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05.6 Crise financeira internacional

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Crise financeira internacional 
Araujo, V. L. e Gentil, D. L. (2011) 
Avanços, recuos, acertos e erros: uma análise da 
resposta da política econômica brasileira à crise 
financeira internacional 
Crise financeira, canais de 
transmissão 
• Contas externas 
– Queda do preço das commodities reduz 
preços das exportações 
– Desaceleração econômica mundial reduz 
quantidades das exportações 
– Contração da liquidez internacional: antecipa 
repatriação de lucros 
– Desvalorização cambial 
Crise financeira, canais de 
transmissão 
• Sistema financeiro 
– Bancos de menor porte e estrutura de 
captação de recursos captavam recursos 
emitindo CDBs vinculados a contratos em 
mercados de derivativos cambiais, com 
perdas expressivas após a desvalorização 
– Incerteza levou os grandes bancos a contrair 
o crédito 
Crise financeira, canais de 
transmissão 
• Expectativas 
– Bancos: aversão ao risco, redução do crédito 
– Famílias: postergação do consumo 
– Empresas: adiamento dos projetos de 
investimento 
Recuperação da economia brasileira 
pós-crise 
• É comumente atribuída às medidas 
anticíclicas adotadas pelo governo brasileiro. 
No entanto, é importante notar que: 
– A política monetária foi tardiamente afrouxada e 
com excesso de parcimônia 
– Política fiscal: espaço para ser mais arrojada 
– Setor externo: papel da demanda externa; 
recuperação dos níveis internacionais de liquidez 
Medidas adotadas pelo governo 
brasileiro como resposta à crise 
Três grupos: 
• Medidas para restabelecer (“desempoçar”) a 
liquidez; 
• Medidas para garantir a solidez do sistema 
bancário; 
• Medidas para conter a crise cambial; 
• Medidas de estímulo fiscal 
Medidas para restabelecer a liquidez: 
• Flexibilização das regras do compulsório 
• Redução da Selic (?) 
• Expansão do crédito via bancos públicos 
 200 000 
 250 000 
 300 000 
 350 000 
 400 000 
 450 000 
 500 000 
 550 000 
 600 000 
 650 000 
jul
-08
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t-0
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8
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z-0
8
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9
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ag
o-0
9
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t-0
9
ou
t-0
9
no
v-0
9
de
z-0
9
setor financeiro públ ico
setor financeiro privado nacional
setor financeiro privado
estrangeiro
Operações de 
crédito por 
propriedade de 
capital, R$ 
milhões 
 
Fonte: Banco Central, 
elaboração própria. 
Medidas para garantir a solidez do 
sistema bancário 
• Flexibilização das regras do compulsório; 
• Autorização do uso de até 40% do 
compulsório sobre depósitos a prazo para 
aquisição de instituições de pequeno e médio 
porte; 
• Autorização para BB e CEF adquirirem 
instituições financeiras em dificuldade. 
Medidas para conter a crise cambial 
• Intervenções do Banco Central no mercado à 
vista 
• Intervenções do Banco Central através de 
leilões com compromisso de recompra 
Medidas de estímulo fiscal 
• Desonerações fiscais: setor automotor, setor 
produtor de eletrodomésticos de linha 
branca, setor moveleiro, setor de informática 
• Elevação do salário mínimo 
• Manutenção dos gastos do governo (inclui 
PAC) 
• Ampliação do seguro-desemprego 
• Novas alíquotas do IRPF: 7,5% e 22,5% 
Aventuras e desventuras da política 
monetária: juros altos em meio à crise 
• Ciclo de aumento da taxa Selic iniciado em 
abril até setembro de 2008: de 11,25% para 
13,75% a.a. – inflação de alimentos! 
• Queda da Selic somente a partir de janeiro de 
2009 
– Lenta e gradual, ainda entre as mais altas do 
mundo em termos reais. 
Política fiscal: direção correta, mas baixa 
intensidade na resposta à crise 
11
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1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Transferências de 
Assistência e 
Previdência Social 
(% do PIB) 
 
Brasil 2,1%
América Latina -0,10%
EUA -8,4%
Zona do Euro -3,5%
F o nte: B C B / B ureau o f Eco no mic A nalysis/ 
B anco C entral Euro peu
(+) é superávit e ( - ) é déficit
Superávit Primário em percentual do PIB 
2009
O setor externo e a recuperação 
econômica brasileira 
• Se as políticas domésticas foram mal 
dimensionadas, o que explicar a recuperação 
em curso desde o 2º trimestre de 2009? 
• A resposta passa pelo setor externo: 
– O 2º semestre corresponde ao início do 
movimento de recuperação da economia mundial, 
ainda que de forma irregular 
• Comércio exterior (commodities) 
• Fluxos de capitais 
Indicadores trimestrais de crescimento do produto em 
países desenvolvidos selecionados: 2008-2009 
 I-2008 II-2008 III-2008 IV-2008 I-2009 II-2009 III-2009 
Canada -0.7 0.3 0.4 -3.7 -6.2 -3.1 0.4 
France 1.9 -1.7 -1.0 -5.9 -5.5 1.1 1.1 
Germany 6.5 -2.2 -1.3 -9.4 -13.4 1.8 2.9 
Italy 2.2 -2.2 -3.1 -8.0 -10.5 -1.9 2.4 
Japan 4.0 -2.9 -6.5 -11.5 -12.2 2.7 4.8 
United Kingdom 2.4 -0.3 -2.9 -6.9 -9.6 -2.3 -1.2 
United States -0.7 1.5 -2.7 -5.4 -6.4 -0.7 2.8 
Major developed economies -0.7 0.3 0.4 -3.7 -6.2 -3.1 0.4 
Euro zone 1.9 -1.7 -1.0 -5.9 -5.5 1.1 1.1 
 
Comércio internacional: exportações e 
importações por região (US$ bi) 
 
Mundo a, b
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
I-200
8
II-20
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08 I-200
9
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Importações Exportações
América do Norte
300
400
500
600
700
800
900
I-200
8
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IV-20
08 I-200
9
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III-20
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09
Importações Exportações
Américas Central e do Sul
90
110
130
150
170
190
I-200
8
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08
III-20
08
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08 I-200
9
II-20
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Importações Exportações
Europa a
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
I-200
8
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08 I-200
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Importações Exportações
Comunidade dos Estados Independentes
40
90
140
190
240
I-200
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08 I-200
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Importações Exportações
Ásia b
600
800
1.000
1.200
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I-200
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08 I-200
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Importações Exportações
Fonte: OMC, elaboração própria 
Comércio internacional: exportações e importações 
por região – taxa de crescimento % trimestral 
 
Importações
II-2008 III-2008 IV-2008 I-2009 II-2009 III-2009 IV-2009
Mundo (a, b) 10,66 0,54 (19,18) (22,03) 5,87 10,54 8,47 
América do Norte 10,21 2,64 (16,85) (24,76) 2,78 12,02 7,00 
Américas Central e do Sul 17,64 10,30 (14,31) (28,93) (0,79) 13,78 7,40 
Europa (a) 8,02 (5,86) (20,25) (16,06) 1,39 8,10 8,89 
Comunidade dos Estados Independentes 26,00 9,21 (14,85) (44,21) 12,78 11,37 18,18 
Ásia (b) 11,53 5,47 (21,32) (25,62) 15,72 14,35 7,49 
Exportações
II-2008 III-2008 IV-2008 I-2009 II-2009 III-2009 IV-2009
Mundo (a, b) 11,24 (1,20) (20,96) (20,83) 8,08 10,16 10,28 
América do Norte 9,34 (0,98) (14,97) (18,96) 2,57 6,06 11,13 
Américas Central e do Sul 20,13 6,68 (31,13) (21,19) 20,29 5,48 2,35 
Europa (a) 8,39 (7,38) (18,61) (15,94) 4,05 7,60 10,52Comunidade dos Estados Independentes 17,56 7,99 (29,97) (40,62) 16,88 20,73 15,77 
Ásia (b) 11,70 5,75 (16,89) (24,92) 11,60 13,21 9,41 
Fonte: OMC, elaboração própria 
• Segundo Serrano (2008: 84), “a análise correta do 
papel do setor externo na determinação do 
crescimento do PIB deve ser feita levando em conta 
que o produto vai ser dado pela proporção da 
demanda agregada (tamanho da demanda interna 
mais exportações) que é atendida pela produção 
interna. Assim, independentemente do que ocorre 
com o saldo comercial, qualquer coisa que aumente 
a demanda interna ou as exportações expande a 
economia. Qualquer coisa que aumente a parcela 
desta demanda agregada que se transforma em 
importações diminui o produto.” 
O setor externo e a recuperação 
econômica brasileira 
O setor externo e a recuperação 
econômica brasileira 
 
Exportações e importações/PIB: taxa de 
crescimento*
-40,00
-30,00
-20,00
-10,00
0,00
10,00
20,00
30,00
2008
T1
2008
T2
2008
T3
2008
T4
2009
T1
2009
T2
2009
T3
2009
T4
tx cresc das exportações tx cresc M/Y
Exportações (US$ bi) e importações/PIB (%)
30000
50000
70000
90000
110000
130000
2008 T12008 T22008 T32008 T42009 T12009 T22009 T32009 T4
US$ bi
10,00
11,00
12,00
13,00
14,00
15,00
16,00
% do PIB
exportacoes importações/PIB
Tabela 6 – Brasil: taxa anual de crescimento das exportações e da relação importações/PIB 
 Exportações Importações/PIB 
2007 4,5 3,3 
2008 16,5 14,7 
2009 –14,5 –16,5 
Fontes: Ipeadata, elaboração própria. 
• Retorno dos fluxos de capitais (redução das 
taxas de juros internacionais) 
• Queda do prêmio de risco 
O setor externo e a recuperação 
econômica brasileira 
 
EMBI+, Brasil, México, Argentina (eixo secundário) e Venzeuela (eixo secundário)
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0
500
1000
1500
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2500
EMBI+ Brasil Mexico Argentina Venezuela
Financiamento externo para a AL 
 
-
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
2008-Q2 2008-Q3 2008-Q4 2009-Q1 2009-Q2
América Latina Brazil
Nota: inclui ações, títulos de renda fixa (curto e longo prazos) e empréstimos. 
Fonte: IMF (2008 e 2009) 
Brasil: conta capital e financeira do BP 
 
Conta financeira - contas selecionadas (US$ milhões)
-30000
-20000
-10000
0
10000
20000
30000
40000
Conta Financeira Investimento brasileiro
direto
Investimento estrangeiro
direto
Investimento em
Carteira 
I-2008 II-2008 III-2008 IV-2008 I-2009 II-2009 III-2009 IV-2009
Investimento em carteira: ações e renda fixa (US$ 
milhões)
-10000
-5000
0
5000
10000
15000
20000
I-2008 II-2008 III-2008 IV-2008 I-2009 II-2009 III-2009 IV-2009
Ações de companhias brasileiras Títulos de renda fixa LP e CP 
Considerações finais 
• Políticas monetária e fiscal no pós-crise 
evoluíram na direção correta – com atraso e 
intensidade moderada 
• Setor externo foi importante no movimento 
de recuperação 
• Recuos ao conservadorismo em 2010. 
FIM 
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