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LESÕES ELEMENTARES Modificações do tegumento determinadas por processos inflamatórios, circulatórios, metabólicos, degenerativos, tumorais, defeitos de formação. 1) Alterações de cor (manchas ou máculas) MANCHAS OU MÁCULAS: Alterações da coloração da pele, sem modificação do seu relevo ou consistência. a) Vásculo-sanguíneas (alterações do sangue circulante ou de vasos) � Eritema: Mancha avermelhada por vasodilatação, que desaparece à digito ou vitropressão. � Rubor: Eritema rubro, por congestão local ou aumento da temperatura. � Cianose: Eritema arroxeado, por vasocongestão venosa passiva ou redução da temperatura. � Enantema: Eritema de mucosas � Exantema: Agudo, generalizado, disseminado, de curta duração (efêmero), rubeoliforme ou morbiliforme � áreas de eritema com áreas sãs = rubéola; ou escarlatiforme � mais homogêneo e difuso = escarlatina. � Eritrodermia: Generalizado, crônico, frequentemente acompanhada de descamação. Psoríase, linfomas, medicamentos, pênfigo foliáceo. � Eritema figurado: Formas variáveis e limites precisos � bordas bem definidas, às vezes com escamas na periferia da lesão. Dermatite seborréica � caspa – descamação oleosa da pele. � Lividez: Mancha de cor pálida, do chumbo pálido ou azulado (área branca na pele), por isquemia, de temperatura fria, muito menos freqüente que o eritema. Ex.: Lividez reticular (rede de manchas) � manchas esbranquiçadas entremeadas com manchas vermelhas. � Telangectasia: Mancha vermelho-arroxeada, sinuosa, por neoformação capilar, mais freqüente no nariz e nas vizinhanças. Ex.: Ca basocelular � No início, quando nodular, tem muitas telangectasias, que podem ulcerar, causando sangramentos). Pode ser linear, estelar ou puntiforme. � Mancha angiomatosa(hemangioma): Mancha vermelha, plana, permanente (não desaparece à digito ou vitropressão) resultante de má formação vascular, por aumento névico do número de capilares (desenvolvimento embrionário) Lesão névica: anomalia do desenvolvimento da pele, que pode manifestar-se com hiperplasia, hipoplasia ou aplasia de estruturas da pele: nevo pigmentar, nevo lipomatoso. Acompanhada de lesões neurológicas. � Mancha anêmica: Mancha de cor clara, permanente, por redução ou ausência localizada de vasos sanguíneos (agenesia vascular). � Púrpura: Mancha vermelho-violácea, por extravasamento de hemácias na derme; não desaparece à digito ou vitropressão, logo é permanente. PETÉQUIA � puntiforme ou lenticular EQUIMOSE � maior que 1cm de diâmetro VÍBICE � púrpura linear Ex.: Púrpura de Bateman ou púrpura senil � fragilidade capilar, lesões purpúricas maiores (braços e antebraços) que surgem por pequenos traumas (simples coçagem da pele). Procedimento � palmadas na pele provoca vasodilatação: MANCHA ANÊMICA – não há vasodilatação (não há vasos) ACROMIA – há vasodilatação local LIVIDEZ ≠ MANCHA ANÊMICA Mais freqüente em extremidades problema embrionário Por isquemia (vasos não se formam ou são mal formados) b) Manchas pigmentares � Por alterações da melanina: � Hipercromia: Tatuagem (depósito de pigmentos externos) Manchas “café-com-leite”, negras, acastanhadas, negro-azuladas Sardas ou efélides Melasma ou cloasma gravídico (normalmente na região da face) � Hipocromia: Pitiríase alba ���� Face, face extensora de antebraço: queratose. Doença de causa desconhecida, piora com o sol. Queratose folicular ou pilar, quase não tem descamação. Lesões maiores que a pitiríase versicolor. Pitiríase versicolor ���� MMSS; são descamativas, micose superficial. Mancha hipocrômica, pode ser hipercrômica ou eritematosa, acompanhada de descamação. Sinal da unha e sinal de Zileri (afasta com o polegar). Vitiligo ���� Inicial, bilateral, simétrico, acomete muito extremidades. Provável hanseníase � Acromia: Vitiligo instalado (fase final) � Outras: Icterícia ���� bilirrubina na pele e mucosas Dermatite ocre ���� hemossiderina Carotenodermia ���� ingesta excessiva de alimentos ricos em caroteno 2) Formações sólidas Resultam de processo inflamatório ou neoplásico/tumoral e podem atingir conjunta ou isoladamente a epiderme, a derme e/ou hipoderme. a) Pápula: Lesão sólida, elevada, circunscrita, de até 0,5cm de diâmetro, pode ser epidérmica, dérmica ou mista (pode ser pruriginosa, em membros; pode ter escamas violáceas, amareladas, múltiplas, pode ter umbilicação central). Ex.: Molusco contagioso � pápulas translúcidas, com umbilicação central Sífilis 2ª � palmar e plantar Líquen plano � pruriginoso, pápulas principalmente em MM. b) Placa: junção de pápulas Lesão elevada, maior que 1cm de diâmetro, superfície plana (crescimento + horizontal) Ex.: Psoríase � doença eritemato-escamosa, lesões brilhantes, zonas extensoras, região sacra e couro cabeludo. Junção de pápulas – crescimento horizontal, achatado. Lesões em placa em formato de círculos � herpetiforme. Nevo sebáceo � pode ser congênito; deve ser retirado, porque sobre ele podem aparecer tumores. c) Nódulo: Lesão sólida, mais palpável que visível, circunscrita, saliente ou não, maior que 0,5cm e menor que 3,0cm de diâmetro, de localização dérmica ou hipodérmica. Ex.: Eritema nodoso � reações hansênicas Sífilis 3ª � nódulos formam arcos Nodosidade ���� nódulo maior que 3cm de diâmetro Tumor ���� nódulo de origem neoplásica ����Carcinoma basocelular: mais comum, evolução lenta Melanoma: pior prognóstico d) Goma: Nódulo ou nodosidade que amolece e ulcera, eliminando uma substância necrótica. 4 fases: crueza, amolecimento, ulceração, regeneração/reparação Ex.: Sífilis 3ª, micose, TBc, esporotricose e) Vegetações: Projeções sólidas, cônicas, digitiformes, filiformes, lobuladas, em “couve-flor”, moles, às vezes, sangrantes, resultantes de hipertrofia da epiderme e/ou da derme papilar. Ex.: Condiloma acuminado � regiões genital e perianal f) Verrucosidade: Pápula ou vegetação mais queratose (aumento da camada córnea) Síndrome verrucosa (PLECT): Pbmicose (antigamente blastomicose) Leishmaniose Esporotricose Cromomicose TBc cutânea vegetante verrucosa (rara) g) Urtica: Lesão pápulo-edematosa (predominantemente edematosa), vermelho-rósea ou branco porcelânico, elevada, circundada por halo eritematoso ou anêmico, de duração efêmera, resulta de edema da derme, prurido e fugacidade, tem causas variadas, pode ter dermografismo (urticária factícia). 3) Coleções líquidas a) Vesícula: Coleção líquida, elevada, circunscrita, de conteúdo claro (pode ser turvo, purulento, hemorrágico), até 0,5cm de diâmetro, geralmente intra-epidérmica e resultante de espongiose (edema intersticial – eczemas) ou balonização (viroses). Intercelular Intracelular = herpes zoster e simples b) Bolha: Coleção líquida, elevada, maior que 0,5cm de diâmetro, geralmente flácidas (Ex.: Pênfigo); as subepidérmicas são mais tensas. Localização das bolhas ajuda no diagnóstico das dermatites bolhosas (podem ser intraepidérmicas � pênfigos ou subepidérmicas � dermatite herpetiforme e penfigóide bolhoso). Pode ocorrer em mucosas. Sinal de Nikolsky ���� correspondente clínico da acantólise (alteração da camada espinhosa). Quando positivo, descola a pele. Mecanismo de formação das bolhas nos pênfigos � Auto-Acs se depositam nos desmossomos das células Malphigianas e descolam essas células, formando as bolhas. Camada espinhosa: Pênfigo foliáceo � bolha intra-epidérmica alta Pênfigo vulgar � bolha intra-epidérmica baixa (em cima da camada basal)� lesões mucosas na boca c) Pústula: Coleção superficial de pus, geramente de até 0,5cm de diâmetro. Ex.: Acne vulgar � lesões pustulosas, papulosas, nodulares; pústula com halo eritematoso (foliculite superficial, que pode causar reação ganglionar) � couro cabeludo Psoríase � pústulas na região palmar e plantar Aparece no impetigo d) Abscesso: Coleção purulenta, circunscrita, na derme e/ou hipoderme; geralmente acompanhada de sinais inflamatórios (dor, calor, rubor e edema), mais profundo que a pústula. Ex.: Furúnculo Flegmão � pus mais disperso, sem cápsula Normalmente, há formação de cápsula, flutuante à palpação. e) Hematoma: Coleção de sangue, geralmente circunscrita e proeminente, na derme ou no tecido subcutâneo, em pele, unhas. Equimose � púrpura (mancha) ≠ Hematoma � coleção de sangue 4) Alterações de espessura a) Queratose: Espessamento da pele, que se torna mais consistente, endurecida, inelástica, de superfície áspera, rugosa, esbranquiçada/amarelada/ pardacenta; decorrente do aumento da camada córnea. Ex.: Queratose actínica (solar ou senil) � exposição ao sol (áreas expostas, branco, secas � face, V do decote, áreas extensoras dos MMSS); pré-neoplásica. Queratose seborréica � oleosa, graxenta; ocorre também em áreas cobertas Corno cutâneo � queratose actínica hipertrofiada (hieperqueratose localizada), de crescimento vertical, precisam ser retiradas para analisar tecido de baixo – pode ser desde verruga até Ca espinocelular. Calosidade � principalmente no 5º dedo do pé Leucoplasia � queratose de mucosas; áreas esbranquiçadas, pré-neoplásicas. Difusa � ictiose Regional � palmo – plantar b) Liquenificação: Espessamento crônico da pele, com acentuação das pregas naturais; de cor geralmente acastanhada; decorre de hipertrofia da camada Malphigiana da epiderme e de infiltrado dérmico. Pode ter uma tonalidade esbranquiçada. Ex.: Neurodermite circunscrita c) Edema: Lesão por extravasamento de líquidos na derme e/ou hipoderme; espessamento da pele, depressível, com cor própria da pele ou róseo-branca. Ex.: Erisipela � eczema agudo, acompanhado de outras alterações – eritema. d) Infiltração: Infiltrado celular na derme; aumento da espessura e consistência da pele; perda dos sulcos, com redução do quadriculado normal da pele e limites imprecisos. Ex.: Hanseníase virchowiana, leishmaniose, carcinomas metastáticos � pele fica mais lisa. Mucinose � depósito de mucina na pele, provocada pelo hipertireioidismo. e) Esclerose: Aumento da consistência da pele, que se torna endurecida à palpação, não depressível e difícil de ser pregueada entre os dedos. Ex.: Esclerodermia linear (em golpe de sabre), quelóide (por acne, trauma) � tratamento: cirurgia e betaterapia (radioterapia com raios β). A pele pode estar espessada ou adelgaçada; hipo ou hipercrômica � resulta de alterações do colágeno. f) Atrofia: Redução da espessura da pele, que se torna delgada e pode se tornar pregueada; decorre de redução da epiderme, derme ou hipoderme. Ex.: Atrofia senil (biológica); atrofia por exposição ao sol (física); atrofia mecânica (estrias � lesões lineares atróficas – rompimento de fibras elásticas); também pode ser causada pela corticoterapia prolongada (Síndrome de Cushing) no tratamento do pênfigo. Atrofia pós-dermatoses/ anetodermias � após sífilis 2ª ou outra doença infecciosa ou sem doenças anteriores (parece urtica, palpação: atrofia e anel herniário). g) Cicatriz: Lesão lisa, fibrosa, que substitui o tecido normal destruído por traumatismo ou doença cutânea, plana, hipertrófica ou atrófica; rósea, hipo ou hipercrômica; não serve para diagnóstico retrospectivo (reproduz grosseiramente a lesão original). Surge quando a derme é atingida. Cicatriz hipertrófica � restrita à área da lesão ≠ quelóide � estende-se além da área da injúria 5) Perdas e reparações teciduais a) Escamas: Massas epidérmicas secas, que se desprendem da superfície cutânea; resultam de alteração da queratinização, podem ser: Furfuráceas ou pitiriásicas � xerodermia: pele seca – escamas finas, aspecto de farelo � Dermatite seborréica do couro cabeludo: caspa Psoriásicas (psoríase) � alto turn over celular = várias camadas em cima de outras – estratificadas. Doença eritemato-escamosa, escamas prateadas, nacaradas. Ocorre principalmente em áreas extensoras (cotovelos, joelhos, região sacra, couro cabeludo). Não são contagiosas, podem ter curso agudo ou crônico. Pode dar lesões artropáticas (artrite psoriásica) com ou sem lesões de pele (5% da psoríase). Laminares ou foliáceas � menos freqüente; desprendem-se em folhas (Pênfigo foliáceo – eritrodermia acompanhada de descamação, ocorre no couro cabeludo, face, tórax). Psoríase invertida (não acontece em áreas de extensão). Sinais que ajudam a identificar psoríase: Fazer curetagem metódica de Brocq (cureta/lâmina de bisturi) Sinal da vela � escamas se desprendem semelhante a vela Sinal de orvalho sanguíneo/sangrante ou sinal de Auspitz � sangra se continuara curetagem. b) Crostas: “Cascas de ferida”; concreções de cor amarelada, esverdeada ou vermelho escuro, que se formam em áreas de perda tecidual (bolha, pústula que se rompe � concreção do líquido � crosta); resultam de ressecamento da serosidade, pus ou sangue, com ou sem restos celulares; têm valor semiológico secundário. Ex.: Impetigo: “cura” de lesões bolhosas; lesões vesiculosas , bolhosas � erosões � crostas melisséricas (crostas amareladas; impetigo: face, em crianças). Pênfigo foliáceo: bolhas flácidas, que se rompem facilmente � lesões erosivas � lesões crostosas. Causas desconhecidas, mortalidade de apenas 4-5%. Nunca acomete mucosas. Inicia em face, tórax, couro cabeludo � áreas seborréicas. Pesquisar sinal de Nikolsky: pressão forte e fricção em pele aparentemente sã � descolamento da pele, surgimento de área úmida � Sinal de acantólise, que não é patognomônico. c) Escaras: Área de pele de cor lívida ou negra; circunscrita, resultante de necrose tecidual. Ex.: Pacientes acamados, diabéticos (lesão vascular periférica). Gangrena ou esfacelo. d) Fissuras ou ragádia/rágade: “Rachadura”; perda linear da epiderme e/ou derme, no contorno de orifícios naturais, em áreas de dobras da pele ou em lesões hiperceratósicas. e) Fístula: Canal com pertuito na pele, que drena material de foco profundo de supuração ou necrose. Ex.: Infecção dentária; TBc cutânea, às vezes, tem fístula (escrofulodermia ou TBc coliquativa); hidrosadenite (infecção de glândulas apócrinas). f) Erosão ou exulceração: Perda superficial de substância da pele (também pode ter erosão em mucosa), que atinge apenas a epiderme, regredindo sem cicatriz. Ex.: Escoriação ou “ralado” (erosão traumática, linear, conseqüente à coçagem), doenças por drogas, pênfigo foliáceo, pênfigo vulgar (erosões em mucosas, prognóstico pior que o pênfigo foliáceo). g) Ulceração: Perda circunscrita da epiderme e derme, podendo atingir hipoderme e tecidos subjacentes; cura-se com cicatriz. Úlcera � ulceração crônica Fagedênica � cresce muito horizontalmente Terebrante � cresce muito verticalmente Causas: câncer, causas físicas, químicas, vasculares, biológicas
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