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AULA 01 desenvolvimento neuropsicomotor e aprendizagem

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AULA 1 
DESENVOLVIMENTO 
NEUROPSICOMOTOR E 
APRENDIZAGEM 
Prof. Everton Adriano de Morais 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Em primeiro lugar, seja bem-vindo à primeira aula da disciplina de 
Desenvolvimento Neuropsicomotor e Aprendizagem. O objetivo é relacionar a 
motricidade ao processo do aprender e apreender o conhecimento. A construção 
das aulas será por meio de apresentação de temas como estruturas biológicas 
envolvidas, interações sociais, díades como pais-filhos, professores-alunos, 
educadores-educandos etc. A relação dos temas sempre será voltada a 
aprendizagem no sentido de métodos e meios de absorver, reorganizar, assimilar 
e adaptar informações. 
O desenvolvimento humano tem diversas particularidades que trazem 
complexidades em cada faixa etária, e, por esse motivo, existe uma necessidade 
de analisar minuciosamente cada fase, desde o nascimento até a velhice. O 
comportamento motor, por exemplo, tem suas singularidades na infância quanto 
a reflexos, andar, correr, movimentos de coordenação motora fina, que, por sua 
vez, exigem diversos processos cognitivos, como coordenação visomotora, 
atenção, processos controlados e automatizados. Já na fase da velhice, esses 
comportamentos podem apresentar deterioração e comprometer o funcionamento 
de novas rotas de aprendizagem. 
Desta forma, a meta a ser alcançada nesta aula é proporcionar a você 
compreender o desenrolar e a interdependência de cada momento, sistema e 
função do desenvolvimento neuropsicomotor. 
CONTEXTUALIZANDO 
Qual é a relação da motricidade com os processos do pensamento? O 
comportamento motor tem, diretamente, uma relação com as emoções, a 
afetividade, o social? A resposta assertiva para essas questões é sim. O motivo 
que se pode investigar é que há uma interligação do pensar e da efetividade 
motriz. Para Wallon (Fonseca, 2008, p.15-16), a motricidade corresponde à 
primeira sequência paralela e simultânea que é criada estruturalmente 
relacionada com o meio,e é considerada um instrumento essencial dos processos 
de pensamento e suas interações com a vida de um modo geral. 
Outro ponto importante também citado por Fonseca (2008, p. 16-17) são 
as fases de maturação biológica referentes ao movimento e ao pensamento, 
desde os meses iniciais de vida, bem como na primeira fase do bebê na qual ele 
 
 
3 
passa de deitado para sentado. Posteriormente, ele evolui do sentar para o 
engatinhar, em seguida para o andar e o correr, mas isso ocorre de acordo com a 
maturação e o envolvimento do ser junto ao meio social, ou seja, há uma demanda 
do ambiente por meio da influência de outros humanos ou até mesmo de 
estímulos relacionados a objetos, como brinquedos, roupas e outros acessórios, 
uma vez que a criança procura se relacionar com os objetos, o que é uma 
sociointeração, e, assim, tem construções de pensamento. A patir disso, tem uma 
maturação de outros processos cognitivos, como linguagem, memória, atenção, 
percepção, planejamento etc. 
Conforme comentado anteriormente, Wallon (Fonseca, 2008, p. 19-20) 
demostrava enorme interesse sobre o comportamento motriz e sua relação com 
desenvolvimento, estrutura e maturação das crianças. Além disso, é considerado 
um dos primeiros autores na Europa a relacionar a funcionalidade 
neuropsicológica e a função tônica, esta corresponde ao comportamento motor. 
O mais interessante é que esse autor não apenas relacionava isso a motricidade, 
mas a afetividade e a aprendizagem humana. Dado esse enfoque no 
desenvolvimento humano referente a motricidade, tem-se uma prévia dos 
conteúdos que serão trabalhados no decorrer desta aula. 
TEMA 1 – DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR E O APRENDIZADO EM 
DIVERSOS CONTEXTOS 
Conforme visto anteriormente, na introdução da aula, o desenvolvimento 
motor tem uma relação intimamente produzida junto aos pensamentos. No caso 
dos seres humanos, entende-se que a todo momento, praticamente, há situações 
e condições em que é possível a obtenção de aprendizagem. Desde o 
nascimento, quando uma criança abre o olho e chega a este mundo, existe uma 
exigência de aprender em todos os âmbitos. Novos conhecimentos são adquiridos 
todos os dias – falar, brincar, mamar, o abrir e o fechar das mãos e outros 
infindáveis exemplos. O fato é como isso ocorre, qual é a explicação minuciosa 
para tal fenômeno. Para Henry Wallon, autor já mencionado na introdução desta 
aula, o desenvolvimento psicomotor parte de uma sequência de comportamentos 
ocasionados pela maturação que variam de indivíduo para indivíduo, mas que, em 
sua essência, são produzidos por todos os seres humanos. 
As características desse desenvolvimento envolvem uma sequência 
progressiva de ações, das mais reflexas até as mais reflexivas, que são: reflexos 
 
 
4 
(que são marcados mais por impulsividade), emoções (estágio que o autor cita e 
que faz relação com o tônus, um dos responsáveis pela motricidade), posturas 
(hábitos), eu corporal (coordenação e lateralização), símbolos (conflitos e relação 
do indivíduo com o outro), praxias (classificações e categorias) e, por último, 
reflexão (mudanças e valores). Para ilustrar as informações, segue uma 
explicação gráfica de como isso ocorre, de acordo com Wallon: 
Figura 1 – Quadro gráfico descritivo do desenvolvimento psicomotor (Wallon) 
 
Fonte: Fonseca, 2008, p. 21. 
Quando se traz a questão da motricidade relacionada ao neuropsicomotor, 
tem-se por investigação estruturas biológicas envolvidas, as quais fazem parte do 
sistema nervoso e regem tal funcionamento. O cerebelo, estrutura do encéfalo 
que está localizada na parte posterior e abaixo do cérebro, tem uma grande 
responsabilidade na automatização e no controle do equilíbrio. Outro ponto 
importante a essa ligação neurológica é o funcionamento das vísceras e o 
comportamento motor: elas provocam reações interoceptivas que correspondem 
a o que é interno do organismo, isso controlado pelo sistema nervoso, tendo como 
uma das estruturas mais importantes o bulbo, que controla os ciclos vitais. No 
decorrer do desenvolvimento, isso segue uma maturação que aprimora os 
movimentos (Fonseca, 2008, p.21). 
Crescimento, maturação e aprimoramento psicomotor têm como premissa 
a relação do ser com o outro, e isso corresponde a uma gama de constructos 
desenvolvidos a partir de interações sociais e funcionais do aprender, conhecer e 
saber. Segundo Fernandes (2012, p. 1-5), o comportamento motriz passa por sua 
construção por meio de interações sociais. A motricidade tem uma relação direta 
 
 
5 
com os processos de pensamento e produz um resultado de práxis, significado e 
afetividade. Todavia, pode-se dizer que o aprender está ligado a diversos 
contextos, e em cada um deles existe uma particularidade expressada. Não se 
deve apenas considerar bases biologicistas ou de pensamentos, mas o âmbito de 
interações sociais, estas também responsáveis na construção motriz. 
TEMA 2 – ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO MOTOR 
Os aspectos neurobiológicos do comportamento motor têm interação com 
diversas estruturas cerebrais, que agem de forma modular entre si para produzir 
ação e funcionalidade. É importante comentar algumas características, por 
exemplo: antes da execução de um determinado movimento, há uma série de 
sequências que acontecem. Inicia-se um planejamento, ainda que talvez não seja 
refinado e aprimorado, mas que pode ser também bem estruturado. Em seguida, 
há uma integração entre estrutura musculoesquelética, respiração, batimento 
cardíaco, coordenação e organização. Por último, efetiva-se a execução do 
movimento em si. Para que toda essa ação ocorra, há uma sistematização 
coordenada pelas áreas cerebraisdo lobo frontal. 
De acordo com Kandel et al. (2014, p. 355-356), a organização estrutural 
do movimento segue uma sequência biológica em nível de sistema nervoso. Esta 
é controlada a partir do envolvimento direto do lobo frontal, seguindo uma série 
interligada, sendo as emoções como alegria, medo, raiva etc. ligadas a cognição, 
como atenção, memória, raciocínio lógico entre outros, e todo esse processo é 
iniciado em uma região intitulada córtex pré-frontal, mais especificamente no 
orbitofrontal-ventromedial (OF). Em seguida, o funcionamento prossegue a uma 
ligação a outra estrutura, esta chamada de córtex pré-frontal dorsolateral 
(CPFDL). Posteriormente, a continuidade ocorre em um região do lobo frontal 
intitulada pré-motora (PM), e a ordem de execução do movimento em si é efetuada 
na região motora primária (M1). Por fim, o movimento controlado é efetivado 
(Kandel et al., 2014, p.356). Pode-se exemplificar a sequência de descrita a partir 
de um atleta em atuação, como um jogador de futebol que vai executar uma 
cobrança de pênalti. Ele planeja em qual canto fará a cobrança e o lado do pé que 
vai usar para chutar a bola, pensa de forma hipotética qual será o movimento do 
goleiro. Em seguida, corre para a bola, faz uso de vários sistemas do seu 
organismo, como ossos, músculos, controle de respiração, pressão do 
movimento, força do chute etc., até que, para finalizar o movimento, chuta a bola 
 
 
6 
em direção ao gol. Ou seja, houve um planejamento, um comportamento pré-
motor e posteriormente motor (execução). Para ilustrar de forma estrutural 
cerebral toda essa explicação, abaixo segue uma imagem com a descrição visual 
de como ocorre toda a situação: 
Figura 2 – Estruturas cerebrais do lobo frontal envolvidas no comportamento 
motor dirigido 
 
Fonte: Kandel et al., 2014, p.356. 
Todo esse funcionamento foi identificado a partir de pacientes que sofreram 
lesões restritas ao lobo frontal, nas quais houve deterioração das estruturas 
cerebrais específicas que afetou diretamente a motricidade direta e voluntária no 
que diz respeito ao comportamento motor. Outro ponto importante a ser destacado 
é a relação da cognição e da emoção junto ao comportamento de execução 
motora. A tomada de decisão e o planejamento quanto a cognição e sua relação 
com a emoção intitulada medo, por exemplo, pode dificultar a execução de um 
movimento. Caso haja alto nível de carga emocional, pode-se dificultar a 
efetivação do movimento de andar de bicicleta, que exige equilíbrio e execução 
paralela de motricidade dirigida. Desta forma, é possível analisar que, no viés de 
aspectos biológicos, o comportamento motor tem sua complexidade interligada 
aos mecanismos de funcionamento cerebral a partir de inúmeras áreas. Estas, por 
sua vez, regulam e controlam a motricidade dirigida a um objetivo específico, 
como andar, correr, pular, dançar, digitar, entre outros, e demonstra a ligação 
direta entre o movimento e o pensamento no que se refere a construção da 
coordenação motora fina ou grossa, por exemplo. 
 
 
7 
TEMA 3 – EMOÇÕES, AFETIVIDADE E O COMPORTAMENTO MOTOR 
O encéfalo possui diversas estruturas responsáveis pelo sistema de 
regulação, ativação e funcionalidade de processos psicofisiológicos e motores. 
Uma das características desse funcionamento são as emoções, as quais podem 
ser classificadas inicialmente como primárias (inatas) e secundárias (evolutivas). 
De acordo com Kendal et al. (p. 303, 2014), em meados do século XX, um 
pesquisador chamado Pierre Paul Broca foi o primeiro a designar e classificar 
porções do cérebro como lobo frontal por sua responsabilidade direta no controle 
do movimento voluntário; parietal, com funções somatossensoriais; e temporal, 
com atribuições de funções auditivas, linguagem compreensiva e emoções. O 
lobo entorno contínuo envolto do córtex temporal ele inicialmente chamou de lobo 
límbico. 
O córtex associativo límbico tem diversas funções, sendo uma delas a 
responsabilidade pelas emoções. Para que esse funcionamento ocorra, há 
diversas estruturas envolvidas, por exemplo: giro do cíngulo, hipotálamo e 
amígdala. Esse conjunto de estruturas cerebrais tem por objetivo funcional ativo 
o desempenho de consolidação de memórias de longa duração e das emoções 
(Kendal et al., 2014, p. 361) e forma o sistema chamado límbico, um circuito 
responsável pelas emoções. Este, por sua vez, tem uma importante ligação de 
forma intrínseca com mecanismos de áreas corticais. Esse circuito envolve 
diversas estruturas do sistema nervoso para o recebimento das informações pelos 
nervos sensitivos, interpretado por hipotálamo, giro cingulado e hipocampo, tendo 
ativações viscerais responsáveis pela sistematização do funcionamento 
fisiológico das emoções (Holanda, p. 8, 2013; Machado, p. 277-281,1993; Lent, 
2004). 
O neurologista Ledoux (2001), especialista em estudo de emoções e 
funções do sistema límbico, lança a seguinte questão: “Nós controlamos nossas 
emoções ou elas nos controlam?” Em outras palavras, trata-se de uma relação 
que não exige somente uma tomada de decisão, mas um envolvimento direto com 
diversos processos cognitivos, como autocontrole, e com o comportamento motor 
voluntário, e determinadas vezes o poder fazer e o não poder fazer. Esse processo 
exige uma relação direta com as funções cognitivas e as emoções. Uma decisão 
pode mudar totalmente um contexto, e, através da cognição, uma pessoa pode 
defender-se frente a um evento aversivo ou lastimar, ativando sua emoção 
 
 
8 
primária intitulada tristeza e produzindo a fraqueza de não conseguir se controlar 
em uma situação de impulso. 
A concepção da funcionalidade das emoções e sua relação com as funções 
cognitivas têm sido motivo de exploração há algum tempo. De acordo com 
pesquisas realizadas por Walter Mischel (Gazzaniga, 2017), utilizando a aplicação 
do método Delay of gratification, ou atraso de gratificação, foi possível analisar o 
comportamento humano e sua relação com autocontrole e tomada de decisão, 
que possuem ligações diretas com a motricidade voluntária dirigida a um objetivo 
específico, inclusive ligado às emoções. 
No experimento, crianças eram colocadas individualmente em uma sala 
espelhada e era dado um marshmallow para cada uma. Fazia-se um acordo de 
que elas deveriam aguardá-lo para futuramente receber outro marshmallow. Na 
ocasião, Mischel avaliou indivíduos com quatro anos de idade e, posteriormente, 
acompanhou-os dez anos mais tarde. Por meio do acompanhamento, houve 
possibilidade de analisar que indivíduos que conseguiram adiar a gratificação 
tornaram-se mais competentes socialmente e mais capazes de lidar com 
frustrações. 
Mischel (Gazzaniga, 2017) classifica com sua colega de pesquisa Janet 
Metcalfe estratégias para esse autocontrole, como cognições quentes e cognições 
frias, em que relata também especificações e funções cerebrais para esses 
critérios. Diante do método utilizado, cada criança desenvolvia sua técnica de 
autocontrole em relação às emoções contidas na atividade. Havia crianças que 
desenvolviam técnicas como fechar os olhos, pensar em nuvens ou não olhar para 
o alimento. Cada indivíduo foi questionado a respeito da técnica utilizada para 
desenvolver o autocontrole exigido, e foi possível notar as cognições quentes 
sendo transformadas em frias, pois o indivíduo alterava a situação gratificante 
para um conceito apenas simbólico. 
Com isso, podem-se verificar as situações de defesa através das cognições 
frias de um indivíduo frente a um evento aversivo, uma vez que o objeto desejado 
simbolicamente torna-se indesejado. Conforme Mischel (Gazzaniga, 2017), 
através dessa teoria, pode-se afirmarque a função da amígdala processa os 
aspectos gratificantes (cognições quentes), enquanto o hipocampo processa os 
conceitos simbólicos (cognições frias), planejamentos e objetivos estratégicos e, 
por esse motivo, responsabiliza-se pelo autocontrole, junto com outras estruturas 
cerebrais, como o córtex frontal. 
 
 
9 
Ledoux (2001), em seu livro O cérebro emocional, relata a maneira 
interpretativa de neurologistas referente a emoção e cognição, pois eles dividem 
uma da outra, porém, mais tarde, pode-se comprovar o vínculo de ambas. Como 
no experimento, dá-se a entender como as crianças fugiam psiquicamente do 
contexto, utilizando a memória em caso de lembrar-se das nuvens, ou o próprio 
autocontrole freando o impulso para não ingerir o alimento e aguardar a premiação 
avisada. 
Assim, pode-se inferir que a emoção tem grande influência nos processos 
de adaptação e condução de aprendizagem, pois o amadurecimento no 
desenvolvimento humano influencia diretamente a aprendizagem. Henry Wallon 
trata a efetividade ou a vida emocional essencial para a aprendizagem, pois esta 
deve ser considerada para todos os contextos do cotidiano. Um aluno que 
expressa alegria ou tristeza tem grandes alterações não apenas fisiológicas 
viscerais no organismo, mas também nas ações dos processos psicológicos, e 
isso pode afetar sua capacidade cognitiva do aprender. 
Exatamente por isso se deve analisar todo o funcionamento da 
aprendizagem, suas estruturas, a capacidade emocional e a de lidar com estas. 
Um aluno que apresenta medo de frequentar uma escola devido a uma 
complicação fisiológica não pode ser encarado apenas como um aluno que está 
só com medo, mas deve ser considerado o que isso pode gerar de transformação 
no estado de aprendizagem do aluno (Almeida, 1999, p. 74). 
TEMA 4 – PROCESSOS INTEGRADORES DA LINGUAGEM E O 
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 
A linguagem tem diversas interligações e processos integradores. O ato de 
falar tem suas relações diretas com a construção articulada do movimento, 
expressões faciais e gestos executados ao falar. Isso ocorre devido à 
interdependência das funções psicomotoras. Quando se fala da linguagem oral, a 
fala e sua articulação têm envolvimento com o comportamento motor. A estrutura 
cerebral localizada no lobo frontal, mais precisamente no hemisfério esquerdo, é 
conhecida classicamente como área de Broca e tem por responsabilidade a 
execução da expressão da linguagem oral em um viés motor, o que, por sua vez, 
tem ligação direta com a compreensão da fala e envolve as estruturas de lobo 
temporal e parietal, conhecidas como área de Wernicke (Cosenza; Guerra, 2011, 
 
 
10 
p. 100). Abaixo segue, a descrição desse processo a partir de uma figura 
ilustrativa do cérebro: 
Figura 3 – Descrição das estruturas cerebrais conhecidas como área de Broca e 
área de Wernicke 
Fonte: Cosenza e Guerra, 2011, p. 100. 
Outro ponto importante a ser mencionado sobre linguagem e 
comportamento motor é a escrita. Esta envolve movimentos de articulação 
manual, mas também de coordenação visomotora. Ao ver um texto, uma palavra 
ou até mesmo um símbolo, a sua reprodução por meio da escrita exige processos 
cognitivos, como atenção, categorização, tomada de decisão, planejamento, entre 
outros aspectos. Segundo Cosenza e Guerra (2011, p. 101), a escrita é 
tecnicamente uma descoberta recente na história humana, e, por esse motivo, 
não há uma organização neurobiológica preestabelecida. Por isso, para a 
execução desse comportamento motor chamado escrita, há um requerimento e 
uma reorganização de circuitos cerebrais que exercem e efetivam outras funções, 
mas que, por sua vez, são utilizados na linguagem escrita. O contato com a 
linguagem faz alterações e modificações às quais os seres humanos reagem de 
formas peculiares (Cosenza; Guerra, 2011, p. 101). Por esse motivo, entende-se 
que existe uma integração entre a linguagem e seu processo de humanização, 
junto a motricidade voluntária e, por sua vez, a relação com diversos processos 
cognitivos. 
 
 
11 
TEMA 5 – PRÁTICAS PSICOPEDAGÓGICAS E PSICOMOTRICIDADE 
O desenvolvimento psicomotor exige uma atividade contínua de 
aprendizagem e exercícios. Em uma visão neuropsicológica, em que é possível 
relacionar o comportamento e os processos cognitivos, as crianças passam por 
uma maturação nervosa e têm uma interação prática com o movimento desde o 
nascer, o que prossegue no decorrer da vida. Porém, é importante não limitar o 
processo de aprendizagem motriz apenas ao desenvolvimento e à maturação 
biológica. É necessário também trazer a discussão à interação social que contribui 
para a motricidade e seu desenvolvimento. 
Situações como pegar uma caneta em mãos e escrever, abrir uma lata de 
conserva, dirigir, jogar tênis ou beisebol trazem uma demanda social, e esta tem 
sua responsabilidade no desenvolvimento motor. Mesmo que de um modo geral, 
caso o indivíduo não tenha uma habilidade refinada, pelo contrário, tenha uma 
inabilidade ao efetivar tais funções, estas provocam uma modificação no sistema 
nervoso de seu executor (Fernandes e Filho, 2012, p.18-20). 
A prática psicopedagógica tem por objetivo explorar e investigar as 
dificuldades apresentadas, e estas, serem reduzidas ou removidas em relação ao 
comportamento. Atividades de treinamento para reabilitação são de extrema 
importância para aprimorar e trazer habilidades motoras de uma forma 
aperfeiçoada a um indivíduo com dificuldades de execução no sentido de 
motricidade. Outro ponto a ser avaliado é o vínculo que o profissional que utiliza 
a prática psicopedagógica estabelece junto ao indivíduo. É necessário entender 
como isso acontece, pois há uma importância extrema em fazer esse vínculo, a 
interação social. De acordo com Fernandes e Filho (2012, p. 23), quando não se 
faz vínculo, não há como fazer referência, o que dificulta o trabalho de um 
profissional da área da saúde e da educação para lograr êxito em suas atividades 
preparadas. Para alunos deficientes que possuem mobilidade reduzida, é 
necessário que o professor ou educador que for agir construa as atividades 
adequadas para o bom andamento e desenvolvimento do indivíduo. 
FINALIZANDO 
Pode-se entender que o comportamento motor apresenta uma 
interdependência a diversos processos cognitivos e emocionais. As estruturas 
biológicas são inúmeras, e o envolvimento social também se faz de extrema 
 
 
12 
importância no desenvolvimento motor. A ação de profissionais preparados e 
atentos a todos os processos relacionados a interação social, afetividade e 
emoções e aos pensamentos proporciona um auxílio no acompanhamento 
neuropsicomotor de cada indivíduo. 
Como foi discorrido nesta aula, o entendimento de estruturas cerebrais, 
suas interligações, seus funcionamentos e interligações sistemáticas ajuda a 
compreender como se pode trabalhar no bom desenvolvimento de cada indivíduo 
e, com isso, possibilita o respeito de suas particularidades, o gradativo 
amadurecimento e o equilíbrio do sistema biológico. Por este motivo, o 
conhecimento do desenvolvimento neuropsicomotor é de extrema importância 
para compreensão dos processos de aprendizagem. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
ROSSI, F. S. Considerações sobre a psicomotricidade na educação infantil. 
Revista Vozes dos Vales da UFVJM, Publicações Acadêmicas, n. 2012. 
VIEIRA, J. L. Psicomotricidade relacional: a teoria de uma prática. Perspectivas 
On Line 2007-2011, v. 3, n. 11, 2014. 
FALCÃO, H. T.; BARRETO, M. A. M. Breve histórico da psicomotricidade. Ensino, 
saúde e ambiente, v. 2, n. 2, 2009. 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, A. R. S. Emoçãona sala de aula. Campinas: Papirus, 1999. 
COSENZA, R.; GUERRA, L. Neurociência e educação. Porto Alegre: Artmed, 
2009. 
GAZZANIGA, M. S. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto 
Alegre: Artmed, 2005. p. 314 – 341. 
HOLANDA, V. N. et al. As bases biológicas do medo: uma revisão sistemática da 
literatura. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia, v. 1, n. 3, 2013. 
LEDOUX, J. O que o amor tem a ver com isso? In: O cérebro emocional: os 
misteriosos alicerces da vida emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 11-20. 
LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. 
São Paulo: Atheneu, 2004. 
MACHADO, A. Áreas encefálicas relacionadas com as emoções. O sistema 
límbico. Neuroanatomia funcional. 2. ed. Belo Horizonte: Atheneu, 1993. p. 277-
281.

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