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FARMACOCINÉTICA Absorção de Fármacos e Vias de Administração Profa. Ana Paula Machado da Rocha Conceito em Farmacologia Substância Química Sistema Biológico + EFEITO BENÉFICO Droga = Fármaco Fármaco = medicamento EFEITO MALÉFICO Droga = tóxico (veneno) Tratamento da doença Diagnóstico Profilaxia (Prevenção) Para evitar a gravidez Toxicologia O que é a Farmacologia e Qual a sua importância? Objetivo Terapêutico Obter a resposta terapêutica Minimizar os efeitos adversos Melhorar a qualidade de vida Evitar a progressão da doença Fármaco Anti- hipertensivo Paciente A Hipertensão Pressão arterial Efeito Observável Monitorar a pressão durante o ajuste da dose Por Exemplo: Janela terapêutica ou Intervalo terapêutico Fármaco Intervalo terapêutico Ácido acetilsalicílico 20 – 100 ug/ml Digoxina 0,9 – 2 ng/ml Lítio 4 – 8 ug/ml Lindocaína 1,5 – 4 ug/ml Destino do Fármaco no organismo Fígado: Biotransformação - metabolismo Sítio-Alvo Fármaco + Receptores Fármaco-Receptores Rins: Excreção ou Eliminação V. Oral V. sublingual V. Subcutânea V. Intramuscular Absorção Farmacocinética: Fármaco Distribuição Farmacodinâmica: Metabólitos Circulação Intravenosa Relação entre Farmacocinética e Farmacodinâmica FÁRMACO ORGANISMO FARMACOCINÉTICA: -Via de Administração -- Absorção -Distribuição -Metabolismo -Eliminação FARMACODINÂMICA: -Local de Ação - Mecanismo de Ação CONCENTRAÇÃO NO LOCAL DE AÇÃO FARMACO- CINÉTICA Processos: ◊ Absorção ◊ Distribuição ◊ Metabolismo ◊ Eliminação Principais Vias de Administração Vias de Administração Principais vias de administração de fármacos: ENTERAIS: -Oral -Sublingual -Retal PARENTERAIS: -Endovenosa -Intramuscular -Subcutânea -Intra-articular -Intraperitonial -Intratecal ou Subaracnóide -Peridural ou Epidural OUTRAS VIAS: -Tópica -Inalatória -Intranasal -Intravaginal -Oftálmica FORMAS FARMACÊUTICAS São preparações constituídas por um ou mais fármacos, associados a substâncias auxiliares de formulação, denominadas adjuvantes. Creme, Pomada, Gel Líquidas Sólidas Semi-sólidas ENTERAL: VIA ORAL Formas Farmacêuticas de Liberação prolongada: Técnica para retardar liberação da droga através de múltiplas e revestidas microsferas (microencapsulação). FORMAS FARMACÊUTICAS • Comprimidos Não revestidos (ex. aspirina) Revestidos (ex. cloridrato de raloxefeno) • Cápsula • Suspensões (ex. antibióticos como amoxilina) • Soluções (ex. Novalgina em gotas) • Emulsões (ex. Proderm, Profolen –anestésico) Formulação Farmacêutica Fragmentação Dissolução Dissolução Dissolução Dissolução Via Oral: Vantagens VANTAGENS Fácil administração Indolor – conveniente Menor custo - econômica Segura (Fácil reversão na intoxicação aguda) Formas Farmacêuticas: comprimidos, cápsulas, drágeas, soluções, suspensão, emulsão, elixir e xaropes Efeitos Sistêmicos ou Efeitos Locais (ex. antiparasitários) Via Oral: Desvantagens DESVANTAGENS Absorção lenta – lento início de ação Absorção limitada pelas características físicoquímica do fármaco (hidrossolubilidade), êmese, inativação por enzimas digestivas ou pH ácido gástrico e irregularidades na absorção (interação com alimentos) ou na propulsão (diarréia). Cooperação do paciente (Impraticável em pacientes em coma ou com êmese) Pode sofrer metabolismo hepático de 1a passagem reduzindo a sua biodisponibilidade. Barreiras Compostas por Membranas 17 Absorção e tipos de transporte Absorção: é a transferência do fármaco do seu sítio de administração para a circulação sistêmica. TRANSPORTE PASSIVO TRANSPORTE ATIVO Canal Carreador Difusão Energia Mecanismos de Transportes Através da Membrana TRANSPORTE PASSIVO TRANSPORTE ATIVO Canal aquoso Proteína transportadora Gradiente eletroquímico Difusão Simples Difusão Facilitada Absorção: Lei de Difusão de Fick Lei de difusão de FICK FLUXO PASSIVO A FAVOR DO GRADIENTE (C1 – C2) Coef. de permeabilidade Espessura Área X X FLUXO (moléculas / tempo) Área de Superfície Absortiva Vilosidades intestinais Microvilos- sidades Fatores que influenciam a absorção PROPRIEDADES QUÍMICAS DO FÁRMACO: 1. Lipossolubidade / hidrossolubilidade 2. Grau de ionização do fármaco – pka vs pH do meio 3. Tamanho das partículas 4. Formulação farmacêutica VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS: 1. pH e fluxo sanguíneo no sítio de absorção 2. Área de superfície disponível para absorção 3. Tempo de esvaziamento gástrico 4. Tempo de contato com a superfície de absorção 5. Interação do medicamento com os constituintes do TGI 6. Eliminação pré-sistêmica = Metabolismo de primeira passagem LIPOSSOLUBILIDADE – Po/a Absorção a partir do estômago em 1 hora (% da Dose) 1 5 2 580 Barbital (pKa=7,8) Secobarbital (pKa=7,9) Tiopental (pKa=7,6) Quantificação do Po/a: Importância da lipossolubilidade: Fármaco (x mg) óleo água Po/a = [óleo] [água] Ex. Po/a = 52 [óleo] = 52 x [água] x x x X x x x x X x Efeito do pH na Absorção de fármacos Grau de ionização do Fármaco depende do pH do meio versus pKa do Fármaco HA H+ + A- ÁCIDOS FRACOS Ka O || R-C- OH O || R-C-O- H+ + Fração Neutra Fração protonada Fração ionizada Fração desprotonada EQUAÇÃO DE HENDERSON-HASSELBALCH Log [Protonada] = pKa -pH [Desprotonada] Para ácidos fracos: Log [HA] = pKa – pH [A-] Quando pKa = pH do meio: Log [HA] = 1 ou [HA] = [A-] [A-] Importância do grau de ionização Distribuição da droga de pKa = 3 em equilíbrio quando o pH é dos compartimentos sâo 2 e 7 Membrana HA H+ + A- A- + H+ HA Compartimento pH = 2 Compartimento pH = 7 pH (7,0) > pKa (3,0) log [ HA/[A- ] = pKa - pH log [ HA]/[A- ] = 3-2 = 1 [ HA]/[A- ] = 101 =10 [HA] = 10 x [A-] pH (2) < pKa (3,0) pH < pKa [HA] > [A-] pH > pKa [A-] > [HA] log [ HA/[A- ] = pKa - pH log [ HA]/[A- ] = 3-7 = -4 [ HA]/[A- ] = 10-4 =0.0001 [HA] = 0.0001x [A-] Ou [A-] = 10.000[HÁ] Grau de ionização do Fármaco depende do pH do meio versus pKa do Fármaco BH+ H+ + B BASES FRACAS Ka + R-NH3 H+ + Fração Neutra Fração desprotonada Fração ionizada Fração protonada EQUAÇÃO DE HENDERSON-HASSELBALCH Log [Protonada] = pKa -pH [Desprotonada] Para bases fracas: Log [BH+] = pKa – pH [B] R-NH2 Grau de ionização do Fármaco Ácido Fraco HA H++A- Equação de Henderson-Hasselbalch Log [HA] = pKa – pH [A-] 2 4 6 8 10 pH pKa = 6,8 pH < pKa pH > pKa Quando o pH < pKa do fármaco ocorre o predomínio da forma protonada (HA) ou NEUTRA Quando o pH > pKa do fármaco ocorre o predomínio da forma desprotonada (A-) OU IONIZADA Fração Neutra Fração protonada Fração ionizada Fração desprotonada Grau de ionização do Fármaco Base Fraca BH+ H+ + B Equação de Henderson-HasselbalchLog [BH+] = pKa – pH [B] 2 4 6 8 10 pH pKa = 6,8 pH < pKa pH > pKa Quando o pH < pKa do fármaco ocorre o predomínio da forma protonada (BH+) ou IONIZADA Quando o pH > pKa do fármaco ocorre o predomínio da forma desprotonada (B) OU NEUTRA Fração Neutra Fração desprotonada Fração ionizada Fração protonada Importância do Grau de Ionização Somente a FRAÇÃO NEUTRA DO FÁRMACO sofre a difusão passiva simples, sendo portanto absorvida. O Grau de ionzação depende do pKa do fármaco e do pH do meio. Um Exemplo prático Porque a Lidocaína, uma base fraca (pKa = 8,9), não provoca uma boa anestesia ao ser administrada em regiões inflamadas (pH ácido)? Valores de pKa de fármacos ácidos e bases fracas Outros fatores que modificam a Absorção Oral Preparações líquidas: gotas ou xarope Preparações sólidas: comprimido, cápsula, revestimento pH do meio Tempo de desintegração Velocidade de dissolução Área de superfície Esvaziamento gástrico Tempo de trânsito intestinal Fluxo sanguíneo mesentérico Interação com alimentos Metabolismo de 1a Passagem Veia porta Plexo mesentérico Corrente sanguínea Veia hepática Exemplos de Fármacos com alta taxa de metabolismo hepático: PROPRANOLOL – MORFINA - LIDOCAÍNA Metabolismo BIODISPONIBILIDADE Conceito: é a fração do medicamento administrado que atinge a circulação sistêmica. Horas Cp (g/ml) Biodisponibilidade = AUC (oral) x 100 AUC (iv) Biodisponibilidade (F) = 100% para via IV Biodisponibiliadade (F) É extremadamente dependente da via de administração e da formulação da droga e metabolismo de primeiro passagem Drogas : Via IV F= 1 Propanolol IV F=1 oral F= ~0.2 20% (circulação) Digoxina IV F=1 Oral solução F= ~1 cápsula líquida F= ~1 Comprimidos F= ~0.7 Alguns Exemplos de Biodisponibilidade oral FÁRMACOS BIODISPONIBILIDADE (%) ASPIRINA 68 ± 3 PARACETAMOL 88 ± 1,5 PROPRANOLOL 26 ± 10 MORFINA 24 ± 12 CODEÍNA 50 ± 5 AZITROMICINA 34 ± 19 CEFALEXINA 90 ± 9 DIGOXINA 70 ± 13 CIMETIDINA 60 ± 23 CLONAZEPAM 98 ± 31 Importância da via de administração do fármaco na determinação da Cp e da biodisponibilidade Tempo (h) Cp do fármaco Endovenoso Oral mesma dose Biodisponibilidade (F) = 100% para via IV F = (AUC) oral (AUC) IV Fatores que afetam a biodisponibilidade oral: -Metabolismo de primeira passagem -Absorção incompleta no trato GI -Velocidade de dissolução da formulação farmacêutica Importância Clínica da curva da Biodisponibilidade AUC = Biodisponibilidade oral DOSE Tempo (h) Cp (mg/dl) Nível plasmático mínimo eficaz Nível plasmático máximo tolerado Duração da ação Início da ação Cp Máxima (efeito máximo) Janela terapêutica Importância na prescrição Veloc. Absorção Início de Ação Cmax Eficácia/Toxic. Quant. abs./elim. Duração Ação COMPARAÇÃO ENTRE FABRICANTES DO MESMO FÁRMACO DETERMINAÇÃO Horas Cp Fármacos A = B mesma dose mesma via Cmax N.P.Efetivo N.P.Tóxico Duração ação Tempo para Cmax O fármaco dos fabricantes A e B são bioequivalentes? A B COMPARAÇÃO DAS CURVAS DE BIODISPONIBILIDADE Bioequivalência Bioequivalência Farmacêutica Droga A = Droga B Mesmo princípio ativo Mesma dose Mesma forma de dosagem Mesma via de administração Bioinequivalência Droga A Droga B Bioequivalência Terapêutica Droga A = Droga B Mesma Biodisponibilidade Mesma Taxa e extensão de absorção Fatores que modificam a taxa de desintegração / dissolução: Tamanho das partículas Grau de compactação do comprimido Importância do Estudo de Bioequivalência na Prescrição Variação na absorção corporal de 4 formulações de Digoxina Horas NP Efetivo NP Tóxico A B C D Outras vias Enterais: Sublingual e Retal Plexo mesentérico Veia porta Veia hepática Veia cava Fígado Sublingual Oral Comprimidos perilinguais – “glosseta” Pequena superfície para absorção Rápida absorção – Início rápido Não sofre metabolismo 1a passagem Drogas muito lipossolúveis Ex: Dinitrato de Issorbido, Nitroglicerina, Cloridrato de isoproterenol, 17beta- estradiol, nifedipina,. Praticável em comatosos, paciente com vômitos e incapacidade de deglutir. Menor efeito de 1ª passagem Absorção irregular e incompleta Irritação na mucosa retal Efeito local ou sistêmico Retal INJEÇÕES PARENTERAIS • ENDOVENOSA • INTRAMUSCULAR • SUBCUTÂNEA ENDOVENOSA Dose única Infusão contínua (Medicação de Urgência) ENDOVENOSA Vantagens: Efeito imediato Biodisponibilidade 100% Possibilita a administristração de grandes volumes. Possibilita a administração de substâncias irritantes por outras vias. ENDOVENOSA Desvantagens: Material estéril – pessoa capacitada Incômoda para o paciente Menor segurança – riscos elevados de efeitos adversos (injeção lenta de solução). Imprópria para substâncias insolúveis ou oleosas (suspensões). Riscos de flebite, infecção e trombose INTRAMUSCULAR VANTAGENS Início mais rápido que a oral Possibilita a administração em pacientes incapacitados de deglutir, com vômitos e diarréia. Mais segura que a endovenosa. Não sofre efeito de primeira passagem INTRAMUSCULAR DESVANTAGENS Efeitos adversos locais: dor, desconforto, hematoma e lesão muscular. Impossibilita a administração de substâncias irritantes,com pH fora da neutralidade ou na osmolaridade. Absorção depende: Fluxo sanguíneo local. Deltóide>glúteo -Aumentado:calor, massagem, exercícios. -Reduzido: compressas frias. Tipo de preparação: Solução aquosa versus Suspensão INTRAMUSCULAR Vias e Concentração Plasmática Tempo após a administração C o n c e n tr a ç ã o P la s m á ti c a endovenosa intramuscular Oral Concentração terapêutica SUBCUTÂNEA Características: Substâncias não irritantes – pequeno volume Efeitos adversos locais: dor, abscesso, fibrose e infecção. Absorção é lenta, mas constante provocando efeito duradouro. A agulha encontra-se abaixo da pele Insulina subcutânea Solução e Suspensão de Insulina (SC) Velocidade de absorção: solução x suspensão da absorção por calor, massagem, exercício Vias Parenterais Especiais Vias Formas Farmacêuticas Intra-arterial Utilizada para exames de diagnósticos Intra-cardíaca Reanimação cardiovascular Intraperitonial Não utilizada clinicamente Intratecal Peridural Técnica especializada – Anestesiologistas Técnica especializada - Anestesiologistas VIA INALATÓRIA GASES AEROSSOL INALATÓRIA • Gases • Aerossóis OXIGÊNIO Anestésicos Gerais Efeito Sistêmico 10 % 90 % Efeito Local Gás Fármaco Broncodilatadores Glicocorticóides Características: Gases e pequenas partículas Absorção rápida Não sofre metab. 1a passagem Efeito sistêmico ou local VIA TÓPICA: Aplicação cutânea EFEITO TERAPÊUTICO LOCAL Absorção pela pele ou mucosas Pomadas Cremes Loções Pastas Características: Área de superfície lipossolubilidade Integridade daderme OUTRAS APLICAÇÕES TÓPICAS Vias Formas Farmacêuticas Conjuntiva Gotas oculares Intra-nasal Solução (gotas nasais) ou aerossóis Intravaginal Óvulos vaginais, cremes e pomadas Ouvido externo Gotas auriculares, cremes e pomadas VIA TRANSDÉRMICA Patches Exemplos: Nicotina Escopolamina Nitroglicerina Testosterona Estrogênio Absorção depende: lipossolubilidade e integridade da derme Fatores que interferem na escolha da via de administração • Efeito local ou sistêmico. • Propriedades fisico-químicas do fármaco ou da forma farmacêutica administrada. • Tempo necessário para o início do efeito. • Duração do tratamento. • Conveniência. • Obediência do paciente ao regime terapêutico. • Estado patológico que impossibilita a via.
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