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Isquemia, infarto, choque e insuficiência cardíaca Curso: Medicina Profa: Dra Fernanda Silva Torres Cronograma da aula 10. Conceitos 10.1 Isquemia 10.2 Infarto 10.2.1 Infarto vermelho 10.2.2 Infarto branco 10.3 Choque 10.3.1 Hipovolêmico 10.3.2 Cardiogênico 10.3.3 Distributivo 10.3.4 Obstrutivo 10.3.5 Respostas adaptativas ao choque 10.4 Insuficiência cardíaca Isquemia (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Conceito: redução ou a falta de fluxo sanguíneo para um órgão ou território do organismo; aporte insuficiente de sangue para manter as necessidades metabólicas dos tecidos Isquemia: do grego, ische = restrição e haimos = sangue Consequência: hipóxia, anóxia e infarto (necrose). Pode comprometer vários órgãos simultaneamente. Causas: maioria, redução da luz do vaso (obstrução parcial ou total); hipoperfusão sistêmica, choque. Tecido nervoso: muito sensível à hipóxia; necrose neuronial. Tecido muscular estriado e ósseo: mais resistente. Transplantes: anóxia sem lesões graves - meios de preservação em baixa temperatura. Consequências dependem de: (1) extensão da área isquêmica e sua localização; (2) velocidade de instalação (súbita ou lenta); (3) existência de circulação colateral; (4) sensibilidade dos tecidos atingidos à hipóxia ou à anóxia. Isquemia por obstrução arterial (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Principal causa de isquemia. Causas: obstáculos intravasculares, compressão extrínseca ou espasmos da parede arterial. a) Obstrução intravascular (parcial ou total): aterosclerose, trombose arterial, embolia e arterites. b) Compressão extrínseca: tumores, compressão de tecidos moles no decúbito prolongado (úlceras de pressão) e na síndrome compartimental (↑ volumétrico em compartimento com espaço restrito comprime vasos) – mm esquelético com hemorragia. c) Espasmos arteriais (desequilíbrio: vasodilatadores e vasoconstritores): obstrução parcial ou total da luz de uma artéria (angina do peito, frio excessivo). Isquemia é mais acentuada em regiões limítrofes de irrigação por artérias distintas: Cérebro (artérias cerebrais anterior, média e posterior). Intestino grosso (artérias mesentéricas inferior e superior na flexura esquerda do cólon). Isquemia por obstrução da microcirculação (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Causas: (1) aumento da viscosidade sanguínea (síndrome de hiperviscosidade) - policitemias e anemia falciforme; (2) coagulação intravascular disseminada (microtrombos na microcirculação); (3) compressão extrínseca, pacientes acamados (úlceras de decúbito); (4) embolia gasosa e gordurosa; (5) parasitismo de células endoteliais e de células de Kupffer, tumefação endotelial (toxoplasmose, calazar, citomegalovirose etc.) ou que induzem aderência de eritrócitos ao endotélio capilar (malária por Plasmodium falciparum). Isquemia por obstrução venosa (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Causas: trombose ou compressão extrínseca. Causas da compressão venosa extrínseca: torção do pedículo vascular, compressão por tumores ou hipertrofia de linfonodos. Isquemia por obstrução de uma veia depende da: rede de vias colaterais de drenagem. Se a obstrução interrompe o retorno venoso e ↑PH na microcirculação - fluxo sanguíneo comprometido e pode cessar. PH = pressão arterial (estase circulatória) - isquemia associada a hiperemia passiva (edema local; congestão vascular, ↑PH intersticial, dificulta perfusão sanguínea, acentua a isquemia). Mosconi A, Claro JF de A, Andrade E, Vicentini F, Paranhos ML da S. Escroto agudo. Rev Med (São Paulo). 2008 jul.-set.;87(3):178-83. Isquemia por obstrução em torções do testículo. Infarto (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Conceito: área de necrose isquêmica por interrupção do fluxo sanguíneo arterial ou venoso. Infarto branco: região afetada fica mais clara (branca ou amarelada). Bordas: Halo hiperêmico-hemorrágico Causas: obstrução arterial em territórios sem ou com escassa circulação colateral. Órgãos supridos por ramos colaterais - evitam lesões isquêmicas, resistem mais à hipóxia ou à anóxia. Órgãos com circulação terminal ou com poucos ramos colaterais: obstrução arterial, por aumento da demanda de oxigênio, ↓ pressão arterial, choque ou anemia = resulta em infarto branco. Ex. coração, no encéfalo, nos rins e no baço. Infartos tardios: reabsorção dos tecidos necrosados e a cicatrização, retração na superfície Infartos recentes: discreta saliência. Halo de hiperemia Rim Baço Infarto (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Infarto vermelho: região adquire coloração vermelha pela hemorragia. Causas: obstrução arterial ou venosa, que ocorre em órgãos com estroma frouxo (p. ex., pulmões) e/ou com circulação dupla ou com rica rede de vasos colaterais. Insuficiência cardíaca, com hiperemia passiva e ↑ pressão venosa. Obstrução da artéria pulmonar ↓ Infarto pulmonar ↓ Hemorragia (necrose hemorrágica no parênquima pulmonar) Condições clínicas: dificuldade respiratória (dispneia), dor torácica e tosse com expectoração sanguinolenta (escarros hemoptoicos). Infarto vermelho no pulmão Obstrução de ramos da artéria mesentérica (por ateroma, trombose ou embolia) = Isquemia e necrose. Obstrução venosa (trombose, compressão em hérnias estranguladas) ou torção do pedículo vascular = Infarto intestinal vermelho. Evolução: cura com cicatrização (gliose, no SNC)- cicatriz retrátil. Complicações: colonização e proliferação de bactérias - abscessos ou gangrena. Choque (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Conceito: distúrbio hemodinâmico agudo e sistêmico com incapacidade do sistema circulatório de manter a PA para garantir a perfusão sanguínea - hipóxia generalizada. Manutenção da PA e da pressão de perfusão tecidual - 3 componentes: (1) bomba cardíaca, que impulsiona o sangue nos vasos; (2) volume de sangue circulante; (3) compartimento vascular. Causas do choque: (1) falência da bomba cardíaca (choque cardiogênico); (2) Choque hipovolêmico; (3) ↑ compartimento vascular (choque distributivo); (4) falência no enchimento do ventrículo esquerdo (choque obstrutivo). Choque hipovolêmico (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Causas: (a) hemorragia grave, vômitos e diarreia; (b) perda cutânea (p. ex., queimaduras); (c) passagem rápida de líquido do meio intravascular para a MEC (dengue); (d) retenção de líquido na luz intestinal devido a íleo paralítico. HAD: hormônio antidiurético Choque cardiogênico (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Causas: insuficiência cardíaca aguda, especialmente do ventrículo esquerdo, IAM e miocardites agudas; ruptura de valvas cardíacas (p. ex., endocarditeinfecciosa) ou de músculo papilar. Consequências: incapacidade do coração em bombear o sangue para a circulação sistêmica. Condições: deve haver perda da massa miocárdica (> 40%) e redução da capacidade de ejeção ventricular (> 80%). h ttp s ://fo rtis s im a .c o m .b r/w p - c o n te n t/u p lo a d s /2 0 1 4 /0 4 /4 0 7 .jp g Choque distributivo (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Causa: vasodilatação arteriolar periférica com ↓ resistência vascular periférica, ↓ PA, inundação de capilares e ↓ retorno venoso. Choque anafilático. Choque distributivo (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Choque séptico: resposta sistêmica contra invasores biológicos (infecções) ou por lesões teciduais por agentes físicos ou químicos. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica: liberação sistêmica de mediadores inflamatórios. Citocinas pró-inflamatórias (IL- 1, TNF, IL-6) - efeito depressor no miocárdio, ↓ eficácia do coração em bombear o sangue (mecanismo cardiogênico). CHOQUE MISTO DAMP (traumatismos, destruição tecidual) ou PAMP (infecções) Progressão do choque (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Fase de compensação: ↓ fluxo sanguíneo esplâncnico e redistribuição para órgãos vitais (coração e o encéfalo). Causas: ↑ atividade simpática por estímulo de osmorreceptores (volume), barorreceptores (pressão) e quimiorreceptores. Compensação: Retenção Na - ↑ vasoconstrição arteriolar, acúmulo H2O (ADH) - ↑ volemia. Reabsorção líquido intersticial - ↓ coloidosmótica do plasma - hemodiluição. Conduta: reposição de volume . Fase hiperdinâmica: ↑ frequência cardíaca (taquicardia) e pele úmida pela sudorese, oligúria (insuficiência renal). Ação de substâncias vasoconstritoras endógenas: adrenalina (suprarrenal), vasopressina (neuro-hipófise) e angio I (renina - pela queda da PA). Progressão do choque (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Débito cardíaco Prejuízo na perfusão tecidual Hipóxia tecidual ↑ glicólise anaeróbia Acidose lática Piora hemodinâmica Depressão do miocárdio Liberação de mediadores pró-inflamatórios ↑ permeabilidade vascular (histamina, C3a, C5a e cininas) ↑ vasodilatação ↓ retorno venoso AGRAVO DO CHOQUE Fase de descompensação: ↓ função miocárdica e a acidose metabólica. Progressão do choque (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Fase final ou hipodinâmica: Vasodilatação progressiva ↓ Sequestro de sangue na microcirculação (vênulas e capilares) ↓ Cianose Choque séptico Características principais: Lesão endotelial progressiva - hipóxia ou hiperativação endotelial. Risco de trombose Coagulação intravascular disseminada Degenerações e necrose. Insuficiência funcional - falência de múltiplos órgãos (FMO). Progressão do choque (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Necrose tubular aguda Edema encefálico e infartos cerebrais simétricos Necrose por coagulação de túbulos renais. Epitélio tubular - acidófilo e dissociado da membrana basal. Cariólise (setas negras), Glomérulo - resistente à isquemia Hemorragias do tecido necrosado redução dos ventrículos Insuficiência cardíaca (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Conceito: incapacidade do coração de bombear sangue em quantidade e pressão suficiente para a perfusão dos órgãos. Prevalência: 2% da população mundial apresenta algum grau de insuficiência cardíaca (MUSSO, PEREIRA, In: Filho – Brasileiro. Patologia Geral. Cap.9) Mortalidade: em 5 anos ~ 50%. Tipos: aguda ou crônica, sistólica ou diastólica, direita, esquerda ou global. h tt p s :/ /w w w .o p a s .o rg .b r/ w p - c o n te n t/ u p lo a d s /2 0 1 8 /0 8 /i n s u fi c ie n c ia -c a rd ia c a -c o n g e s ti v a .j p g Insuficiência cardíaca (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. [Minha Biblioteca]). Mecanismos adaptativos de compensação da IC: (1) > enchimento ventricular, > volume ejetado (princípio de Frank- Starling); (2) ↑ frequência e da contratilidade cardíacas (cronotropismo e inotropismo positivos); (3) retenção de sódio e água (renina-angio-aldo) - ↑ volemia e a PA - hipertrofia do miocárdio; Persistindo a IC, surgem: a) ↓ responsividade cardíaca às catecolaminas, disfunção dos barorreceptores - ↑ o tônus simpático; b) ação diurética do peptídeo natriurético atrial; c) ação moduladora sobre a hipertrofia miocárdica. d) acúmulo de sangue venoso sistêmico e/ou pulmonar; e) congestão pulmonar e/ou sistêmica. Ver: Quadro 9.2 Causas de insuficiência cardíaca. Referências principais FILHO, B., Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral. 9ª edição. 2017. Robbins & Cotran. Patologia: bases patológicas da doença. 8ª Ed. 2010. GROSSMAN, C., S., PORTH, Mattson, C. Porth | Fisiopatologia. 9ª edição. 2015. REISNER, Howard M. Patologia: uma abordagem por estudo de caso. Artmed. AMGH, 2016.
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