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Requerente: Marilene Gomes Durães
Ementa: DIREITO INTERNACIONAL/DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO – EXTRADIÇÃO DE BRASILEIRO NATO – PERDA DE NACIONALIDADE – CLÁUDIA SOBRAL – RENÚNCIA À NACIONALIDADE – DIREITOS HUMANOS
RELATÓRIO:
Trata a presente de consulta encaminhada por Bárbara Soares e Silva de análise da legalidade do pedido de extradição apresentado pelo Governo dos Estados Unidos da América, contra a brasileira nascida no Brasil e de pais brasileiros, radicou-se nos Estados Unidos da América, Cláudia Cristina Sobral ou Cláudia Cristina Hoerig, que, segundo as autoridades americanas, foi autora de homicídio doloso contra, até então marido, Karl Hoerig.
FUNDAMENTAÇÃO:
É garantido aos brasileiros e estrangeiros que possuam residência no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, Artigo 5° da Constituição da República, uma vez que Claudia Cristina Sobral retornou ao Brasil e sendo brasileira nata, regularizou sua residência e trabalho, devendo ela ter garantido esses direitos inerentes à sua nacionalidade originária.
Quanto a questão da nacionalidade, a Constituição Federal elenca suas particularidades por meio do Artigo 12, Claudia Sobral se encaixa perfeitamente no inciso I, uma vez que nasceu no brasil e possui pais brasileiros, sendo então brasileira nata :
“Art. 12. São brasileiros:
 I - natos:
 a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
 b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
 c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;”
	A perda da nacionalidade está condicionada a certas situações, tais quais sejam o cancelamento da natuaralização por sentença judicial ou por aquisição de outra nacionalidade, conforme § 4º inciso I do mesmo artigo, com as ressalvas do inciso II.
 “ § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
 I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
 II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
 a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
 b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.”
Por ter sido acusada formalmente nos Estados Unidos pelo homicídio de seu marido Karl Hoerig em 2007 no Estado de Ohio, em 2013 a Justiça Americana, por meio de Nota Verbal, fez o pedido de extradição da, até então, brasileira naturalizada americana, Cláudia Cristina Sobral.
Logo após o pedido o Ministério da Justiça instaurou, o Processo Administrativo 08018.011847/2011-01 para avaliar a situação quanto a nacionalidade de Claudia Sobral, que culminou na Portaria Ministerial nº 2.465, de 3 de julho de 2013,44, que declarou a perda da nacionalidade brasileira. Em resposta, ela impetrou por meio de seu procurador constituído, junto ao Superior Tribunal de Justiça, mandado de segurança (MS nº 20.439-DF), alegando a exceção do art. 12, § 4º, II, b, da Constituição Federal, uma vez que só adquiriu a nacionalidade americana “para poder exercer na plenitude seus direitos civis em um País onde há enorme preconceito contra latinos, fato que jamais implicou no desejo de quebrar seus laços com o Brasil” (trecho retirado do dito mandato de segurança).
Diante do MS nº 20.439-DF, o Ministro Relator deferiu a liminar solicitada, mandando suspender provisoriamente a eficácia da Portaria Ministerial para que a situação da nacionalidade fosse novamente analisada, então o STJ declinou da competência, ao julgar o MS nº 33.864 em 19 de abril de 2016, a Primeira Turma do STF, por 3 votos a 2, negou o Mandado de Segurança e declarou a perda da condição de brasileira pela impetrante e aquisição de nacionalidade Norte Americana, por entender que ao escolher adquirir outra nacionalidade a impetrante perdeu sua nacionalidade brasileira, conforme à norma do art. 12, § 4º, II, “b”, devendo assim, ser extraditada e responder penalmente perante a Justiça Americana.
Cumpre ressaltar que a extradição de nacionais brasileiros é negada, o inciso LI do art. 5º da Constituição Federal brasileira de 1988 prevê que “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”.
CONCLUSÃO 
Por todo o exposto, opino nos seguintes termos:
 
1- No caso analisado, a impetrante é brasileira nata e não deveria perder sua nacionalidade brasileira ao adquirir a nacionalidade estadunidense, pois apesar do juramento feito à bandeira americana de “renunciar” à sua nacionalidade, a mesma, em nenhum momento cortou sua relação com a Pátria Brasileira e inclusive retornou ao Brasil e aqui viveu como cidadã.
2 - Não houve manifestação inequívoca de vontade no sentido de abrir mão de sua nacionalidade brasileira, uma vez que a aquisição da nacionalidade estrangeira foi realizada para fins de permanecer de forma legal no território norte americano e pela natureza discriminatória do país contra imigrantes.
3 – Está claro, que essa decisão foi tomada sobre clara pressão do Estado requerente para que o Brasil extraditasse Cláudia Sobral, sem que houvesse sentença condenatória contra a mesma, e que as provas contra o crime fossem meramente circunstanciais.
4 - Claudia Cristina Sobral deve responder pelo rime cometido no estrangeiro em território brasileiro e sujeita ao Código Penal Brasileiro. A pena não devendo ser superior a 30 anos ou condenada à pena de morte.
É o parecer, sub censura. 
Betim, 03 de Setembro de 2018.
Bárbara Soares e Silva
OAB/MG XXX.XXX

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