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Inserção externa e vulnerabilidade Bibliografia: CARCANHOLO, M. (2010) Inserção externa e vulnerabilidade da economia brasileira no governo Lula Gentil, D. L. & Araujo, V. L. Dívida pública e passivo externo: onde está a ameaça? Conceitos • Liberalização e abertura financeira • Vulnerabilidade externa • Passivo externo Liberalização e abertura financeira • Aumento da facilidade com que os residentes podem adquirir ativos e passivos expressos em moeda estrangeira e os não residentes podem operar nos mercados financeiros domésticos Liberalização e abertura financeira • Principais impactos: – Aumento da concentração e desnacionalização no mercado financeiro – Redução da participação das instituições financeiras públicas – Crescimento do mercado de títulos mais que proporcional ao mercado de crédito Vulnerabilidade externa • Capacidade de uma economia resistir a pressões, fatores desestabilizadores ou choques externos (Reinaldo Gonçalves) • A vulnerabilidade externa é maior: – Quanto menores forem as alternativas de resposta a partir dos instrumentos disponíveis – Quanto maiores forem os custos de ajuste aos choques Vulnerabilidade externa • Conjuntural: é dada pelas opções de política econômica que se tem para enfrentar os choques externos e os custos desse enfrentamento • Estrutural: associada aos processos de desregulamentação e liberalização comercial, produtiva, tecnológica e financeira Vulnerabilidade externa • Alguns indicadores: – Serviço da dívida externa/exportações – Dívida externa total/PIB – Reservas internacionais/dívida externa total – Dívida externa/exportações Passivo externo • Passivo externo bruto: total de débitos ou compromissos em moeda forte Dívida externa pública e privada + investimentos estrangeiros É uma das variáveis que permite mensurar a vulnerabilidade externa Passivo externo • Passivo externo líquido = passivo externo bruto – reservas internacionais – Representa a capacidade de saldar os compromissos externos pela liquidação dos ativos Passivo externo • Passivo externo (bruto ou líquido) de curto prazo: dívida externa de curto prazo + investimentos em carteira – refere-se aos conceitos vincendos no curto prazo, mais desestabilizadores nos momentos de reversão do estado de confiança Abertura externa dos anos 1990 • Dependência dos fluxos de capitais externos em contexto de instabilidade do sistema financeira internacional • Redução da capacidade de resistência e combate aos choques externos que ocorrem no contexto de fragilidade financeira Abertura comercial • Geração de déficits comerciais sob a conjuntura de apreciação cambial • Substituição de importações “às avessas” – Retomada do crescimento com um coeficiente de importações mais elevado agravam o déficit comercial durante a “retomada” Abertura financeira • Embora financie os déficits em transações correntes, provoca o aumento do passivo externo e também o serviço desse passivo (pagamento de juros e remessas de lucros) Armadilhas do processo de inserção externa brasileiro 1. Restrição externa estrutural 2. Armadilha financeira das contas externas 3. Juros elevados para “fechar” as contas externas 4. Trajetória de crescimento de stop and go 1. Restrição externa estrutural • Crescimento da necessidade de financiamento externo impõe uma taxa de juros doméstica maior do que a internacional para garantir fluxos de capitais externos 2. Armadilha financeira das contas externas • Déficit crescente em transações correntes leva ao aumento do passivo externo em virtude da maior entrada de recursos para financiá-lo, o que implica maior pagamento do serviço desse passivo, elevando o déficit em transações correntes e realimentando o processo 3. Taxas de juros domésticas elevadas • As taxas de juros domésticas devem ser superiores às internacionais para garantir o fluxo de capitais externos • Eleva o estoque da dívida pública e também o seu serviço 4. Crescimento na forma de stop and go • Retomada do crescimento sempre leva ao crescimento das importações e deterioração do déficit em transações correntes • Necessidade de elevar as taxas de juros domésticas interrompem a retomada • Apesar da continuidade da política macroeconômica com o governo que assume em 2003, os indicadores de vulnerabilidade externa melhoram, assim como o desempenho macroeconômico de modo geral -100000 -80000 -60000 -40000 -20000 0 20000 40000 60000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Transações correntes, 1990-2011, US$ milhões Balança comercial (FOB) Serviços e Rendas TRANSAÇÕES CORRENTES Fonte: Banco Central, elaboração própria Melhora dos indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural no governo Lula • Expansão da liquidez internacional – queda das taxas de juros internacionais – Maior crescimento da economia mundial e expansão da demanda por produtos brasileiros – Redução do risco-país A taxa de juros doméstica necessária à atração de fluxos de capitais externos é inferior à média dos anos 1990 Melhora dos indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural no governo Lula • Crescimento da economia chinesa • Aumento do preço das commodities agrominerais, principal item da pauta exportadora brasileira Mas a melhora dos indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural não guarda relação com a vulnerabilidade externa estrutural Vulnerabilidade externa estrutural • Aprofundamento da reestruturação industrial em uma lógica primarizadora • Elevação estrutural do déficit em transações correntes – aumento das remessas de lucros • A despeito do maior crescimento do PIB brasileiro, a taxa média ainda é inferior à média mundial 1. Reestruturação industrial (80.000) (60.000) (40.000) (20.000) - 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Saldo comercial por intensidade tecnológica (US$ milhões) Baixa Média-baixa Média-alta Alta Não-industriais Total Fonte: MDIC, elaboração própria 1. Reestruturação industrial • Economia brasileira mais dependente dos ciclos de preços internacionais e da demanda externa por produtos básicos • Oscilações nos preços e na demanda externa contribuem para a vulnerabilidade da economia brasileira Fonte: MDIC, elaboração própria 2. Elevação estrutural do déficit em transações correntes • Ciclo expansivo de liquidez internacional resultou em aumento dos fluxos de IED e de investimento em carteira Aumento do passivo externo Aumento do serviço desse passivo (juros e lucros) Trata-se de uma elevação estrutural de um desequilíbrio de fluxo em razão de um desequilíbrio de estoque -20000 -10000 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 IDE e investimento em carteira, 1990-2011, US$ milhões investimento direto externo investimento em carteira Fonte: Banco Central, elaboração própria -45000 -40000 -35000 -30000 -25000 -20000 -15000 -10000 -5000 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Conta de rendas: lucros e juros, 1990-2011, US$ milhões Juros Lucros Fonte: Banco Central, elaboraçãoprópria (Ver artigo) 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 dez/03 dez/05 dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11 dez/12 Passivo externo bruto 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 dez/03 dez/05 dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11 dez/12 Passivo externo bruto, curto e longo prazos PEB curto prazo PEB longo prazo 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 dez/03 dez/05 dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11 dez/12 Passivo externo líquido 3. Crescimento do PIB abaixo da média mundial no período até 2006 • Até o ano de 2006, o PIB brasileiro cresce abaixo da média mundial • Mesmo após 2007, apesar de crescer acima da média mundial, continua crescendo abaixo da média dos países em desenvolvimento e dos países exportadores de produtos primários -4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 1994-2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Taxa de crescimento do produto, (%) Brasil Mundo Emergentes e em desenvolvimento Petróleo Não-Petróleo Exportadores de produtos primários não-petróleo Fonte: FMI, World Economic Outlook, elaboração própria Crise financeira internacional 2007-8 • Reversão do cenário internacional benigno: – Desaceleração do crescimento das exportações – Redução dos preços das commodities Redução do saldo comercial Aumento do déficit em transações correntes e das necessidades de financiamento externo – Reversão dos fluxos de capitais externos, mesmo com manutenção do diferencial de taxas de juros Vulnerabilidade externa estrutural manifesta-se na piora das contas externas
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