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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO –Da Apropriação Indébita APROPRIAÇÃO INDÉBITA ART. 168 DO CPB Elementos do Tipo: Conduta de apropriar-se (apoderar-se indevidamente) de coisa alheia móvel (qualquer bem passível de remoção); Existência de posse ou mesmo detenção sobre a coisa por parte do agente; O surgimento do dolo de apropriar-se após a posse ou detenção. Classificação Doutrinária: crime próprio (tanto com relação ao sujeito ativo, como quanto ao sujeito passivo); doloso (não comporta a modalidade culposa – dolo específico); material (exige resultado); instantâneo. Sujeito Ativo: somente aquele que tiver a posse ou detenção sobre a coisa móvel. Sujeito Passivo: o proprietário da coisa móvel. Consumação: no momento que o agente inverte o titulo da posse, passando a agir como dono, recusando-se a devolver a coisa ao seu legítimo dono. Tentativa: a maioria da doutrina admite. Bem juridicamente protegido: patrimônio – direito de propriedade. Causas de aumento de pena (§1º) – obrigatoriamente em 1/3: Depósito necessário (art. 647, I e II do CC); Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; Em razão de ofício, emprego ou profissão. Forma privilegiada (§2º): Agente primário; Pequeno valor da coisa apropriada indebitamente; Pena poderá ser substituída. Diferença entre apropriação indébita e estelionato: o momento em que surge o dolo de apropriar-se. Se antes da posse/detenção sobre a coisa = estelionato; se após a posse/detenção = apropriação indébita. Arrependimento posterior: a devolução da quantia apropriada antes do recebimento da denúncia não enseja extinção de punibilidade, mas será possível a aplicação de causa de diminuição de pena (STJ e STF). Prescindibilidade de prestação de contas e prova pericial à configuração do delito: é inexigível, tanto a prévia prestação de contas como a prova pericial para caracterizar a apropriação indébita (STJ). APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁ RIA ART. 168-A DO CPB APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁ RIA ART. 168-A DO CPB Elementos do Tipo: Conduta de deixar de repassar à previdência social; Contribuições já anteriormente recolhidas do contribuinte; No prazo e forma legal ou convencional. *Significa que foram efetivamente descontados do contribuinte valores cabidos à previdência social, não lhe sendo repassado. Classificação Doutrinária: crime próprio (tanto com relação ao sujeito ativo, como quanto ao sujeito passivo); doloso (não há previsão da modalidade culposa e também não exige dolo específico); omissivo próprio (puro = não fazer); de mera conduta; instantâneo; de forma vinculada. Sujeito Ativo: somente pode ser praticado por aquele que tenha a obrigação legal de repassar à previdência social as contribuições recolhidas (não abrange a pessoa jurídica, somente seu representante legal). Sujeito Passivo: é a previdência social (INSS) Consumação: se consuma no momento em que o agente decide deixar de repassar as contribuições ou outras importâncias, depois de ultrapassado o prazo legal ou convencional para tanto. Tentativa: é inadmissível (crime omissivo próprio) Bem juridicamente protegido: patrimônio de todos os cidadãos que fazem parte do sistema previdenciário (Seguridade Social – art. 194 CF/88) Modalidades assemelhadas (§1º) – na mesma pena incorre quem deixar de: Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurado, terceiro ou arrecadada do público; Recolher contribuições devidas à previdência, que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou prestação de serviços; Pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. Extinção de punibilidade (§2º) – requisitos: O agente deverá declarar aquilo que efetivamente recolheu do contribuinte E (ato contínuo) confessar que não levou a efeito o repasse das contribuições recolhidas à previdência social; Em seguida deverá efetuar o pagamento, tanto do principal quanto dos acessórios das contribuições; Marco temporal = até o início da ação fiscal (fiscalização) Crítica: os delitos de ordem tributária tornam-se pseudocrimes, que permitem, “magicamente”, a extinção da punibilidade com o pagamento. Há um claro favorecimento a sujeitos passivos com o patrimônio elevado, os quais, independente do dolo de fraudar o sistema e apoderar-se dos tributos devidos, podem facilmente quitar suas dívidas e escapar tranquilamente, da responsabilidade penal – seletividade penal. Perdão judicial e pena de multa (§3º) - deixa à disposição do julgador as duas opções, se: Agente é primário e portador de bons antecedentes; Tenha promovido o pagamento depois do início da ação fiscal e antes de promovida a denúncia OU Se o valor das contribuições devidas for igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social. Princípio da Insignificância: aplica-se, como excludente de tipicidade, quando o valor dos tributos devidos é inferior a R$ 10 mil (STF). Competência: Justiça Federal – crime contra a previdência social (art. 109, I da CFB/88). APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA ART. 169, CAPUT, DO CPB Elementos do Tipo: Conduta de se apropriar (tomar para si, apoderar-se) de coisa alheia; Que a coisa alheia tenha vindo ao poder do agente por erro, caso fortuito ou força da natureza (é necessário que o erro seja da vítima). Classificação Doutrinária: crime comum (quanto ao sujeito ativo) e próprio (quanto ao sujeito passivo); doloso (não comporta a modalidade culposa); de dano; permanente. Sujeito Ativo: qualquer pessoa Sujeito Passivo: aquele que se viu prejudicado com o desapossamento da coisa (pode ser pessoa física ou jurídica) Consumação: quando o agente, depois de tomar conhecimento de que a coisa alheia chegou ao seu poder por erro, caso fortuito ou força maior, resolve com ela permanecer, agindo como se dono fosse. Tentativa: é admissível. Bens juridicamente protegidos: propriedade e posse. APROPRIAÇÃO DE TESOURO APROPRIAÇÃO DE TESOURO ART. 169, INC. I DO CPB Elementos do Tipo: Conduta de apropriar-se (parcial ou total) de tesouro achado em prédio alheio; A apropriação deverá incidir sobre a quota a que tem direito o proprietário do prédio. *Tesouro: fato de ser desconhecido ao proprietário. Quem achar um tesouro deve dividi-lo em partes iguais com o proprietário do prédio. Classificação Doutrinária: crime comum (quanto ao sujeito ativo) e próprio (quanto ao sujeito passivo); doloso (não comporta a modalidade culposa); de dano; instantâneo. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: proprietário do prédio onde foi encontrado o tesouro. Consumação: no momento em que o tesouro é descoberto e o agente dele se apropria. Tentativa: é admissível. Bem juridicamente protegido: patrimônio, ainda desconhecido, mas pertencente ao dono do prédio (direito de propriedade) APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA ART. 169, INC. II DO CPB Elementos do Tipo: Conduta de apropriar-se (total ou parcialmente) de coisa alheia perdida (aquela que o dono/possuidor não saiba onde efetivamente se encontra); Não restituir ao dono/legítimo possuidor OU não entregá-la a autoridade competente no prazo de 15 dias (o reconhecimento da infração está condicionado ao decurso do prazo legal). Classificação Doutrinária: crime comum (tanto com relação ao sujeito ativo, como quanto ao sujeito passivo); doloso (não admite a modalidade culposa); omissivo próprio (não fazer); de dano; material; instantâneo. Sujeito ativo: qualquer pessoa que acha coisa alheia perdidae dela se apropria. Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que seja dono ou legítimo possuidor da coisa perdida. Consumação: quando o agente, agindo com o dolo de se apropriar, não restitui a coisa ao dono/possuidor ou entrega a autoridade competente, no prazo de 15 dias. Tentativa: não admite-se. Bem juridicamente protegido: direito de propriedade e a posse. ART. 170 DO CPB Modalidade Privilegiada: primariedade do agente e pequeno valor da coisa apropriada = diminuição ou substituição da pena. TODAS AS INFRAÇÕES DO ART. 169 DO CPB Competência para julgamento = JECRIM (pena máxima cominada não ultrapassa 2 anos – IMPO)
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