERAÇÃO CELULAR ESTÁVEIS: • Tendência a reconstruir parcialmente o tecido lesado • Fígado • Rim • Pâncreas • Células mesenquimatosas • Fibroblastos • Células musculares lisas • Osteoblastos • Condroblastos • Células endoteliais PROLIFERAÇÃO CELULAR PERMANENTES: • Tendência de não ocorrer reconstrução do tecido • Células nervosas • Células musculares esqueléticas • Células musculares cardíacas CÉLULA-TRONCO • São caracterizadas por suas propriedades de autorrenovação e por sua capacidade de gerar linhagens celulares diferenciadas CÉLULA-TRONCO • EMBRIONÁRIAS • ADULTAS (ou SOMÁTICAS) CÉLULA-TRONCO EMBRIONÁRIAS • No início do desenvolvimento embrionário, a massa interna do blastocisto contém células-tronco pluripotenciais conhecidas como células-tronco embrionárias • Dão origem as demais linhagens CÉLULA-TRONCO ADULTAS (ou SOMÁTICAS) • No organismo adulto, as células-tronco encontram-se presentes em tecidos que se dividem continuamente • Medula óssea • Pele • TGI • Fígado • Pâncreas • Tecido adiposo CÉLULA-TRONCO ADULTAS (ou SOMÁTICAS) • Residem em microambientes especiais, denominados nichos • Esses transmitem estímulos que regulam a autorrenovação da célula- tronco e a geração de células progenitoras CICLO CELULAR • A proliferação celular é um processo estreitamente regulado que envolve um grande número de moléculas e vias • É estimulada por fatores de crescimento ou por sinalização dos componentes da matriz extracelular • Para a replicação do DNA, a célula passa por uma sequência de eventos estreitamente controlados, conhecida como ciclo celular CICLO CELULAR • FASES: • G1 (pré-síntese) • S (síntese de DNA) • G2 (pré-mitótica) • M (mitose) • G0: células quiescentes, não entram no ciclo celular TIPOS CELULARES LÁBEIS • Células que continuamente se dividem, seguem o ciclo celular de uma mitose para a próxima (como os períodos S, G2 e M consomem tempo mais ou menos constante, o que varia nessas células é a duração do período G1) TIPOS CELULARES ESTÁVEIS • Células quiescentes abandonam o ciclo celular após a fase M e vão para o compartimento G0, nele permanecendo por um período variável • Se adequadamente estimuladas retornam ao ciclo na fase 'G1' TIPOS CELULARES PERMANENTES • Células perenes uma vez formadas abandonam permanentemente o ciclo celular e não mais se dividem estando destinadas a envelhecer e a morre INTRODUÇÃO • As tentativas de restaurar a lesão induzida por uma agressão local começam muito cedo no processo da inflamação resultando em REPARO e substituição de células mortas ou danificadas por células saudáveis. • Em geral, o processo de reparo inclui dois processos distintos: • REGENERAÇÃO: substituição do tecido lesado por células parenquimatosas do mesmo tipo • CICATRIZAÇÃO: substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo REGENERAÇÃO X CICATRIZAÇÃO REGENERAÇÃO • Crescimento de células e tecidos para substituir estruturas perdidas (ex. fígado e rim) – Requer matriz extracelular compacta • Resposta tecidual • Ferimentos (pele) • Processos inflamatórios (órgãos internos) • Necrose celular (órgãos incapazes de regenerar) CICATRIZAÇÃO REGENERAÇÃO • Promove a restituição da integridade anatômica e funcional do tecido • Todo o procedimento regenerativo se realiza em tecidos onde existem células lábeis ou estáveis, isto é, células que detêm a capacidade de se regenerar durante a vida extra-uterina, através da multiplicação e organização dessas células, constituindo um tecido idêntico ao original REGENERAÇÃO • Além dessa condição, a restituição completa só ocorre se existir um suporte, um tecido de sustentação subjacente ao local comprometido • Esse tecido é o responsável pela manutenção da irrigação e nutrição do local, fatores essenciais para o desenvolvimento da regeneração dentro dos padrões normais REGENERAÇÃO • Embora as células lábeis e estáveis possam regenerar-se, a reconstituição do tecido lesado depende da extensão do dano • Quando ocorre lesão importante/extensa da membrana basal, as células podem se proliferar de maneira desorganizada, comprometendo a restituição da estrutura normal do órgão CICATRIZAÇÃO • Quando a lesão ao tecido é grave ou crônica e resulta em lesão das células parenquimatosas e do arcabouço de estroma, a cura não pode ser efetuada por regeneração • Sob essas condições, o principal processo de cura ocorre por deposição de colágeno e outros elementos da MEC CICATRIZAÇÃO • Resposta fibroproliferativa que “remenda”, em vez de restaurar o tecido • Composto pelas seguintes características básicas: • Inflamação • Angiogênese • Migração e proliferação de fibroblastos • Formação de cicatriz • Remodelamento do tecido conjuntivo CICATRIZAÇÃO CICATRIZAÇÃO 1- FASE DE COAGULAÇÃO • O início é imediato após o surgimento da ferida. Essa fase depende da atividade plaquetária e da cascata de coagulação • Ocorre uma complexa liberação de produtos. Substâncias vasoativas, proteínas adesivas, fatores de crescimento e proteases são liberadas e ditam o desencadeamento de outras fases • A formação do coágulo serve não apenas para coaptar as bordas das feridas, mas também para cruzar a fibronectina, oferecendo uma matriz provisória, para que os fibroblastos, células endoteliais e queratinócitos possam ingressar na ferida CICATRIZAÇÃO 2- FASE DE INFLAMAÇÃO • Intimamente ligada à fase anterior, a fase de inflamação depende, além de inúmeros mediadores químicos, das células inflamatórias, como os leucócitos polimorfonucleares (PMN), macrófagos e linfócitos• Os PMN chegam no momento da injúria tissular e ficam por período que varia de três a cinco dias; são eles os responsáveis pela fagocitose das bactérias • O macrófago é a célula inflamatória mais importante dessa fase. Permanece do terceiro ao décimo dia. Fagocita bactérias, debrida corpos estranhos e direciona o desenvolvimento do tecido de granulação CICATRIZAÇÃO 2- FASE DE INFLAMAÇÃO • Os linfócitos aparecem na ferida em aproximadamente uma semana. Com suas linfocinas, têm importante influência sobre os macrófagos • Além das células inflamatórias e dos mediadores químicos, a fase inflamatória conta com o importante papel da fibronectina • Sintetizada por uma variedade de células como fibroblastos, queratinócitos e células endoteliais, ela se adere simultaneamente à fibrina, ao colágeno e a outros tipos de células, funcionando assim como cola para consolidar o coágulo de fibrina, as células e os componentes da matriz • Além de formar essa base para a matriz extracelular, tem propriedades quimiotáticas e facilita a fagocitose de corpos estranhos e bactérias CICATRIZAÇÃO 3- FASE DE PROLIFERAÇÃO • É responsável pelo "fechamento" da lesão. Inclui 3 processos: • 1- REEPITELIZAÇÃO • 2- FIBROPLASIA E FORMAÇÃO DA MATRIZ • 3- ANGIOGÊNESE CICATRIZAÇÃO 3- FASE DE PROLIFERAÇÃO • 1- REEPITELIZAÇÃO • Ocorre a proliferação e migração de células epiteliais não danificadas das bordas da ferida e dos anexos epiteliais, quando a ferida é de espessura parcial (derme incompleta), e apenas das margens nas de espessura total (derme completa ou estendida ao tecido celular subcutâneo) pois necessitam da formação de um novo tecido, o tecido de granulação. CICATRIZAÇÃO 3- FASE DE PROLIFERAÇÃO • 2- FIBROPLASIA E FORMAÇÃO DA MATRIZ • Formação do tecido de granulação: • Fibroblastos (célula crítica na formação da matriz) • Componentes neovasculares • Células inflamatórias • Matriz : fibronectina, glicosaminoglicanas e fibras colágenas finas (colágeno tipo III) CICATRIZAÇÃO 3- FASE DE PROLIFERAÇÃO • 2- FIBROPLASIA E FORMAÇÃO DA MATRIZ • A quantidade de colágeno aumenta com o tempo e com cerca de duas semanas suas fibras passam a predominar na matriz extracelular. O colágeno do tipo I, tendo fibras mais grossas e compactas, adquire proeminência em relação ao tipo III CICATRIZAÇÃO 3- FASE DE PROLIFERAÇÃO • 3- ANGIOGÊNESE • Essencial para o suprimento de oxigênio e nutrientes para a cicatrização • Inicialmente as células endoteliais migram para a área ferida, a seguir ocorre proliferação das células endoteliais, acesso para as células responsáveis pelas próximas fases Aspecto macroscópico finamente granular, brilhante, avermelhado CICATRIZAÇÃO 4- CONTRAÇÃO DA FERIDA • É o movimento centrípeto das bordas da ferida (espessura total) • As feridas de espessura parcial não contam com essa fase • Uma ferida de espessura total tem contração mesmo quando há enxertos, que diminuem em 20% o tamanho da ferida • Em cicatrizes por segunda intenção a contração pode reduzir 62% da área de superfície do defeito cutâneo CICATRIZAÇÃO 5- FASE DE REMODELAÇÃO • Essa é a última das fases; ocorre no colágeno e na matriz; dura meses e é responsável pelo aumento da força de tensão e pela diminuição do tamanho da cicatriz e do eritema • Reformulação dos colágenos, melhoria nos componentes das fibras colágenas reabsorção de água são eventos que permitem uma conexão que aumenta a força da cicatriz e diminui sua espessura • A neovascularizaçao diminui, e tardiamente a cicatriz é considerada avascular AS FERIDAS DA PELE PODEM CICATRIZAR POR: • Cicatriz por 1a. Intenção • Cicatriz por 2a. intenção CICATRIZAÇÃO CICATRIZAÇÃO CICATRIZ POR 1A. INTENÇÃO: • Com sutura, de fora para dentro com coaptação do bordos • Cicatriz limpa, delicada e estética • Cicatriz cirúrgica de cirurgia plástica • A incisão causa a morte de um numero limitado de células epiteliais, bem como de anexos dérmicos e células do tecido conjuntivo, o espaço incisional é estreito e imediatamente preenchido por sangue coagulado contendo fibrina e células sanguíneas; a desidratação do coágulo superficial constitui a “crosta” que cobre a ferida e a isola do meio ambiente CICATRIZAÇÃO CICATRIZ POR 2A. INTENÇÃO: • Não há como suturar porque não há como coaptar os bordos devido à perda de tecido • feridas infectadas, mordida de cachorro • Cicatriz grosseira, irregular e deformante CICATRIZ POR 2A. INTENÇÃO • Dos fatores gerais que interferem no processo de cicatrização: • Idade • estado nutricional • existência de doenças de base, como diabetes, alterações cardiocirculatórias e de coagulação, aterosclerose, disfunção renal, quadros infecciosos sistêmicos e • uso de drogas sistêmicas CICATRIZAÇÃO ASPECTOS PATOLÓGICOS • 1- Formação deficiente da cicatriz • 2- Formação excessiva dos componentes da cicatriz • 3- Formação de contraturas ASPECTOS PATOLÓGICOS 1- Formação deficiente da cicatriz • Formação inadequada do tecido de granulação • Deiscência de ferida • Ulceração ASPECTOS PATOLÓGICOS 2- Formação excessiva dos componentes da cicatriz • Cicatriz hipertrófica • Acúmulo excessivo de colágeno – dentro dos limites da ferida original • Queloides • Acúmulo excessivo de colágeno – cresce além dos limites da ferida original ASPECTOS PATOLÓGICOS 3- Formação de contraturas • Um exagero no processo de contração de ferida – contratura • Geralmente nas palmas das mãos, plantas dos pés e face anterior do tórax • Comum após queimaduras BIBLIOGRAFIA • Kumar, Vinay. Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8a edição. Rio de Janeiro : Elsevier, 2010. • Filho, Geraldo Brasileiro. Bogliolo: Patologia. 8a edição. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2012. • Franco, Marcello. Patologia: Processos Gerais. 6a edição. São Paulo: Atheneu, 2015.
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