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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - Do Estelionato E outras Fraudes ESTELIONATO ART. 171 DO CPB ESTELIONATO ART. 171 DO CPB ESTELIONATO ART. 171 DO CPB Elementos do Tipo: Conduta do agente dirigida finalisticamente à obtenção de vantagem ilícita, em prejuízo alheio; A vantagem ilícita pode ser para o próprio agente ou para terceiro; A vítima é induzida ou mantida em erro; O agente se vale de um artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento para conseguir o seu fim. *binômio: vantagem ilícita + prejuízo alheio (ambos de natureza econômica) Classificação Doutrinária: crime comum (tanto quanto o sujeito ativo, como quanto ao sujeito passivo); doloso (não há previsão da modalidade culposa); material (exige resultado = obter vantagem ilícita); comissivo e omissivo (manter a vitima em erro); instantâneo; de dano. Sujeito Ativo: qualquer pessoa Sujeito Passivo: qualquer pessoa que possua capacidade de discernimento para que possa ser induzido ou mantido em erro. Consumação: quando o agente consegue obter a vantagem ilícita em prejuízo da vítima. Tentativa: admite-se. Bem juridicamente protegido: patrimônio alheio (bens móveis ou imóveis). Modalidade Privilegiada (§1º): Primariedade do agente e pequeno valor do prejuízo (+/- 1 salário mínimo); Substituição ou diminuição da pena. Modalidades Especiais (§2º): Disposição de coisa alheia como própria = vender, permutar, dar em pagamento, em locação ou garantia; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria do agente = importa no silencio/omissão que os bens estão gravados de ônus ou existe litígio pendente sobre a coisa (promessa de compra e venda NÃO se encontra no rol dos comportamentos típicos); Defraudação de penhor = agente aliena a coisa móvel que está em seu poder (fraudar garantia dada em penhor, por venda, doação ou troca); Fraude na entrega de coisa = modificando a substância, qualidade ou quantidade da coisa, antes da sua efetiva entrega (em se tratando de produto alimentício destinado ao consumo = art. 272 do CPB; se de produtos medicinais/terapêuticos = art. 273 do CPB); Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro = destruir/ocultar coisa própria; causar/agravar lesão no próprio corpo ou à saúde para conseguir a indenização (crime de natureza formal); Fraude no pagamento por meio de cheque = quando o agente tiver agido dolosamente na sua emissão (súmula 246 do STF), consuma-se com a recusa do sacado em efetuar o pagamento (súmula 521 do STF). *STJ = cheques pré-datados afastam a fraude específica do art. 171, §2º, IV do CPB. Causa de aumento de pena (§3º) – quando o crime é cometido: Em detrimento de entidade de Direito Público ou Instituto de Economia Popular, Assistência Social e/ou Beneficência. Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes. Vide súmula 24 do STJ. Imunidade Penal: aplica-se a isenção de pena prevista no art. 181 do CPB, exceto ao estranho que participa do crime e se o crime é cometido contra pessoa maior de 60 anos. Suspensão Condicional do Processo: é cabível quando não incidir causa de aumento de pena (presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95) Estelionato e Falsidade Documental: deveria o agente responder pelas duas infrações em concurso de crimes? 1ª posição: O agente responde pelo falso (crime formal), afastando-se o estelionato = Hungria; 2ª posição: concurso material de crimes (infrações penais ofendem bens jurídicos diferentes); 3ª posição: concurso formal de crimes (o falso é um meio para a prática do estelionato); 4ª posição: o crime fim (estelionato) deverá absorver o crime meio (falso), logo responde apenas pelo estelionato = Greco; 5ª posição: só é possível cogitar a absorção do crime meio (falso) pelo crime fim (estelionato) quando não restar depois de sua utilização, qualquer potencialidade lesiva = Súm. 17 STJ Diferença entre estelionato e apropriação indébita: o momento em que surge o dolo de apropriar-se. Se antes da posse/detenção sobre a coisa = estelionato; se após a posse/detenção = apropriação indébita. Extinção da punibilidade pelo pagamento: só é possível até o recebimento da denúncia – vide súmula 554 do STF. Cola eletrônica configura estelionato? O STF reconheceu que tal conduta é penalmente atípica (HC 88967, DJ 13.04.2007, p.102). DUPLICATA SIMULADA ART. 172 DO CPB Elementos do Tipo: Conduta de emitir (colocar em circulação) fatura, duplicata ou nota de venda; A falta de correspondência com a mercadoria vendida em quantidade/qualidade ou com o serviço prestado. Classificação Doutrinária: crime próprio (quanto ao sujeito ativo) e comum (quanto ao sujeito passivo); doloso (não admite a modalidade culposa); comissivo; formal (não exige o efetivo prejuízo); de perigo; instantâneo. Sujeito ativo: aquele que emite a fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponde à mercadoria vendida ou serviço prestado. Sujeito passivo: é o recebedor de boa-fé. Consumação: no momento que o título de crédito é colocado em circulação, sendo apresentada para desconto (não há necessidade de efetivo prejuízo a terceiro =crime formal). Tentativa: se possível fracionar o inter criminis. Bem juridicamente protegido: patrimônio. Incorrerá nas mesmas penas o agente que (parágrafo único): Falsificar (inserir dados inexatos) ou Adulterar (modificar conteúdo já existente) na escrituração do livro ou registro de duplicatas Competência para julgamento: JECRIM – aplicam-se todos os institutos da Lei 9.099/95 (IMPO). Imunidade Penal: aplica-se a isenção de pena prevista no art. 181 do CPB, exceto ao estranho que participa do crime e se é cometido contra pessoa maior de 60 anos. ABUSO DE INCAPAZES ART. 173 DO CPB Elementos do tipo: Conduta de abusar (se aproveitar, tirar vantagem); Em proveito próprio ou alheio; De necessidade, paixão ou inexperiência de menor ou da alienação/debilidade mental de outrem; Indução à prática de ato suscetível a produzir efeito jurídico; Prejuízo próprio ou de terceiro (de natureza patrimonial). Classificação Doutrinária: crime comum (com relação ao sujeito ativo) e próprio (com relação ao sujeito passivo); doloso (não há previsão da modalidade culposa); formal (não exige a ocorrência do prejuízo); comissivo; instantâneo. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: somente incapaz (menor ou débil mental) Consumação: quando o incapaz pratica o ato para o qual fora induzido (não havendo necessidade de sofrer, efetivamente, o prejuízo de patrimonial). Tentativa: é possível. Bem juridicamente protegido: patrimônio do incapaz ou de terceira pessoa que poderia ser prejudicada por meio de seu ato. Imunidade Penal: aplica-se a isenção de pena prevista no art. 181 do CPB, exceto ao estranho que participa do crime e se é cometido contra pessoa maior de 60 anos. INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO ART. 174 DO CPB INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO ART. 174 DO CPB Elementos do Tipo: Conduta de abusar (tirar proveito/vantagem); Em proveito próprio ou alheio; Da inexperiência/simplicidade/inferioridade mental de outrem; Indução à prática de jogo/aposta/especulação com títulos ou mercadorias; Conhecimento (real ou potencial) de que a operação é ruinosa. Classificação Doutrinária: crime comum (quanto ao sujeito ativo) e próprio (quanto ao sujeito passivo); doloso (não há previsão da modalidade culposa); formal (independe do prejuízo); de forma vinculada (jogo, aposta ou especulação com título ou mercadorias); instantâneo. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: somente pessoa inexperiente, simples ou de inferioridade mental (p.ex.: menor, homem rústico, idoso ou ingênuo). Consumação: ocorre quando a vítimapratica alguns dos comportamentos para os quais fora induzida. Tentativa: admite-se. Bem juridicamente protegido: patrimônio de pessoas que, em virtude de inexperiência, simplicidade ou inferioridade mental, podem ser levadas à ruína. Imunidade Penal: aplica-se a isenção de pena prevista no art. 181 do CPB, exceto ao estranho que participa do crime e se é cometido contra pessoa maior de 60 anos. Suspensão condicional do processo: é possível, tendo em vista a pena mínima cominada (art. 89 da Lei 9.099/95). FRAUDE NO COMÉRCIO ART. 175 DO CPB FRAUDE NO COMÉRCIO ART. 175 DO CPB ATENÇÃO: o inciso I do art. 175 do CPB foi REVOGADO pela lei que definiu os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo (Lei 8.137/90). Elementos do Tipo: Conduta de enganar (induzir em erro, iludir); No exercício de atividade comercial; Adquirente ou consumidor; Entregando uma mercadoria por outra (“gato por lebre”). *Tratando-se de substâncias alimentícias ou destinadas a fins terapêuticos/medicinais, responderá o agente pelos delitos previstos nos arts. 272 e 273 do CPB. Classificação Doutrinária: crime próprio (em relação ao sujeito ativo) e comum (em relação ao sujeito passivo); doloso (não admite a modalidade culposa); comissivo; de dano; material; de forma livre; instantâneo. Sujeito ativo: somente comerciante e/ou comerciário Sujeito passivo: qualquer pessoa na qualidade de adquirente e/ou consumidor Consumação: a partir do momento que a vítima percebe que recebeu mercadoria trocada. Tentativa: admite-se (desde que seja possível fracionar o inter criminis). Bem juridicamente protegido: patrimônio. Modalidade qualificada (§1º) – devido à maior gravidade, são punidos com reclusão: Alteração de obra que lhe é encomendada na qualidade/peso do metal; Substituição, no mesmo caso, de pedra verdadeira por falsa ou de menor valor; Venda de pedra falsa por verdadeira; Venda, como precioso, de metal de outra qualidade. Modalidade privilegiada (§2º): se o agente é primário e de pequeno valor a mercadoria trocada, o juiz poderá substituir ou diminuir a pena. Imunidade Penal: aplica-se a isenção de pena prevista no art. 181 do CPB, exceto ao estranho que participa do crime e se é cometido contra pessoa maior de 60 anos. Competência para julgamento: JECRIM (na modalidade fundamental); será possível a proposta de suspensão condicional do processo mesmo na modalidade qualificada (art. 89 da Lei 9.099/95). OUTRAS FRAUDES ART. 176 DO CPB ATENÇÃO: dentre as fraudes, esse tipo foi o que sofreu menor reprovação, haja vista a cominação da pena e a multa como alternativa. Elementos do tipo: Conduta de tomar refeição em restaurante (sentido amplo: bares, lanchonetes, pensões, etc.) – seja ou não no próprio restaurante; Conduta de alojar-se em hotel (qualquer lugar destinado a receber hóspedes – motéis, hospedarias, estalagens, campings, pousadas, etc.); Conduta de utilizar meio de transporte (todo aquele utilizado para locomover-se, transportar pessoas de um lugar para outro); Indisponibilidade de recursos necessários para efetuar o pagamento (ao praticar um dos comportamentos descritos no tipo). Classificação Doutrinária: crime comum (com relação ao sujeito ativo) e próprio (com relação ao sujeito passivo); doloso (não admite a modalidade culposa); material; de dano; de forma livre; instantâneo. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: somente quem presta o serviço que deve ser pago (tanto pessoa física, como jurídica) Consumação: quando o agente, pratica qualquer dos comportamentos descritos no tipo. Tentativa: é admissível. Bem juridicamente protegido: patrimônio. Perdão Judicial (parágrafo único): o juiz, pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
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