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MAYARA GAVA - ODONTO 115 PATOLOGIA ORAL Prova 02 MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 2 CISTOS DA REGIÃO BUCOMAXILOFACIAL Características gerais Cisto é uma cavidade patológica que pode estar preenchida por material líquido, sólido ou estar vazio. Se caracteriza então por ter: cavidade; cápsula (que promove o crescimento) cisto verdadeiro; e cápsula fibrosa. A localização é predominantemente óssea e podem ser centrais ou periféricos. Como características gerais, podemos citar o crescimento lento e assintomático; e expansivo e intra-ósseo. Clinicamente, notamos ausência dentária, deslocamento com reabsorção, podendo ser radicular, tumefação com expansões e a punção pode auxiliar no diagnóstico. Podem ser diagnosticados por meio de exame clínico e radiografia (área radiolúcida adjacente à raiz) e relação entre cisto x pressão osmótica. Quando a origem, podem ser odontogênicos ou não-odontogênicos; e quando ao agente indutor, podem ser inflamatórios ou do desenvolvimento. Cistos odontogênicos Ainda que alguns poucos cistos possam resultar da inclusão de epitélio ao longo das linhas de fusão dos processos embrionários, a maioria dos cistos dos ossos gnáticos é revestida por epitélio derivado de epitélio odontogênico. Os restos epiteliais de Malassez também estão presentes. INFLAMATÓRIOS CISTO PERIODONTAL APICAL O epitélio na região do ápice de um dente desvitalizado pode ser estimulado pela inflamação para formar um cisto verdadeiro revestido por epitélio ou cisto periapical; Resposta inflamatória aumenta a produção do fator de crescimento de ceratinócitos pelo estroma das células periodontais; A fonte epitelial é formada pelos restos epiteliais de Malassez; O desenvolvimento cístico é comum, tendo frequência relatada variando de 7% a 54%. São caracterizados por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso revestida por epitélio com um lúmen contendo líquido e restos celulares; A medida que o epitélio se descama para o interior do lúmen, o conteúdo proteico aumenta, com consequente entrada de fluido para tentar equilibrar a pressão osmótica Promoção de crescimento lento; A maioria dos cistos periapicais não atinge um tamanho grande. Características clínicas e radiográficas: Os pacientes não apresentam sintomas, geralmente; Pode ser observadas tumefação e sensibilidade; Podem ocorrer mobilidade e deslocamento dos dentes adjacentes; O dente de origem não responde ao teste pulpar térmico e elétrico. Padrão radiográfico idêntico ao do granuloma periapical. Os cistos podem se desenvolver mesmo com áreas radiolúcidas periapicais pequenas não utilizar o tamanho radiográfico para o diagnóstico definitivo. Perda da lâmina dura ao longo da raiz e imagem radiolúcida MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 3 arredondada circundando o ápice do dente acometido. Reabsorção radicular é comum. Pode haver um crescimento significativo e podem ser observadas lesões ocupando todo um quadrante. Os cistos periapicais também podem envolver os dentes decíduos. Características histopatológicas: Características histopatológicas dos cistos periapical, radicular lateral e periapical residual são semelhantes; O cisto é revestido por epitélio escamoso estratificado, o qual pode apresentar exocitose, espongiose ou hiperplasia; Células mucosas dispersas ou áreas de epitélio colunar pseudoestratificado ciliado; O lúmen do cisto pode ser preenchido por líquido e restos celulares e às vezes o revestimento epitelial pode apresentar calcificações lineares corpúsculos de Rushton. Tratamento e prognóstico: Lesão inflamatória: extração ou tratamento endodôntico conservador não cirúrgico até 2,0 cm de diâmetro; Lesões maiores associadas a dentes com possibilidade de restauração: tratamento endodôntico conservado quando combinado à biópsia e marsupialização, descompressão ou frenestração; Acompanhamento de 1 a 2 anos; Lesões que excedem 2,0 cm de diâmetro são tratadas com cirurgia periapical. CISTO PARADENTÁRIO É um termo utilizado para se referir a cistos dentígeros com características histopatológicas evidenciando componentes inflamatórios. Em algumas ocasiões, um cisto dentígeros pode se desenvolver ao redor da coroa de um dente permanente incluso como consequência da inflamação periapical de um dente decíduo sobrejacente. Outra situação envolve um terceiro molar inferior parcialmente erupcionado que desenvolve uma lesão cística ao longo de sua face distal ou vestibular. O cisto paradentário é um cisto odontogênico inflamatório incomum localizado aderido à junção amelo-cementária, possivelmente originado de remanescentes do epitélio reduzido do órgão do esmalte ou de restos epiteliais no periodonto. Localiza-se preferencialmente na região de trígono retromolar associado a terceiros molares semi-inclusos com história de pericoronarite prévia. Apresenta-se como uma lesão radiolúcida bem delimitada adjacente a dentes semi-inclusos, usualmente localizada distalmente a estes. Seu diagnóstico diferencial inclui o cisto radicular inflamatório lateral a raiz e o cisto dentígero inflamado, e o tratamento inclui a remoção cirúrgica conservadora, quase sempre associada a remoção dos dentes associados. CISTO DA BIFURCAÇÃO VESTIBULAR Desenvolve-se na face vestibular do 1º molar inferior permanente; Patogênese: associação com dentes que demonstram extensões vestibulares de esmalte, que se projetam na região da bifurcação; Extensões predispõem à formação de bolsa vestibular -> aumento da bolsa -> compõe o cisto em resposta à pericoronarite. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 4 Cisto paradentário: Algumas vezes usado como sinônimo do cisto da bifurcação vestibular; Lesões na região distal ou vestibular de 3º molar inferior parcialmente erupcionado, com história de pericoronarite. Características clínicas e radiográficas: Cisto da bifurcação vestibular: típico em crianças de 5 a 13 anos de idade; Paciente apresenta sensibilidade leve à moderada na face vestibular do 1º molar inferior, que pode estar em processo de erupção; Inchaço clínico associado à saída de secreção de gosto desagradável; Sondagem periodontal revela formação de bolsa na face vestibular do dente envolvido; 1/3 pacientes com envolvimento bilateral dos 1º molares. Lesão radiolúcida unilocular bem circunscrita envolvendo a bifurcação vestibular e a região da raiz do dente; Radiografia oclusal: útil para localização vestibular da lesão; Ápices radiculares voltados para a cortical lingual mandibular; Associação com periostite proliferativa: únicas ou múltiplas camadas de formação de osso reacional. Características histopatológicas: Revestido por epitélio escamoso estratificado não ceratinizado com áreas de hiperplasia; Infiltrado inflamatório crônico presente na cápsula de tecido conjuntivo circunjacente. Tratamento e prognóstico: Enucleação; Não é necessária a extração do dente; Após 1 ano da cirurgia: cicatrização completa com normalização da profundidade de sondagem periodontal e reparo ósseo; DE DESENVOLVIMENTO CISTO DENTÍGERO (CISTO FOLICULAR) É definido como um cisto que se origina pela separação do folículo que fica ao redor da coroa de um dente incluso. São lesões císticas unidas à junção amelocementária. É o tipo de cisto odontogênico de desenvolvimento mais comum, correspondendo a cerca de 20% de todos os cisto epiteliais dos maxilares. A patogênese é incerta, mas aparentemente ele se desenvolve pelo acúmulo de fluido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa do dente. Alguns cistos dentígerosapresentam patogênese inflamatória: cisto paradentário. Características clínicas e radiográficas: Pode envolver com mais frequência os 3MI > Caninos e os 3MS > 2PMI. Raramente envolvem dentes decíduos inclusos e ocasionalmente podem estar associados a dentes supranumerários ou a odontomas. São descobertos mais frequentemente em pacientes entre 10 e 30 anos, tendo uma leve predileção por homens e são mais comuns em brancos do que em negros. Os cistos dentígeros pequenos são descobertos por meio de exames radiográficos e são totalmente assintomáticos. Podem chegar a um tamanho considerável e serem associados à expansão indolor do osso na área envolvida. Os cistos podem ainda se tornar infectados e associados à dor e edema. Tais infeções podem surgir em um cisto dentígeros associado a um dente parcialmente erupcionado ou por extensão de uma lesão periapical ou periodontal que afeta um dente adjacente. Radiograficamente, o cisto mostra uma área radiolúcida unilocular que está associada à coroa de um dente incluso. A lesão apresenta margem bem definida e frequentemente esclerótica MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 5 (um cisto inflamado mostra margens pouco definidas). Devido ao tamanho do cisto, pode haver a impressão que ele é multilocular, mas macroscopicamente e histologicamente são lesões uniloculares. Possui variações radiográficas: central, lateral e circunferencial. É difícil a distinção radiográfica entre um pequeno cisto dentígero e um folículo coronário aumentado que está sobre a coroa de um dente incluso, o que se transforma, na maioria dos casos, somente em um exercício acadêmico. Para a lesão ser considerada como um cisto dentígero, alguns investigadores acreditam que o espaço radiolúcido que envolve a coroa do dente deve ser de aproximadamente 3 a 4 mm de diâmetro. Contudo, os achados radiográficos não são diagnósticos de um cisto dentígero, porque os ceratocistos odontogênicos, os ameloblastomas uniloculares e muitos outros tumores odontogênicos e não odontogênicos podem apresentar características radiográficas que são essencialmente idênticas àquelas do cisto dentígero. Características histopatológicas: No cisto dentígero não inflamado, a cápsula de tecido conjuntivo fibroso está arranjada frouxamente e contém considerável substância fundamental amorfa composta por glicosaminoglicanos. Presença de pequenas ilhas e cordões de restos epiteliais odontogênicos de aspecto inativo. O revestimento epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não ceratinizadas, e a interface é plana entre o epitélio e o tecido conjuntivo. Restos numerosos podem se confundir com ameloblastoma. No cisto dentígero inflamado, a cápsula fibrosa é mais colagenizada, com um infiltrado inflamatório crônico variável. O revestimento epitelial pode mostrar quantidades variáveis de hiperplasia com o desenvolvimento de cristas epiteliais e características escamosas mais definidas. Tratamento e prognóstico: Cuidadosa enucleação do cisto juntamente com a remoção do dente não erupcionado. Caso a erupção do dente envolvido for considerada possível dente é mantido em seu local. Grandes cistos podem ser tratados por meio de marsupialização, que permite descompressão do cisto, com resultante redução no tamanho do defeito ósseo. Raramente nota-se recidiva. Apesar de pouco frequente, o cisto pode sofrer uma transformação neoplásica para um ameloblastoma. Pode se desenvolver um carcinoma de células escamosas no revestimento do cisto; e carcinomas mucoepidermoides intraosseos, a partir de células mucosas no revestimento do cisto. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 6 CISTO DE ERUPÇÃO (HEMATOMA DE ERUPÇÃO) É análogo, nos tecidos moles, do cisto dentígero. Se desenvolve como resultado da separação do folículo dentário da coroa de um dente em erupção que já está posicionado nos tecidos moles. Características clínicas: Surge como um aumento de volume de consistência mole, frequentemente translúcido, na mucosa gengival que recobre a coroa de um dente decíduo ou permanente em erupção. Ocorre com mais frequência em crianças com menos de 10 anos de idade. Acomete mais incisivos centrais decíduos inferiores, a 1M permanentes e a incisivos decíduos superiores. Quando o cisto está com uma coloração arroxeada, devido trauma, é denominado de hematoma de erupção. Características histopatológicas: Exibem epitélio oral de superfície na porção superior. A lâmina própria subjacente mostra infiltrado inflamatório visível. A porção profunda, que representa o teto do cisto, mostra uma fina camada de epitélio escamoso não ceratinizado. Tratamento e prognóstico: Não há necessidade de tratamento, pois o cisto se rompe espontaneamente, permitindo a erupção do dente. Caso isso não ocorra, realiza-se uma ulectomia. CISTO GENGIVAL (ALVEOLAR) DO RECÉM-NASCIDO São pequenos, superficiais e com conteúdo de ceratina, encontrados na mucosa alveolar de crianças. Se originam dos remanescentes da lâmina dental. Surgem como pequenas pápulas esbranquiçadas na mucosa que recobre o processo alveolar de neonatos. O rebordo superior é mais acometido que o inferior. Na histopatologia, é notado revestimento epitelial delgado e achatado, com uma superfície luminal paraceratótica. Não é indicado tratamento para esses cistos, pois as lesões involuem espontaneamente. Raramente são observadas após os três meses de idade. Retenção de epitélios glandulares na linha mediana: Pérolas de Epstein e Nódulos de Bohn. CISTO GENGIVAL DO ADULTO É uma lesão incomum, sendo derivada de restos da lâmina dental (restos de Serres). Apresenta-se como uma elevação lisa, nodular e pequena. Acomete mais a região de caninos e pré-molares inferiores. Não há imagem radiográfica, pois não há envolvimento ósseo. A coloração da lesão é rósea, similar à mucosa da região. A expansão da lesão é lenta e assintomática e os índices de recidiva são baixos. São mais frequentes em pacientes na quinta e sexta década de vida e são localizados, na maioria ds vezes, na gengiva vestibular ou mucosa alveolar. Diagnóstico diferencial: cisto periodontal lateral. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 7 CISTO PERIODONTAL LATERAL Tipo incomum de cisto odontogênico do desenvolvimento que ocorre tipicamente ao longo da superfície radicular lateral de um dente. Acredita-se que surja dos restos da lâmina dental. É responsável por menos de 2% de todos os cistos dos ossos gnáticos. Características clínicas e radiográficas: Lesão assintomática que é detectada apenas durante um exame radiográfico. Ocorre com mais frequência em pacientes da quinta à sétima décadas de vida, raramente ocorrendo em pessoas com menos de 30 anos. Acomete mais a região de PM, C e IL inferiores. Radiograficamente, o cisto aparece como uma área radiolúcida localizada lateralmente à raiz de dentes com vitalidade, possuindo menos de 1 cm de diâmetro. Quando apresenta um aspecto policístico, é chamado de cisto odontogênico botrioides. Essa variante possui o aspecto de cachos de uva devido aos pequenos cistos individuais e frequentemente mostra um aspecto radiográfico multilocular. As características radiográficas do cisto periodontal lateral não são suficientes para fechar o diagnóstico. Diagnósticos diferenciais: ceratocisto odontogênico que se desenvolve entre as raízes dos dentes; cisto radicular inflamatório que ocorre lateralmente à raiz. Características histopatológicas: apresenta cápsula fibrosa delgada, geralmente sem inflamação, com um revestimento epitelial que possui, em sua maior parte, apenas três camadas de espessura.Consiste em células escamosas achatadas e, algumas vezes, cuboides. Focos de células claras ricas em glicogênio podem estar espalhados entre as células do revestimento epitelial. Raramente, os cistos odontogênicos botrioides (COB) exibem área focais que são histopatologicamente sugestiva de um cisto odontogênico glandular, logo COB é um diagnóstico diferencial do cisto odontogênico glandular. Tratamento e prognóstico: Enucleação. A recidiva não é comum, apesar de ter sido relatada na variante botrioide, devido sua natureza policística. Carcinoma de células escamosas= transformação muito rara. CERATOCISTO ODONTOGÊNICO **** Surge a partir dos restos celulares da lâmina dental. Diferente do cisto dentígero, possui um crescimento anteroposterior, causando um mínimo de assimetria no paciente. Seu crescimento pode estar relacionado com fatores desconhecidos, inerentes ao próprio epitélio ou à atividade enzimática na parece cística, diferente do cisto dentígero e cisto radicular, onde o crescimento e dá pela ação da pressão osmótica. O ceratocisto é responsável por cerca de 3% a 11% de todos os cistos odontogênicos. Possui uma maior probabilidade de transformação neoplásica e epitélio com características autônomas. É mais comum na mandíbula e apresenta contorno escavado (infiltração nas raízes). O índice de recorrência é elevado, pois tem característica infiltrativa e a cápsula é mais fina, impossibilitando a sua retirada completa. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 8 Características clínicas e radiográficas: São encontrados em pacientes com idade variável, mas cerca de 60% dos casos são diagnosticados em pessoas entre 10 e 40 anos. Leve predileção por homens e acometimento da mandíbula em 60% a 80% dos casos tendência para o envolvimento do corpo posterior e do ramo. Pequenos ceratocistos são assintomáticos; de grandes dimensões podem estar associados a dor, edema ou drenagem. Alguns cistos extremamente grandes, contudo, podem ser assintomáticos. Tendem a crescer em uma direção anteroposterior, dentro da cavidade medular do osso, sem causar expansão óssea. Característica usada como diagnóstico diferencial dos cistos dentígeros e radiculares de tamanho comparável, associados à expansão óssea. Múltiplos ceratocistos odontogênicos podem estar presentes e tais pacientes devem ser avaliados em busca de outras manifestações da síndrome do carcinoma nevoide basocelular (Gorlin). Radiograficamente, exibem uma área radiolúcida, com margens escleróticas frequentemente bem definidas. Lesões grandes podem apresentar várias lojas. Um dente não erupcionado está envolvido na lesão em 25% a 40% dos casos; em tais instâncias, as características radiográficas sugerem o diagnóstico de um cisto dentígero. Nesses casos, o cisto presumidamente surgiu dos restos da lâmina dentária próximos a um dente não erupcionado e cresceu de forma a envolvê-lo. A reabsorção das raízes dos dentes erupcionado adjacentes aos ceratocistos odontogênicos é menos comum do que a notada com os cistos dentígero e radicular. O diagnóstico do cisto baseia-se nas características histopatológicas. Diagnóstico diferencial: cisto dentígero, cisto radicular, cisto residual e cisto periodontal lateral ou ainda o denominado cisto globulomaxilar (entidade não mais verdadeira). Quando na linha média, na região anterior da maxila, os ceratocistos odontogênicos podem confundir- se com cistos do ducto nasopalatino. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 9 Características histopatológicas: exibe uma cápsula delgada e friável, que provoca dificuldades em ser enucleada do osso em um único pedaço. O lúmen cístico contém líquido claro semelhante a transudato seroso ou pode estar preenchido por material caseoso, que consiste de restos de ceratinócito. O revestimento epitelial é composto por uma camada uniforme de epitélio escamoso estratificado e a formação de cristas epiteliais não é muito perceptível. A superfície luminal exibe células epiteliais paraceratóticas achatadas, que exibem um aspecto ondulado e corrugado. A camada basal epitelial é composta por uma camada em paliçada de células epiteliais coloidais ou colunares, que frequentemente são hipercromáticas. Pequenos cistos, cordões ou ilhas satélites de epitélio odontogênico podem ser observados na cápsula fibrosa. Na presença de alterações inflamatórios A superfície luminal paraceratinizada pode desaparecer e o epitélio pode proliferar formando cristas epiteliais com perda da característica em paliçada da camada basal. Tratamento e prognóstico: A confirmação histopatológica é requerida para o diagnóstico definitivo. O tratamento é feito através de enucleação e curetagem. A remoção do cisto em uma única peça é difícil de ser realizada devido a estrutura da sua cápsula. Diferente de outros cistos, o ceratocisto odontogênico com frequência tende a recorrer após o tratamento. Alguns cirurgiões recomendam a osteotomia periférica da cavidade óssea com um broca para reduzir a frequência de recidivas; outros recomendam uma cauterização química da cavidade com solução de Carnoy após a remoção do cisto. Após a cistectomia e biópsia incisional, alguns cirurgiões têm tratada grandes ceratocistos através da inserção de um dreno de polietileno para permitir a descompressão e a subsequente redução do MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 10 tamanho da cavidade cística. SÍNDROME DO CARCINOMA NEVOIDE BASOCELULAR (SÍNDROME DE GORLIN-GOLTZ) Condição hereditária autossômica dominante que exibe alta penetrância e expressividade variável. É causada por mutações no gene (PTCH), um gene supressor de tumor. Os componentes principais são múltiplos carcinomas basocelulares na pele, ceratocistos odontogênicos, calcificações intracranianas e anomalias das costelas e das vértebras. Características clínicas e radiográficas: A variabilidade é grande e não há um único componente presente em todos os pacientes. Apesar da aparência microscópica dos carcinomas basocelulares sindrômicos serem idênticas às do carcinoma basocelular não sindrômico, as lesões sindrômicas geralmente apresentam um comportamento muito menos agressivo. Geralmente aparecem na puberdade ou na segunda ou terceira década de vida, apesar de poderem se desenvolver em crianças jovens. Os tumores variam desde pápulas avermelhadas até placas ulceradas. Frequentemente aparecem na pele que não está exposta à luz solar, mas são mais comumente localizados na região média da face. Negros com a síndrome tendem a desenvolver carcinomas basocelulares menos frequentemente do que brancos e apresentam um número menor dessas lesões. Radiograficamente, os cistos em pacientes com a síndrome do carcinoma nevoide basocelular não diferem significativamente dos ceratocistos isolados. Os cistos em pacientes com essa síndrome estão frequentemente associados a coroas de dentes não irrompidos, podendo mimetizer, nas radiografias, cistos dentígeros. Características histopatológicas: Os ceratocistos nessa síndrome tendem a ter mais cistos satélites, ilhas sólidas de proliferação epitelial e restos epiteliais odontogênicos. Focos de calcificação também parecem ser mais comuns. Os ceratocistos odontogênicos associados a essa síndrome demonstram expressão aumentada das oncoproteínas p53 e ciclina D1. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 11 Tratamento e prognóstico: a maioria das anomalias a na síndrome do carcinoma nevoide basocelularé menor e geralmente não oferece risco de morte. O prognóstico depende do comportamento dos tumores epiteliais. Os pacientes devem evitar a exposição à radiação UV e a radioterapia. Os ceratocistos são tratados por enucleação, mas o grau de recidiva é aumentado. Vários graus de deformidades dos ossos gnáticos podem resultar das operações de múltiplos cistos. Deve ser feito o aconselhamento genético para os indivíduos afetados. CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE (CISTO DE GORLIN; TUMOR DENTINOGÊNICO DE CÉLULAS FANTASMAS; TUMOR ODONTOGÊNICO CÍSTICO CALCIFICANTE; CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE DE CÉLULAS FANTASMAS) É uma lesão incomum. Possui áreas radiopacas em seu interior. Não tem predileção por localização e sem preferência por sexo nem idade. O crescimento não é tão agressivo como no ceratocisto odontogênico, apesar de ser expansivo. Apresenta massas radiopacas com halos radiolúcidos. Na histopatologia, observa-se a presenta de placas (deposição de hialina e ceratina) e a presença de células fantasmas. O cisto odontogênico calcificante pode estar associado a outros tumores odontogênicos reconhecidos, mais comumente aos odontomas. Contudo, os tumores odontogênicos adenomatoides e os ameloblastomas também se apresentam em associação com os cistos odontogênicos calcificantes. Características clínicas e radiográficas: Predominantemente uma lesão intraóssea, apesar de 13% a 30% dos casos terem se apresentado como lesões periféricas (extraósseas). Acomete mais a região de incisivos e caninos. A média de idade é de 33 anos, apesar dos pacientes terem idade variando da infância à velhice. Quando associados com odontomas, os cistos odontogênicos calcificantes tendem a ocorrer em pacientes mais jovens, com média de 17 anos de idade. As variantes neoplásicas podem ocorrer em pacientes mais velhos. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 12 O cisto odontogênico calcificante central geralmente se apresenta como uma lesão radiolúcida, unilocular, bem definida, apesar de a lesão poder ser, ocasionalmente multilocular. Estruturas radiopacas dentro da lesão (calcificações irregulares ou de densidade semelhante ao osso) estão presentes em quase metade dos casos. A lesão radiolúcida, em 1/3 dos casos, está associada a um dente não erupcionado, com maior frequência no canino. O tamanho do cisto odontogênico calcificante varia entre 2 e 4 cm, apesar de já terem sido relatados cistos maiores. A reabsorção radicular ou a divergência dos dentes adjacentes podem ser observadas. Os extraósseos se apresentam como massas gengivais sésseis ou pedunculadas, sem características clínicas específicas. Assemelham-se a: fibromas gengivais comuns, cistos gengivais ou granuloma de células gigantes periféricos. Características histopatológicas: Uma lesão cística bem definida é encontrada com uma cápsula fibrosa e um revestimento de epitélio odontogênico de 4 a 10 células de espessura. As células basais do revestimento epitelial podem ser cuboides ou colunares, semelhantes a ameloblastos. A camada sobrejacente de epitélio pode lembrar o retículo estrelado de um ameloblastoma. O aspecto histopatológico mais característico do cisto odontogênico calcificante é a presença de um número variável de células fantasmas dentro do componente epitelial. São células eosinofílicas, caracterizadas pela perda do núcleo e preservação da estrutura. Essa alteração pode representar a necrose de coagulação ou o acúmulo de proteína do esmalte, ou ainda, uma forma de ceratinização normal ou aberrante do epitélio odontogênico. Massas de células fantasmas podem se fusionar, formando grandes lençóis de material amorfo e acelular. Calcificações são comuns em meio às células fantasmas. Aparecerem, inicialmente, como grânulos basofílicos, que podem aumentar de tamanho e formar extensos aumentos de volume de material calcificado. Também pode estar presente dentina displásica. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 13 Há diversas variantes do cisto, sendo elas: • Revestimento epitelial prolifera para o lúmen de forma que ele se apresente, em grande parte, preenchidos por aumentos de volume de células fantasmas e calcificações distróficas. Múltiplos cistos- filhos podem estar presentes na cápsula. • A proliferação epitelial uni ou multifocal do revestimento do cisto em direção ao lúmen pode lembrar o ameloblastoma. (Lembram superficialmente, mas não satisfazem o critério histopatológico para o diagnóstico de ameloblastoma). • Cerca de 20% dos cistos odontogênicos calcificantes císticos estão associados a odontomas. Essa variante é uma lesão unicística, que mostra as características de um cisto odontogênico calcificante juntamente com um pequeno odontoma complexo ou composto. Cistos odontogênicos calcificantes neoplásicos (sólidos) são incomuns, sendo responsáveis por 2% a 16% de todos os cistos odontogênicos calcificantes. As formas extraósseas da variante sólida mostram ilhas de tamanho variado de epitélio odontogênico em um estroma fibroso. As ilhas epiteliais mostram células colunares em paliçada periférica e um retículo estrelado central, que lembra um ameloblastoma. A variante intraóssea rara é um tumor sólido que consiste em ilhas e cordões de epitélio odontogênico semelhantes ao ameloblastoma dispersos em estroma de tecido conjuntivo fibroso, com presença de células fantasmas e material dentinoide justaepitelialmente. Tratamento e prognóstico: o prognóstico é favorável, sendo relatadas poucas recidivas após a enucleação do cisto. O cisto odontogênico calcificante neoplásico parece ter o mesmo prognóstico que o ameloblastoma periférico, com mínima chance de recidiva após a excisão cirúrgica simples. Quando o cisto odontogênico calcificante está associado com outro tumor, o prognóstico costuma ser o mesmo do tumor. CISTO ODONTOGÊNICO GLANDULAR (CISTO SIALO-ODONTOGÊNICO) Descrito por Gardner em 1988 e chamado de sialocisto odontogênico. É mais comum na mandíbula, na região anterior, e considerado raro. A característica mais marcante é a presença de várias lojas (multilocular) e coloração azulada. É um cisto com comportamento MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 14 mais agressivo, sendo o índice de recorrência alto. Possui microscopia característica de glândula. As áreas císticas intra-epiteliais, espirais de células epitelias e células mucosas. Apresenta epitélio de revestimento com células cilíndricas e diversas estruturas ductiformes. Apesar de ser aceito, de forma geral, como sendo de origem odontogênica, ele também exibe características glandulares ou salivares que são uma indicação da pluripontencialidade do epitélio odontogênico. Características clínicas e radiográficas: Ocorre mais em adultos de meia-idade, com média de 48 anos ao diagnóstico, ocorrendo de forma muito rara antes dos 20 anos. A maioria dos casos ocorre na mandíbula (75%) e apresenta predileção pela região anterior dos ossos gnáticos. Muitas lesões que ocorrem na mandíbula atravessam a linha média. O tamanho do cisto odontogênico glandular varia desde menos de 1 cm até grandes lesões destrutivas da maxila e mandíbula. Cistos menores são assintomáticos, enquanto grandes cistos podem produzir expansão clínica que pode estar associada à dor e parestesia. Radiograficamente, a lesão apresenta0se como uma imagem radiolúcida uni ou multilocular, com margens bem definidas e apresentando bordas escleróticas. Características histopatológicas: Revestido por epitélio escamoso de espessura variada. A interface entre o epitélio ea cápsula de tecido conjuntivo fibroso é plana. A cápsula fibrosa do cisto geralmente não possui infiltrado inflamatório. As células epiteliais superficiais que revestem a cavidade cística tendem a ser cúbicas a colunares, resultando numa superfície irregular e, por vezes, papilar. Podem ser observados ainda cílios e material mucicarminofílico. Células mucosas podem ou não estar presentes dentro MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 15 do epitélio. Pode apresentar nódulos esféricos, similares aos encontrados nos cistos periodontais laterais. Há certo grau de sobreposição histopatológica entre as características do cisto odontogênico glandular e aquelas do carcinoma mucoepidermoide intraósseo de baixo grau, predominantemente cístico em alguns campos selecionados, as características podem ser idênticas. Tratamento e prognóstico: Enucleação e curetagem. Mostra uma propensão recidiva (30% dos casos). As recidivas parecem ser mais comuns em lesões multiloculadas. Pode-se também considerar a ressecção em bloco para lesões multiloculares devido a sua natureza agressiva e tendência a recidivas. CISTOS NÃO ODONTOGÊNICOS CISTO NASOLABIAL (CISTO NASOALVEOLAR; CISTO DE KLESTADT) É um cisto do desenvolvimento raro que ocorre no lábio superior, lateral à linha média. Originado de epitélio aprisionado durante a fusão do processo frontonasal com o processo maxilar. Acomete mais mulheres, tendo uma ampla faixa de idade (media é a 3ª década de vida). Pode conter parte do epitélio do ducto lacrimal. O fórnice do vestíbulo fica mais raso com a presença do cisto nasolabial. O descarte de diagnóstico de cisto odontogênico é feito pela avaliação clínica + radiografias. Localiza-se extraósseo e não ganha grandes proporções. O crescimento é lento e assintomático e na radiografia é possível ver que não há comprometimento da lâmina dura (sem envolvimento dentário). A remoção é feita através de uma incisão. Características clínicas e radiográficas: aumento de volume do lábio superior, resultando na elevação da asa do nariz. Eleva a mucosa vestibular, apagando o fundo do vestíbulo. Essa expansão pode resultar em obstrução nasal ou interferir na utilização de uma prótese. A dor é rara, exceto quando a lesão está infectada secundariamente. O cisto pode se romper espontaneamente. Como o cisto se origina dos tecidos moles, não há alterações radiográficas, mas, ocasionalmente, pode ocorrer reabsorção do osso subjacente pela pressão exercida pelo cisto. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 16 Características histopatológicas: Revestido por epitélio colunar pseudoestratificado, exibindo células caliciformes e ciliadas. Áreas de epitélio cúbico e metaplasia escamosa não são raras. A parede do cisto é composta de tecido conjuntivo fibroso com tecido muscular esquelético adjacente. Tratamento e prognóstico: Consiste na remoção cirúrgica por acesso intraoral. Às vezes é necessário retirar parte da mucosa nasal para garantir a remoção completa da lesão. A recidiva é rara. Recentemente foi sugerida uma abordagem alternativo via cavidade nasal que permite a marsupialização endoscópica da lesão. CISTO DO DUCTO NASOPALATINO (CISTO DO CANAL INCISIVO) Cisto odontogênico mais comum na cavidade oral, ocorrendo em cerca de 1% da população. Consiste no aprisionamento de epitélio durante a fusão dos processos palatinos, onde se prolifera e forma o cisto. Para diferenciar a lesão de um cisto periapical, investiga-se a integridade da lâmina dura, mostrando que não há envolvimento dentário. Características clínicas e radiográficas: Pode se desenvolver em qualquer idade, porém é mais comum na 4ª a 6ª décadas de vida. Apresenta uma leva predileção por homens. Há tumefação da região anterior do palato, drenagem e dor. Apesar disso, muitas lesões são assintomáticas, sendo identificadas apenas em radiografia de rotina. Raramente, um cisto grande pode produzir uma expansão “completamente” flutuante, envolvendo a região anterior do palato e a mucosa alveolar. As radiografias geralmente demonstram uma lesão radiolúcida bem delimitada próxima ou na linha média da região anterior da maxila, entre o ápice dos incisivos centrais. Pode ocorrer (raramente) reabsorção radicular. A lesão é redonda ou oval, com uma margem esclerótica. Pode exibir o aspecto clássico de coração, como resultado da sobreposição da espinha nasal anterior. O tamanho na radiografia pode variar de 6 mm até 6 cm. Dificuldade em diferenciar um cisto do forame incisivo = considera-se o tamanho máximo de 6 mm para o forame. Em raras ocasiões, um cisto do ducto palatino pode se desenvolver nos tecidos moles da papila incisiva sem qualquer envolvimento ósseo. Estas lesões são frequentemente chamadas de cistos da papila incisiva, que exibem colocação azulada devido ao seu conteúdo líquido. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 17 Características histopatológicas: o epitélio de revestimento é variável, podendo ser: escamoso estratificado, colunar pseudoestratificado, colunar simples ou cúbido simples. Frequentemente mais de um tipo é e encontrado no mesmo cisto. Células caliciformes e cílios podem ser encontrados em associação do epitélio colunas. Cistos que se desenvolvem mais superiormente ao canal, próximos à cavidade nasal, tendem a ter epitélio respiratório, enquanto que aqueles localizados próximos à cavidade oral exibem epitélio escamoso. Nervos de tamanho moderado, artérias musculares pequenas e veias são frequentemente encontrados na parede do cisto. Pequenas glândulas mucosas às vezes são observadas. Pode apresentar também ilhas de cartilagem hialina. Tratamento e prognóstico: Enucleação cirúrgica e a biópsia é recomendada. A recidiva é rara e a transformação maligna tem sido relatada em alguns casos escassos complicação rara. CISTO DA PAPILA INCISIVA Caracterizado por um aumento na papila incisiva. Investigação se está associado a um dente ou não é necessária. Não há envolvimento ósseo e pode comprimir grandes feixes nervosos e sanguíneos. CISTOS NÃO ODONTOGÊNICOS (EXTINTOS) Esses cistos foram considerados cistos fissurais. A teoria atual é a do nivelamento dos processos não ocorre retenção do epitélio e não há fusão do sulco. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 18 CISTO GLOBULOMAXILAR Praticamente todos os cistos que ocorrem na região globulomaxilar (entre o incisivo lateral e o canino) podem ser explicados com uma base odontogênica. Muitos são revestidos por epitélio escamoso estratificado com inflamação e são considerados cistos periapicais. Alguns exibem características histopatológicas específicas de um ceratocisto odontogênico ou de um cisto periodontal lateral. Também foi sugerido que algumas destas inflamações podem surgir de uma inflamação do epitélio reduzido do esmalte no momento de erupção dos dentes. Em raras exceções, podem ser revestidos por epitélio colunas, pseudoestratificado ou ciliado. Quando a lesão radiolúcida for encontrada entre o incisivo lateral e canino superior, o clínico deve considerar primeiro uma origem odontogênica para a lesão. Possui aspecto de pêra invertida e localiza-se na região anterior, entre as raízes, levando a divergência das raízes. CISTO PALATINO (PALATAL) MEDIANO Não há envolvimento ósseo. Cisto do ducto nasopalatino posterior. Teoricamente se desenvolve do epitélio retido ao longo da linha de fusão embrionária dos processos palatinos laterais da maxila. Características clínicas e radiográficas: Tumefação firmeou flutuante na linha média do palato duro, posterior à papila incisiva. Aparece mais em adultos jovens. É assintomática, porém alguns pacientes se queixam de dor ou expansão. As radiografias oclusais revelam uma lesão radiolúcida na linha média do palato duro. Características histopatológicas: Revestimento de epitélio escamoso estratificado. Uma inflamação crônica pode estar presente na parede do cisto. Tratamento e prognóstico: Remoção cirúrgica com recidiva inexistente. CISTO MANDIBULAR MEDIANO (cisto odontogênico) Lesão controversa de existência questionável. Como não ocorre fusão de processos limitados por epitélio, não é possível ocorrer retenção epitelial. Vários casos suspeitos de cisto mandibular mediano seriam diagnosticados como cisto odontogênico glandular. Outros poderiam ser classificados como cistos periapicais, ceratocistos odontogênicos ou cistos periodontais laterais. PSEUDOCISTOS CISTO ÓSSEO ANEURISMÁTICO É um acúmulo intraósseo de espaços preenchidos com sague de tamanhos variados circundados por tecido conjuntivo fibroso celularizado que frequentemente se misturam com trabéculas de osso esponjoso reativo. Possui crescimento rápido, 2% são nos osso gnáticos, acometem mais pacientes jovens (30 anos), parte posterior da mandíbula e há presença de dor e apagamento do fórnice do vestíbulo. Caracteriza-se por presença de múltiplas lojas e espaços radiolúcidos e, às vezes, presença de focos radiopacos. Possui um aspecto balonizante MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 19 com rápida expansão óssea. As causas variam desde alterações hemodinâmicas a traumas. Pode ser lesão primária ou secundária: entidades fibro-ósseas (neoplásica) propicia a formação de cistos. Aspecto de esponja encharcada de sangue e o diagnóstico se dá pela observação das características. O tratamento se dá por meio de curetagem, enucleação, criocirurgia, ressecção em bloco nos casos mais agressivos. A cicatrização é em torno de 6 a 12 meses (?). Prognóstico é favorável e recidiva discutível. Causas mais prováveis: evento traumático, malformação vascular ou neoplasma, que perturba a hemodinâmica óssea normal e leva à extravasamento hemorrágico. Alguns autores sugerem que o cisto ósseo aneurismático está intimamente relacionado com o granuloma de células gigantes. Um cisto ósseo aneurismático pode se formar quando uma área de hemorragia mantém conexão com os vasos nutritivos desorganizados. Características clínicas e radiográficas: são localizados em ossos longos ou na coluna vertebral, em pacientes com menos de 30 anos. São incomuns, com aproximadamente 2% dos casos relatados. Nos ossos gnáticos, a predileção é por crianças e adultos jovens com média de idade aproximada de 20 anos. Há predominância pela mandíbula, no segmento posterior. Nas radiografias, temos uma lesão radiolúcida uni ou multilocular, frequentemente associada com expansão e adelgaçamento acentuados da cortical. As margens podem ser difusas ou bem definidas. Frequentemente é descrita uma distensão em forma de balão ou blow out do contorno do osso afetado. Raramente são notados focos radiopacos. No momento da cirurgia é encontrado um periósteo intacto e uma pequena lâmina de osso cobrindo a lesão. Pode ocorrer perfuração da cortical, mas não infiltração no tecido mole adjacente. Características histopatológicas: Caracterizado por espaços preenchidos por sangue não coagulado de tamanhos variados, circundado por tecido fibroblástico celurizado contendo células gigantes multinucleadas e trabéculas de osteoide e osso imaturo. A parede contem um padrão não usual de calcificação em forma de laço (incomum em outras lesões). Em 20% dos casos, está associado a outra patologia (fibro-óssea ou granuloma de células gigantes). MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 20 Tratamento e prognóstico: curetagem, enucleação ou criocirurgia. A vascularização nas lesões tem um fluxo lendo, o que permite que na remoção da lesão o sangramento seja controlado. Raros casos requerem ressecção cirúrgica. Os defeitos cirúrgicos cicatrizam de 6 meses a 1 ano e não necessitam de enxerto ósseo. A taxa de recidiva é variada e a maioria dos relatos surge da remoção inadequada ou incompleta da lesão coexistente. CISTO ÓSSEO SIMPLES (TRAUMÁTICO, HEMORRÁRICO, SOLITÁRIO OU IDIOPÁTICO) Cavidade benigna vazia ou contendo fluido no osso que é livre de revestimento epitelial. A lesão. A causa da patogênese é incerta e controversa. Algumas teorias são descritas no Neville: Teoria de trauma-hemorragia o trauma resulta em apenas hematoma (sem fratura) e este não sofre reparo e organização, onde se liquefaz e resulta num defeito cístico; Incapacidade do fluido intersticial em deixar o osso por causa da drenagem venosa inadequada; Distúrbio local no crescimento ósseo; Necrose isquêmica da medula; Alteração localizada no metabolismo ósseo resultando em osteólise. Características clínicas e radiográficas: Acomete pacientes jovens, igualmente homens e mulheres. É mais frequente na mandíbula, na região de molares e pré- molares. Não há expansão óssea e geralmente não produz sintomas. Alguns pacientes relatam aumento de volume indolor na área afetada e outros relatam dor e parestesia. Radiograficamente, a lesão aparece como um defeito radiolúcido bem delimitado. Geralmente são uniloculares e por vezes pode-se ver estruturas anatômicas. O defeito varia de 1 a 10 cm de diâmetro. Quando afeta vários dentes, o defeito radiolúcido frequentemente mostra projeções em forma de cúpula que se dirigem para cima entre as raízes dos dentes ( em forma de cúpula). A lesão pode regredir espontaneamente. Características histopatológicas: Revestida por uma camada fina de tecido conjuntivo fibroso vascular ou pode demonstrar uma proliferação fibromixomatosa espessada que frequentemente está entremeada MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 21 por trabéculas de osso reativo celular. Pode exibir áreas de vascularização, fibrina, eritrócitos e células gigantes ocasionais adjacentes à superfície óssea. Calcificações distróficas ocasioanais são notadas. Diagnóstico: A imagem radiográfica pode ser confundida com uma grande variedade de lesões odontogênicas e não-odontogênicas. O diagnóstico é estabelecido pela exploração cirúrgica. Tratamento e prognóstico: curetagem p/ estimular o coágulo para estimular a neoformação óssea. CISTO DERMOIDE/ EPIDERMOIDE (dermoide:anexos folículo piloso e glândula; epi: isento de anexos) É uma malformaão cística do desenvolvimento incomum. É revestido por epitélio semelhante à epiderme, e na parede contém anexos cutâneos. Geralmente, o cisto epidermoide é considerado uma forma cística benigna do teratoma. Acomete o soalho de boca (localização mais comum). Diagnóstico diferencial: rânula. Contém ceratina no interior. Há deslocamento da língua, podendo prejudicar a respiração e fonação. Formação acima do m. milo-hioideo. Tem cápsula, epitélio e ceratina (cisto verdadeiro). Quando está localizado abaixo do m. milo- hioideo causa elevação no espaço sublingual DD: rânula mergulhante. Não associada a angina de Ludwing. Acomete mais frequentemente crianças e adultos jovens. O crescimento é lento, sem provocar dor, apresentando-se como uma massa borrachoide ou pastosa. Características histopatológicas: Revestidos por epitélio escamoso estratificado ortoceratinizado, com uma camada granulosa proeminente. É comum encontrar ceratina abundanteno interior da luz do cisto. A parede cística é composta por tecido conjuntivo fibroso que contém um ou mais anexos cutêneos. Tratamento e prognóstico: enucleação e marsupialização. A recidiva é incomum e são raros os relatos de transformação maligna em MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 22 carcinoma de células escamosas. TUMORES ODONTOGÊNICOS TUMORES DE EPITÉLIO ODONTOGÊNICO SEM ECTOMESÊNQUIMA AMELOBLASTOMA Tumor muito comum. Surgem dos restos da lâmina dentária, de um órgão do esmalte em desenvolvimento, do revestimento epitelial de um cisto odontogênico ou das células basais da mucosa oral. São tumores de crescimento lento, localmente invasivos, que apresentam um curso benigno na maior parte dos casos. Geralmente os dentes possuem vitalidade. Ameloblastoma intraósseo sólido convencional ou multicístico (86% de todos os casos) Características clínicas e radiográficas: Ampla variação etária, tendo maior predileção por pacientes na 3ª e 7ª décadas de vida. Não há preferência por sexo. 80% a 85% dos casos ocorrem na mandíbula, mais frequentemente no ramo e no corpo. Os que acometem a maxila atingem a parte posterior. Como é assintomático, lesões menores são identificadas apenas em radiografias de rotina. Há tumefação indolor ou expansão dos ossos gnáticos e se não for tratada, a lesão pode crescer lentamente até atingir grandes proporções. Dor e parestesia são incomuns. A característica radiográfica mais típica é uma lesão radiolúcida multilocular, com aspecto de “bolhas de sabão” quando maiores ou com aspecto de “favo de mel” quando são menores. Geralmente há expansão das corticais vestibular e lingual e a reabsorção dos dentes adjacentes ao tumor é comum. Um dente não erupcionado pode estar envolvido com a lesão. As margens da lesão mostram festonamento irregular. O ameloblastoma desmoplásico apresenta uma predileção pelo acometimento nas regiões anteriores, principalmente na maxila. Radiograficamente, esse tipo lembra uma lesão fibro- óssea devido ao se aspecto misto radiolúcido e radiopaco. Esse aspecto radiográficos se deve à metaplasia óssea nos densos septos fibrosos que caracterizam a lesão. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 23 Características histopatológicas: • Padrão folicular Mais comum e reconhecível. Presença de ilhas de epitélio, que lembram o epitélio do órgão do esmalte, em meio a um estroma maduro de tecido conjuntivo fibroso. Presença de ninhos epiteliais em uma região central de células angulares arranjadas frouxamente e única camada de células colunares altas. A formação de cistos é comum e pode variar desde microcistos , que se formam dentro das ilhas de epitélio, até grandes cistos macroscópicos. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 24 Padrão plexiforme Consiste em cordões longos e anastomosantes ou lençóis maiores de epitélio odontogênico. Estes são delimitados por células colunares ou cúbicas, semelhantes a ameloblastos. O estroma de suporte tende a ser vascular e arranjado frouxamente e a formação de cistos é incomum. Tratamento e prognóstico: Os pacientes com ameloblastoma intraósseo multicístico ou sólido têm sido tratados deste enucleação seguida de curetagem até ressecção em bloco. A curetagem deixa pequena ilhas de tumor, o que provoca alta taxa de recidiva. Frequentemente, a recidiva demora muitos anos para se tornas clinicamente visível. Ameloblastoma unicístico (cerca de 13% de todos os casos) Gera assimetria óssea. Acomete pacientes mais jovens. Há reabsorção radicular e deslocamentos dos dentes adjacentes ao tumor. Há vitalidade nos dentes. Características clínicas e radiográficas: São mais comuns em pacientes jovens, com cerca de 50% dos tumores diagnosticados durante a segunda década de vida. A maioria é encontrada na mandíbula, na região posterior. Mesmos grandes tumores, são assintomáticos. Radiograficamente, a lesão aparece como uma imagem radiolúcida circunscrita que envolve a coroa de um 3MI não erupcionado, lembrando clinicamente um cisto dentígero. Em alguns casos, a área radiolúcida pode apresentar margens festonadas. O diagnóstico é feito apenas após o estudo microscópico da espécime. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 25 Características histopatológicas: • Ameloblastoma unicístico luminal o tumor está confinado à superfície luminal do cisto. Consiste em uma parede cística fibrosa com um revestimento composto total ou parcialmente por epitélio ameloblástico, que exibe uma camada basal de células colunares ou cúbicas com núcleo hipercromático. • Ameloblastoma unicístico intraluminal um ou mais nódulos de ameloblastomas se projetam do revestimento cístico em direção ao lúmen do cisto. Esses nódulos podem ser pequenos ou preencher o lúmen cístico. Em alguns casos, o nódulo tumoral lembra o padrão plexiforme. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 26 Tratamento e prognóstico: Se os elementos ameloblásticos estiverem confinados ao lúmen do cisto, com ou sem extensão tumoral intraluminal, a enucleação do cisto provavelmente é o tratamento mais adequado. Se houver extensão do tumor em direção à parede fibrosa do cisto, é recomendável a ressecção em bloco. Recidiva após enucleação e curetagem: 10 % a 20%. É possível que alguns desses tumores que são designados como unicísticos possam de fato possuir um componente invasivo mais característico que não tenha sido detectado no exame histopatológico. Ameloblastoma periférico (cerca de 1% de todos os casos) Provavelmente surge dos restos da lâmina dentária sob a mucosa oral, ou das células basais do epitélio de superfície. Histopatologicamente, apresentam as mesmas características que a variante intraóssea desse tumor. Características clínicas e radiográficas: Lesão indolor, não ulcerada, séssil ou pedunculada, que acomete a mucosa gengival ou alveolar. A maioria das lesões é considerada clinicamente como um fibroma ou um granuloma piogênico. Observa-se acometimento de pessoas com meia-idade (média de 52 anos). Os ameloblastomas periféricos são mais encontrados na mucosa alveolar e gengival posterior e são mais comuns na mandíbula. Não ocorre envolvimento ósseo significativo. Características histopatológicas: Apresentam ilhas de epitélio ameloblástico que ocupam a lâmina própria sob o epitélio superficial. Os padrões mais comuns para o epitélio em proliferação são os padrões plexiforme ou folicular. Nota-se conexão do tumor com a camada basal do epitélio de superfície em metade dos casos. Foram descrito carcinomas de células basais da mucosas oral, mas a maioria deles seria bem mais designada como ameloblastomas periféricos. Um fibroma odontogênico periférico pode ser confundido com um ameloblastoma periférico. A presença de dentina displásica ou de elementos semelhantes a cemento no fibroma odontogênico periférico e a ausência de células epiteliais colunares são suficientes para distinguir as duas lesões. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 27 CARCINOMA AMELOBLÁSTICO Contrapartida maligna do ameloblastoma. Apresentam um curso local marcadamente agressivo, mas as metástases não necessariamente ocorrem. Características clínicas e radiográficas: Acomete pacientes entre 4 e 75 anos, com média para 30 anos de idade. As metástases são mais frequentemente encontradas nos pulmões, seguido dos linfonodos cervicais. Os carcinomas ameloblásticossão lesões mais agressivas, com margens mal definidas e com destruição cortical. Características histopatológicas: Padrão microscópico de um ameloblastoma + características citológicas de malignidade (aumento da razão núcleo-citoplasma, hipercromatismo nuclear, mitoses aumentadas, necrose das ilhas tumorais e áreas de calcificação distrófica). Tratamento e prognóstico: O prognóstico não é favorável. Cerca de metade dos pacientes acompanhados e documentados faleceram devido à doença. As lesões designadas como carcinomas ameloblásticos têm demosntrado um curso clínico uniforme agressivo, com perfuração da cortical óssea e extensão do tumor em direção aos tecidos adjacentes. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 28 TUMOR ODONTOGÊNICO EPITELIAL CALCIFICANTE (TUMOR DE PINDBORG) Características clínicas e radiográficas: Mais frequentemnte encontrado em pacientes entre 30 e 50 anos e sem predileção por gênero. É mais comum na mandíbula, nas regiões posteriores. Aumento de volume indolor e crescimento lento. Radiograficamente, exibe uma lesão radiolúcida uni ou multiloculada (uni é mais encontrado na maxila). As margens são festonadas e bem definidas. Geralmente contém imagens radiopacas em seu interior, que são estrututas calcificadas de tamanho e densidade variáveis e esparsas. Está associado a um dente impactado, mais comumente um molar inferior. Pode haver reabsorção radicular. A deposição de material hialino é mais nítida. Características histopatológicas: Discretas ilhas, cordões ou lençois de células epiteliais poliédricas em um estroma fibroso. O núcleo mostra variacão considerável e núcleos gigantes podem ser observados. Alguns tumores mostram considerável pleomorfismo nuclear. Também são observadas grandes áreas de material extracelular amorfo, eosinofílico e hialinizado. As calcificações são um achado característico desse tumor e se desenvolvem dentro do material semelhante a amiloide, formando anéis concêntricos (calcificações do tipo anéis de Liesegang), que tendem a se fusionar e formar aumentos de volume e complexos. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 29 Tratamento e prognóstico: Ressecção local conservadora. Uma taxa de recidiva de aprox. 15% tem sido relatada. Os tumores que são tratados por curetagem apresentam maiores taxas de recidiva. TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATOIDE (TOA) Características clínicas e radiográfica: Acomete mais pacientes jovens, com a maioria dos casos diganosticados entre 10 e 19 ano. Ocorre mais na regiçao anterior dos maxilares e é encontrado menos na mandíbula. Leve predileção pelo sexo feminino e característica assintomática. A maioria dos tumores odontogênicos adenomatoides são pequeno e raramente excedem 3 cm. Aparecem como pequenos aumentos de volume sésseis na gengiva vestibular da maxila. Clinicamente não podem ser diferenciadas das lesões fibrosas na gengiva. Radiograficamente, aparecem com uma imagem radiolúcida circuscrita, unilocular, que envolvem a coroa de um dente não erupcionado. DD: cisto dentígero calcificações delicadas dentro da lesão podem ser usadas para diferenciar os tumores odontogênicos adenomatoides dos cistos dentígeros. Há envolvimento dos dentes retidos e divergência das raízes. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 30 Características histopatológicas: espessa cápsula fibrosa. A região central do tumor pode ser sólida ou pode apresentar diversos graus de alteração. O tumor é composto por células epiteliais fusiformes que formam lençóis, cordões ou aumentos de volumes espiralados de células em um estroma fibroso escasso. Presença de estruturas tubulares semelhantes a ductos. Pequenos focos de calcificação também podem estar dispersos pelo tumor. Algumas lesões apresentam padrões na periferia do tumor, adjacente à cápsula (cordões delgados de epitélio, anastomosados, em uma matriz eosinofílica, frouxamente arranjada). Tratamento e prognóstico: Enucleação. O comportamento agressivo não foi documentado e a recidiva após enucleação é muito rara. Tumores de epitélio odontogênico com ectomesênquima odontogênico, com ou sem formação de tecido dentário FIBROMA AMELOBLÁSTICO Considerado com o um tumor misto verdadeiro, em que tanto o tecido epitelial quanto o mesenquimal são neoplásicos. Cacacterísticas clínicas e radiográficas: Ocorre mais em pacientes jovens (1ª e 2ª década de vida). Leve predileção por homens; são assintomáticos e acometem mais a região posterior da mandíbula. É considerado agressivo com tendência a recidiva. Radiograficamente, observa-se lesão radiolúcida uni ou multilocular, com as menores tendendo a ser uni. As margens são bem definidas e escleróticas. Um dente não erupcionado está relacionado à lesão na maioria dos casos MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 31 Características histopatológicas: tecido mesenquimal rico em células, que lembra a papila dentária primitiva, misturado ao epitélio odontogênico em proliferação. O padrão epitelial mais comum consiste em cordões longos e delgados de epitélio odontogênico anastomosados. No outro padrão, as células epiteliais formam pequenas ilhas, que lembram o estágio folicular do desenvolvimento do órgão do esmalte. Tratamento e prognóstico: excisão cirúrgica mais agressiva deveria ser reservada apenas para as lesões recidivantes. 20% sofrem recidiva; tratamento cirúrgico; recorrência de fibroma ameloblástico com transformação para fibrossarcoma ameloblástico. Prognóstico: o paciente deve ser acompanhado ODONTOMA São considerados anomalias do desenvolvimento, em vez de neoplassias verdadeiras. Quando totalmente desenvolvidos, os odontomas consistem principalmente em esmalte e dentina, com quantidades variáveis de polpa e cemento. É o mais comuns dos tumores odontogênicos; assintomático; faixa etária entre a 1ª e 2ª décadas de vida; frequentemente está associado com dentes não irrompidos (massa impede a erupção do permanente). O odontoma composto tem a presença de dentículos, com prevalência na região anterior da maxila. O odontoma complexo consiste em uma massa de tecido dentário, que exibe esmalte e dentina, com prevalência na região posterior. Características clínicas e radiográficas: São lesões pequenas que raramente excedem o tamanho de um dente. Ocorrem mais frequentemente na maxila. Pode se desenvolver completamente dentro dos tecidos moles gengivais. Radiograficamente, o odontoma composto aparece como uma coleção de estruturas semelhantes a dentes de variados tamanhos e formas, cercados por uma delgada zona radiolúcida. O odontoma complexo aparece como um aumento de volume calcificado com a radiodensidade da estrutura dentária. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 32 Características histopatolóhicas: O composto consiste em múltiplas estruturas lembrando pequenos dentes unirradiculares, contidos numa matriz fibrosa frouxa. O completo consiste de dentina tubular madura, que envolve fendas ou estruturas ocas circulares. Pequenas ilhas de células fantasmas epiteliais eosinofílicas estão presentes em aprox. 20% dos odontomas complexos. Tratamento e prognóstico: Os odontomas são tratados por excisão local simples e o prognóstico é excelente. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 33 MIXOMA ODONTOGÊNICO Originam-se do ectomesênquima odontotogênico. Possui aspecto radiográfico em “favosde mel”. Pode- se evidenciar áreas festonadas: deslocar ou reabsorver dentes. Apresenta trabéculas ósseas delgadas. As lojas são mais retas. Pode ganhar volume e complexida maior. Rico em líquido: ácido hialurônico. Normalmente pe feita uma enucleação, dependendo do tamanho. Geralmente, a recidiva é baixa. Características clínicas e radiográficas: 25 a 30 anos, sem predileção por gênero. Acomete mais a mandíbula. Lesões menores podem ser assintomáticas e lesões maiores são associadas à expansão indolor do osso envolvido. Radiograficamente, se apresenta como uma lesão radiolúcida uni ou multiloculada, que pode deslocar e reabsorver dentes na região do tumor. As margens são irregulares e festonadas. Grandes mixomas da mandíbula podem apresentar o padrão radiolúcido em ‘bolhas de sabão”, que é indistinguível daquele observado nos ameloblastomas. Características histopatológicas: O tumor é composto por células casualmente arranjadas em formato estrelado, fusiforme ou arredondado, em um estroma abundante. Tratamento e diagnóstico: Pequenos mixomas são tratados através de curetagem. Ressecção em bloco é recomendada para lesões maiores. CEMENTOBLASTOMA É um neoplasma odontogênico de cementoblastos que atinge o terço médio das raízes de molares e pré-molares inferiores. Massa radiopaca fundida na raiz, envolta com um halo radiolúcido. Raramente tem expansão da cortical, mas há erosão. Geralmente não há recidiva com a remoção completa do tumor. O dente associado é vital. Caso não esteja fundido com a raiz pode ser um osteoma. Características clínicas e radiográficas: Acomete mais a mandíbula. Raramente afetam dentes impactados e dentes decíduos e não há predileção por sexo. Ocorre mais em crianças e adultos jovens com aprox. metade surgindo antes dos 20 anos. Em 2/3 dos casos, aumento de volume e dor estão presentes. Podem ser observados sinais de comportamento agressivo local, incluindo expansão óssea, erosão da cortical, deslocamento de dentes adjacentes, envolvimento do seio axilar e infiltração na cavidade pulpar e canais radiculares. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 34 Radiograficamente, aparece como um aumento de volume radiopaco que está fundido a um ou mais dentes e é circundado por um fino halo radiolúcido. O contorno da raiz ou das raízes do dente envolvido está geralmente obscurecido como resultado da reabsorção radicular e fusão do tumor com o dente. Características histopatológicas: Lembra bastante um osteoblastoma, sendo a principal característica para diferenciar, a fusão do tumor com o dente. Consiste em lençóis e trabéculas espessas de material mineralizado com lacunas posicionadas irregularmente e linhas basofílicas proeminentes. Há presença de tecido fibrovascular celularizado. Presença também de células gigantes multinucleadas e células blásticas margeando as trabéculas mineralizadas. A periferia da lesão é composta de matriz não calcificada. Em poucos casos, as lesões pomde se infiltra na câmara pulpar e nos canais radiculares dos dentes envolvidos. Tratamento e prognóstico: Extração dos dentes juntamente com o aumento de volume calcificado. Amputação da raiz e tratamento endodôntico pode considerado. A recidiva depende da total remoção do tumor. FIBROMA CEMENTO-OSSIFICANTE (FIBROMA OSSIFICANTE. FIBROMA CEMENTIFICANTE) Envolve fibroblastos, ameloblastos e osteoblastos. Não se sabe a causa. Na radiografia é possível ver uma imagem circunscrita com área radiolúcida e radiopacas mescladas (área radiolúcida com salpicadas radiopacas). Acomete mais a mandíbula e ocorre mais em adultos. Pode atingir grandes tamanhos. Embora possa lembrar a displasia cemento-óssea focal radiograficamente, e em menor extensão, histopatologicamente, o fibroma cemento- ossificante é um neoplasma verdadeiro com significativo potencial de crescimento. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 35 O neoplasma é composto de tecido fibroso, que contém uma variável mistura de trabéculas ósseas semelhantes à cemento. Características clínicas e radiográficas: Casos são mais encontrados durante a 3ª e a 4ª década de vida. Leve predileção pelo sexo feminino, com a mandíbula envolvida mais frequentemente, com as áreas de molares e PM mais afetadas. Pequenas lesões são assintomáticas e lesões maiores resultam de um aumento de volume indolor do osso. Causam assimetria fácil e dor e parestesia são associados raramento com o fibroma ossificante. Na radiografia, a lesão é mais frequentemente unilocular e alguns exemplos mostram margens escleróticas. Pode aparecer completamente radiolúcido, dependendo do grau de calcificação dentro do tumor. Aparecem graus variáveis de raidiopacidade. Pode ser notada divergência radicular ou reabsorção das raízes dos dentes associados com o tumor. Características histopatológicas: caracterizado por um aumento de volume. Consiste em tecido fibroso que exibe variáveis graus de celuridade e contém material mineralizado. A parte de tecido duro se apresenta como trabéculas ósseas. Tratamento e prognóstico: a natureza circunscrita do fibrosa ossificante ou cemeto- ossificante geralmente permite a enucleação do tumor com relativo facilidade. A ressecção cirúrgica e enxerto ósseo são indicados quando o tumor tem um crescimento muito grande e destrói parte considerável do osso. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 36 LESÕES FIBRO-ÓSSEAS DAS MAXILAS Representam um grupo de processos caracterizados por substituição do osso normal por tecido fibroso (tec. conjuntivo). As características do osso displásico são: menor vascularização; maior risco de infecção; e baixa cicatrização. DISPLASIA FIBROSA (BENIGNO) Condição semelhante a um tumor que é caracterizada pela substituição do osso normal por uma proliferação excessiva de tecido conjuntivo fibroso. Geram aumento de volume, possuem crescimento lento e assintomático e acomete mais pacientes jovens. As lesões são autolimitantes, o que depende dos hormônios= até a puberdade. Podem ser monostáticas (craniofacial e apenas um osso) ou Polióstica (quando acomete vários ossos e tem uma repercussão sistêmica). Características embaçada “vidro despolido”, o que não dá uma limitação da lesão. Possui áreas mescladas: radiopacas e radiolúcidas. Características clínicas e radiográficas: • Displasia fibrosa monostática dos ossos gnáticos (80% a 85%): a maioria é diagnosticada durante a 2ª década de vida. Não há predileção por sexo. Há aumento de volume indolor da área afetada, com crescimento muito lento. Os dentes envolvidos permanecem firmes, mas podem ser deslocados pela massa óssea. Radiograficamente, a característica principal é a de “vidro despolido” e a não delimitação da lesão. Radiografias periapicais dos dentes envolvidos mostram uma lâmina dura mal definida que se confunde com o padrão ósseo anormal. Quando acomete a maxila, o tecido da lesão desloca o soalho do seio e há envolvimento do seio maxilar e sua obliteração. • Displasia fibrosa polióstica; Síndrome de Jaffe-Linchtenstein; Síndrome de McCune- Albright( pouco comum): Quando a displasia fibrosa polióstica é vista com pigmentação café com leite, o preocesso é denonimado síndrome de Jaffe-Linchtenstein. Quando combinada com manchas café com leite + múltiplas endocrinopatias (hipertireoidismo, adenoma pituário, precocidade sexual), é conhecida como síndrome de McCune- Albright. Quando presentes, as manchas café com leite consistem em pigmentações acastanhadas e bem definidas, geralmenteunilaterais. Podem estar presentes também máculas pigmentadas na mucosa oral. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 37 Características histopatológicas: trabéculas com formato irregular de osso imaturo em um estroma celular fibroso arranjado frouxamente. Não há presença de cápsula ou linha de demarcação. Tratamento e prognóstico: dificuldade de remoção devido a natureza difusa da lesão. A doença, em muitos casos, tende a se estabilizar e para de aumentar quando a maturação é atingida. Cirurgia: mais para tratamento estético devido a deformidades na face do paciente. A prevalência de novo crescimento após remoção cirúrgica é estimado entre 25 % a 50% dos casos. Áreas displásicas podem se transformar em osteossarcomas em situação que houve uso, sem fundamento, de radioterapia: atrogenia que levou a essa transformação. Displasia fibrosa x Fibroma cemento-ossificante Displasia fibrosa: não possui limitação; é autolimitante; requer acompanhamento e cuidado com as áreas displásica; e a intervenção cirúrgica é apenas com finalidade estética ou funcional. Fibroma cemento-ossificante: possui limitação; não é autolimitante; intervenção cirúrgica é p/ retirada do tumor. DISPLASIA CEMENTO-ÓSSEAS (DISPLASIAS ÓSSEAS) Ocorre nas áreas de suporte dos dentes nos ossos gnáticos e é provavelmente a lesão fibro- óssea mais comum. Diagnóstico diferencial: displasia fibrosa e fibroma cemento-ossificante. Características clínicas e radiográficas: • Displasia cemento-óssea periapical (displasia óssea; displasia cementoide; cementomas): Envolve predominantemente a região periapical da mandíbula anterior. Podem ocorrer lesões solitárias ou múltiplos focos. Leve predileção pelo sexo feminino, de raça negra e entre 30 a 40 anos (?) (Neville diz que é entre 30 e 50 anos, sendo que o diagnóstico quase nunca é feito em pacientes com menos de 20 anos).É uma condição assintomática, onde os dentes associados são vitais (diferenciação do granuloma periapical ou cisto periapical) e quase nunca têm restaurações. As lesões iniciais aparecem como áreas radiolúcida circunscritas envolvendo a área periapical de um dente. Com o tempo, as lesões adjacentes se fundem, formando um padrão linear e acometendo os ápices de vários dentes. Com o tempo também criam regiões MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 38 radiolúcidas e radiopacas. No estágio final, mostram uma calcificação densa circunscrita circundada por um estreito halo radiolúcido. O ligamento periodontal está intacto. As lesões individuais não ultrapassam 1 cm de diâmetro; são autolimitantes e tipicamente não expandem a cortical. •Displasia cemento-óssea florida: aparece como envolvimento multifocal não limitado à região da mandíbula. As lesões mostram uma tendência acentuada para envolvimento bilateral, quase frequentemente simétrico. Pode ser completamente assintomática. Em outros casos, o paciente pode se queixar de dor persistente de baixa intensidade, podendo estar presente uma fístula alveolar, expondo osso avascular amarelado na cavidade oral. MAYARA GAVA – ODONTO 115 Patologia Oral – 2018/2 Página 39 Características histopatológicas: o tecido consiste em fragmentos de tecido mesenquimal celular composto de fibroblastos fusiformes e fibras colágenas com numerosos vasos sanguíneos pequenos. Tipicamente é notada hemorragia entremeada pela lesão. Presença de osso imaturo, osso lamelar e partículas semelhantes a cemento. Displasia cemento-óssea florida X Osteomielite Dor/inflamação em episódios de remissão; sem predileção por sexo; idade adulta e frequência na mandíbula; não se desenvolve de lesões radiolúcida prévias; radiograficamente se tem áreas radiolúcidas e radiopacas na mandíbula.
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