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principais aspectos da Constitui��o de 1891

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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO:
TRABALHO SOBRE A CONSTITUIÇÃO DE 1891
Professor Santiago Artur Berger Sito
Daniela Vieira
Fernanda Vedoin
Georgia Kemerich
Karine Puiatti
Lariane Londero
Lucio Henrique Spiazzi Algerich Antunes
Ricardo Félix Leão
Santa Maria
RS
CONTEXTO INTERNACIONAL
Na perspectiva de influência ao texto constitucional de 1891, há necessidade de entendimento sobre a conjuntura internacional e nacional. No momento prévio iremos abordar como e de que forma o cenário econômico-político internacional afetou e intercedeu na nossa legislação.
De modo a iniciarmos nossa análise do cenário internacional, necessitamos compreender alguns axiomas pertinentes do texto constitucional, assim percebe-se a relevante mudança de espectro de influência jurídica, passando da então juridicidade franco-britânica, a qual tinha modelos de parlamentarismo, para a influência da carta legislativa constitucional americana, a qual propunha o presidencialismo. Com isso, o espectro de observância da Constituição de 1891, que findava a República brasileira incidia na reanalise das demais regras e normas. Além do mais, não podemos deixar de dizer que tanto a constituição suíça como a da Argentina foram inspiradoras no nosso processo de criação da primeira constituição republicana, deste modo, descentralizando poderes, dando autonomia as antigas províncias e municípios, agora o federalismo assumia papel principal.
	O contexto internacional deste período nos carece muita atenção, no tocante a América Latina, há de se observar principalmente o propósito de criação da própria República dos Estados Unidos do Brasil, onde na conjuntura regional da América, o Brasil era a única monarquia de tamanho continental, e assim percebia-se a pressão com que tanto a Guerra do Paraguai nos arremeteu, tanto quanto o panorama da Europa do fim do séc. XIX.
	É-nos lembrado, que a criação da República, advinda da queda do Imperador Dom Pedro II, e sua não mais complacência na realização do jogo político e seu devido controle nacional. A Guerra do Paraguai, lutada anos atrás do regime militar o qual segurou os laços do País, em 1889; foi emblemática no quesito de mudança. A transformação com que a volta dos militares da guerra, assim como a pertinente influência europeia, tanto na abolição da escravatura como na internacionalização do Mercado, a República e o regime da Espada, nos tornaram-se agentes no plano internacional.[1: De 1889 à 1894 a República da Espada.]
Deste modo, no espectro internacional devemo-nos atentar a dois episódios relevantes num primeiro momento, o Neocolonialismo e a pré-Belle Époque. No que analisar-ei-amos sobre o Neocolonialismo é sua derrocada a colonização, influência é para nós, no período de criação da carta republicana constitucional, sua predominância aos interesses burgueses, a ligeira e independente ação comercial, advinda primeiramente da mais antecedida revolução, a revolução industrial, e com certeza da atual (1850-1900) colonização da África, Ásia e América. Ademais no que concerne a nós brasileiros, alguns historiadores vêm a exploração comercial inglesa como atributo de pressão para a constituição da república assim como a escravidão. Outros e aí com mais anseio e razão, percebem a influência liberal burguesa inglesa como atributo e influência aos princípios liberais, os quais são extremamente caros às constituições destes períodos e suas políticas-econômicas.
	Na mesma linha de entendimento internacional destaca-se a pré-Belle Époque, cuja teve depois, adentrando ao século XX caráter de denominação extraordinária, pois a Europa Ocidental, tal como fraternidade vinha se revigorando, pois Impérios e Nações já não lutavam ou conflitavam grandemente entre si, no território europeu havia diversas décadas. Esse episódio cercara o Brasil como projeto de civilização a ser inspirado.[2: Entendimento de civilização, para a paz e consolidação de políticas liberais no território europeu, com que influenciará os países latino-americanos. Além da industrialização e período de laissez faire americano.]
	No que é também relevante ao processo da república, o período de lassez faire americano o qual perdura desde o fim da guerra de recessão até meados do início do séc. XX traz ao mundo o potencial liberal aos demais países, como exemplo de Democracia Economia e Cultura.
	A constituição brasileira em elucubrações de influências permeou diversas raízes, mas tendo como consolidação de ideais jurídicos anglo-sacçãos. Portanto, no que converge a análise internacional, o Brasil apoderou-se e criou sua República com dados e legislações que permitiram descentralização, liberalização e renomados incentivos a Democracia presidencialista. 
PANORAMA NACIONAL 
Em análise ao cenário nacional da época em que se estabelece a Constituição de 1891, vemos a necessidade de se iniciar a compreensão do panorama temporal desde o período do Brasil Imperial, em que se instauram temas relevantes para a queda do império e início da República, período que promulga a Constituição em questão. 
O início da análise recai sobre o Segundo Reinado e as crises econômicas enfrentadas pelo Brasil Império, que são superadas pela cafeicultura. A cafeicultura passa a se tornar a grande marca da economia brasileira, não só durante todo o segundo reinado como também após, no período da república velha. 
Durante o segundo reinado, cabe ser observado alguns momentos críticos que causam profundas transformações não só no contexto econômico do período como também no político dos períodos subsequentes. Um deles é a Tarifa Alves Branco que, contrariando os tratados de 1810, eleva os preços dos produtos importados da Inglaterra. Em 1845, a Inglaterra, prejudicada pela tarifa, reage criando o Bill Aberdeen, que dá o direito para os navios ingleses de interpelar, em alto mar ou nos portos, qualquer navio negreiro. 
Com a pressão dos ingleses, o Brasil cria a lei Eusébio de Queirós, pondo fim ao tráfico negreiro. Tal lei causa comoção na economia brasileira, pois o capital que iria para o tráfico passa a ser destinado a outros setores, como a indústria. Como consequência da pressão estrangeira, é criada várias leis objetivando o fim da abolição, até que em 1888, é assinada a lei Áurea, que põe fim definitivamente a mão de obra escrava. Como consequência dessa medida, a burguesia cafeeira, uma das bases do Império, entra em crise. 
Era 1889 e o Brasil Império, após várias crises em suas bases, como a Igreja, o exército e a já apontada burguesia cafeeira, passa a se tornar uma República. Marechal Deodoro da Fonseca liderando um golpe militar derruba a monarquia de Dom Pedro II, instaurando uma República Federativa e Presidencialista no Brasil. Observa-se que o período da República velha é dividido em dois momentos importantes de análise: a República da Espada e a República Oligárquica. O primeiro período abrange os governos dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Foi durante a República da Espada que foi outorgada a Constituição em questão. Além disso, o período foi marcado por crises econômicas, como a do Encilhamento, e por conflitos entre as elites brasileiras, como a Revolução Federalista e a Revolta da Armada. O segundo período da República Velha foi marcado pelo controle político exercido sobre o governo federal pela oligarquia cafeeira paulista e pela elite rural mineira, na conhecida “política do café com leite”. Foi nesse período ainda que se desenvolveu mais fortemente o coronelismo, garantindo poder político regional às diversas elites locais do país.
Esse período da história do Brasil é marcado pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas, além disso, o país firma-se como um exportador de café e a indústria dá significativo salto. No âmbito social, várias revoltas e problemas sociais ganham destaque em todo o território brasileiro.
A Proclamação da República inaugurou uma nova ordem política no país, ou seja, o centralismo presente no período imperial foi substituídopelas oligarquias rurais controlando o poder político. A primeira República não envolveu um Partido Republicano de âmbito nacional, mas sim vários partidos republicanos de expressão regional ou estadual. Os partidos mais antigos eram: O Partido Republicano Mineiro - (1871) Paulista (PRP)- (1873) e após outros foram criados durante o novo regime.
Em 1890 que Deodoro da Fonseca convoca eleições para assembleia Constituinte, que no início de 1891 promulga, ou seja, é elaborada democraticamente, a primeira Constituição Republicana do Brasil. Tendo hegemonia dos defensores do liberalismo de influência norte-americana. 
Em uma breve caracterização da Constituição de podemos concluir que seguiu princípios como a descentralização dos poderes, a implantação do modelo federalista e a concessão de autonomia aos estados e municípios. Tais características vindo ao encontro do momento em que se encontrava o país, em nascimento de um novo modelo de Estado. A principal mudança característica do momento foi a extinção do poder moderador, no qual esse poder era símbolo da monarquia. Ele permitia ao Imperador interferir nos outros poderes e tomar as decisões de interesse. No lugar do Poder Moderador surgiu a divisão dos Três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
A figura do imperador não era mais adequada. Seu posto foi substituído pelo de Presidente da República, no qual seria escolhido pelo voto direto popular e o presidente ficaria por 4 anos no poder. Outra característica proveniente da Constituição Imperial que foi abolida diz respeito a relação entre Igreja e Estado. Embora o Brasil seja majoritariamente católico, o Estado passou a não assumir mais uma religião específica e deixou de interferir nos assuntos da Igreja. 
A Constituição de 1891 inaugurou a orientação da República no Brasil. E pontos marcantes como esse nos mostram definitivamente a ruptura entre os períodos marcada, principalmente, por características e ideias presentes nas Constituições e, como em nossa análise, no panorama vivenciado pela sociedade brasileira de cada período.
 
TEXTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Após a proclamação da República em 15 de novembro de 1889, Marechal Deodoro da Fonseca instalou a assembleia constituinte que foi eleita em 1890, na data de 24 de fevereiro de 1891 foi promulgada a primeira constituição da República do Brasil que é promulgada, sofrendo pequena reforma em 1926 e vigorando até 1930.
A constituição de 1891 teve por Relator o senador Rui Barbosa e sofreu forte influência da Constituição norte-americana de 1787, consagrando o sistema de governo presidencialista, a forma de Estado Federal, abandonando o Unitarismo e a forma de governo Republicana em substituição à monárquica. 
A forma de governo e o regime representativo nos termos do art.1º da Constituição de 1891, a Nação Brasileira adotou, a forma de governo, sob o regime representativo, a República Federativa, proclamada em 15 de novembro de 1889. Declarou, ainda, a união perpétua e indissolúvel das antigas províncias, transformando- as em Estado Unidos do Brasil.
Nos termos do art.2º da Constituição de 1891, o antigo Município Neutro foi transformado em Distrito Federal, continuando a ser Capital da União.
Se tratando da Religião retiraram-se os efeitos civis do casamento religioso. Os cemitérios que eram controlados pela Igreja passaram a ser administrados pela autoridade municipal. Houve proibição do ensino religioso nas escolas públicas. O fato de o Estado ter-se separado da Igreja determinou a extinção do recurso à coroa para atacar as decisões dos Tribunais Eclesiásticos. 
Quanto aos poderes, o Poder legislativo Federal era exercido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República (art.16). o congresso Nacional era bicameral, dividido entre Câmara de Deputados (mandato de 3 anos) e o senado Federal (mandato de 9 anos).
O Poder Executivo era exercido pelo Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, como chefe eletivo da Nação (art.41), que era eleito para um mandato de 4 anos, juntamente com o vice- presidente da República por sufrágio direto da Nação.
O órgão máximo do judiciário era o Poder Judiciário que passou a se chamar Supremo Tribunal Federal, composto por 15 juízes pelos Tribunais Federais e Tribunais Estaduais (art.55).
A Constituição de 1891 era composta de normas rígidas, difíceis de serem alteradas, necessitando de 2/3 do votos em 3 discussões nas duas casas do Congresso Nacional.
A declaração de direitos foi aprimorada, abolindo- se a pena de Galés, a de banimento e de a morte, exceto em legislação militar em tempo de guerra. 
As principais características da CRFB/1891.
- Forma de governo: República Federativa, com a união indissolúvel dos Estados.
- Tripartição dos poderes: legislativo, executivo e judiciário.
- constituição rígida.
Breves apontamentos da Constituição.
- Principais autores: Prudente de Morais e Rui Barbosa;
- Constituição da 1º República;
- Fortemente inspirada na Constituição dos EUA;
- Descentralizadora de Poderes;
- Federalista;
-consagrou os três poderes independentes;
- Presidencialista;
- Voto direto- Mandato 4 anos sem reeleição;
- O vice era eleito independente do presidente;
- Voto descoberto (obrigado a assinar), não secreto;
- Fim do voto censitário que excluía analfabetos, mulheres, os religiosos sujeito a obediência eclesiástica e os mendigos;
- Separação da Igreja do Estado;
- Sem religião oficial;
- Monopólio do Estado para registro;
- Educação pública;
- Extinção dos fatores de nobreza e brasões, fim dos privilégios aristocráticos;
- Ampliação dos direitos individuais;
- Ampla defesa, aparece aqui;
- Surge o sistema difuso de Constitucionalidade;
- Primeira vez que há cláusulas pétreas na Constituição;
AVANÇOS E RETROCESSOS
A constituição de 1891 garantiu alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas limitações, pois representava os interesses das elites agrárias do país. A nova constituição implantou o voto universal para os cidadãos ( mulheres, analfabetos, militares de baixa patente ficavam de fora ). A constituição instituiu o presidencialismo e o voto aberto.
 Recebendo forte influência do Republicanismo Positivista Norte Americano, os direitos fundamentais mostraram-se muito mais presentes, principalmente quando se fala em direitos fundamentais individuais no tocante a liberdade. Talvez a mudança de monarquia por republica e a queda as supremacia da religião católica foram os fatores fundamentais para os surgimentos de princípios fundamentais que se refere à liberdade. Visto que agora a liberdade de culto e de religião é garantida pela constituição. Foi assegurada a liberdade locomoção e de associação e foram mantidas as liberdades anteriores. Também foram asseguradas a igualdade, a segurança e a propriedade. Destes se destaca a liberdade quando a constituição declara expressamente a igualdade de todos e a queda dos títulos e privilégios dos nobres e aristocratas, ainda que na teoria, este foi um grande avanço na busca de conceder uma maior dignidade humana aos cidadãos brasileiros e estrangeiros naturalizados residentes no país. Uma novidade é a citação ao direito a vida, mesmo que não de forma expressa, quando proíbe a pena de morte salvo em caso de guerra declarada. 
Com algumas características liberais, apresentou grandes avanços se comparada com a Constituição do Brasil Império de 1824. 
CURIOSIDADES E CRÍTICAS
Detecta-se que a mais pertinente crítica a ser feita à constituição da república velha, diz respeito à sua origem, que poderia teoricamente classificá-la como uma constituição popular, já que foi a primeira constituição de caráter liberal de nossa história política, inspirada nos preceitos adotados pela carta estadunidense, e, no entanto, pela análise e comentários já aqui colocados, chega-se à conclusão de que na verdade, não o foi desta forma, não podendo ser considerada uma constituição realmente popular.
BIBLIOGRAFIA DE APOIO
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado 12º edição.São Paulo: Saraiva, 2008, pag.35-37.
FERREIRA, Pinto. Curso de direito Constitucional. 5° edição. São Paulo. Saraiva, 1991.
SILVA, José Afonso Da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 11° Edição. Editora: Malheiros. 1996.
FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de Direito Constitucional. Saraiva 18° edição. 1990.
BONAVIDES, Paulo; Curso de Direito Constitucional; São Paulo; Malheiros Editores. 22ª edição. 2008.

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