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AULA 06 dificuldades e transtornos de aprendizagem

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AULA 6 
DIFICULDADES E 
TRANSTORNOS DE 
APRENDIZAGEM 
Prof. Alisson Rogério Caetano de Siqueira 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nossas aulas estão diretamente relacionadas à aprendizagem. Nosso foco 
principal é apresentar os processos que podem ser agentes de interferência na 
aprendizagem. Podemos dizer que isso já foi realizado com sucesso. 
Todavia, precisamos nos lembrar de que estamos falando do ser humano; 
isso significa que há particularidades, individualidades, e também questões muito 
pessoais a serem levadas em consideração quando pensamos em aprendizagem. 
Por isso, o fato de conhecermos as dificuldades desse processo não facilita 
qualquer implementação de proposta, e isso ocorre pelo simples fato de estarmos 
lidando com pessoas. 
Dessa forma nos propomos, nesta aula, a observarmos a relação com a 
pessoa que está tendo dificuldade de aprendizagem. Pontuar esses aspectos, 
menos técnicos e mais humanos, nos aproxima da lida com o outro. 
Nosso objetivo é apresentar orientações à escola e à família e, portanto, 
abordaremos os seguintes assuntos: 
 Tema 1 – Esclarecendo; 
 Tema 2 – De quem é a culpa; 
 Tema 3 – A família participativa; 
 Tema 4 – A escola integrativa; 
 Tema 5 – A ciência em prol da pessoa. 
O conteúdo a ser abordado nos levará em direção aos esclarecimentos 
necessários propostos pela disciplina. 
CONTEXTUALIZANDO 
A vida nos ensina muito com o passar dos anos, e a esse ensinamento 
chamamos experiência; nos tornamos experientes à medida que vivemos, pois 
não existe experiência sem vivência. Os ditados populares também nos ensinam 
muito. Um deles diz: “de grão em grão, a galinha enche o papo”. Significa, entre 
outras coisas, que nossa vida estará, um dia, cheia, farta, satisfeita de 
experiências. É um ditado sábio, e que não é tão simples. O fato de adquirirmos 
muito não declara que devemos acreditar estar satisfeitos; esse é o pensamento 
da ciência: a ciência acredita que sempre está faltando algo, e que sempre é 
preciso melhorar. 
 
 
3 
Pode parecer contraditório, mas o elemento que faz isso ser mutante 
chama-se ser humano. Por mais que acreditemos saber tudo sobre ele, sempre 
acabamos por descobrir que ainda há muito para saber. Se traçarmos um paralelo 
entre essa noção e as dificuldades de aprendizagem, veremos que, apesar de a 
ciência procurar, de todas as maneiras, reduzir as dificuldades do processo de 
aprendizagem, sempre falta algo, o que não deixa de ser interessante. E é 
interessante porque, justamente, muitas vezes, nos esquecemos de levar em 
conta o fator humano. 
Onde há um ser humano, sempre haverá uma novidade! E, por mais 
conhecimento que tenhamos, sempre haverá algo novo a aprender. Então, antes 
de você desistir, lembre-se: são os desafios da novidade que nos deixam ativos. 
Então, voltando à nossa disciplina: convido você a dar mais atenção ao sujeito do 
que às dificuldades de aprendizagem. Quando nos aproximamos do sujeito, temos 
mais chances de aprender a lidar com ele, e é isso o que faz crescer as 
possibilidades de ajudá-lo. 
TEMA 1 – ESCLARECENDO 
Começamos este tema apontando a importância de termos bem definidos 
alguns conceitos que caminham junto ao processo de compreensão das 
dificuldades de aprendizagem. Isso significa que, quanto mais esclarecidos 
estivermos, maior a probabilidade de trabalharmos seguindo na direção certa. 
Quando definimos aprendizagem, gostamos de relacioná-la a resultados. 
Logo, aprender é poder reproduzir algo. Veja, esse conceito é dinâmico, e a 
aprendizagem não pode ser entendida como mera reprodução, mas como um 
processo de fazer voltar à tona o conteúdo que, em algum momento, foi 
arquivado. Esse processo dura a vida a toda, mas possui picos de intensidade 
que marcam o desenvolvimento do sujeito. 
Existem várias maneiras de aprender, assim como há várias escolas que 
estudam os diferentes processos que envolvem a aprendizagem. Não há escola 
certa, o que há são abordagens que nos apresentam condições mais ou menos 
favoráveis de aprendizagem. 
O profissional deve ser capaz de compreender um pouco de cada teoria, 
verificando suas próprias contribuições e adotando um posicionamento 
construtivo. Dessa forma, as escolas e suas teorias servirão de suportes 
operacionais do processo de aprendizagem. 
 
 
4 
Quando compreendemos que a aprendizagem é um processo, 
descobrimos que ele é passível de falhas. Não estamos, nesse caso, falando de 
falhas relativas ao resultado, mas ao processo – quando algo passa a ser um 
impeditivo para que a aprendizagem ocorra. 
Quando o processo de aprendizagem não segue um determinado fluxo, há 
algo de errado que precisa ser entendido; dessa forma é possível intervir e fazer 
com que o fluxo do processo volte a ser contínuo. Talvez, hoje, a grande questão 
seja o fato de sabermos identificar o que possa estar ocorrendo, mas, ao 
descobrirmos o problema, não conseguirmos nomeá-lo de forma correta. 
Os termos usados parecem sinônimos, mas podem ser compreendidos em 
sentidos diferentes, e isso pode causar uma grande confusão. Por isso, 
precisamos gastar tempo para conhecer os termos designativos que usamos para 
que saibamos do que estamos falando. 
Costumamos delimitar conceitualmente os termos dificuldade, 
problemas, distúrbios e transtornos ligando-os à aprendizagem. A literatura 
está cheia de confusões envolvendo o uso desses termos. Quando o usamos o 
termo dificuldade, estamos sendo generalistas. Ao usarmos problemas, 
estamos descrevendo uma dificuldade específica e com um grau não simples de 
resolver. Quando usamos os termos distúrbios e transtornos, utilizamos termos 
médicos ou de pesquisas. Como isso, temos um designativo muito específico de 
algo fora do normal. 
Acreditamos estar agora diante de um quadro mais claro. Ao definir 
dificuldade de aprendizagem, podemos delimitar qualquer coisa que possa ser um 
impeditivo para que o sujeito venha a aprender. Essa dificuldade pode se 
manifestar de qualquer forma, em qualquer lugar. É por isso que um estudo 
minucioso, detalhista, com um olhar mais criterioso, ajuda a fazer o levantamento 
de quais realmente são os impeditivos no processo de aprender. 
Mas não podemos perder a compreensão da grandeza e da magnitude que 
é o ser humano. Somos entendidos no universo como seres superiores pelo fato 
de termos um cérebro cognitivo. Isso significa que somos capazes de pensar e 
resolver problemas. 
O cérebro, em seus processos, é plástico. Suas células são capazes de se 
comunicar e se expandir; isso é o que chamamos de plasticidade cerebral, e 
significa que o cérebro está sempre em movimento – no sentido de estar sempre 
 
 
5 
em busca de novos caminhos que aprimorem ou resolvam suas dificuldades e 
problemas. 
Já sabemos que a plasticidade cerebral participa da aprendizagem. Ou 
melhor, que ela é agente primordial para que a aprendizagem ocorra. Essa 
plasticidade faz com que ele ganhe novas ações de começam ou montam novos 
esquemas de tráfego. Sabemos também que lesões cerebrais podem atrapalhar 
o desenvolvimento da aprendizagem. Mas pode haver dificuldades não oriundas 
de lesões e que produzem danos ao sujeito, que podemos chamar de transtornos 
da aprendizagem, ou transtornos do neurodesenvolvimento. 
Os transtornos de neurodesenvolvimento são os principais agentes de 
prejuízos ao sujeito no processo do aprender. Ao relacionarmos aprendizagem e 
plasticidade, abrimos possibilidades de contornar esses prejuízos. 
Os distúrbios específicos da aprendizagem são pontuais e afetam 
principalmente o desenvolvimento acadêmico, mas podem repercutir em todas as 
áreas da vida do sujeito. 
Após esse grandeapanhado do assunto de que tratamos nesta disciplina, 
acreditamos que esteja claro para você do que estamos falando e o que devemos 
saber. 
TEMA 2 – DE QUEM É A CULPA 
Há momentos muito difíceis na vida, muito marcantes na história de um 
sujeito. Um desses momentos é aquele em que ele descobre que há algo nele 
mesmo fora do lugar, anormal, algo que diz que as coisas não são como deveriam 
ser. 
Essa descoberta sobre ele mesmo pode ser muito difícil para o indivíduo, 
mas é ainda pior quando se trata de um filho. Sentimos desse modo pelo fato de 
que, na compreensão humana, quando temos um problema, achamos que é mais 
fácil resolvê-lo do que quando o problema é com o outro, pois somos tomados por 
um sentimento de compaixão e empatia. 
Quando falamos de aprendizado, temos que levar em conta tudo aquilo por 
que passamos; estamos inclinados a concordar com a lei da física sobre causa e 
efeito, pois tendemos a crer que tudo precisa ter uma causa, uma origem. Em 
termos mais leigos, diríamos que precisamos sempre achar um culpado. 
 
 
6 
Às vezes é fácil procurar um culpado, assim como achá-lo. Isso é simples 
de fazer. Basta que procuremos por pistas que nos levem aonde queremos 
chegar. Afinal de contas, a busca é pelo causador de determinada angústia. 
Pois bem. Para começar a desvendar um pouco essa visão, podemos dizer 
que há uma diferença entre saber a causa e procurar um culpado. Saber a causa 
é um ato investigativo de esclarecimento. O termo que usamos para esse 
esclarecimento dentro da área médica é diagnóstico. Isso significa que há uma 
busca por compreender quais são os fatores que envolvem determinado sofrer, 
para que se possa tomar uma medida possível para remediar sintomas ou curar 
o mal. 
Por exemplo: uma criança entra no quarto para estudar, mas sai várias 
vezes dali e segue em direção à sala. A pergunta que somos levados a fazer 
imediatamente é: por que ela está indo para a sala? Quando descobrimos a razão 
– nesse caso, um jogo de futebol sendo transmitido pela televisão –, ficamos mais 
interessados em acabar com o jogo de futebol do que ajudar a criança a estudar. 
Esse é um exemplo muito simples para que você compreenda que sentir 
culpa ou achar culpados não nos ajuda a resolver o problema, que, de fato, é o 
ponto principal. Quando atentamos para a causa, podemos usá-la em nosso favor, 
como usar de estratégias comportamentais para aumentar a frequência de estudo. 
Conhecer a causa de algo deve ser considerado um instrumento favorável na 
tarefa de superar as dificuldades de aprendizagem. 
Outro exemplo que podemos dar está relacionado à punição. Quando 
descobrimos a causa, acabamos punindo alguém. Volte ao exemplo anterior: 
imagine que a televisão seja desligada. Mesmo assim, a criança poderá encontrar 
outra forma de saber o que está acontecendo no jogo, e isso continuará sendo 
uma dificuldade durante seu processo de aprender. Desligar tudo é usar de 
punição, o que não resolverá a questão. 
Temos observado em pesquisas sobre doenças do neurodesenvolvimento 
com causas genéticas que, quando há um diagnóstico genético, há uma 
possibilidade muito grande de divórcio. O divórcio simboliza punição, e não ajuda 
em nada no processo de cuidado. 
Buscamos, aqui, olhar para o sujeito e ao fato de sermos humanos. 
Podemos ser empáticos e procurar sempre um objeto comum que justifique a 
existência da dificuldade de aprendizado. Isso não é ser negligente e, sim, ser 
 
 
7 
cuidadoso com a pessoas, buscando todas as informações necessárias que 
possam ser usadas como norteadoras de um trabalho em prol do sujeito. 
TEMA 3 – A FAMÍLIA PARTICIPATIVA 
Quando falamos em dificuldades de aprendizagem, necessitamos 
estabelecer alguns vínculos de identificação. O mais importante deles é a família. 
De uma forma clara, entendemos a família como o menor grupo que envolve uma 
pessoa de forma mais íntima e particular. Para esta aula, esse conceito será 
delimitado, para não tenhamos que abordar os elementos sociopolíticos da 
família. 
Segundo Maia et al. (2016), a família representa a primeira instituição por 
meio da qual a criança tem acesso ao meio social, constituindo um importante 
elemento para socialização. Esse conceito fundamenta a importância de nos 
sentirmos aceitos e acolhidos em um grupo pequeno. É uma questão básica de 
sobrevivência afetiva e emocional. 
Sun e Fernandes (2014) descrevem que, em geral, o primeiro vínculo 
afetivo no desenvolvimento da criança é estabelecido pelos pais. Dessa forma, 
muitas áreas desse desenvolvimento serão consequência desse contato. O 
desenvolvimento da criança não é intencional, mas o contato familiar produz uma 
intencionalidade no desenvolvimento da aprendizagem. 
Soares (2008) esclarece que a criança depende dos familiares, que são 
membros sociais mais competentes e os provedores de cuidados básicos 
necessários à satisfação de suas necessidades. Isso estabelece uma condição 
de enorme influência no desenvolvimento e no crescimento da criança. 
Toda família sofre com o choque da informação de que um dos seus tem 
um transtorno; muitas apresentam dificuldades em lidar com esse tipo de situação. 
O fato é que elas são confrontadas com situações que são entendidas como 
anormais. Esse grupo familiar precisa encontrar equilíbrio em sua dinâmica para 
poder lidar com suas próprias posturas e atitudes, que necessitam ser adequadas, 
para que possam contribuir para o desenvolvimento da criança. 
Quando falamos de transtornos do neurodesenvolvimento, estamos nos 
referindo a transtornos cujos prejuízos serão descobertos após o nascimento. Isso 
nos leva a mostrar que, desde a gravidez, a família apresenta uma ansiedade 
benéfica em torno da recepção do novo membro. Isso significa que há muitas 
expectativas que envolvem a criança e sonhos para o seu futuro. 
 
 
8 
Com o passar do tempo, essa criança não interage tão bem como os pais 
desejavam – trata-se dos primeiros sinais de que há algo errado, e que poderá 
levai ao diagnóstico de que aquela criança apresenta algum transtorno. Segundo 
Penna (2006), o nascimento de um filho com algum tipo de transtorno altera os 
sonhos e as expectativas dos pais e da família. 
A família, de forma direta, é o primeiro conjunto de fato a ser afetado pela 
condição de transtorno na criança. Isso gera várias situações que precisam ser 
superadas. A primeira delas está voltada para a expectativa criada em torno da 
criança; a segunda está nos questionamentos levantados em torno das limitações 
e das imperfeições que a criança tenha ou possa vir a ter. 
Pois bem, a primeira coisa que precisa ser bem trabalhada com a família é 
o luto da expectativa. Isso significa que é necessário poder sentir-se frustrado por 
um período, por não ter aquilo que era desejado, por não se sentir realizado 
segundo o interesse preestabelecido. Não se trata de um luto em relação à 
criança, mas em relação às expectativas quanto a ela. 
A segunda é procurar um diagnóstico competente e esclarecedor. Isso fará 
com que a família se reorganize em condições possíveis com o objetivo de 
trabalhar em prol do desenvolvimento da criança. Isso significa, de fato, que uma 
reorganização de vida deve ocorrer. 
Esse é o passo fundamental no processo de aceitação do membro portador 
de um transtorno do neurodesenvolvimento. É um momento de muitos conflitos e 
oscilação entre aceitação, rejeição, esperança e angústia. Segundo Sanchez e 
Baptista (2009), o diagnóstico é conflitante e angustiante para a família, além de 
ser o divisor entre ideal e real. A família, para encontrar estabilidade, precisa de 
segurança e o que provê essa segurança é o diagnóstico. 
Soares (2008)descreve o sofrimento da família com o diagnóstico. 
Todavia, é importante ressaltar que é o diagnostico que fará a família estabelecer 
uma meta de acordo com a nova realidade. Trata-se de um processo de 
adequação importante, pois solidifica o papel que a família tem na vida da criança. 
A partir daí, é preciso que a família esteja envolvida com a situação, pois é 
um agente importantíssimo no desenvolvimento da criança. A família não é 
apenas o suporte; é um agente de desenvolvimento aplicado à criança. 
Podemos perceber isso quando vemos uma criança com síndrome de 
Down, por exemplo. A família se adapta e se adéqua ao desenvolvimento da 
criança. Pode parecer um prejuízo para a família, mas não é. À medida que a 
 
 
9 
família se achega à criança, as evoluções e conquistas desta são também 
daquela. Uma família participativa é uma família integrada com a criança. 
Não podemos confundir essas ações da família com o fazer tudo pela 
criança, não lhe dando a independência de que precisa. A criança tem limitações, 
mas pode ser independente naquilo que não a limita. 
TEMA 4 – A ESCOLA INTEGRATIVA 
A escola está dentro do que podemos chamar de contexto social. Fonseca 
e Moura (2008) desenham o apoio social com base em uma relação interpessoal, 
na qual os indivíduos demonstram disponibilidade, preocupação e interesse pelo 
outro, valorizando-o e assistindo-o com os recursos próprios disponíveis. 
Temos uma ideia de escola apenas como gerenciadora de conteúdos 
cognitivos, mas ela, além disso, faz parte de uma rede integrada de apoio. 
Segundo Guadalupe (2001), a rede social tem sua estrutura formada pelo sujeito 
e por todo grupo que interage com ele. Na relação escolar, temos na figura do 
professor aquele que pode prestar apoio efetivo e possibilitar a aquisição de 
competências que permitam à criança lidar com os seus problemas cotidianos. 
Há autores que tentam enfatizar que uma escola precisa estar preparada 
para receber o seu aluno. Como estamos falando de dificuldades de 
aprendizagem e focando transtornos do neurodesenvolvimento, precisamos 
esclarecer que esse tema precisa ser conhecido de forma abrangente pelos 
professores e profissionais da educação. 
Quando dizemos que há uma criança com transtorno do 
neurodesenvolvimento em uma escola, queremos acreditar que há um profissional 
que já esteja acostumado a trabalhar com crianças com esse quadro. 
Nossa descrição é importante, pois a criança passará pelo menos um 
quarto do seu dia na escola. Os profissionais que ali trabalham precisam estar 
habilitados e treinados para trabalhar com crianças com essa demanda. 
Não é surpresa nos depararmos com escolas que, além de não estarem 
preparadas, desconhecem o tema. Isso produz um prejuízo enorme à criança, 
maior do que aquele com que ela naturalmente tem que lidar. Uma criança com 
transtorno do neurodesenvolvimento não pode ser tratada como alguém que 
apresenta condições típicas de comportamento. 
Nesse momento, nos deparamos com o conceito de escola inclusiva. 
Muito cuidado com esse título. Escolas inclusivas não devem ser entendidas como 
 
 
10 
escolas que aceitam pessoas com dificuldades de aprendizagem e outros 
transtornos, mas como instituições que estão preparadas para recebê-las. 
O papel da escola é integrar a criança. Ela deve participar do processo de 
desenvolvimento não apenas em termos de cognição, mas também na vida social, 
afetiva e emocional, ajudando-a a se tornar independente. 
Sempre que falamos de escola e criança, é a ideia de amplitude que precisa 
vir à nossa mente. Temos que olhar a dinâmica desenvolvida pela escola como 
um fator que levará ao desenvolvimento dela, considerando suas limitações e 
dificuldades, e observando sempre seu potencial e apontando na direção daquilo 
que ela á capaz. 
TEMA 5 – A CIÊNCIA EM PROL DA PESSOA 
A ciência tem um valor muito importante na discussão do rumo em que 
estamos e para onde queremos ir, como sociedade, pessoas e mundo. Ela não 
pode ser entendida como distante de nossas realidades. 
É comum ligarmos o termo ciência a algo impossível. Pois bem, ciência é 
algo possível. O esforço que fazemos de forma sistemática é ciência, assim como 
a sua aplicação nos diversos ambientes e sua observação de forma bem pontual. 
As pesquisas são realizadas para que tenhamos em nosso mundo 
cotidiano algo que possa ser de fato usado, e de forma comprovadamente eficaz 
em termos de resultado em prol do sujeito. 
Seria muito bom se tivéssemos a cura para os transtornos do 
neurodesenvolvimento, mas ainda não temos. Parece maldade, mas, por 
enquanto, a não cura é uma certeza. Mas é uma certeza que a ciência vem 
procurando desfazer. 
É verdade que não há cura, mas há tratamentos. Temos o que fazer para 
minimizar os prejuízos que acometem as crianças com transtornos do 
neurodesenvolvimento. Uma das áreas da ciência que evolui muito é o da 
neurociência. Outros campos que se desenvolvem são os de tratamentos 
multifuncionais, que partem da integração de várias áreas do conhecimento e 
constroem procedimentos que estão sendo implementados para verificação de 
sua eficácia e aplicabilidade. 
Quanto à neurociência, Seltzer, Conrad e Cassens (1997) deram 
importância à neurociência cognitiva no diagnóstico e no acompanhamento dos 
casos de transtornos do desenvolvimento neurológico. 
 
 
11 
A neurociência cognitiva é importante no tratamento de transtornos do 
neurodesenvolvimento, principalmente no âmbito escolar. Stela (1996) evidenciou 
as boas relações entre neuropsicologia e educação. Há uma grande demanda de 
estratégias de reeducação de pessoas com transtornos durante a fase 
desenvolvimento. 
Segundo Barros, Piovesan e Sales (2018), a contribuição da neurociência 
cognitiva ao âmbito educacional proporciona um melhor acompanhamento das 
crianças com transtornos, o que possibilita o estabelecimento de medidas de 
inserção social do sujeito e o desenvolvimento de suas potencialidades, uma vez 
que os resultados do diagnóstico são mais bem compreendidos e, portanto, 
facilitam uma intervenção aplicada apropriadamente, precisamente de acordo 
com as demandas do sujeito. 
Segundo Geake e Cooper (2003, p. 8), as ideias da neurociência cognitiva 
“podem ser úteis em qualquer suporte considerado por muito tempo melhor prática 
educativa, ou em decidir entre modelos cognitivos concorrentes e sua veracidade 
em contextos educativos”. 
Outras práticas visam facilitar e desenvolver o trabalho do professor em 
sala de aula a fim de se fazer a análise dos comportamentos e que procuram 
implementar em sala de aula, em ambiente doméstico estratégias que possam 
colaborar na adequação e desenvolvimento da criança. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, abordamos conhecimentos que pudessem esclarecer 
determinados procedimentos aos pais. 
Quando falamos de transtorno do neurodesenvolvimento, transtornos de 
aprendizagem ou dificuldades de aprendizagem, não podemos nos esquecer, em 
momento algum, de que há pessoas envolvidas. Pontuar esse fato nos leva a tirar 
dúvidas e buscar orientações mais adequadas, pois nosso objetivo maior é 
proporcionar um melhor desenvolvimento para o sujeito portador de transtorno. 
As pessoas que convivem com indivíduos com transtorno precisam de 
apoio adequado. Já aprenderam muitas coisas com a experiencia que têm, 
todavia precisam de amparo e atenção, e fontes de informações mais técnicas. 
 
 
 
12 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
PATIAS, N. D.; SIQUEIRA, A. C.; DIAS, A. C. G. Práticas educativas e intervenção 
com pais: a educação como proteção ao desenvolvimento dos filhos. Mudanças 
– Psicologia da Saúde, v. 21, n. 1,p. 29-40, jan./jun. 2013. Disponível em: 
<https://www.metodista.br/revistas/revistas-
ims/index.php/MUD/article/viewFile/3685/3642>. Acesso em: 24 jul. 2018. 
Esse texto apresenta uma descrição da estratégia parental na educação. A 
leitura esclarecerá dúvidas sobre a aula e o aproximará dos conceitos de 
orientação parental. 
Texto de abordagem prática 
SANTOS, D. R. Contribuições da neurociência à aprendizagem escolar na 
perspectiva da educação inclusiva. EDU.TEC, v. 2, n. 1, 2011. Disponível em: 
<http://files.cdirscomunidadespraticas.webnode.com/200000100-
6b2f46d264/artigo_deniserusso.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2018. 
O texto apresenta um estudo da revisão de literatura sobre as contribuições 
da neurociência à aprendizagem escolar na perspectiva da educação inclusiva. 
Saiba mais 
TRANSTORNOS de aprendizagem. Augusto Buchweitz, 12 fev. 2015. 
Disponível em: <https://youtu.be/HsQqUCxZO2I>. Acesso em: 24 jul. 2018. 
Nesse vídeo há uma discussão sobre transtorno de aprendizagem no 
programa de TV Bem estar. 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: diagnostic and statistical 
manual of mental disorders. 5. ed. Washington: American Psychiatric Association, 
2013. 
BARROS, S. N. N.; PIOVESAN, A. F.; SALES, T. R. R. Relações entre transtornos 
do neurodesenvolvimento, neurociência cognitiva e educação. In: SEMANA DE 
PESQUISA (SEMPESq), 19, Aracaju, 2016. Anais... Aracaju: Sempesq, 2016. 
Disponível em <https://eventos.set.edu.br/index.php/sempesq/article/view/4000>. 
Acesso em: 24 jul. 2018. 
FONSECA, I. S.; MOURA, S. B. Apoio social, saúde e trabalho: uma breve revisão. 
Psicologia para América Latina, México, n. 15, dez. 2008. Disponível em: 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-
350X2008000400012>. Acesso em: 24 jul. 2018. 
GEAKE, J.; COOPER, P. Cognitive neuroscience: implications for education? 
Westminster Studies in Education, v. 26, n. 1, 2003. p. 7-20. 
MAIA, A. L. M. F. et al. A importância da família no cuidado da criança autista. 
Revista Saúde em Foco, Teresina, v. 3, n. 1, p. 66-83, jan./jun. 2016. 
NOGUEIRA, M. O. G.; LEAL, D. Dificuldades de aprendizagem: um olhar 
psicopedagógico. Curitiba: InterSaberes, 2012. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582123355/>. 
Acesso em: 27 jul. 2018. 
OMS – Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais 
e de comportamento da CID-10: diretrizes diagnósticas e de tratamento para 
transtornos mentais em cuidados primários. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 
105 p. 
SANCHEZ, F. I. A.; BAPTISTA, M. N. Avaliação familiar, sintomatologia 
depressiva e eventos estressantes em mães de crianças autistas e 
assintomáticas. Contextos Clínicos, São Leopoldo, v. 2, n. 1, jun. 2009. 
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S19
83-34822009000100005>. Acesso em: 24 jul. 2018. 
 
 
14 
SELTZER, J.; CONRAD, C.; CASSENS, G. Neuropsychological profiles in 
schizophrenia: paranoid versus undifferentiated distinctions. Schizophrenia 
Research, v. 23, n. 2, p. 131-138, 1997. 
SOARES, M. O. C. O papel da família no tratamento da criança com autismo. 
53 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Faculdade 
Integral Diferencial, Teresina, 2008. 
STELA, F. Neuropsicologia e educação. Educação: teoria e prática, v. 4, n. 6, p. 
35-41, jul./dez. 1996. Disponível em: 
<https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/107326/ISSN1981-8106-
1995-3-5-36-41.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 24 jul. 2018. 
SUN, I. Y. I.; FERNANDES, F. D. M. Dificuldades de comunicação percebidas 
pelos pais de crianças com distúrbio do desenvolvimento. Comunicação e 
Distúrbio de Desenvolvimentos (CoDAS), v. 26, n. 4, p. 270-5, 2014. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/pdf/codas/v26n4/pt_2317-1782-codas-26-04-
00270.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2018.

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