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Finanças públicas no período recente Revisão: conceitos • O resultado nominal é o conceito fiscal mais amplo e representa a diferença entre o fluxo agregado de receitas totais (inclusive de aplicações financeiras) e de despesas totais (inclusive despesas com juros), num determinado período. Essa diferença corresponde à necessidade de financiamento do setor público (NFSP). Revisão: conceitos • O resultado operacional corresponde ao resultado nominal excluída a parcela referente à atualização monetária da dívida líquida. • O conceito de resultado operacional é relevante em países de inflação alta (como o Brasil antes do Plano Real), uma vez que exclui o impacto da inflação sobre a necessidade de financiamento do setor público. • A função da atualização monetária é simplesmente repor a parcela do estoque da dívida corroída pela variação dos preços. • Em países com baixa inflação, onde o fator correção monetária é pouco expressivo, o conceito de resultado operacional perde relevância e tende a ser próximo do resultado nominal. Revisão: conceitos • O resultado primário corresponde ao resultado nominal excluída a parcela referente aos juros nominais (juros reais mais a atualização monetária) incidentes sobre a dívida líquida. • O resultado primário, uma vez que não considera a apropriação de juros sobre a dívida existente, evidencia o esforço fiscal do setor público livre da “carga” dos déficits incorridos no passado, já que as despesas líquidas com juros (também chamada carga de juros) dependem do estoque total da dívida pública e das taxas de juros que incidem sobre esse estoque. Se o setor público gasta menos do que arrecada, desconsiderando a apropriação de juros sobre a dívida existente, há superávit primário Revisão: conceitos • Abrangência do conceito: O conceito de setor público considerado para efeitos de mensuração do resultado fiscal é o setor público não-financeiro mais o Banco Central do Brasil (BCB). O setor público não- financeiro, por sua vez, é composto pelo governo federal, governos estaduais, governos municipais, empresas estatais federais, estaduais e municipais e o INSS. Revisão: conceitos O setor público é usualmente dividido em três grandes grupos: • Governo Central – definido como a soma das contabilizações das administrações federais (aqui representadas pelo resultado do Tesouro Nacional), do BCB e do sistema público de previdência para o setor privado (INSS). O resultado do Tesouro Nacional também engloba o resultado da previdência dos servidores públicos federais. • Governos regionais – são consideradas as contabilizações das administrações estaduais e municipais. • Empresas estatais – são considerados os resultados de empresas estatais nos três níveis de governo2. Revisão: conceitos • Os resultados fiscais podem ser apurados de duas formas: • “acima da linha”, que corresponde à diferença entre as receitas e as despesas do setor público; e • “abaixo da linha”, que corresponde à variação da dívida líquida total, interna ou externa. – Pelo método “abaixo da linha”, o resultado nominal equivale à variação total da dívida fiscal líquida no período. Revisão: conceitos • As receitas e despesas fiscais podem ser contabilizadas pelo regime de caixa ou de competência. – Pelo regime de caixa, são computadas no mês do efetivo recebimento/desembolso de recursos; – Pelo regime de competência, no mês do fato gerador da receita/despesa. – Por exemplo, os salários dos funcionários públicos referentes a novembro de 2011 e pagos em dezembro sensibilizam as estatísticas de gastos em novembro, se apurados pelo regime de competência, ou em dezembro, se apurados pelo regime de caixa. http://www4.bcb.gov.br/pec/gci/po rt/focus/faq%204- indicadores%20fiscais.pdf BANCO CENTRAL DO BRASIL (2013) Indicadores Fiscais. Série Perguntas Mais Frequentes. Administrações públicas • Compostas pela União, 26 estados, DF e 5563 municípios • 15% do valor agregado da economia a preços básicos • Consomem cerca de 20% do PIB • Arrecadam perto de 36% em tributos • “Devolvem” à sociedade perto de 16% em benefícios previdenciários, de assistência social e subsídios Fatos estilizados das finanças públicas brasileiras pós-real • Comportamento volátil da DLSP entre 1999- 2003 – Peso elevado do dólar na composição da dívida – Crises cambiais de 1999 e 2002 forçaram o governo a criar impostos e aumentar alíquotas ou bases de incidência dos já existentes, elevando a carga tributária Fatos estilizados das finanças públicas brasileiras pós-real • Elevação da carga tributária bruta – Possibilita o aumento das transferências • Elevação dos gastos com transferências de assistência e previdência – Melhoria da distribuição pessoal da renda Fonte: Ipea (2009) - 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Superávit primário (% do PIB) Fonte: BCB, elaboração própria 20 25 30 35 40 45 50 55 60 19 96 .0 1 19 96 .0 7 19 97 .0 1 19 97 .0 7 19 98 .0 1 19 98 .0 7 19 99 .0 1 19 99 .0 7 20 00 .0 1 20 00 .0 7 20 01 .0 1 20 01 .0 7 20 02 .0 1 20 02 .0 7 20 03 .0 1 20 03 .0 7 20 04 .0 1 20 04 .0 7 20 05 .0 1 20 05 .0 7 20 06 .0 1 20 06 .0 7 20 07 .0 1 20 07 .0 7 20 08 .0 1 20 08 .0 7 20 09 .0 1 DLSP com Petrobras e Eletrobras, jan/96-abr/09 (% do PIB) out/1998 jan/2003 ago/2008 Fonte: BCB, elaboração própria Fonte: BCB, elaboração própria 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 DLSP (% do PIB) Alguns conceitos • DLSP = dívida total (bruta) – valor dos ativos • Suponha uma dívida bruta de R$ 2,5 trilhões, ativos financeiros de propriedade do setor público de R$ 1,5 trilhão, DLSP = 1 trilhão • Suponha, por simplicidade, que a taxa de juros paga pelo governo sobre a dívida é a mesma que ele recebe pelos seus ativos = 10% despesas líquidas com juros: R$ 250 bilhões – R$ 150 bilhões = R$ 100 bilhões Alguns conceitos • A DSLP pode aumentar de duas maneiras: 1) Se o superávit primário for insuficiente para arcar com as despesas líquidas com juros Significa que o governo tem que endividar-se ainda mais para arcar com parte dos juros que deve Alguns conceitos • A DSLP pode aumentar de duas maneiras: 2) Devido ao ajuste cambial que corrige parte da dívida em moeda externa (dívida externa do governo) a DLSP pode aumentar mesmo que o superávit primário seja maior que as despesas com juros (ou seja, que o governo gere superávit nominal) Alguns conceitos • Um exemplo numérico: – Suponha que parte da dívida bruta de R$ 2,5 trilhões seja formada por uma dívida de US$ 500 bilhões a uma taxa de R$ 2/US$ = R$ 1 trilhão. – Se a taxa de câmbio sofrer uma desvalorização de 50%, passando para R$ 2/US$, a mesma dívida de US$ 500 milhões agora vale R$ 1,5 trilhão, e a dívida bruta agora é de R$ 3 trilhões Variação na DLSP e fatores condicionantes (R$ bi) Fonte: Ipea (2009) 20 25 30 35 40 45 50 55 60 19 96 .0 1 19 96 .0 7 19 97 .0 1 19 97 .0 7 19 98 .0 1 19 98 .0 7 19 99 .0 1 19 99 .0 7 20 00 .0 1 20 00.0 7 20 01 .0 1 20 01 .0 7 20 02 .0 1 20 02 .0 7 20 03 .0 1 20 03 .0 7 20 04 .0 1 20 04 .0 7 20 05 .0 1 20 05 .0 7 20 06 .0 1 20 06 .0 7 20 07 .0 1 20 07 .0 7 20 08 .0 1 20 08 .0 7 20 09 .0 1 DLSP com Petrobras e Eletrobras, jan/96-abr/09 (% do PIB) out/1998 jan/2003 ago/2008 Desvalorização cambial Fonte: BCB, elaboração própria Mudança da composição da dívida • É outro aspecto importante a se considerar na análise da dinâmica da DLSP – A praticamente zeragem da dívida atrelada ao câmbio fez com que a dívida bruta se tornasse menos sensível às variações cambiais Fonte: BCB, elaboração própria -10,0 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 Dívida mobiliária federal por indexador Selic Câmbio Pré-fixado Índices de preços outros janeiro 1999 outubro 2002 setembro 2008 Acúmulo de reservas internacionais • Finalmente, o acúmulo de ativos externos em quantidade superior à dívida externa do governo a partir de 2007 fez com que a dívida líquida passe a cair após desvalorizações cambiais – dinâmica distinta da observada até então Variação na DLSP e fatores condicionantes (% do PIB) 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Dívida líquida total - saldo 45,5 38,5 42,8 40,2 36,5 35,3 33,6 Dívida líquida - var. ac. ano -1,7 -7,0 4,3 -2,6 -2,7 -1,1 -1,7 Fatores condicionantes: 3,4 -1,4 6,1 3,1 0,8 0,9 1,6 NFSP 2,8 2,0 3,3 2,5 2,6 2,5 3,3 Primário -3,3 -3,4 -2,0 -2,8 -3,1 -2,4 -1,9 Juros nominais 6,1 5,5 5,4 5,3 5,7 4,9 5,1 Ajuste cambial 0,8 -2,6 2,5 0,5 -1,6 -1,3 -2,0 Dívida mobiliária interna indexada ao câmbio -0,1 0,1 -0,1 0,0 -0,1 -0,1 -0,1 Dívida externa - metodológico 0,9 -2,7 2,6 0,4 -1,5 -1,2 -1,9 Dívida externa - outros ajustes -0,1 -0,9 0,3 0,0 -0,2 -0,1 0,4 Reconhecimento de dívidas 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 -0,1 -0,1 Privatizações 0,0 0,0 -0,1 -0,1 0,0 0,0 0,0 Efeito do crescimento do PIB sobre a dívida -5,2 -5,6 -1,9 -5,7 -3,5 -2,1 -3,3 Fonte: BCB, elaboração própria Crises cambiais, juros e política fiscal • Aumento de juros como resposta às crises cambiais de 1999 e 2002 • Aumento de alíquotas e base de incidência de impostos como resposta da política fiscal Aumento da carga tributária Aumento da carga tributária • Aumento de 9 pontos percentuais a partir de 1995 • Viabilizou o superávit primário em contexto de expansão de gastos (inclusive com juros e transferências) Evolução da carga tributária bruta Fonte: Ipea (2009) Aumento da carga tributária no período pós-Real (% do PIB) • 1998-2002: elevação de alíquotas da CPMF, CSLL, Cofins, criação da CIDE-Combustíveis – Resposta à crise cambial de 1999 – Contexto de baixo crescimento do PIB • 2003-2004: elevação de alíquotas da CSLL e Cofins, base de incidência ampliada – Resposta à crise cambial de 2002 – Ainda em contexto de baixo crescimento • 2005-2008: sem aumento de imposto – Contexto de aceleração do crescimento – Dinamismo econômico explica o aumento da carga Gastos públicos exclusive investimentos • Consumo do governo – custeio da máquina e salários do funcionalismo – Estável como proporção do PIB • Despesas com juros aumentaram nos anos de crise • Transferências públicas de assistência e previdência cresceram desde 1997 Gastos públicos exclusive investimentos Fonte: Ipea (2009) Gastos públicos exclusive investimentos Fonte: Ipea (2009) Gastos públicos exclusive investimentos Fonte: Ipea (2009) Gastos públicos exclusive investimentos • Crescimento das TAPS – Aposentadorias e pensões – Seguro-desemprego e programas assistenciais como o Bolsa Família – Em grande medida, são gastos atrelados ao salário mínimo – Melhoria da distribuição de renda FBKF das administrações públicas Fonte: Ipea (2009) FBKF das administrações públicas • Aumenta nos anos de eleição presidencial • Cai nos anos de crise – Ajuste fiscal de “má qualidade”: ônus sobre o investimento e com aumento de carga tributária
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