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Resumo: História da cidade – BENEVOLO, Leonardo

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1. A Origem da Cidade no Oriente Próximo
O ambiente construído não passava de uma modificação superficial do ambiente natural, imenso e hostil, no qual o homem começou a mover-se, o abrigo era uma cavidade natural ou um refúgio de peles sobre uma estrutura simples de madeira. O abrigo das sociedades neolíticas não é apenas um abrigo na natureza, mas um fragmento de natureza transformado segundo um projeto humano compreende os terrenos cultivados para produzir, e não apenas para apropriar do alimento, os abrigos dos homens e dos animais domésticos, os depósitos de alimento produzido para uma estação inteira ou para um período mais longo, os utensílios para o cultivo, a criação, a defesa, a ornamentação e o culto. 
2.	
A aldeia passa a ser cidade no momento que as indústrias e os serviços não são mais executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que já não tem essa obrigação. Assim nasce o contraste entre dois grupos dominantes. Enquanto as indústrias e os serviços se desenvolvem através da especialização a produção agrícola cresce utilizando estes serviços e instrumentos. A sociedade se torna capaz de evoluir e planejar a sua evolução. A cidade, centro motor da evolução, se transforma numa velocidade muito maior do que a aldeia e mostra mudanças muito profundas da composição e das atividades da classe dominante, que influi sobre toda a sociedade. 
A revolução urbana começa no crescente e fértil onde é coberto com uma vegetação rala e desigual. A planície é fértil, mas só consegue ser cultivada por onde passa ou pode ser conduzida a água. Os rios, os mares e o terreno aberto às comunicações favorecem as trocas de mercadorias e notícias; os céus, quase sempre serenos, permitem ver, à noite, os movimentos regulares dos astros e facilitam a medição do tempo. Foi neste local que algumas sociedades neolíticas encontraram um ambiente capaz que produzir recursos muito mais abundantes. Com o cultivo de cereais e árvores frutíferas, e parte dos viveres sendo acumulada para trocas comerciais, uma nova economia surge: o aumento da produção agrícola, a concentração do excedente nas cidades e ainda o aumento de população e de produtos, garantido pelo domínio da cidade sobre o campo. 
Na Mesopotâmia, o excedente se concentra nas mãos dos governantes da cidade; que nessa qualidade recebem os rendimentos de parte das terras comuns, a maior parte dos despojos de guerra e administram essas riquezas acumulando as provisões alimentares para toda a população, fabricando ou importando os utensílios de pedra e metal para o trabalho e para a guerra, registrando as informações e os números que dirigem a vida da comunidade. Essa organização deixa seus sinais no terreno: os canais que distribuem a água e permitem transportar para toda a parte os produtos e as matérias primas; os muros circundantes que individualizam a área da cidade e a defendem do inimigo; os armazéns, com sua provisão de tabuinhas escritas em caracteres cuneiformes; os templos dos deuses, que se erguem sobre o nível uniforme da planície com seus terraços e as pirâmides em degraus. Essas obras e casas em comum são construídas de tijolos e de argila. O tempo faz com que elas desmoronem e sejam incorporadas novamente ao terreno, e dessa forma conserva, camada por camada, os vestígios dos artefatos construídos em cada período histórico. 
Até meados do III milênio, as cidades da mesopotâmia formam outros estados independentes, que lutam entre si para repartir a planície irrigada pelos dois rios. Estes conflitos limitam o desenvolvimento econômico e só terminam quando o chefe de uma cidade adquire tal poder que impõe seu domínio sobre toda a região. O primeiro fundador de um império estável é Sargão de Acad; mais tarde, sua tentativa é repetida pelos reis sumérios de Ur, por Hamurábi dos aspectos, a cidade divina é uma copia fiel da cidade humana onde todos os personagens e objetos da vida cotidiana são reproduzidos e mantidos imutáveis. Este intento de construir uma copia perfeita e estável da vida humana não prosseguiu com a mesma intensidade. Essa economia entrou em crise em meados do III milênio; quando ela se reorganizou – sob o médio império, no II milênio - o contraste entre os dois mundos parece atenuado, e as duas cidades separadas tendem a se fundir numa cidade única, como por exemplo, a capital do médio império, Tebas, que ainda esta dividida em dois setores: o povoado na margem direita do Nilo, e a necrópole nos vales da margem esquerda; mas agora os edifícios dominantes são os grandes templos construídos na cidade dos vivos. 
Do VI ou IV século a.C., todo o Oriente Médio é unificado no Império Persa. Desde o Egito até o vale do Indo passa por um longo período de paz e administração uniforme, que permite a circulação dos homens, das mercadorias e das idéias de uma extremidade à outra. Na residência monumental dos reis persas – conhecida pelo nome grego de Persépolis – os modelos arquitetônicos dos vários países do império são combinados entre si. 
3. A Cidade Livre na Grécia 
Na Idade do Bronze, a Grécia estava na periferia do mundo civil. Por estar num território montanhoso e desigual, não era possível a formação de um grande Estado. Por isso era dividido em pequenos principados independentes, cada um dominado por uma família guerreira. Por causa do intenso comércio marítimo do II milênio, houve grande riqueza, mas o colapso da economia do bronze a as invasões bárbaras, no início da Idade do Ferro truncam esta civilização. 
Apesar disso, a nova economia do ferro, permite a Grécia um grande desenvolvimento. O alfabeto, a moeda cunhada, a posição geográfica favorável ao tráfico marinho, também possibilitam um desenvolvimento original: a pequena cidade se transforma na polis democrática, a economia hierárquica tradicional em economia monetária. E neste contexto nasce uma nova cultura. 
A polis, cidade - Estado, originou-se em uma colina, pois era aonde os habitantes do campo se refugiavam contra seus inimigos. Depois se estendia para as planícies vizinhas e era cercada por muros. Era formada pela acrópole (cidade alta) onde ficavam os templos e pela astu (cidade baixa) onde se desenvolvia o comércio e as relações civis. 
Os órgãos necessários para seu funcionamento eram: O lar comum (pritaneu): era o lar do palácio do rei, mas tornou-se um lugar simbólico aonde se oferecia sacrifícios ao deus protetor da cidade. Tinha um altar com um fosso em brasas, cujo fogo não poderia se apagar, uma cozinha e salas para refeição; 
O conselho (bulé) dos nobres e representantes da assembléia dos cidadãos, que se reuniam 
numa sala coberta, conhecida como buleutérion; A assembléia dos cidadãos (ágora) que geralmente acontecia na praça do mercado (local de 
mesmo nome). Nas cidades democráticas esses locais eram próximos uns dos outros. 
Cada cidade capital dominava certo território do qual obtinha seus meios de vida. Podendo existir centros habitados menores, o território era limitado por montanhas ou muros.O território de uma cidade poderia aumentar com as conquistas ou acordos, além de unificações entre pequenas ilhas. Os tamanhos variavam. Enquanto Esparta tinha 8.400km², Corinto tinha apenas 880. 
O número normal de habitantes para uma grande cidade é de 10.000, pois se levava em consideração que a população deveria ser suficientemente numerosa para formar um exército, mas não tanto que impedisse os cidadãos de se conhecerem entre si e escolherem seus "representantes”. Quando se passava desse limite, reduzia-se a população, organizando expedições para formar colônias longínquas. 
Importante: 
1. A cidade era um todo: não havia subdivisões, nem mesmo bairros reservados a classes específicas. 
2. O espaço da cidade se divide em 3 zonas: áreas privadas - casas de moradias áreas sagradas - templos dos deuses áreas públicas - destinada às reuniões políticas, jogos desportivos, comércio, teatro O Estado intervinha nas duas primeiras e administrava diretamente a terceira. 
3. A cidade é um organismo artificial inserido no ambientenatural: existe um respeito pelas formas da paisagem, dando equilíbrio entre a natureza e arte (bem acabada e simétrica). 
4. De certo momento em diante, o crescimento da população não produziu uma ampliação gradativa, mas a adição de outro organismo equivalente. Tende-se então a paleópole (cidade velha) e a neápole (cidade nova). 
Atenas: 
Circundada por uma série de montes, Atenas localizava-se na planície central da Ática. Recortada pelos rios Cefiso e Ilissos e pelas colinas Licabeto, Areópago, colina das Ninfas, a Pnice, o Museu e pela Acrópole (sede dos primeiros habitantes da cidade e centro organizador da grande metrópole subseqüente). 
A cidade nasce quando os habitantes dos centros menores da Ática foram obrigados a se concentrar em torno da Acrópole. Em seguida formaram-se a ágora, o tribunal, os santuários de Dionísio e de Zeus. 
Para cada uma das funções da cidade se construía e se aperfeiçoava o aparelhamento de monumentos (exemplo: aqueduto) e a cidade existia para unificar esses diferentes serviços. 
Em 476 a.C. esta cidade é destruída pela invasão persa. Em sua reconstrução há algumas mudanças, como por exemplo: ampliam-se a extensão de muros, elevam-se os edifícios da Ágora, o Pireu torna-se o novo porto comercial e militar. Na Acrópole, constroem-se o Pártenon (447-438 a.C.), os Propileus (437-432 a.C.) e o templo de Atena Niké (430-420 a.C.). 
Para as várias mudanças e correções vividas, existe coerência e responsabilidade por parte dos governantes, projetistas e trabalhadores manuais, possibilitando sempre uma unidade. Os edifícios antigos e arruinados são conservados e incorporados aos novos, formando um novo cenário da cidade. 
Além disso, a arquitetura, escultura, pintura estão totalmente ligadas. Colunas, capitéis, cornijas e objetos de decoração eram feitos em laboratório montadas no local, garantindo precisão técnica. Deste modo, a presença do homem na natureza destaca-se pela qualidade e não pela quantidade. 
Em torno da Acrópole e das outras áreas públicas estavam os bairros com as casas de habitação, que eram modestas, já que se vivia mais ao ar livre e em espaços públicos, tornando-se a cidade a casa de todos. Nesta área, as ruas eram irregularmente traçadas, exceto o dromos, que ligava a Ágora ao Dípilon. 
Antes de sua queda, no fim da idade clássica, Atenas sofre uma significativa expansão, com a qual centraliza a Acrópole na paisagem urbana. Apesar de novas mudanças no período helenístico e romano, como novos pórticos e a "Cidade de Adriano", essa imagem não é modificada. 
Em seu período de ruínas, passa a restringir um pequeno espaço em torno da Acrópole e da Ágora romana. Permanecendo assim até o início do século XIX, quando termina o domínio turco. Em 1834 é escolhida capital da Grécia moderna. 
Juntamente com Atenas, outras cidades foram divididas regularmente. Traçadas por um desenho geométrico e seguindo uma regra racional (aplicada da escala do edifício à escala da cidade), tornaram-se sistemático os caracteres das cidades gregas. Como exemplo, as ruas são traçadas em ângulos retos, os quarteirões são retangulares e uniformes. 
4. Roma: A Cidade e o Império Mundial 
A civilização etrusca surge na Itália durante a idade do Ferro – do século IX a.C. em diante - na costa terrena entre o Arno e o Tibre; depois se expande até a Campânia, e entra em contato com as colônias gregas da Itália Meridional; mas através do comércio marítimo comunica-se com as outras civilizações do Mediterrâneo, e absorve sua influência. 
Na Etrúria, como na Grécia, existe um grande numero de cidades-Estado, governadas usual-mente por regimes aristocráticos e unidas em uma liga religiosa com centro em Bolsena. As cidades principais são: Volterra, Arezzo, Cortona, Chiusi, Perugia, Vetulonia, Tarquinia, Vulci, Cerveteri e Veio. Estas cidades ocupam uma elevação facilmente defensível, e foram profundamente transformadas pelos romanos. Os autores antigos atribuem aos etruscos a origem das regras para a planificação das cidades, que os romanos vão usar posteriormente: a inauguratio (a consulta da vontade dos deuses antes de fundar uma cidade), a limitatio (a Demarcação do perímetro externo e dos limites internos da cidade), a consacratio ( o sacrifício celebrado na cidade recém-fundada). 
As margens do território etrusco surgem Roma: uma pequena potência que cresce até dominar todo o mundo mediterrâneo. O enorme alargamento do território faz com que a cidade cresça, mas não lhe tira o caráter original: é uma aldeia que se torna pouco a pouco uma cidade mundial. Quando a unificação política do Império é definitivamente consumada, a cidadania romana é concedida por Caracala (em 212 d.C.) a todos os habitantes do Império. 
A origem de Roma: 
Roma surgiu à beira do curso inferior do rio Tibre. O curso do rio, depois de uma curva bastante pronunciada, diminui e se divide em dois ramos, deixando uma ilha no meio (a ilha Tiberiana), onde o rio pode ser atravessado com mais facilidade, e na margem esquerda uma série de colinas chegam perto das bordas com suas paredes íngremes. Os etruscos que ocupam a margem direita têm interesse em manter livre a passagem, para alcançar suas possessões na Campânia. Assim, nesse ponto, se formam uma feira e um mercado, enquanto que nas colinas mais próximas nascem as primeiras aldeias fortificadas dominando a passagem do rio. 
O mais antigo centro habitado surge no monte Palatino, o único que tem encostas íngremes e facilmente defensáveis e ao mesmo tempo oferece uma plataforma bastante espaçosa para construir uma aldeia. Mais tarde – por obra de Sérvio Túlio, segundo a lenda – se forma uma cidade que inclui as sete colunas tradicionais, e é dividida em quatro regiões: Suburbana, que compreende o Célio; Esquilina, que inclui o Esquilino, o Ópio e o Císpio; Colina, compreendendo o Viminal e o Quirinal; Palatina, que inclui o Palatino. 
O vale central entre as quatro regiões é secado escavando-se a Cloaca Máxima, e aqui se forma a nova área comercial, o Foro Romano. Ficam fora da cidade o Capitólio, que funciona como Acrópole, e o Aventino, que em 456 a.C., é destinado aos plebeus durante as lutas com os patrícios. A superfície interna de Roma, com essas quatro regiões mede cerca de 286 hectares, e já é a maior cidade da Itália continental. 
Em 378 a.C., toda a cidade foi ocupada e incendiada pelos gauleses, com exceção do Capitólio. Logo depois foi reconstruída, mantendo seu traçado irregular, e defendida por novos muros de pedras enquadradas. 
Passando da república para o império, as intervenções na construção se tornam cada vez mais grandiosas, e entram em conflito com a anterior organização da cidade. Para dar espaço aos novos arranjos é preciso destruir aquilo que existia antes. 
Júlio César amplia o Foro Romano com a basílica Júlia e com a construção do novo Foro de César mais ao norte, demolindo um bairro aos pés do Capitólio. Augusto ocupa o Campo de Marte com uma série de edifícios, o Teatro de Marcelo, as Termas de Agripa, o Panteão, o Mausoléu do imperador, a Ara Pacis; constrói, ao lado do Foro de César, o Foro de Augusto; edifica um grande número de templos, organiza os aquedutos, as margens do rio, e estabelece uma nova divisão da cidade em 14 regiões. Também se desenvolve a construção privada, que aproveita o pouco espaço concedido com casas de muitos andares, as insulae, destinadas à população mais pobre. Por volta de 5a.C. Roma contava com cerca de 5 milhões de habitantes. 
Após o incêndio de 64 d.C., Nero transforma a cidade mais radicalmente: constrói para si uma nova residência extraordinária, a Domus Aurea; organiza a reconstrução dos bairros destruídos com métodos racionais. Foi medida a estrutura dos bairros, deu-se largura às ruas, limitou-se a altura dos edifícios, abriram-se as praças, adicionaram-se pórticos para a proteção das fachadas das insulae. Os imperadores Flávios continuaram a renovação iniciada por Nero. Vespasiano manda demolir a Domus Aurea e na zona quase plana do parque, onde existia o lago artificial,começa a construir o grande anfiteatro da cidade, o Coliseu. 
Neste momento, enquanto o império atinge o seu apogeu, Roma alcança o desenvolvimento máximo, e uma organização física que parece coerente e definitiva. O equilíbrio entre estruturas arquitetônicas e os acabamentos esculpidos ou pintados, como nos modelos gregos, é respeitado nos grandes edifícios públicos. 
Mas todo arranjo é uma cena fechada e independente, com um equilíbrio finito em si próprio: a cidade é um conjunto destes ambientes destacados, e para seu próprio benefício não é fechada nem equilibrada: cobre um trecho de território, desfigurando a forma natural do terreno, e rechaça o campo para longe. 
Posteriormente este equilíbrio clássico entre a forma geral da construção e os detalhes; os ambientes em arco são construídos com uma técnica cada vez mais segura e avançada, mas as ordens arquitetônicas são executadas de maneira sumária. Pinturas e esculturas se contrapõem a arquitetura, como peças de decoração independentes: a continuidade das formas plásticas fixada pelos gregos se perdeu definitivamente. 
Depois de Constantino, que transferiu a capital para Bizâncio, não se fazem em Roma outras grandes obras públicas. Até o século II d.C. Roma é uma “cidade aberta”, que cresce e ocupa uma superfície cada vez maior, sem ter necessidade de se defender com um cinturão de muros. 
Até o século III d.C. viveram de 700000 a 1000000 de habitantes em Roma. Os Catálogos Regionais fornecem, no fim do século III d.C., os seguintes dados: 1790 domus, e 44300 insulae. As domus são as casas individuais típicas das cidades mediterrâneas, e são reservadas para as famílias mais ricas. As insulae são as construções coletivas de muitos andares voltadas para a população mais pobre. 
Os abastecimentos chegam por mar até a foz do Tibre, onde foi necessário construir uma cidade portuária, Óstia. Eram dalí que os mantimentos eram transportados em navios menores até Roma, onde existe na Ilha Tiberina, um grandioso sistema de desembarcadouros e depósitos. 
Para os espetáculos constroem-se os circos (sendo o mais importante deles o Circo Máximo, e pode conter cerca de 250000 pessoas), os teatros (de Balbo, de Marcelo e de Pompeu), os anfiteatros para os jogos dos gladiadores (o Coliseu). Estes grandes edifícios demonstram a enormidade dos meios à disposição da autoridade pública: mão de obra, dinheiro e materiais de todos os cantos do império. A hegemonia política traz a Roma uma concentração cada vez maior de homens, e fornece instrumentos para fazê-la funcionar. Mas também traz uma série de problemas de alojamento, circulação de pessoas e veículos, escoamento de refugos, abastecimento de água e diversão coletiva. É nesse ponto que a cidade atinge o seu limite de tamanho e um grau de organização. 
E o funcionamento da cidade depende diretamente da estabilidade política do império. A partir do momento que esta estabilidade é abalada e os abastecimentos navais são interrompidos em Roma, isso obriga grande parte da população a sair da cidade. O desmoronamento dos aquedutos torna a zona montanhosa da cidade inabitável, e faz com que os habitantes migrem para as margens do Tibre. 
Esse é o início da cidade antiga para a cidade moderna. O centro monumental antigo fica à margem do desenvolvimento da nova cidade. Desde a alta idade média até 1870 Roma se transforma, mas permanece uma cidade menor em relação as outras. Os romanos selecionaram métodos construtivos e difundiram-nos por todo o império. Os principais são: Estradas e pontes com traçados retilíneos; Aquedutos; Linhas fortificadas 
Desde o fim do século III d.C., Roma perde o caráter de capital única. No século IV Constantino transfere a capital do império de Roma para Bizâncio, que passa a se chamar Constantinopla. No fim do mesmo século Teodósio divide o império em duas partes, com as capitais em Ravena e Constantinopla (atualmente chamada de Istambul, e capital da Turquia). 
5. As cidades européias da Idade Média 
“A cidade na Idade Média é um espaço fechado. A muralha a define. Penetra-se nela por portas e nela se encaminha por ruas infernais que, felizmente, desembocam em praças paradisíacas. Ela é guarnecida de torres, torres de igrejas, das casas dos ricos e da muralha que a cerca”. 
A frase acima é uma breve narrativa do que seria a cidade da Idade Média. É possível enxergar que as circunstancias históricas e geográficas fizeram com que essas cidades medievais possuíssem todas as formas possíveis. Entre o período de interrupção das cidades norte - ocidentais do Império Romano (séc.VII), criou-se uma fratura no desenvolvimento citadino, pois somente nos anos 1000 houve o retorno da vida urbana. Surge então, a cidade contemporânea sobre o traçado da antiga, sem interrupções. Algumas dessas permanecem as tradições originais, como Siena. Outras se transformam em grandes metrópoles modernas, como Paris e Londres. 
As novas instalações se conformam dentro do ambiente natural e nas ruínas das construções antigas. Parece não haver diferença entre natureza e geometria, pois irregularizam a precisão das linhas da estrada, dos monumentos e simplificam a forma imprecisa da paisagem. 
No final do século X a população quase triplica o que resultou na: estabilização dos povos invasores (árabes, vikings e húngaros), inovação de técnicas agrícolas, no comércio marítimo e na construção de novos cinturões. O crescimento das cidades permitiu uma mudança para o campo com o intuito de aumentar a produção agrícola e para isso foi necessário colonizar novas terras. Assim, a configuração de cidade mais campo possuem um caráter do urbanismo que vem da urgência de sobreviver. 
Enfim, podemos dizer que a cidade medieval não estabelece modelos formais, o que dificulta a descrição de sua forma de cidade. Entretanto, nos seus aspectos gerais, temos: as ruas não menos irregulares do que as cidades muçulmanas, organizadas para formar um espaço único; as praças não independentes que configuram largos convergindo em ruas; as casas possuem muitos andares abrindo para o espaço público, formam na fachada o ambiente da rua ou da praça, ademais se desenvolvem em altura devido ao espaço apertado gerado dos cinturões; os espaços públicos e privados não se separam, nos espaços públicos existem os edifícios privados, além disso, dão lugar a ordens religiosas, políticas e comerciais. 
Para uma melhor compreensão da vida urbana medieval é indispensável descrever exemplos de grandes cidades medievais, fundadas na Antiguidade ou na Alta Idade Média e transformadas na Baixa Idade Média. São elas: 
Veneza: Possui um canal natural onde permite a sua comunicação com o mar. A comunidade que se formou neste território fugia das invasões bárbaras. Assim, pode se tornar um centro comercial intermediário entre o Ocidente e o Oriente. No século XI já está formada. No século XII, o organismo político e físico está estabelecido. No século XX deixa de ser soberana e cão sob o domínio dos franceses, austríacos e gauleses. 
Bruges: Se desenvolve em volta de um castelo e se torna a maior cidade mercante da Europa. Isso se deve a desembocadura do rio em terra firme. No século XI a população cresce e por esse motivo acaba se libertando do feudalismo. No século XIII se torna o porto principal entre a Europa e o Mar Norte. Neste mesmo século se reconstrói as Igrejas góticas. Possuem uma das praças mais amplas da Idade Média. Ponto de chegada mais importante do comércio europeu. Hoje é um centro tranquilo e isolado. 
Bolonha: Foi escolhida pelos romanos. As famílias se estabelecem no campo. Torna-se mais tarde uma das maiores cidades da Itália Setentrional. Após a queda do Império entra em ruínas. É um tabuleiro de cidade medieval, pode crescer sem encontrar obstáculos naturais. 
Nuremberg: Fundada em 1040 pelo imperador Henrique III. Surge as habitações concentradas ao redor do mercado, centro principal da vida da cidade. O Palácio Comunal se torna um dos centros mais ricos da Alemanha. Prosperam a arte e a vida cultural. Sua boa posiçãoa torna o centro de uma aglomeração. A guerra a desfigura. Tentam reconstituir o seu organismo tradicional, mas as casas tornam- se edifícios modernos, somente os monumentos são reconstituídos com fidelidade. 
Florença: Colônia romana, menor e menos importante que Bolonha, fundada em 59 a.c. Pequeno quadrado, sua porta ocidental coincide com o umbilocus. Cresce e adquire uma forma retangular. O Batistério de São João é prova das origens antigas, pois é considerado em templo romano. As Igrejas seguem uma rigorosa disciplina estilística (modelos romanos e cristãos). No século XII , com o rápido desenvolvimento, transformou-se no centro econômico mais importante da Europa (produção de lã), como também no centro econômico mais importante da cultura italiana. A Abóbada de Bruneleschi se torna o centro ideal, uma contribuição universal, propõe um novo sistema cultural que transformará a prática artística.

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