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Artigo Memórias

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MEMÓRIAS: CONSTRUÇÃO DE HISTÓRIAS
Iúry Fagundes da Silva
Graduando em pedagogia - UFF
Resumo
O presente trabalho busca trazer um texto sintetizado e objetivo sobre o tema memórias, onde terá como base para a construção do mesmo os textos nos quais foram discutidos no decorrer das aulas de leitura e literatura infantil, textos de leituras complementares, e as abordagens feitas até o momento.
Palavras-chave: Memória; narrativa; memorial; histórias; leitura.
Introdução
Quando falamos em memória na maioria das vezes nos vem à mente pessoas, lugares e objetos que criamos uma relação, estes que acabam sendo o espelho que nos reflete. Essa relação que acaba sendo construída com o passar do tempo se torna memória, e será lembrada toda vez que voltarmos a certos lugares ou vermos registros iconográficos. 
 Existem várias maneiras de entender e abordar o assunto memória, podendo envolver posições éticas, políticas, teóricas, históricas, entre outras. Tal assunto é rico para ser debatido, pois não possui uma regra definitiva. 
Memorial de formação
As histórias que lemos ou ouvimos em nosso dia a dia nos fazem lembrar as nossas histórias e experiências pessoais, assim, sempre encontrando uma relação ou ligação entre as mesmas. Walter Beijamim afirma que somos todos historiadores, trazendo a ideia de que: 
Quando produzimos histórias, quando relatamos os fatos, quando registramos nossas memórias; que o ato de contar uma história faz com que ela seja preservada do esquecimento, criando-se a possibilidade de ser contada novamente e de outras maneiras; que o sentido das histórias só se constrói no olhar do outro, na relação com outras histórias. (BEIJAMIM, Walter; apud: PRADO, Guilherme do Val Toledo; SOLIGO, Rosaura; p. 4)
Ao narrarmos histórias, estamos sempre visitando o passado na tentativa de buscar o presente próximo, onde as mesmas se manifestam trazendo as memórias que ficaram esquecidas no tempo. Quando pesquisamos em um dicionário de filosofia o conceito de memória podemos ver que a mesma se apresenta como a possibilidade de dispor das ideias e conhecimentos que foram passados, que de alguma forma, estão livres para serem recordados. A mesma se divide em dois momentos: memória conservação, que são as memórias armazenadas por nós e lembradas quando necessário, e a memória de recordação, na qual é a possibilidade de atualizarmos a memoria conservada ao nos recordarmos de algo, assim, colocando em movimento as ideias.
A narrativa acaba sendo um importante caminho para tornar público o que nós fazemos, pois ao narramos experiências próprias podemos produzir e reproduzir no outro o entendimento do que estamos pensando sobre o que exercemos, assim, valorizando o registro escrito de nossas experiências. Os autores Guilherme do Val Prado e Rosaura Soligo frisam bem essa questão, afirmando: 
A narrativa supõe uma sequência de acontecimentos, é um tipo de discurso que nos presenteia com a possibilidade de dar à luz o nosso desejo de os revelar. Podemos dizer que a narrativa comporta dois aspectos essenciais: uma sequência de acontecimentos e uma valorização implícita dos acontecimentos relatados. E oque é particularmente interessante são as muitas direções que comunicam as suas partes com o todo. Os acontecimentos narrados de uma história tomam do todo os seus significados. Porém, o todo narrado é algo que se constrói a partir das partes escolhidas. (PRADO, Guilherme do Val Toledo; SOLIGO, Rosaura; p.3)
Antes de tudo devemos ter a consciência que o memorial de formação é de gênero textual narrativo, onde o autor é narrador, personagem e escritor da própria história, assim, narrado em primeira pessoa do singular usando as sequências estabelecidas das memórias do autor. Mas, podemos presenciar a dificuldade existente nos profissionais ao encaminharem o texto, pois não possuem um tema central, não encontram a melhor forma de dizer o que vale a pena ser dito, entre outros fatores que interferem na escrita.
Ao se adequarem diante as propostas da escrita do memorial, os docentes e profissionais da educação se tornam legítimos, assim, podendo ser reconhecidos no âmbito educacional e passando a exercer suas funções entre os textos subsidiados aos cursos de formação.
Memória social
Partindo dessas premissas, podemos citar a autora Jô Gondar, na qual possui um grande embasamento teórico diante a área. A mesma diz que possui dois perigos que podem interferir para o entendimento do tema discutido, sendo eles a ausência de rigor e o ecletismo ético. E para facilitar tal entendimento, a autora divide em quatro pospostas para explicar o conceito de memória, que são: a memória social é transdisciplinar, é ética e política, é uma construção processual, e não se reduz a representação.
A primeira proposição é o conceito de memória como transdiciplinaridade, onde podemos entender que a memória não pertence a nenhum campo ou disciplina específica, sendo mais que do que multidisciplinar ou interdisciplinar, mas sim transdisciplinar, assim, por não ter um foco em disciplinas específicas propõe novos discursos e novas práticas.
Já a segunda proposta, à autora fala sobre o conceito da memória como algo ético e político, aonde a história e os fatos surgem por meio de um grupo ou classe, e possui uma intenção de relativizar o indivíduo. Como uma narração, assim, produzindo algo no presente, que nos remete a pensar no passado, mas sempre visando um futuro no qual almejamos.
A terceira proposta é a memória como uma construção processual, humana e do tempo que surgiu a partir do nascimento das Ciências humanas e Sociais. No século XIX os homens entenderam e chegaram a concluir que a memória é algo que tem que ser construído em suas relações no dia a dia, em suas vivências.
Em meio à explicação dessa proposição, a autora cita Platão, que defendia a memória como algo não individual e nem social, assim, esperando que a mesma te tirasse do tempo, da degradação e levando-as a verdades. 
A quarta e ultima proposição, a autora diz que a memória não é apenas a representação, pois ela está em constante mudança, sendo parte da esfera social e não um simples arquivo e acontecimento. 
Leitura de mundo
Ao analisar todo o contexto podemos trazer outra ideia de memória, na qual encontramos no texto a importância do ato de ler do autor Paulo Freire, onde a memória é retratada com uma leitura de mundo vivenciada pelo mesmo, dizendo que a leitura na vida de uma pessoa acontece antes de ingressar na escola, pois estamos sempre adquirindo conhecimento vindo da nossa experiência de mundo. 
Segundo o autor, a leitura do mundo que possuímos vem sempre antes à leitura da palavra que presenciamos nas escolas. O ato de ler não vem de compreender algo escrito, e sim, advindo da experiência existencial. Em um primeiro momento vem à tona a leitura do mundo, de seu pequeno mundo no qual se situava, e logo após, a leitura da palavra vinda da escolarização, que nem sempre foi à leitura da “palavra mundo”.
O mundo no qual era especial para o autor se constituía a partir de sua atividade perspectiva e de interpretação, assim, sendo o mundo de suas primeiras leituras. Os textos, as palavras, as letras de todo este contexto interpretativo de sua pessoa aumentava a capacidade de encarnar em uma série de coisas, de objetos, e significações, cujo entendimento vinha do trato com os mesmos e nas relações em família com irmãos e pais.
A leitura de seu mundo foi fundamental para a compreensão da importância do ato de ler e de escrever, assim, transformando em uma prática sólida e consistente. O autor enfatiza sua leitura de mundo feita através de suas memórias que foram resgatas para tal entendimento, afirmando: 
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importânciado ato de ler, eu me sinto levado – e até gostosamente – a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão critica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo. (FREIRE, Paulo. p.9)
A formação de um mero leitor deve valer-se de vivências de sua leitura de mundo, nas quais são carregadas de significados e sentidos, assim, criando uma interação entre o mundo do leitor e o do autor de um texto, havendo envolvimento com as práticas sociais que o indivíduo sinta a necessidade e a vontade de ler.
Considerações finais
O conceito de memória é tão amplo que não podemos deixar de lembrar que dela fazem parte a invenção e a criação do novo, pois seu conceito é tão rico justamente por isso, por trazer a mudança. 
Afinal, a memória existe, é contada e sempre muda trazendo algo novo, com isso, chegamos à conclusão que a mesma é algo que está em construção e vai mudar constantemente.
Referências
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. p. 9-14. São Paulo: Autores Associados. 1989.
GONDAR, Jô. Quatro proposições sobre memória social. O que é memória social, p. 11-26, 2005.
PRADO, Guilherme do Val Toledo; SOLIGO, Rosaura. Memorial de formação: quando as memórias narram a história da formação. Porque escrever é fazer história: revelações, subversões, superações. Campinas, Graf, p. 47-62, 2005.

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