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rodolfo bohoslavsky trabalho de Orientação Vocacional

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Orientação Vocacional de Rodolfo Bohoslavsky
A orientação ao longo de sua história serviu a uma necessidade inerente ao homem, de ser aconselhado, seja para resolver um problema relativo à sua existência, seja em relação a uma ocupação. Desse modo, homens de visão voltaram-se para as necessidades humanas, e começaram a sistematizar conhecimentos, a partir de suas próprias práticas, como também a partir das observações do cotidiano da vida das pessoas, no desempenho das atividades simples às mais complexas, apesar de serem passadas de forma hereditária.
Para Edwin L. Herr (2011), o século XX foi o mais produtivo em relação à preocupação técnica no desenvolvimento e implementação de intervenções no campo da orientação profissional, apesar de haver registros antes de 1900, de atividades nesse sentido, que, segundo ele, “demonstraram a forma como diferentes sociedades praticavam a ajuda às pessoas, no que respeita às questões do trabalho ou, mais precisamente, o modo como se colocavam as pessoas num trabalho em função da sua condição social ou casta, ou objetivos políticos” (p. 13).
Para Edwin L. Herr (2011), ele observa, que “as abordagens contemporâneas das intervenções de carreira são, na Europa, América do Norte e, mais recentemente, na Ásia, África e América do Sul, essencialmente, manifestações do século XX” (p. 13). E que as abordagens desse século, se configuraram nas duas últimas décadas do século XIX, nos serviços diretos com adolescentes e adultos, nesse período e nas primeiras do século XX. Durante tal período, surgiram relevantes trabalhos de investigações que configuraram o quadro teórico, como também o surgimento das intervenções de carreira.
Pode-se citar como os pioneiros na área, segundo Herr (2011), na França, Alfred Binet, com seus testes de inteligência; Spranger, na Alemanha, por ter estudado “a relação entre os tipos de personalidade e os diferentes tipos de emprego; as investigações de Munsterberg, também na Alemanha, nas áreas de escolha vocacional e do rendimento do trabalho”, como também nos “Estados Unidos, sobre o estudo dos problemas educacionais e da carreira dos estudantes”, contribuições de Jesse B. Weaver e de Eli Weaver (p. 13). Além de outras.
Apesar de não haver, na ocasião, bases científicas ou teóricas que fundamentassem tais “modelos de intervenções de carreira destinadas a melhor compreender e a facilitar o ‘comportamento na carreira’ dos indivíduos, ou mesmo conhecer de que forma as diferenças culturais poderiam estar refletidas nessas mesmas intervenções” (pp. 13-14), devem-se reconhecer tais pessoas como os escultores da arte de orientar pessoas para a vida profissional. Eles deram o ponto de partida para uma área que, hoje, apesar da diversidade de modelos existentes, ainda há muito que fazer.
Com a Revolução Industrial, o mundo do trabalho se transforma, transformando o modo de ser das relações entre o patrão e o empregado e com isso   mudanças estruturais seriam necessárias para dar conta do novo tempo. O patrão com oferta de emprego para manter o próprio capital, mas tendo que enfrentar os problemas de constante rotatividade dos empregados, com isso necessitando reorganizar-se para enfrentar tais problemas de inadaptabilidade dos trabalhadores às ocupações. Afinal, os industriais precisavam encontrar solução para tais problemas de custos e rupturas ocasionados com as constantes mudanças desses trabalhadores, Herr (2011).
Diante dos diversos problemas enfrentados com o advento da revolução industrial, percebem-se crianças e adolescentes sendo exploradas com carga horária de trabalho insuportável, em atividades insalubres. Trabalhadores sendo cerceados de seus direitos como ser humano e dono de seus destinos, como os são, carecia de grandes mudanças. Então, Herr (2011), coloca que:
Deste surto de mudança, sofrimento humano e reconhecimento da necessidade de respeitar as diferenças individuais e a dignidade humana, surgem as primeiras técnicas de intervenção especializadas. Estas eram encaradas como intervenções práticas e humanistas, destinadas a ajudar às pessoas a <encaixarem-se> de acordo com as necessidades da estrutura de emprego, de forma a preservarem a racionalidade das suas escolhas, sem serem coagidas ou obrigadas a tal (p, 15).
Ele se refere à abordagem traço e fator, de Frank Parsons[3], como a mais conhecida e venerada. Essa abordagem na atualidade ainda é respeitada. Partes dos seus pressupostos foram tomados emprestados por outros modelos de intervenção em orientação profissional. Herr (2011) acrescenta que “o particularmente importante no modelo de Parsons é que este constituiu uma base conceitual que direcionou, durante o século XX, muitas das investigações sobre carreira”. E, que ao modelo inicial foram acrescentados outros passos, e “estabelecidas as bases científicas que fundamentaram cada um dos três passos do referido modelo: identificar e medir as diferenças individuais, apresentar as diferenças do conteúdo das atividades dentro de cada profissão, e clarificar os elementos do processo de tomada de decisão” (p. 16).
Parsons em seu modelo de traço e fator desenvolveu uma forma particular de avaliação. Herr (2011, p. 17) descreve três passos desse modelo teórico, que se constituem nos seguintes:
O primeiro passo do modelo enfatizou a importância de compreender que características individuais são estáveis mensuráveis e preditivas do comportamento humano, no âmbito da formação, desempenho ou outros contextos de vida.
O segundo passo do modelo, estimulou análises do mundo educacional e profissional, a análise das diferenças do conteúdo de distintas áreas educativas e profissionais, e a análise dos traços individuais mais adequados para se ser eficientes em cada uma delas.
O terceiro passo do modelo conduziu a esforços de compreensão do processo de escolha e de avaliação das competências de tomada de decisão.
Desse modo, Herr coloca o leitor a par dos elementos básicos da teoria traço fator.
Em meados desse mesmo século (em referência ao século XX), surge uma nova visão acerca da orientação vocacional, isso se deu através do argentino Rodolfo Bohoslavsky (2015), que, contrário à psicotécnica, lança as bases de uma orientação vocacional na abordagem clínica, cujo modelo teórico preconiza o sujeito como dono de sua própria escolha. Então, a estratégia clínica passou a servir de norte para o processo de orientação do adolescente em situação de escolha profissional, entre os argentinos e posteriormente entre os brasileiros.
Destarte, investigar sobre a teoria proposta por Bohoslavsky, nas suas possibilidades de intervenção na orientação de jovens em situação de escolha será o principal norte desse trabalho. Para isso, será utilizada a metodologia denominada de pesquisa bibliográfica, com o intuito de respondera à seguinte pergunta: como se dá o processo de orientação vocacional na abordagem clínica de Bohoslavsky?
RODOLFO BOHOSLAVSKY: UM IDEALIZADOR
O argentino Rodolfo Bohoslavsky inicia na década de sessenta, os fundamentos teóricos do enfoque clínico na orientação vocacional, sob a influência da psicanálise inglesa, na figura de Melanie Klein, através dos conceitos de instâncias psíquicas: ego, id e superego; de inconsciente, de narcisismo, de mecanismos de defesa, de idealização (ideal-de-ego), de identificação, de sublimação e de reparação. Como também da Psicologia do Ego de Kurt Lewin, da “psicanálise clínica”, preconizada pelo argentino José Bleger e do “Grupo Operativo” de Pichon-Rivière. (Lehman, Silva, Ribeiro & Uvaldo, 2011).
Em 1960, ele lança o livro “Orientação Vocacional: uma estratégia clínica”, que traz os fundamentos da sua abordagem. Nesta obra, “propõe a compreensão do indivíduo como sujeito de escolhas, numa crítica à modalidade psicométrica em Orientação Vocacional que tomava o indivíduo como objeto de sua intervenção”. De nítidas bases psicanalíticas, ele preconizava que: “o vocacional seria uma resposta do sujeito a quem ele é, não ao que ele faz, da ordem do ocupacional” (Ibid., p. 120).
Bohoslavskyveio para o Brasil, convidado pela Professora Maria Margarida Carvalho, a fim de ministrar aulas baseadas no livro que lançara, fundando aqui, “todo um modo de trabalhar, denominado de abordagem clínica”. Influenciando sobremaneira a Orientação Profissional no Brasil, particularmente na Psicologia. (Id.)
Descontente com o tratamento que a ele foi dispensado na USP, ele se muda para o Rio de Janeiro, onde continua com suas atividades de orientador e leva uma vida boemia. Morre em 1977, deixando outro livro, cujo título é: Vocacional: teoria, técnica e ideologia. Nessa obra, ele reformula a estratégia clínica e a aproxima do social, além de outros temas.
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL/OCUPACIONAL 
A psicologia Clínica
Para Bohoslavsky (2015, p. 6-7), a psicologia clínica está caracterizada como uma estratégia de se abordar o seu objeto de estudo, o comportamento humano. O autor tem consciência de que essa afirmativa não é compartilhada com muitos outros autores. Para ele, ‘estratégia’ é aludida ao tipo de ‘observação’ e de ‘atuação’ sobre o comportamento humano, sem dar tanta importância ao que é observado ou mesmo ‘sobre o que se age’. Tal estratégia serve para se estudar tanto o comportamento sadio, como o doente. Pode ocorrer no âmbito do trabalho, ou seja: psicossocial, sociodinâmico, institucional ou consultório; no campo de trabalho familial, penal, educacional, recreativo, ocupacional e outros. Como também em relação ao “propósito de quem empregue tal estratégia em situação humana”, seja a fim de modificar, compreender ou explicar ou, ainda na prevenção de dificuldades. O autor, ainda afirma que, a observação é uma estratégia, além de ser “uma atuação autoconsciente sobre a condição humana”.
A Estratégia Clínica
Segundo Bohoslavsky (op. cit., p.10), a estratégia clínica pode estar a serviço de se conhecer, investigar, compreender, modificar o comportamento humano. Isso pode acontecer tanto no âmbito psicossocial (individual), quanto no sociodinâmico (grupal), como também nos âmbitos institucional e/ou comunitário. Afastando-se desse modo da modalidade estatística.
Para melhor compreensão entre a abordagem estatística e a modalidade clínica, toma-se, aqui, o quadro proposto por Bohoslavsky (2015), que explicitamente coloca as diferenças entre ambas (ver quadro 01).
Quadro 01 – Diferenças entre as abordagens estatística e clínica.
	MODALIDADE ESTATÍSTICA
	MODALIDADE CLÍNICA
	1)   O adolescente, dados a dimensão e o tipo de conflito que enfrenta, não está em condições de chegar a uma decisão por si mesmo.
	1)    O adolescente pode chegar a uma decisão se conseguir elaborar os conflitos e ansiedades que experimentam em relação ao seu futuro.
	2)   Cada carreira ou profissão requer aptidões específicas.
Estas são:
a)   definíveis a priori;
b)   mensuráveis;
c)   mais ou menos estáveis ao longo da vida.
	2)    As carreiras e profissões requerem potencialidades, que não podem ser definidas a priori, nem muito menos ser medidas.
Estas potencialidades não são estáticas, mas modificam-se no transcurso da vida, incluindo, por certo, o tempo de estudante e de profissional.
	3)    Satisfação no estudo e na profissão depende do interesse que se tenha por eles. O interesse é específico, mensurável e desconhecido pelo sujeito.
 
 
	3)   O prazer no estudo e na profissão depende do tipo de vínculo que se estabelece com eles. O vínculo depende da personalidade, que não é um a priori, mas que se define na ação (incluindo, certamente, a ação de estudar e trabalhar em determinada disciplina).
O interesse não é desconhecido pelo sujeito, mesmo que, possivelmente, o sejam os motivos que determinam esse interesse específico.
	4)   As profissões não mudam. A realidade sociocultural, tampouco. Por isso, pode-se predizer, conhecendo a situação atual, o desempenho futuro de quem hoje se ajusta, por suas aptidões, ao que hoje é determinada carreira ou profissão. Se o jovem tem aptidões suficientes, não terá que enfrentar obstáculos. Fará uma carreira bem-sucedida
	4)    A realidade sociocultural muda incessantemente. Surgem novas carreiras, especializações e campos de trabalho, continuamente.
Conhecer a situação atual é importante. Mais importante é antecipar a situação futura. Ninguém pode predizer o sucesso, a menos que seja entendido como a possibilidade de superar obstáculos com maturidade.
	5)    O psicólogo deve desempenhar um papel ativo, aconselhando o jovem. Deixar de fazê-lo aumenta indevidamente sua ansiedade, quando esta deve ser diminuída.
	5)  O adolescente deve desempenhar um papel ativo. A tarefa do psicólogo é esclarecer e informar. A ansiedade não deve ser amenizada, mas resolvida; e isto somente se o adolescente elabora os conflitos que lhe deram origem.
Fonte: Bohoslavsky, 2015, p. 4
O quadro representa os distanciamentos entre uma abordagem e outra. A abordagem clínica, representa uma maior dinâmica referente ao ato de escolher, pois coloca o sujeito que escolhe, numa posição ativa. Essa abordagem teórica, leva em consideração, principalmente as potencialidades do sujeito para enfrentar os desafias oriundos do processo de orientação vocacional. Dessa forma, a tarefa primordial do orientador será a de orientar e esclarecer, colocando-se numa posição de coadjuvante no processo de escolha.
Segue abaixo um quadro sistematizado a partir de Lehman, Silva, Ribeiro & Uvaldo (2011, p. 125-127), objetivando a compreensão de alguns pressupostos da abordagem clínica de Bohoslavsky (ver quadro 02).
Quadro 02 – Pressupostos da abordagem clínica
	ABORDAGEM CLÍNICA PROPOSTA POR BOHOSLAVSKY
	Princípios, objetivos e funções
	A estratégia clínica busca:
·       entender a psicodinâmica vocacional do sujeito;
·       compreender a problemática vocacional (conflito vocacional básico), que seria o tipo específico de problemas de personalidade que envolve mecanismos de decisão diante de papéis ocupacionais;
·       possibilitar a integração do devir vocacional com as possibilidades ocupacionais (Veinstein, 1997);
·       dar oportunidade para os indivíduos se expressar como sujeito de escolhas; um indivíduo em ação, no sentido de Arenet (1958/1987) lhe dá, como atividade existencial, não só existente (Veinstein, 1994), sendo esta a proposta ética da estratégia clínica em Orientação Profissional.
	Estratégia, tática e técnica
 
	·       Para Bohoslavsky (2001), a Orientação Profissional seria uma estratégia de observação e intervenção sobre o comportamento humano e necessitaria de uma logística (quadro de referência teórico) de uma estratégia (operacionalização da logística, transformando-a em ação planejada e intencional sobre dada situação com finalidade de modificá-la, segundo determinados propósitos) e de uma tática (recursos práticos a serem utilizados).
·       Instrumentos – a entrevista clínica é o principal instrumento técnico. Alguns testes projetivos e técnicas de informação ocupacional (por exemplo, a técnica do RO), técnicas complementares básicas.
·       A Orientação Profissional pode ser, então, realizada na modalidade individual ou grupal, sendo que ambas, guardadas as devidas especificidades, obedecem aos mesmos princípios e etapas de intervenção: diagnóstico, prognóstico e orientação profissional.
 
Fonte: elaborado pelo autor a partir de Lehman et al., (2011, p. 125-127 (v1))
O quadro apresenta, de forma resumida, aspectos da abordagem, porém é suficiente para dar uma ideia clara de como se dá essa metodologia na prática.
De todo modo, a estratégia clínica, pressupõe, segundo Moura (2014), “colocar no centro do processo a pessoa que escolhe e seu potencial transformador da sociedade. Procura favorecer não só a tomada de consciência do conflito presente na escolha, mas também aborda as sobredeterminações (sociais, econômicas e culturais) que a envolvem”. E ainda, coloca o autor que, “o trabalho é concebido como importante elo entre o mundo intrapsíquico e o contexto social”. Que a orientação profissional clínica “não só se restringe à pontualidadede uma escolha, mas almeja igualmente a construção de uma identidade vocacional, o estabelecimento saudável da pessoa com seu papel sociolaboral e projeto de vida, de forma autônoma e contínua” (pp. 13-14). Assim sendo, a estratégia clínica, não está a serviço de apontar uma carreira, como ocorre na psicotécnica, mas vai muito mais além. Ela abarca todo o fenômeno envolvido no processo decisório.
Sobre a vocação
A questão da palavra “vocação” constitui-se motivo para discussão, chegando até a negação da mesma, no que diz respeito ao campo da escolha profissional. Uma observação muito interessante, no sentido de explicar melhor o uso da mesma, é que se tomam, aqui, as explicações de Bohoslavsky (1983, p. 15), ao expor a instância do vocante e a índole do vocado. Segundo ele, “no momento religioso pré-científico, o vocante é Deus e o vocado, a alma posta a seu serviço”. Já o momento “científico-acadêmico” denominado pelo autor como “pré-psicanalítico, o vocante é a estrutura educacional e o vocado, os interesses e aptidões do sujeito mediante a intervenção do psicometrista”. Ele coloca ainda que, no “momento psicanalítico, o vocante são os objetos internos e o vocado, o Ego (relativamente autônomo) do sujeito”. E que no momento atual, em referência àquela época em que ele inicia os pressupostos de sua abordagem clínica, “reconhecemos no sistema produtivo e nos desejos do sujeito a determinação em última instância do vocante, e no Ego de um sujeito-sujeitado, a instância de reconhecimento-desconhecimento das demandas, daí as respostas vocadas”. Desse modo, Bohoslavsky, faz uso da palavra vocação, afastando-se da concepção de “chamado divino”.
A orientação vocacional e o adolescente
Bohoslavsky (2015) refere-se ao termo orientação vocacional, quanto às distintas atividades como aquelas correspondentes aos quadros de referências, as teorias que orientam tal prática, como também as concepções filosóficas e de ciências; além de se utilizar de técnicas diversas, apesar de tais diferenças não aparecerem de forma tão clara. De posse de um conhecimento sólido, o orientador conduzirá o processo de forma mais segura e, com isso, logrando maior êxito.
Percebe-se que tal tarefa carrega em si grande complexidade, desse modo, exigindo-se do orientador, um conhecimento profundo na área, isso pressupõe também uma continua formação a fim de levar a cabo tal tarefa. Pois “(…) sua prática, que atende a uma imperiosa necessidade atual, requer não só a explicitação de técnicas e recursos para uma análise exaustiva dos mesmos, como também a formulação de esquemas conceituais pertinentes à sua temática específica” (Bohoslavsky, 2015, p. 2).
Segundo Bohoslavsky (2015,) a atividade de orientação vocacional não é tarefa exclusiva de psicólogo, pois pedagogos, sociólogos, professores secundários e outros, também estão implicados na tarefa do “processo de orientação frente à situação de escolha”. Porém, “existe uma dimensão da tarefa que é campo privado do psicólogo: o do diagnóstico e solução dos problemas que os indivíduos têm em relação a seu futuro, como estudante e profissionais, no sistema econômico da sociedade a que pertencem” (Id.)
Ainda, segundo Bohoslavsky (Id.) a orientação vocacional, são procedimentos de psicólogos especializados para esse fim, e que tem como cliente, as pessoas que, em certo momento de suas vidas, se deparam com a necessidade de se decidir. Isso pode acontecer no momento da escolha por um curso. Desse modo, a escolha passa a ser momento crítico, pois se constitui num processo de mudança. E a depender da forma como as pessoas enfrentam e elaboram tais mudanças, dependerá o seu desenvolvimento futuro, se para a saúde ou para a doença.
Os momentos críticos pelos quais passa a adolescência podem estar relacionados às transformações biológicas, físicas e psicológicas. Mudanças que já se iniciaram na infância. E é nessa nova fase que se darão a preparação para a vida adulta. Contudo, o adolescente terá que aprender a lidar com elas, pois se constituem curso natural da vida em transição. Adolescer inclui perdas e consequentemente, o surgimento do luto. Um desses lutos pode estar atrelado ao momento de escolher uma profissão, tomando aqui as palavras de Bohoslavsky (op. cit., p. 59) “O adolescente que escolhe e que aceita crescer de certo modo ‘destrói’, desestrutura o grupo familiar, pois está dando o grande salto, ou o primeiro grande salto, no sentido da separação do grupo familiar”, essa ruptura pressupõe, o que o autor denomina de “reestruturação”, não somente de si mesmo, mas também incluindo todo o grupo familiar. E isto é motivo suficiente para gerar a culpa no adolescente.
Mas adolescer é isso: é experienciar o novo, para que haja aprendizado. Será imperioso que se aprenda a enfrentar as mudanças oriundas dessa nova fase, criando estratégias para o seu enfrentamento. Isso será imprescindível que se aprenda a lidar com as perdas, mas que mantenha a esperança de que há os ganhos, as vitórias; o aprendizado.
Adolescer é deixar para trás, a infância, e com ela vão-se os modos infantis de ser. Vão-se os cuidados que uma criança requer. Com a nova fase, novos comportamentos serão requeridos, surge a necessidade da responsabilidade sobre si, e sobre o outro. Surgem novos modos de pensar, de agir. Surgem cobranças, como exigências da própria vida. Surge, então, um novo sujeito que deverá construir o seu próprio caminho que servirá como exercício para a vida adulta. Surgem os medos, os novos interesses. O adolescente precisará aprender a lidar com as mudanças que lhe são novas. Desse modo, será necessário o apoio da família, da escola, da comunidade, dos amigos, a fim de que possa enfrentar as responsabilidades que advirão que o fará constituir-se enquanto sujeito de “ser-no-mundo”. Será necessário aprender a enfrentar o turbilhão de eventos que podem imobilizá-lo diante de tantas coisas novas que surgirão, quase que de repente. Tudo isso para anunciar um novo alvorecer: a vida adulta.
Para Bohoslavsky (2015) é na adolescência que eclodem as dificuldades e possíveis soluções em relação à natureza vocacional. Isso se dá, entre os quinze e dezenove anos, pois é nesse momento que as preocupações com a vida adulta e a entrada para o mundo do trabalho ficam mais claras. Assim, o processo de orientação vocacional pode ser muito importante, pois ajudará o adolescente, a resolver as dificuldades inerentes à escolha profissional, futura.
A abordagem proposta por Bohoslavsky, segundo Moura (2014, pp. 26-27), “considera fundamental que o orientando chegue a uma decisão autônoma a partir da elaboração dos conflitos e ansiedades que experiencia em relação ao futuro; que o orientando seja capaz de conhecer seus interesses e os motivos que os sustentam”; observa ainda que: “o orientando aprenda a escolher e desenvolva maturidade para enfrentar obstáculos futuros através da elaboração dos seus conflitos (…)”. Isso se deve porque, segundo essa abordagem, “as profissões são dinâmicas e as potencialidades para exercê-las são variáveis”. Nessa visão, não é função do orientador “buscar medi-las ou defini-las”. Em consequência disso, a participação ativa do adolescente, no processo decisório de uma escolha profissional, proporcionará ao mesmo, o exercício de autonomia necessário para as decisões futuras.
E para Bohoslavsky (2015),
O futuro implica desempenhos adultos e se trata, novamente, de um futuro personificado. Não há nenhum adolescente que queira ser engenheiro “em geral” ou lanterninha de cinema “em geral” ou psicólogo “em geral”. Quer ser como tal pessoa, real ou imaginada, que tem tais e quais possibilidades ou atributos e que supostamente os possui em virtude da posição ocupacional que exerce. Isto quer dizer que o “queria ser engenheiro” nunca é somente “queria ser engenheiro”, mas “quero ser como suponho que seja Fulano de tal, que é engenheiro e tem tais ‘poderes’, que quisera fossem meus” (p. 28).
Em vista disso, o adulto serve de estímulo para os adolescentes, que o transforma num objeto de inspiraçãopara suas escolhas futuras.
Bohoslavsky (2015, p. 28) coloca que “para um adolescente, definir o futuro não é somente definir o que fazer, mas, fundamentalmente, definir quem ser e, ao mesmo tempo, definir quem não ser. Ainda, segundo o autor, se o adolescente se preocupar “somente com o que fazer, o psicólogo deve restituir-lhe a parte da realidade que esteja escamoteada”, desse modo, “terá que lhe mostrar que forma deve ser escolhe ou quer escolher. E quando se preocupa somente com que coisa ser, terá que lhe mostrar que relação tem a ocupação com (sic) concreta com esse modo de ser que se propõe a assumir”. Assim, o psicólogo orientador, estará à disposição do orientando, no sentido de guiá-lo à autopercepção, que se faz tão necessária no processo de tomada de decisão.
Continuando com Bohoslavsky (2015) aponta que “os verdadeiros problemas da orientação vocacional se relacionam com o ‘realizar-se’, que o adolescente propõe na entrevista. Com um realizar-se realizando, ou seja, com um ‘chegar a ser’, vinculando-se a objetos. Criando-se e criando, na relação com determinados objetos da realidade externa e interna”. A isso Bohoslavsky relaciona à questão de vínculos. E, ainda, observa ele: “no vínculo que o adolescente estabelece com o futuro, teremos que diferenciar aspectos manifestos e não manifestos. Estes últimos não são necessariamente latentes, no sentido de inconscientes ou reprimidos”. Cabe então, afirmar, segundo ele, que “entre vínculos manifestos e não manifestos poderá produzir-se correlação, oposição, contradição, dissociação, etc. Os vínculos não manifestos são tão ‘reais’ como os manifestos, e os manifestos também incluem fantasias (conscientes e inconscientes)” (pp. 28-29).
Tais vínculos, segundo Bohoslavsky (2015) podem ser atuais, que são os “aspectos manifestos e não manifestos da relação com o profissional. Condensam e expressam vínculos passados (da história do sujeito) e potenciais (com o objeto do futuro, em termos de projetos). O psicólogo concentrado nos vínculos atuais diagnostica os vínculos passados e atua sobre os potenciais” (p. 29). Daí a importância do estabelecimento do vínculo desde os primeiros contatos que se dão entre orientando e orientador, pois isso facilitará todo o processo.
Sobre a identidade vocacional e o processo de escolha
Outro conceito discutido por Bohoslavsky (2015) é a questão da identidade ocupacional e identidade profissional. O autor não considera a identidade ocupacional como algo definido, mas tão somente como “momento de um processo submetido às mesmas leis e dificuldades daquele que conduz à conquista de identidade pessoal. Esta colocação elimina a ideia de que a vocação é algo definido, um “chamado” ou destino preestabelecido, que deve descobrir” (p. 30). E considera ainda que, “(…) como a identidade ocupacional é um aspecto da identidade do sujeito, parte de seu sistema mais amplo que a compreende, é determinada e determinante na relação com toda a personalidade”. Por conseguinte, “os problemas vocacionais terão que ser entendidos como problemas de personalidade determinados por falhas, obstáculos ou erros das pessoas, no alcance da identidade ocupacional” (Id.).
Ele ainda coloca que “A identidade ocupacional é a autopercepção, ao longo do tempo, em termos de papéis ocupacionais. Ele chama de “ocupação ao conjunto de expectativas do papel. Assim, o autor destaca “o caráter estrutural, relacional, do nosso problema, porque a ocupação não é algo definido a partir ‘de dentro’, nem ‘de fora’, mas a sua interação. As ‘ocupações’ são os nomes com os quais se designam expectativas, que têm os demais indivíduos, em relação ao papel de um indivíduo” (p. 30). Ele ainda acrescenta que “a identidade ocupacional se desenvolve como um aspecto da identidade pessoal. Suas raízes genéticas assentam-se, basicamente, sobre o esquema corporal e estão sujeitas, desde o nascimento, às influências do meio humano”. Em razão disso, segundo o autor, “a identidade ocupacional, assim como a identidade pessoal, devem ser entendidas como a contínua interação entre fatores internos e externos à pessoa” (p. 31). Assim, o autor esclarece o sentido e significado de “ocupação” e “identidade ocupacional”.
Conforme Bohoslavsky (2015), o processo de escolha passa por diferentes momentos. No quadro abaixo, ele sistematiza dois tipos de dados: “a intervenção do ego em cada momento do processo e os transtornos típicos em cada um deles” (p. 65) (ver quadro 03).
Quadro 03 – Representação dos momentos da escolha.
	Momentos
	Função egoica comprometida
	Patologia mais frequente
	Seleção
	Adaptação, interpretação e sentido de realidade. Discriminação. Hierarquização dos objetos
	“Não ver” e “não se ver” por confusão no vínculo. Identificações projetivas e introjetivas maciças.
	Escolha
	Relação de objeto. Tolerância da ambiguidade e da ambivalência.
	Rapidez e estereotipadas ou excessiva labilidade de cargas. Bloqueios afetivos.
	Decisão
	Ação sobre a realidade. Projetos.
	Transtornos na elaboração de lutos. Fracasso no controle de impulsos.
Fonte: Bohoslavsky – (2015, p. 65)
Os elementos constantes no quadro dão um norte para a orientação vocacional/ocupacional, porque ajuda o orientador a compreender melhor o adolescente e, com isso, conduzir de forma mais eficaz todo o processo.
O processo
O processo de orientação vocacional, na estratégia clínica, se divide em três momentos: diagnóstico, prognóstico e a orientação propriamente dita.
O primeiro momento é o Diagnóstico, “o orientador identifica a problemática vocacional, por meio da configuração de um campo, no qual o orientando recria essa problemática, e realiza um diagnóstico da situação, que deverá gerar um prognóstico quanto à orientabilidade do sujeito” (Lehman et al., 2011, p. 128).
Para uma melhor compreensão segue exposto abaixo os critérios diagnósticos, e logo mais adiante, o prognóstico e a orientação vocacional propriamente dita, propostos por Bohoslavsky, (2015, pp. 77-89):
Diagnóstico
Manejo do tempo – (passado, presente e futuro);
Momento em que o jovem se situa: o de seleção (reconhecimento das possibilidades), o de escolha (estabelecimento do vínculo com o que foi escolhido) e o de decisão (elaboração de projeto a partir do que foi escolhido);
Ansiedades predominantes – (confusa, persecutória e depressiva), tal como se manifesta nas entrevistas de orientação vocacional como defesa;
Carreiras como objeto – (o entrevistado fala das carreiras numa certa ordem, agrupando-as segundo critérios mais ou menos conscientes; liga-as a situações de êxito ou fracasso, facilidade ou dificuldade, prestígio ou desprestígio, possibilidade de diferenciar-se ou não, etc.);
Identificações Predominantes – (com o ideal-de-ego, com os familiares, com seus pares ou gênero);
Situações que o adolescente atravessa – A pré-dilemática (é aquela por que passa o adolescente que “não se dá conta” de que deve escolher). A dilemática (caracteriza-se pela presença de afetos confusos numa pessoa que se dá conta de que enfrenta uma dúvida, uma dificuldade num momento de mudança). A problemática (caracteriza-se por um grau elevado de conflito, capaz de determinar no adolescente uma dinâmica tal que possa superá-lo, integrando seus termos numa síntese superior. (…) o adolescente está realmente preocupado. Suas funções (do ego) encontram-se a serviço de uma análise exaustiva da situação). A situação de resolução (nesta situação, o adolescente vê reativados seus antigos mecanismos postos a serviço da elaboração de situações de perda. É capaz de reconhecer seu medo e sua tristeza e, inclusive, alheações de ambos os tipos de afeto);
Fantasias de resolução – (corresponde às expectativas conscientes ou inconscientes frente ao processo de orientação vocacional. (…) Torna-se neste aspecto do diagnóstico é o que o adolescente “necessita” e o que “procura”. Este último é a fantasia consciente de resolução);
Deuteroescolha – (Define-se como o adolescente escolhe escolher).
Prognóstico
O segundo momento é o prognóstico,isso ocorre devido a funcionalidade do diagnostico, que o permite realizar-se através dos seguintes critérios:
Estrutura da personalidade – (modelo típico de relações do indivíduo com o ambiente);
Manejo da crise adolescente – (análise da crise adolescente, tal e qual se produz no entrevistado);
Histórico escolar – (esclarece o tipo de vínculo com situações de aprendizagem, o que permite prognosticar como será o desempenho do adolescente na universidade);
Histórico familiar – (permite prognosticar tanto os sistemas valorativos diante das carreira e profissões derivadas da classe social a que pertence como os tipos de identificações familiares que, no que diz respeito à escolha de carreira);
Identidade vocacional e ocupacional;
Maturidade para escolher.
Orientação profissional
O terceiro momento é a Orientação Profissional propriamente dita. Aqui, “após a realização do prognóstico, se o sujeito puder ser orientado, serão estabelecidos o enquadre e o contrato de trabalho. Caso não possa, haverá uma entrevista devolutiva, e serão pensadas, conjuntamente, alternativas para as demandas levantadas pelo processo diagnóstico da Orientação Profissional” (Bohoslavsky, 2001 apud Lehman et al., (2011, p. 125-130 (v.1)).
Representação do modelo de orientação na abordagem clínica
A fim de completar as informações acerca da metodologia de trabalho na abordagem clínica de Bohoslavsky, toma-se o quadro representativo deste modelo de orientação vocacional proposto por Moura (2014) (ver quadro 04):
Quadro 04 – Modelo da Orientação Vocacional na Estratégia Clínica
	 
SETTING
	Espaço
	Individual
	
	Tempo
	15 a 20 sessões
	
	Frequência
	1-2vezes por semana
	TÉCNICA
	Atitude
	Neutralidade
	
	Atividade-Passividade
	Ativo
	
	“Escuta”
	Todas as associações
	
	Interpretação
	Prospectiva – ligada ao desenvolvimento da identidade vocacional
	
	Transferência
	Interpreta-se apenas quando interfere no enquadre
	
	Planejamento
	Semiaberto – Organizado em 3 momentos: [Diagnóstico, Prognóstico e Orientação Profissional propriamente dita]
	
	Predominância das técnicas auxiliares
	Projetivas não gráficas (R-O, minibiografia, etc.)
	
	Testes
	[Weschler; TAT; BBT; EAP e outros]
	PRINCIPAL PÚBLICO ATENDIDO
	
	Adolescente
	OBJETIVO DO PROCESSO EM OP
	
	Contribuir para que o entrevistado tenha acesso a uma identidade vocacional através da compreensão dos conflitos e situações que hajam impedido de aceita-la de modo integrado e não conflitivo.
	 
MEIO
	
	Colaborar no esclarecimento e na assunção a uma identidade vocacional adulta de maneira não diretiva.
Fonte: Adaptado de Marcos Lanner de Moura, 2014, p. 64
O quadro resumo se constitui num elemento muito importante no sentido de guiar os trabalhos de orientação vocacional na abordagem clínica.
Considerações Finais.
A realização do processo de orientação vocacional/ocupacional antes de ingressar na universidade ou em escolas técnicas, poderá constituir-se em algo muito importante na vida do sujeito, pois evitará grandes prejuízos, tanto o prejuízo institucional que terá de investir no aluno, que depois fatidicamente abandonará o curso, quanto à perda de tempo e frustrações por parte deste, que ao abandonar os estudos, provavelmente recomeçará em outro curso. Mas, convém pontuar que alguns acabam desistindo da vida acadêmica e buscam inserir-se no mercado de trabalho; outros procuram as escolas técnicas a fim de se profissionalizarem e, de forma mais rápida, entrar no mercado de trabalho.
Através da abordagem clínica proposta por Bohoslavsky, o jovem em situação de escolha, é colocado numa posição em que ele é o autor de sua própria história. Assim sendo, a estratégia clínica, não está a serviço de apontar uma carreira, como ocorre na psicotécnica, mas vai muito mais além. Ela abarca todo o fenômeno envolvido no processo decisório. Pois através dessa metodologia, será possível ajudar o adolescente na elaboração das angústias relativas à escolha profissional, estimulando-os para a autopercepção em relação aos papéis ocupacionais e o contato com a identidade vocacional/ocupacional, resultando na sua escolha profissional.
Referências
BOHOSLAVSKY, R. Orientação Vocacional: a estratégia clínica. 12. ed.. Trad. José Maria Valeije Bojart. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
_______. Entre a encruzilhada e os caminhos: à guisa de introdução – a reformulação da estratégia clínica. In: BOHOSLAVSKY, R. (Org). Vocacional: Teoria, técnica e ideologia. Trad. Cristina França. (pp. 15-17). São Paulo: Cortez, 1983.
HERR, E.L. Abordagens às intervenções de carreira: perspectiva histórica. In: Taveira, M.C., & Silva, J.T. da. (Coord.). Psicologia vocacional: perspectivas para a intervenção. 2. ed.. Coimbra/PT: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011.
LEHMAN, Y.P., Silva, F.F., RIBEIRO, M.A. & UVALDO, M.C.C.. Segunda demanda chave para a orientação profissional: como ajudar o indivíduo a entender os determinantes de sua escolha e poder escolher? Enfoque psicodinâmico. In: RIBEIRO, M.A. & L.L. MELO-SILVA. (Orgs.). Compêndio de orientação profissional e de carreira: perspectivas históricas e enfoques teóricos clássicos e modernos. (v.1, pp.111-134). São Paulo: Vetor, 2011.
MOURA, M.L. Contribuição para a orientação profissional na estratégia clínica a partir da psicoterapia breve psicanalítica. Dissertação de Mestrado. Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

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