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Citologia da célula procariótica III Ana Maria Mazotto anamazotto@micro.com.br • Estrutura proteica estável não-flexível, semi-rígida, helicoidal, ancorada na superfície celular. • Filamento longo (5-20 μm) e fino (20-25 nm) • Função: principal estrutura associada a movimentação. • Para observação em microscopia ótica é necessário utilizar o método de coloração de Leifson para flagelos. Flagelos • Localização: Ex.: Escherichia coli, Proteus spp., Salmonela typhimurium e Serratia marcescens, Vibrio spp. Flagelos Flagelos • Estrutura flagelar • 3 componentes principais: corpo basal, gancho e filamento Corpo basal Corpo basal Gram-negativa Gram-positiva Flagelos • Estrutura flagelar • Corpo basal (motor do flagelo) • Cilindro central • Anel L (LPS): na membrana externa • Anel P (Peptídeoglicana): na parede celular • Anel MS (Membrana-Supramembrana): na membrana celular • Anel C: no Citoplasma, é o motor do flagelo Flagelo de bactérias Gram-negativas Anel L Anel P Anel MS Anel C • Proteínas MOT (MotA e MotB) • Formam um canal por ondem os prótons passam fornecendo energia para a rotação do flagelo MotB MotA Flagelos • Proteína do anel citoplasmático (FliG, FliM e FliN) • Interagem com proteínas de sinalização celular e orientação da rotação do flagelo de acordo com a presença de substâncias atraentes ou repelentes FliG FliM FliN Flagelos • Gancho • Conector entre o corpo basal e o filamento • Formado por FlgE • FlgK e FlgL: junção entre o gancho e o filamento. Flagelos Gancho • Filamento • Estrutura rígido, longa e helicoidal. • Capaz de se regener quando quebrado. • Formado por milhares de flagelinas (50-60 kDa) – FliC Flagelina Flagelos FliD: forma o cap, auxilia na polimerização Síntese de flagelos Síntese de flagelos • Treponema pallidum (sífilis), Borrelia burgdoferi (mal de Lime). • Flagelo periplasmático ou filamento axial: localizado no espaço periplasmático. • Mobilidade em meio de alta viscosidade Flagelos de espiroqueta Borrelia burgdoferi • Função e fonte de energia semelhante • Estrutura diferente do flagelo de bactérias (~pilus tipo IV) • Possui gancho e filamento. • O filamento contém mais de um tipo de flagelina glicosilada. • Flagelo de arquea não apresenta canal central essencial na formação de flagelo bacteriano. As subunidades são adicionadas na base do flagelo. Methanococcus maripaludis Flagelos de arqueas S-layer Características Domínio Archaea Bacteria Composição do flagelo Vários tipos de flagelina Único tipo de flagelina Glicosilação sim não Diâmetro do filamento 10-14 nm 20 nm Conservação do N- terminal das flagelinas N-terminal conservado N- e C-terminal conservado Secreção e montagem do filamento Presença de peptídeo líder Secreção do tipo 3 • Principais diferenças entre os flagelos de arqueas e bactérias Ligação entre Pyrococcus furiosus e Methanopyrus kandleri por flagelos ou célula-célula formação de biofilme Flagelos de arqueas • Motor: corpo basal • Movimento rotatório • Cada rotação requer a massagem de 1000 prótons pelas proteínas MOT. Movimento do flagelo Flagelação peritríquia Flagelação polar • Movimentação orientada por compostos químicos repelentes ou atrativos • Gradiente temporal: compara o gradiente enquanto se move. • Ausência de gradiente: movimento randômico • O movimento alterna corrida e oscilação, quando frente a um gradiente químico as corridas ficam mais longas e oscilações menos frequentes. Quimiotaxia (a) A inserção do capilar em uma suspensão bacteriana. Quando o capilar é inserido, um gradiente químico começa a formar. (b) Controle: o capilar contém uma solução de um sal que não é nem um atrativo nem um repelente. A concentração celular no interior do capilar torna-se a mesma que a do lado de fora. (c) acumulação de bactérias num capilar contendo uma substância atrativa. (d) Repulsão de bactérias por uma substância repelente. Quimiotaxia • Quimiorreceptores: proteínas transmembrana que detectam a presença da substância atraente diretamente ao através de proteínas carreadoras. Quimiotaxia Che B (metil esterase) – desmetila o receptor Che R (metil transfesrase) Che R (metil transfesrase) CheA (cinase) + Che W CheA (cinase) + Che W CheA (cinase) + Che W CheA (cinase) + Che W P Che YChe Y P FliM (motor do flagelo) – osciçação (H)FliM (motor do flagelo) – osciçação (H) FliM (motor do flagelo) – movimento em linha reta (AH) FliM (motor do flagelo) – movimento em linha reta (AH) Quimio receptor Quimio receptor Che YChe Y Che ZChe Z • Fototaxia: resposta a diferenças na intensidade de luz (bactérias fotossintéticas) • Magnetotaxia: orientação do movimento através de campo magnético (vesículas eletrodensas) • Aerotaxia: resposta a diferentes concentrações de O2. Representação esquemática das partículas magnéticas dentro do procarioto Aquaspirillum magnetotaticum Outros tipos de taxia • Movimentação utilizando pili do tipoI V (twitching): movimento através da retração e extensão do pilus. Movimento intermitente e aos solavancos (ex.: Pseudomonas aerugunosa) • Deslizamento: utilizando polissacarídeo limoso. O polissacarídeo faz contato entre a superfície sólida e a célula, empulsionando-a (ex.: Myxococcus xanthus). Alguna microrganismos podem se mover por deslizamento utilizando polissacarídeos e pili tipo IV Outros tipos de movimento • Movimentação utilizando proteínas de superfície: interação entre proteínas de membrana leva ao movimento de cremalheira (ex.: Cytophafa-Flavobacterium). Outros tipos de movimento • Apêndices proteicos não flagelares • Fímbria (fibra - latim) e pilus (cabelo – latim) correspondem a mesma estrutura • Estruturas relacionadas a adesão; envolvidas na conjugação e na injeção de substância em células hospedeiras • Compridos (1-2 μm), finos (2-8 nm) e numerosos (500/ cél) Pili, fímbrias e seringas moleculares Pilus ou fímbria Flagelo • Pili P e tipo 1 • Tem função de adesão • E.coli (uropatogênica) • Propriedade adesiva na extremidade do pilus. • Pili K88 e K99 • Tem função adesiva • E.coli (enterotoxigênicas) • Estrutura semelhante aos dos pili P e tipo 1 • A propriedade adesiva está ao longo do filamento. Tipos de pili Pilus adesivo P Responsável pela adesão • Pilus do tipo IV • Função: • adesão, • movimentação sobre superfícies semi- sólidas, • participam da formação de biofilme • auto agregação de células • Vibrio cholerae, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella enterica serovar Typh, E. coli (enterotoxigênica e enterohemorrágica), Nesséria gonorrhoeae, N. meningitidis, Ligionella pneumophila e Moroxella bovis. Tipos de pili adesina • Pili F • Função: canal para a translocação de DNA; adesão • Longo (2-20 nm de comprimento e 8nm de espessura), tubular e flexível. • Apenas em células que possuem o plasmídeo F. • Participa do processo de conjugação. • Atua como receptor de bacteriófago. Tipos de pili • Pili T • Função: canal para a translocação de DNA; adesão. • Agrobacterium tumefaciens (patógeno de plantas). • Longo, 10nm de espessura, semi-rígido. • Codificado pelo plasmídeo Ti Tipos de pili • Seringas Moleculares, Injetossomos ou Tanslocons e Pilus Hrp • Função: injetar toxinas ou fatores de virulência na célula hospedeira. • Pilus espesso (8nm) e com 2 μm de comprimento, semi-rígido. • Salmonella typhimurium (toxina), Yersinia spp. (proteínas Yops) • Pseudomonas syringae (patógenode plantas) – pilus Hpr. • A formação do pilus utiliza a mesma via de secreção do fagelo. Tipos de pili As proteínas Yop de Yersinia spp. passam pelo canal central do pilus ou agulha • Função: adesão. • as subunidades são covalentemente ligadas e a montagem requer transpeptidase (sortase) • Corynebacterium diphtheriae, Clostridium perfringens, Actinomyces naeslundii, Streptococcus agalactiae, Streptococcus mutans, Streptococcus pneumoniae. Pilus em bactérias Gram-positivas Pili de Corynebacterium diphtheriae • Células em estado de dormência metabólica. • A diferenciação celular em endosporos ocorrem quando a célula de encontra em uma situação desfavorável, como em ausência de nutrientes. • O endosporo germina quando em condições favoráveis voltado ao estado de célula vegetativa. • Função: assegurar a sobrevivência da célula em períodos de estresse ambiental Endosporo • São resistentes ao calor, dessecação, valores extremos de pH, radiações ionizantes e UV, condições ambientais inadequadas, à ação de enzimas e produtos químicos. • Várias espécies esporulam. Os modelos de estudo são Bacillus spp. e Clostridium spp. • Bactérias formadoras de esporos patogênicas: Bacillus cereus, B. anthracis, B. thurigiensis , Clostridium tetani, C. botulinum e C. perfringes. Endosporo 70% H2O 15% H2O Características ao microscópio: • Fortemente refratários, muito impermeáveis a corantes Localização • Central (Bacillus cereus) • Terminal (Clostridium tetani) • Subterminal • Lateral B. subtilis coloração de Wirtz-Conklin Bacillus anthracis coloração de Gram Endosporo Composição e estrutura do endosporo Membrana interna Parede celular Córtex Membrana interna Capa interna Capa externa Esquema das camadas do endosporo Exósporo : • Camada mais externa, fina e formada por proteínas, glicoproteínas, lipídeos e carboidratos. • Presença facultativa Representação esquemática das capas e do exospório do endosporo de Bacillus anthracis Composição e estrutura do endosporo B. licheniformis Capas: • Formadas por várias camadas de proteínas ricas em cisteína formando pontes dissulfeto, conferindo hidrofobicidade. • Função: resistência a agentes químicos, resistência a tratamento enzimático (lisozimas), resistência a radiação ultravioleta solar, resistência a pressão mecânica. • O número de camadas e os tipos de proteínas da capa difere de acordo com a espécie. Composição e estrutura do endosporo Córtex: • Peptideoglicana modificada, presença de um açúcar modificado (murâmico – delta – lactâmico), com menos ligações cruzadas entre as cadeias de glicana. • Função: manutenção do estado de desidratação do core e estado de dormência do esporo, resistência ao calor, resistência a β-lactamases, resistência a solventes orgânicos Composição e estrutura do endosporo Peptideoglicana : • Semelhante a da célula vegetativa, porém fina (parede germinativa). • Não é degradada durante a germinação • Serve como parede celular inicial Composição e estrutura do endosporo Core • É o citoplasma do endosporo: • Contém uma membrana citoplasmática, uma parede celular, nucleóide e ribossomos. • Metabolicamente inativo, desidratado e altamente mineralizado (Ca2+, Mg2+, Mn2+). • Baixo teor de água (10-30% do teor de água da célula vegetativa): aumenta a resistência ao calor, H2O2 e mantém as enzimas do endosporo inativas. Composição e estrutura do endosporo • Grande teor de ácido dipicolínico (15% do peso seco) que associado a Ca+ forma dipicolinato de cácio, produzindo um polímero gelatinoso: ácido dipicolínico Composição e estrutura do endosporo • Protege as moléculas do core de possível desnaturação. • Provavelmente envolvido com a estabilização do DNA* e resistência a agentes oxidantes. dipicolinato de cácio • Maior compactação do DNA • Presença de SASP (“small acid-soluble proteins”) • SASP: produzidas durante o processo de esporulação. Ligam-se fortemente ao DNA protegendo-o de radiação UV artificial, dessecação e calor seco. É uma fonte de carbono e energia durante a germinação Estrutura do complexo SASP-DNA PNAS 2008;105:2806-2811 Composição e estrutura do endosporo Esporulação Esporulação Germinação Endosporos Propriedades Células vegetativas Endosporos Conteúdo de cálcio Baixo Alto Camadas envoltórias Típica de Gram-positiva, com peptídeoglicana Peptídeoglinaca, córtex, capas, exósporo Aparência microscópica Não refratária Muito refratária Ácido Dipicolínico Ausente Presente no core Conteúdo de água Alto (80-90%) Baixo (10-25% no core) Atividade enzimática Presente Ausente Síntese macromolecular Presente Ausente Resistência ao calor Baixa Alta Resistência a químicos e ácidos Baixa Alta Resistência a radiação Baixa Alta Sensibilidade a lisozima Sensível Resistente Coloração Cora (Gram-positiva) Resistência a corantes Metabolismo Ativo Dormente Capacidade de multiplicação Presente Ausente RNA m Presente Baixo ou ausente SASP Ausente Presente pH citoplasmático ~pH 7,0 Entre pH 5,5 - 6,0 (no core) Fim Obrigada
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