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AULA 02 dificuldades e transtornos de aprendizagem

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AULA 2 
DIFICULDADES DE 
TRANSTORNOS E 
APRENDIZAGEM
Prof. Alisson Rogério Caetano de Siqueira 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
As aulas desta disciplina estão diretamente relacionadas à aprendizagem. 
Nosso desafio é discorrer um pouco sobre o aprender. Sabemos que aprender é 
uma ação, um ato de esforço. Todavia, nem sempre é possível aprender. Nem 
sempre podemos dizer que é por falta de esforço. Há nesse intermeio elementos 
que podem ser impeditivos para o processo de aprendizagem. Dessa forma, é 
importante que reconheçamos ou saibamos identificar os elementos, os agentes 
ou as causas que são impeditivos para o processo do aprender. 
Esta aula tem como objetivo apresentar definições de dificuldades, 
distúrbios, problemas e transtornos de aprendizagem. Sendo assim, abordaremos 
o assunto com a seguinte distribuição: 
1. Termos designativos; 
2. Dificuldade de aprendizagem; 
3. Problema de aprendizagem; 
4. Distúrbios de aprendizagem; 
5. Transtornos de aprendizagem. 
O conteúdo a ser abordado nos direcionará para os esclarecimentos 
necessários, propostos pela disciplina. 
CONTEXTUALIZANDO 
Falar de aprendizagem é sempre fazer associação ao processo de estudar. 
Pois bem, façamos uma comparação como o nosso ambiente de estudar. 
Imaginemos que nesse momento você está em uma sala reservada, sentado em 
cadeira com o seu o seu computador ligado. Passados dez minutos do início da 
aula, você começa a sentir sono e tédio. Para evitar que você desista de continuar 
estudando, você vai à cozinha tomar um café. De repente, você ouve um barulho 
na sala, e vai até lá verificar o que está acontecendo. Você nota que alguém na 
sala está assistindo a um filme, e que naquele exato momento a cena fica muito 
interessante. Passada a cena, você volta para cozinha para pegar mais café. Ao 
colocar mais café na xícara, você sente dores no pescoço e uma leve dor de 
cabeça. Você volta para a sala de estudo e percebe que ela é mais escura que a 
cozinha. Ao olhar para a sua mesa, você nota o quanto precisa inclinar o pescoço 
 
 
3 
para olhar para o computador. Já se passaram 60 minutos e só então você volta 
a estudar. 
Não sei o quanto isso é realístico para você, mas há impeditivos que não 
permitem que você avance no seu processo de estudar, como consequência, 
aprender. Não é simplesmente dizer que você não tem vontade. 
Talvez você precise se perguntar sobre o que aconteceu para que você 
ficasse 60 minutos longe do processo de estudar. O que houve? Você tem 
problemas de aprendizagem? Ou você tem dificuldade de aprendizagem? Ou 
transtorno ou distúrbios de aprendizagem? 
Não se apavore. Nesta aula, vamos desvendar esses termos que, 
decifrados, podem nos ajudar no processo de aprender. 
 TEMA 1 – CONHECENDO OS TERMOS DESIGNATIVOS 
Primeiramente, precisamos apresentar um contexto não muito bem 
explicado na literatura, que diz respeito ao uso indiscriminado e aleatório dos 
termos distúrbios, transtornos, dificuldades e problemas de aprendizagem. 
Essa utilização, talvez, sem um critério pelo menos etimológico, tem produzido 
muitas dúvidas e confusão nos leitores leigos e discussões entre os especialistas. 
Vamos começar olhando o que diz o dicionário Michaelis da língua 
portuguesa (2018): 
 Dificuldade – “(sf 4) Tudo o que impede, embaraça; obstáculo, estorvo, 
embaraço, impedimento”. 
 Problema – “(sm 3) Dificuldade ou obstáculo que requer grande esforço 
para ser solucionado ou vencido”. 
 Distúrbios – “(sm 2) Aquilo que apresenta ou provoca funcionamento ou 
situação anormal; defeito, desarranjo, desajuste. (sm 4) Med – Disfunção 
orgânica; doença.” 
 Transtorno – “(sm 4) Desordem mental, comportamental ou emocional”. 
Estamos falando de aprendizagem. O uso de qualquer um desses termos 
pode designar o que desejamos falar. Todavia, quem ouve talvez não o interprete 
de forma que compreenda em sua amplitude o que está sendo falado. 
Usarmos jargões para designar algo pode ocasionar um efeito ruim, bem 
como produzir efeito discriminatório. O pior é que, quando usado dentro de um 
 
 
4 
quadro avaliativo, pode mascarar ou menosprezar o que realmente esteja a 
acontecer. 
Quando nos deparamos das abordagens teóricas, verificamos que elas se 
atribuem de determinados termos de acordo com suas inclinações teóricas. Os 
comportamentalistas preferem utilizar o termo distúrbio. Os construtivistas já 
adotam o termo dificuldade. Quem atua na área mais médica já se apropria do 
termo distúrbio. Atualmente, o Manual de Transtornos Mentais – DSM 5 utiliza o 
termo transtorno. 
A grande questão é se os profissionais estão falando da mesma coisa. Ou, 
se estão utilizando nomenclaturas para designar elementos diferentes. Não 
podemos acreditar que seja apenas uma questão de termos. Sendo assim, nos 
propomos a desvendar e tentar produzir uma compreensão mais compatível com 
a do termo. 
TEMA 2 – DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM 
Vamos nos apropriar da compressão do dicionário sobre dificuldade: “Tudo 
o que impede, embaraça; obstáculo, estorvo, embaraço, impedimento” (Michaelis, 
2018). 
Quando falamos de aprendizagem, nos norteamos pela ideia de que 
aprender é um esforço. Ou seja, o sujeito precisa fazer um movimento em direção 
ao conhecer. Quando o conhecimento é retido, temos a aprendizagem. 
Pois bem, nem sempre essa ação é fácil quando desprovida de um esforço 
que requeira uma energia maior para que venha a produzir um resultado. Ou seja, 
o sujeito possui uma condição de transpô-lo. 
O evento é difícil, mas não intransponível. O conceito de dificuldade vem 
do fato de algo ser difícil, não de que ele não possa ser feito. Um esforço a mais 
pode permitir que o obstáculo seja retirado. 
Na literatura em voga, é comum observar o termo “dificuldade” referindo-se 
a condições relacionadas a problemas de ordem psicopedagógica e/ou 
socioculturais. Dessa forma, o foco não está só no sujeito, chamado aluno, mas 
também naquilo que precisa ser transposto. 
Desvendando esse mistério, diríamos que o obstáculo não está sendo 
retirado por ausência de um esforço maior. Nesse caso, é a procura de algo que 
não está sendo usado para auxiliar na chegada do objetivo. 
 
 
5 
Vamos usar um modelo simples. Você está em sua sala de estudo e tem 
dificuldade de ler o texto à sua frente, pelo fato de a sala estar com pouca 
luminosidade. Você se levanta e acende a lâmpada. Sua dificuldade acabou. 
Tentemos simplificar o termo dificuldade. Dificuldade pode ser entendido 
como o ato diante qualquer coisa que seja impeditivo, e que, com o uso de um 
esforço maior, é possível retirá-lo da direção de progressão. 
De forma pedagógica, podemos dizer que todos podem ter dificuldade de 
aprendizagem. O grau dessa dificuldade depende de cada sujeito na sua relação 
com o que deve ser aprendido, considerado muito mais do que a relação entre o 
sujeito e o objeto a ser aprendido, incluindo o ambiente e as condições a ele 
disposta. 
TEMA 3 – PROBLEMA DE APRENDIZAGEM 
Novamente, vamos usar o termo do dicionário: “Dificuldade ou obstáculo 
que requer grande esforço para ser solucionado ou vencido” (Michaelis, 2018). 
Como o nosso foco é a aprendizagem, vou fazer uso de um termo do 
behaviorismo que é ausência ou falta de repertório. Isso significa que o sujeito não 
possui determinada condição necessária para executar determinada atividade. 
Aqui, surge o questionamento: qual a razão de ele não ter esse repertório? 
Semelhante às dificuldades de aprendizagem, os problemas podem estar 
no sujeito ou fora dele. Um problema de aprendizagem externo dá conta de que 
falta algo para suprir a condição necessária do sujeito de solucionar a questão emvoga. Exemplificamos isso quando um aluno vai fazer uma prova sobre um 
assunto que a ele não foi ensinado. Por mais que ele se esforce, não produzirá 
resultado. A culpa de não possuir o repertório não está nele, mas em quem deveria 
ter transmitido. 
Entretanto, quando falamos de problemas de aprendizagem interno, nos 
inclinamos a saber o que leva um aluno a não ter um repertório que a ele foi 
fornecido. Por exemplo, na condição de o aluno sair de casa em direção à escola 
após uma grande briga entre os pais, este senta em sala de aula e não consegue 
se concentrar. Falta-lhe atenção para obter o conteúdo ensinado, mesmo se é um 
excelente aluno. No dia da prova, sua nota é baixa por causa do assunto que ele 
não abstraiu. 
Antes de “patologizar” todos os problemas de aprendizagem, precisamos 
primeiramente entender as razões que cercam o aluno, sujeito, e lhe permitam 
 
 
6 
avançar. Isso é algo importante de se salientar, pois muitos problemas de 
aprendizagem são pontuais, caracterizados por eventos circunstanciados. 
Infelizmente, já foi observado que a falta de alimentação é um empecilho para a 
obtenção da atenção do aluno em sala de aula. 
Todavia, entender os problemas de aprendizagem é verificar quais itens 
que participam da aprendizagem e que não estão em execução no sujeito, tais 
como atenção, memória, linguagem, motricidade, entre outros. Com base na 
observação dos integrantes da aprendizagem, poderemos verificar qual o prejuízo 
que a criança está tendo. 
Quando falamos de problemas de aprendizagem, tendemos a observar que 
eles podem ser detectados a partir dos cinco anos de idade. Isso, por uma questão 
muito simples: esse é o período em que a criança começa a frequentar a escola. 
É nela que são notados, no prejuízo no rendimento escolar e nas relações sociais. 
Não podemos compreender problemas de aprendizagem relacionados 
apenas às disfunções orgânicas. Como já foi dito, há o fator ambiental. É possível 
que crianças com problemas de aprendizagem tenham um nível normal de 
inteligência, de acuidade visual e auditiva. 
Outro fator importante é o desinteresse. Nem sempre problemas de 
aprendizagem tem a ver com desinteresse. Há possibilidades de a criança se 
esforçar, se concentrar e manter o seu comportamento de forma positiva em casa 
e na escola e mesmo assim ter problemas de aprendizagem. 
A grande questão a ser levantada é quais são as razões que levam à 
criança a não conseguir captar, processar e dominar as tarefas e informações que 
a elas são dispostas e, logo depois, poder desenvolvê-las. A criança passa a ter 
uma limitação mesmo tendo o mesmo nível de inteligência. 
Dentro dessa mesma abordagem, observamos em que condições a criança 
tem problemas específicos de aprendizagem. Significa que eles interferem 
diretamente no processo do aprender. A grande dificuldade é detectar quando 
uma criança está tendo problemas para processar as informações e a formação 
que recebe. 
Medina (2016) apresenta alguns comportamentos que devem observados 
para caracterização de um problema de aprendizagem: 
 Apresenta dificuldade para entender e seguir tarefas e instruções. 
 Apresenta dificuldade para relembrar o que alguém acaba de 
dizer. 
 
 
7 
 Não domina as destrezas básicas de leitura, soletração, escrita 
e/ou matemática, pelo que fracassa no trabalho escolar. 
 Apresenta dificuldade para distinguir entre a direita e a esquerda, 
para identificar palavras etc. Sua tendência é escrever as letras, palavras 
ou números ao contrário. 
 Falta-lhe coordenação ao caminhar, fazer esportes ou completar 
atividades simples, tais como apontar um lápis ou amarrar o cordão do 
sapato. 
 Apresenta facilidade para perder ou extraviar seu material escolar, 
como os livros e outros artigos. 
 Tem dificuldade para entender o conceito de tempo, confundindo 
o “ontem”, com o “hoje” e/ou “amanhã”. 
 Manifesta irritação ou excitação com facilidade. (Medina, 2016) 
A The Learning Disabilities Association of America – LDA, que é maior 
associação que dá atenção aos problemas de aprendizagem no mundo, elenca 
cinco características que devem ser observadas para verificação de problemas de 
aprendizagem: 
1. Problemas de leitura (visão); 
2. Problemas de escrita; 
3. Problemas auditivo e verbal; 
4. Problemas relacionados às matemáticas; 
5. Problemas relacionados ao social/emocional. 
Saiba mais 
Para melhor interação sobre o tema, acesse o site da LDA. Disponível em: 
<https://ldaamerica.org/>. Acesso em: 28 jun. 2018. 
TEMA 4 – DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM 
Novamente, vamos ao dicionário: “(sm 2) Aquilo que apresenta ou provoca 
funcionamento ou situação anormal; defeito, desarranjo, desajuste. (sm 4) Med – 
Disfunção orgânica; doença” (Michaelis, 2018) 
Começamos a observar o contraste dessa definição de uma maneira mais 
etimológica. A palavra distúrbio vem do radical turbare que significa “alteração 
violenta na ordem natural”. Esse radical dá origem às palavras: turvo, turbilhão, 
perturbar e conturbar. Fixa ao radical, temos o prefixo dis. Na língua portuguesa, 
esse prefixo é identificado como uma alteração com sentido anormal, patológico. 
Seu valor denotativo refere-se a algo de forma negativa. 
O prefixo dis é muito utilizado na terminologia médica. A melhor tradução 
para distúrbios na linguagem médica é “anormalidade patológica por alteração 
 
 
8 
violenta na ordem natural”. Esse é um termo muito utilizado no DSM-3, razão pela 
qual na linguagem médica o termo ficou comum. 
Sendo assim, já podemos considerar que o termo é de uso médico 
patológico. Portanto, sempre vai estar relacionado a um comprometimento 
fisiológico ou anatômico. Dessa forma, ao conceituarmos distúrbios de 
aprendizagem, estamos nos referindo a comprometimentos neurológicos. 
Definindo melhor um distúrbio de aprendizagem, caracterizamos um 
problema, uma doença ou uma síndrome que acometem o sujeito em grau 
fisiológico. Isso significa que deve haver um comprometimento orgânico da 
criança. Ninguém tem um distúrbio sem um comprometimento orgânico. 
De maneira mais sintética, podemos nos debruçar sobre a ideia que uma 
alteração orgânica não pode ser resolvida apenas com mudança ambiental, bem 
como não pode ser tratada sem o apoio de psicofármacos. E ainda, ser 
compreendida como algo que pode não ter cura. 
Isso nos leva a entender a gravidade do tema. O cuidado e a atenção que 
devem ser disponibilizados a uma criança com um distúrbio de aprendizagem 
devem considerar que sua vivência é maior que a limitação que possui, por isso, 
pode ter um menor prejuízo no decurso de sua vida, qualificando o seu viver e 
dando continuidade à busca de alcançar os seus objetivos. 
TEMA 5 – TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM 
Finalmente, voltemos ao dicionário: Transtorno – “(sm 4) Desordem mental, 
comportamental ou emocional.” (Michaelis, 2018). 
Outra palavra que tem um sentido mais diretivo e de uso na literatura 
especializada é a palavra “transtorno”. Trata-se de uma terminologia muito médica 
e clínica. A terminologia procura unificar a linguagem técnica sobre o assunto. 
No Brasil, há duas literaturas que norteiam o processo diagnóstico. A 
primeira é a CID 10 – Classificação internacional de doenças da Organização 
Mundial da Saúde (OMS) (Organização Mundial da Saúde, 2018). O CID tem um 
valor jurídico no Brasil. Toda prescrição médica deve ter base ou citação da CID. 
A CID 10 abarca todos os quadros patológicos que precisam de uma prescrição. 
Quando o tema diz respeito à condição mental, há uma área específica da CID 10 
denominada “Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento”. 
A segunda literatura muita utilizada no Brasil é o ManualDiagnóstico e 
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), da Associação Americana de 
 
 
9 
Psiquiatria (American Psychiatric Association, 2013). É uma literatura de alto valor 
científico e em pesquisa. Hoje, está mais atualizado que o CID-10. Embora possua 
muitas opiniões discordantes, o DSM 5 é uma literatura orientadora para um 
diagnóstico mental. 
O termo “transtorno” é muito comum no CID-10 e no DSM-5. Ambos os 
manuais procuram dirimir dúvidas ou questionamentos quando se utilizava outros 
termos, como enfermidade, doenças, patologias, síndromes etc. Na verdade, o 
objetivo é sintonizar a mesma fala. Isso não quer dizer que há unanimidade da 
utilização do termo. 
Por isso, quando designamos o termo transtorno, procura-se usá-lo com o 
intuito de indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos 
clinicamente reconhecíveis associados, na maioria dos casos, a sofrimento e 
interferência com funções pessoais (Organização Mundial da Saúde, 1992). 
Os manuais não utilizam as mesmas terminologias, por isso 
apresentaremos as designações feitas por cada um deles. Lembramos de que o 
nosso foco são os transtornos referentes à aprendizagem. 
5.1 CID 10 
Na classificação da CID 10, temos um item denominado Transtornos 
Mentais e de Comportamento. Essa categoria apresenta os transtornos referentes 
à condição do sujeito na relação escolar. Como todo manual, existem 
subcategorias. 
 F81 – Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades 
escolares: 
 F81.0: Transtorno específico da leitura; 
 F81.1: Transtorno específico do soletrar; 
 F81.2: Transtorno específico de habilidades aritméticas; 
 F81.3: Transtorno misto das habilidades escolares; 
 F81.8: Outros transtornos do desenvolvimento das habilidades 
escolares; 
 F81.9: Transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares, não 
especificado. 
A CID-10, como todo manual, procura apresentar diretrizes diagnósticas. 
Esse manual nem sempre consegue apresentar as causas possíveis dos 
 
 
10 
transtornos, sendo assim, quando nos referimos às possíveis causas dos 
transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares, não 
podemos especificá-las. Todavia, há indicativos relacionados a fatores biológicos 
que, de uma forma não bem esclarecida, interagem com fatores não biológicos. 
Esse evento ocorre de forma não controlada, o que não permite designarmos 
exatamente uma causa. 
5.2 DSM 5 
O DSM 5 foi recentemente reformulado. Quem teve contato com o DSM 4 
verificará que muitos quadros foram remanejados ou retirados do DSM 5, bem 
como alguns foram reformulados e melhores apresentados. 
Em relação à aprendizagem, o DSM 5 apresenta dois grupos específicos 
referentes à aprendizagem dentro do grupo dos Transtornos do 
Neurodesenvolvimento. São as deficiências intelectuais e o Transtorno Específico 
da Aprendizagem (American Psychiatric Association, 2013). 
 Transtornos do Neurodesenvolvimento: 
 Deficiências Intelectuais; 
 Deficiência Intelectual (Transtorno do Desenvolvimento Intelectual): 
 315.8 (F88) Atraso Global do Desenvolvimento; 
 319 (F79) Deficiência Intelectual (Transtorno do Desenvolvimento 
Intelectual) Não Especificada. 
 Transtorno Específico da Aprendizagem – Especificar se: 
 315.00 (F81.0) Com prejuízo na leitura (especificar-se na precisão na 
leitura de palavras, na velocidade ou fluência da leitura, na compreensão 
da leitura); 
 315.2 (F81.81) Com prejuízo na expressão escrita (especificar-se na 
precisão na ortografia, na precisão na gramática e na pontuação, na 
clareza ou organização da expressão escrita); 
 315.1 (F81.2) Com prejuízo na matemática (especificar-se no senso 
numérico, na memorização de fatos aritméticos, na precisão ou fluência 
de cálculo, na precisão no raciocínio matemático) (American Psychiatric 
Association, 2013). 
Segundo o DSM 5, os transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo 
de condições com início no período do desenvolvimento. Sua principal 
 
 
11 
característica são os déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no 
funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. É possível que haja 
com certa frequência a ocorrência de mais de um transtorno do 
neurodesenvolvimento, de forma comórbida. O transtorno de aprendizagem tende 
a ser uma comorbidade do TEA e do TDAH (American Psychiatric Association, 
2013). 
Já a deficiência intelectual tem características em déficit nas capacidades 
mentais genéricas, ou seja, um desenvolvimento intelectual simples. Essas 
capacidades incluem o raciocínio, solução de problemas, planejamento, 
pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela 
experiência. Os déficits resultam em prejuízos no funcionamento adaptativo, de 
modo que o indivíduo não consegue atingir padrões de independência pessoal e 
responsabilidade social em um ou mais aspectos da vida diária, incluindo 
comunicação, participação social, funcionamento acadêmico ou profissional e 
independência pessoal em casa ou na comunidade (American Psychiatric 
Association, 2013). 
O transtorno específico da aprendizagem, tem sua designação quando há 
déficits específicos na capacidade individual para perceber ou processar 
informações com eficiência e precisão. É um transtorno observável principalmente 
na fase escolar. A principal sintomática são as dificuldades persistentes e 
prejudiciais observadas no desenvolvimento básico da leitura, escrita e/ou 
matemática (American Psychiatric Association, 2013). 
É fácil de observar esse transtorno pela condição de verificação das 
habilidades acadêmicas com base no desempenho individual. É normalmente a 
criança que está baixa da média esperada para a idade. Seus resultados não 
favoráveis e quando o objetivo a atingir é a média, é necessário que a criança 
desempenhe um esforço fora do comum para ela (American Psychiatric 
Association, 2013). 
FINALIZANDO 
Retomando nossa questão inicial, talvez você esteja a se perguntar se 
realmente a aprendizagem pode sofrer ação que a interfira. Na verdade, a grande 
questão é se a aprendizagem está se desenvolvendo de forma natural ou se está 
sofrendo alguma interferência. 
 
 
12 
Com base nessa descrição, podemos fazer uma definição melhor dos 
termos que são utilizados para descrever as ações que agem contrariamente ao 
processo de aprender. Analisando dessa forma, talvez você chegue à conclusão 
de que o ocorrido na cena inicial desta aula foram dificuldades externas para a 
sua aprendizagem. 
Podemos, então, dizer que agora você está melhor orientado nos termos 
designativos que nos permitem deixar claro o que queremos dizer quando falamos 
de algo que tenha a ver com a aprendizagem. 
Nomenclatura e termos são importantes como orientadores. Todavia, mais 
importante é poder saber quando e como usá-las, pois isso nos orienta a cometer 
menos equívocos e a sermos mais assertivos, permitindo-nos ajudar de forma 
efetiva àqueles que venham a ter um prejuízo na aprendizagem. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
NOGUEIRA, M. O. G.; LEAL, D. Dificuldades de aprendizagem: um olhar 
pedagógico. In: _____. Dificuldades de aprendizagem: um olhar 
psicopedagógico. Curitiba: InterSaberes, 2012. p. 47-66. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582123355/>. 
Acesso em: 28 jun. 2018. 
Esse texto apresenta uma descrição sobre o olhar da psicopedagogia sobre os 
conceitos referentes às dificuldades de aprendizagem. A leitura desse texto 
esclarecerá dúvidas da exposição das teorias da aprendizagem. 
Texto de abordagem prática 
ALVES, R. J. R.; NAKANO, T. de C. Criatividadeem indivíduos com transtornos e 
dificuldades de aprendizagem: revisão de pesquisas. Associação Brasileira de 
Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo. v. 19, n. 1, 2015. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/pee/v19n1/2175-3539-pee-19-01-00087.pdf>. Acesso 
em: 28 jun. 2018. 
O texto apresenta o desenvolvimento da criatividade em pessoas que tinham 
transtornos ou dificuldade de aprendizagem. Isso nos abre a possibilidade de 
sairmos de um conceito fechado e discriminativo em relação aos transtornos de 
aprendizagem. 
 
 
13 
Saiba mais 
APRENDENDO. Interpretando o problema – dificuldades de aprendizagem. 
YouTube, 21 out. 2013. Disponível em: <https://youtu.be/2IKlsW15vLY>. Acesso 
em: 28 jun. 2018. 
Esse vídeo pontua questões bem práticas do ambiente de sala de aula, em que 
podemos identificar algumas dificuldades de aprendizagem. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
DSM V – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5. ed. 
Washington: Associação Americana de Psiquiatria, 2013. 
MEDINA, V. Problemas de aprendizagem das crianças. 9 fev. 2016. Disponível 
em: <https://br.guiainfantil.com/aprendizagem/101-problemas-de-aprendizagem-
das-criancas.html>. Acesso em: 28 jun. 2018. 
MICHAELIS. Dicionário de Língua Portuguesa. Disponível em: 
<http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 28 jun. 2018. 
NOGUEIRA, M. O. G.; LEAL, D. Dificuldades de aprendizagem: um olhar 
psicopedagógico. Curitiba: InterSaberes, 2012. 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação de transtornos mentais e 
de comportamento da CID-10: diretrizes diagnósticas e de tratamento para 
transtornos mentais em cuidados primários. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

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