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CRIMES CONTRA A PESSOA – Periclitação da Vida e da Saúde PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO ART. 130 DO CPB Moléstia Venérea: para fins penais, somente aquelas que o Min. Saúde cataloga/define como tal. Transmitidas por atos sexuais. Classificação Doutrinária: crime próprio quanto ao sujeito ativo e comum quanto ao sujeito passivo; de perigo concreto (podendo ocorrer dano na hipótese do §1º); formal (não exige efetiva contaminação); doloso (direto ou eventual – não se admite a modalidade culposa), instantâneo; comissivo. Sujeito Ativo: somente a pessoa contaminada. Sujeito Passivo: qualquer pessoa. Consumação: no momento em que a vítima se encontra numa situação de possível contaminação de doença venérea. Tentativa: admite-se. Bem juridicamente protegido: vida e saúde Prova Pericial: é fundamental que se comprove que o agente se encontrava, no momento da ação, contaminado por moléstia venérea. Modalidade qualificada (§1º): se o agente atua com dolo de dano, ou seja, quer efetivamente transmitir a moléstia. Suspensão condicional do processo: é possível, tanto na modalidade simples como na qualificada (pena mínima = 1 ano) IMPO Efetiva contaminação da vítima: mero exaurimento da conduta – crime de perigo. PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE ART.131 DO CPB PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE ART.131 DO CPB Moléstia Grave: aquelas que o Regulamento de Saúde Pública Nacional define como tal, que não sejam de natureza venérea (p. ex.: cólera, sarampo, tifo, lepra, tuberculose, etc.) Classificação Doutrinária: crime próprio quanto ao sujeito ativo e comum quanto ao sujeito passivo; doloso (direto – vez que a conduta do agente é dirigida finalisticamente a produzir um dano, NÃO admite-se a modalidade culposa); formal (vez que não exige efetiva contaminação); instantâneo; de dano. Sujeito Ativo: somente a pessoa contaminada por moléstia grave (crime próprio) Sujeito Passivo: qualquer pessoa Consumação: com a prática de atos destinados à transmissão da moléstia grave. Tentativa: admite-se. Bem juridicamente protegido: integridade corporal e saúde da vítima. Prova Pericial: é fundamental que se comprove que o agente se encontrava, no momento da ação, contaminado por moléstia grave. Suspensão condicional do processo: é possível se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95. Vítima morre em virtude da doença grave: se o dolo do agente era de lesão, vindo a vitima a falecer em decorrência da moléstia grave que lhe fora transmitida, desclassifica o tipo para lesão corporal seguida de morte. Transmissão do HIV: no caso do agente querer transmitir o HIV, seu dolo é de homicídio, assim entende majoritariamente a doutrina, por ser doença incurável pela medicina. PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM ART. 132 DO CPB Crime de caráter eminentemente subsidiário: somente será punido pelo tipo se não houver a produção de um resultado mais grave (jamais poderá haver dolo de dano – produção de qualquer resultado lesivo - em havendo desclassifica-se a infração penal). Caracteriza-se apenas pela consciência e vontade de expor a vítima a grave perigo. É limitado a determinada pessoa, ou pessoas individualizáveis (senão, trata-se de uma das hipóteses de crime de perigo comum). Classificação Doutrinária: crime comum; de perigo concreto; doloso (direto ou eventual – NÃO se admite a modalidade culposa); subsidiário; instantâneo. Sujeito Ativo: qualquer pessoa Sujeito Passivo: qualquer pessoa Consumação: com a prática de um comportamento que, efetivamente, traga perigo à vida ou saúde da vítima. Tentativa: será admissível, desde que, no caso concreto, se possa fracionar o inter criminis. Bem juridicamente protegido: vida e a integridade corporal ou saúde de outrem. Causa de aumento de pena (parágrafo único): foi inserida pela Lei 9.777/1998, no intuito de coibir práticas comuns, principalmente nas zonas rurais, de transporte clandestino e perigoso de trabalhadores. Suspensão Condicional do Processo: é possível (pena mínima = 1 ano) – IMPO – Lei 9.099/95 ABANDONO DE INCAPAZ ART. 133 DO CPB Conceito: pressupõe o comportamento de “deixar a própria sorte”, desamparar, afastar-se de pessoa que estava sob sua guarda, proteção ou vigilância. A vítima deve ser incapaz (absoluta ou relativamente) de defender-se dos riscos resultantes do abandono. Classificação Doutrinária: crime próprio (tanto quanto ao sujeito ativo, como ao sujeito passivo); de perigo concreto; doloso (eventual ou direto – NÃO admite a responsabilização criminal do agente a titulo de culpa); instantâneo; comissivo ou omissivo. Sujeito Ativo: somente aquele que, de acordo com obrigação legal ou contratual, está obrigado a cuidar, guardar, vigiar ou ter sob sua autoridade a vítima. Sujeito Passivo: somente aquela pessoa que se encontra sob os cuidados, guarda, vigilância ou autoridade do sujeito ativo. Consumação: no instante em que o abandono produz efetiva situação de perigo concreto para a vítima. Tentativa: admite-se. Bem juridicamente protegido: vida e integridade corporal ou saúde de outrem. Modalidades Qualificadas: §1º: se resultar lesão corporal grave §2º: se resultar morte Causas de aumento de pena: Se em local ermo; Se ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador; Se vítima maior de 60 anos. Suspensão condicional do processo: se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95, é possível. EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO ART. 134 DO CPB EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO ART. 134 DO CPB Conceito: trata-se de modalidade especial de abandono de incapaz. Os verbos expor e abandonar, do ponto de vista penal, possui igual sentido. Exige-se especial fim de agir: para ocultar desonra própria. Classificação doutrinária: crime próprio (tanto quanto ao sujeito ativo como quanto ao sujeito passivo); de perigo concreto; doloso (direto = para ocultar desonra própria, NÃO admitindo a modalidade culposa); instantâneo; comissivo ou omissivo. Sujeito Ativo: somente a mãe Sujeito Passivo: somente o recém-nascido Consumação: no momento em que a exposição ou abandono resultar em perigo concreto. Tentativa: admite-se. Bem juridicamente protegido: saúde e vida do recém-nascido Modalidades Qualificadas - somente podem ser imputadas a título de culpa: Se resulta em lesão corporal grave; Se resulta em morte. Suspensão Condicional do Processo: se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95, é possível (pena mínima até 1 ano) OMISSÃO DE SOCORRO ART. 135 DO CPB Núcleo do Tipo: consiste em deixar (não fazer algo) de assistir/ajudar, quando podia fazê-lo sem risco pessoal: a) criança abandonada (menor de 12 anos); b) pessoa inválida (velhos, enfermos, paralíticos, cegos, etc.); c) pessoa ferida (seja por ação de terceiro, caso fortuito ou até mesmo por vontade própria) OU não pedir ajuda a autoridade pública competente, quando não for possível prestar o auxílio. Classificação Doutrinária: crime comum, quanto ao sujeito ativo e próprio quanto ao sujeito passivo; de perigo concreto; doloso (eventual ou direto – NÃO se admite a forma culposa); omissivo próprio; instantâneo. Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Sujeito Passivo: somente a criança abandonada, pessoa inválida ou ferida, que se encontre em situação de desamparo ou iminente perigo. Consumação: com a simples omissão em socorrer – negativa de prestar socorro que importe concretamente risco para a vida ou saúde da vítima. Tentativa: não se admite. Bem juridicamente protegido: a vida e a saúde. Causas de aumento de pena – somente podem ser atribuídas a título de culpa (parágrafo único): Se resulta em lesão corporal grave;Se resulta em morte. Suspensão condicional do processo: é possível se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95. Obrigação Solidária: traduz um dever solidário, assim, se várias pessoas podem, em determinada situação, socorrer, tal obrigação é atribuída a todas elas. Se um dos agentes se habilita a prestar socorro, não se exige dos demais o mesmo comportamento. MAUS-TRATOS ART. 136 DO CPB Núcleo do Tipo – crime de ação múltipla: Privação de alimentação; Privação de cuidados indispensáveis (p.ex.: vestuário, assistência medica, higiene, etc.); Sujeição de trabalhos excessivos; Sujeição de trabalhos inadequados; Abuso nos meios de correção ou disciplina. Especial fim de agir: educação, ensino, tratamento ou custódia. Classificação Doutrinária: crime próprio (tanto quanto ao sujeito ativo, como ao sujeito passivo); de perigo concreto; doloso (direto ou eventual – NÃO é possível na modalidade culposa); instantâneo; comissivo ou omissivo. Sujeito Ativo: somente quem detém autoridade, guarda ou vigilância sobre a vítima. Sujeito Passivo: somente aquele que está sob autoridade, guarda ou vigilância do agente. Consumação: com a efetiva criação de perigo para a vida ou saúde da vítima. Tentativa: é admissível, se for possível, no caso concreto, o fracionamento do inter criminis. Bem juridicamente protegido: a vida e a saúde. Modalidades Qualificadas – somente são admitidas a título de culpa: §1º: se resulta em lesão corporal de natureza grave; §2º: se resulta de morte. Causa de aumento de pena (§3º): quando praticado contra pessoa menor de 14 anos. Suspensão condicional do processo: é possível se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95. Competência para julgamento: é dos Juizados Especiais Criminais, pois a pena máxima privativa de liberdade não excede os 2 anos (art. 69 da Lei 9.099/95)
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