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AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá pessoal, A aula desta semana abordará o tema Fraudes em Auditoria, com destaque para as fraudes fiscais que levam os auditores à Presunção de Omissão de Receita. Portanto, veremos algumas situações de sonegação fiscal ou omissão de receitas, tais como saldo credor da conta caixa, ativos ocultos e fictícios, passivos ocultos e fictícios e demais fraudes fiscais que podem ser cobradas em concurso para a área tributária, como o do ISS BH. AUDITORIA TRIBUTÁRIA (FISCAL) A auditoria tributária compreende a revisão dos procedimentos fiscais adotados pela empresa, mediante o exame de documentos, livros e registros, declarações, inspeções e obtenção de informações e confirmações, internas e externas, relacionadas com o controle do patrimônio, objetivando mensurar a exatidão dos valores dos tributos e o registro nas demonstrações contábeis. Esses exames são realizados de acordo com as normas de auditoria usualmente aceitas e incluem os procedimentos que os auditores julgam necessários, em cada circunstância, para obter elementos de convicção, com o objetivo de comprovar se os valores dos tributos e os registros contábeis foram executados de acordo com a legislação fiscal e os princípios fundamentais de contabilidade e se as demonstrações contábeis refletem adequadamente a situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e outras situações nelas apresentadas. Além disso, a auditoria fiscal é a técnica contábil utilizada para avaliar essas informações, constituindo, assim, complemento indispensável para que a contabilidade atinja plenamente essa finalidade. Dessa forma, a auditoria fiscal pode ser considerada uma especialização contábil, dentro da área tributária, voltada para testar a eficiência e a eficácia do controle fiscal implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinada informação. AUDITORIA TRIBUTÁRIA VERSUS AUDITORIA EXTERNA E INTERNA AUDITORIA INTERNA AUDITORIA EXTERNA AUDITORIA TRIBUTÁRIA - auxiliar a administração da entidade no cumprimento de seus objetivos; - aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários; - revisar os procedimentos fiscais adotados pela empresa; - obter elementos de convicção, com o objetivo de AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 2 - agregar valor aos resultados da organização; - apresentar subsídios para o aperfeiçoamento da gestão e dos controles internos; - recomendar soluções para as não- conformidades apontadas nos relatórios. - obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis como um todo estão livres de distorção relevante; - emitir opinião ou parecer sobre a adequação das demonstrações contábeis. comprovar se os valores dos tributos e os registros contábeis foram executados de acordo com a legislação fiscal e os princípios fundamentais de contabilidade e se as demonstrações contábeis refletem adequadamente a situação econômico- financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e outras situações nelas apresentadas. FRAUDE E ERRO Como vimos na aula 1, a diferença fundamental entre fraudes e erros reside na intenção. Havendo intenção de cometer o ato ou omiti-lo, está caracterizada a fraude. Se aquele item não estiver presente, trata-se de erro. O Conselho Federal de Contabilidade trata do assunto da seguinte maneira: a) fraude refere-se a ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis; e b) erro refere-se a ato não-intencional resultante de omissão, desatenção ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis. Cabe destacar, ainda, que a responsabilidade primária na prevenção e identificação de fraudes e erros é da administração da entidade, mediante a implementação e manutenção de adequado sistema contábil e de controle interno. Como exemplo de fraudes podemos citar: a) manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos, de modo a modificar os registros de ativos, passivos e resultados; b) apropriação indébita de ativos; AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 3 c) supressão ou omissão de transações nos registros contábeis (omissão de receitas – caixa dois); d) registro de transações sem comprovação; e e) aplicação de práticas contábeis indevidas. Dentre os erros mais comuns é possível citar: a) erros aritméticos na escrituração contábil ou nas demonstrações contábeis; b) aplicação incorreta das normas contábeis; e c) interpretação errada das variações patrimoniais. ATENÇÃO: Tanto o erro quanto a fraude, do ponto de vista contábil, causam prejuízos à entidade e produzem distorções nas demonstrações. A ocorrência tanto de um quanto de outro requerem responsabilização. Todavia, o risco de o auditor não detectar uma fraude relevante é maior que o risco de o auditor não detectar erros. O auditor contábil considera o risco de ocorrência de fraudes nas demonstrações contábeis e planeja seus trabalhos no sentido de identificar as fraudes que tenham efeitos relevantes sobre as demonstrações. Já o auditor fiscal realiza verificações nos livros e documentos fiscais visando a apurar possíveis fraudes e irregularidades que possam caracterizar a omissão de receitas na escrituração da empresa e na utilização de impressos fiscais pelos contribuintes. Interessante questão sobre fraude e erro constou da prova para ICMS RIO 2008, como segue: (ICMS/RIO/FGV/2008). O Conselho Federal de Contabilidade – CFC conceitua fraude e erro da seguinte forma: I. fraude, o ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis; e II. erro, o ato não-intencional, resultante de omissão, desatenção ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 4 Considerando a regulamentação do assunto pelo CFC, em especial a Resolução 836, é possível afirmar que: (A) a responsabilidade primária na prevenção e identificação de fraudes e erros é do auditor independente, uma vez que é contratado para garantir que os dados constantes nas demonstrações reflitam a real situação econômico-financeira da entidade auditada. (B) não tem o auditor independente a obrigação de comunicá-los à entidade da auditada, desde que relevantes. (C) a auditoria de demonstrações contábeis tem como objetivo a descoberta de fraudes. (D) o auditor independente deverá considerar a possibilidade de ocorrência, inclusive na fase do planejamento dos trabalhos. (E) como a auditoria de demonstrações contábeis não objetiva a descoberta de fraudes, o auditor não deve considerar a possibilidade de sua ocorrência, sequer no planejamento. Solução: As normas definem que a responsabilidade primeira na prevenção e identificação de fraudes e/ou erros é da administração da entidade, mediante a manutenção de adequado sistema de controle interno, que, entretanto, não elimina o risco de sua ocorrência. O auditor não é responsável nem pode ser responsabilizado pela prevenção de fraudes ou erros. Entretanto, deve planejar seu trabalho avaliando o risco de sua ocorrência, de forma a ter grande probabilidade de detectar aqueles que impliquem efeitos relevantes nas demonstraçõescontábeis. Ao detectá-los, o auditor tem a obrigação de comunicá-los à administração da entidade e sugerir medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu parecer, caso elas não sejam adotadas. Analisando os itens da questão, verificamos que a alternativa “A” está incorreta, posto que a responsabilidade primária na prevenção e identificação de fraudes e erros é da administração da entidade auditada e não do auditor independente. A alternativa “B” apresenta erro, pois o auditor é obrigado a comunicar à administração os erros e as fraudes revelados, independentemente de sua relevância. Alertamos os candidatos para não confundirem o processo de comunicação de uma fraude ou erro com o parecer que o auditor emite quando revela fraude e/ou o erro. O auditor deve comunicar à entidade sempre, mesmo que efeito da fraude sobre as demonstrações contábeis seja irrelevante. Todavia, ele só modifica o seu parecer, emitindo um parecer com ressalvas ou adverso, quando a AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 5 fraude tem efeito relevante sobre as demonstrações e não foram devidamente corrigidos pela administração ou revelados nas demonstrações. A alternativa “C” é incorreta, pois não é objetivo da auditoria contábil revelar fraudes. O auditor contábil tem como objetivo emitir uma opinião sobre a adequação das demonstrações contábeis, planejando seus trabalhos de forma que descubra fraudes que tenham efeito relevante sobre as demonstrações. A alternativa “D” é correta. Como visto, o auditor deve planejar seu trabalho avaliando o risco de sua ocorrência, de forma a ter grande probabilidade de detectar aqueles que impliquem efeitos relevantes nas demonstrações contábeis. A alternativa “E” apresenta também incorreção, pois o auditor deve considerar a possibilidade de ocorrência de fraudes relevantes. Pelo exposto, o gabarito é a letra “D”. A seguir, apresentamos as normas relativas à presunção de omissão de receitas e as principais ocorrências de fraudes fiscais nas empresas. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS Sergio Jund (Auditoria - Conceitos, Normas, Técnicas e Procedimentos) ensina que a omissão total ou parcial de receitas provoca, de imediato, reflexo no patrimônio da empresa. Assim, quando se promove uma venda de bens ou serviços sem emissão de documento fiscal ou fazendo constar como valor da operação um montante inferior ao real, há um ingresso de numerário no Caixa que ficará à margem da contabilidade oficial. Esse dinheiro dará origem ao vulgarmente denominado “Caixa Dois”. O instituto da presunção de omissão de receitas encontra-se positivado no Regulamento do Imposto de Renda (RIR), como segue: Art. 281. Caracteriza-se como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (Decreto-Lei 1.598, de 1977, art. 12, § 2º, e Lei 9.430, de 1996, art. 40): I – a indicação na escrituração de saldo credor de caixa; II – a falta de escrituração de pagamentos efetuados; III – a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 6 Portanto, o regulamento do imposto de renda estabelece que são três as situações que caracterizam omissão no registro de receita. A primeira diz respeito à existência de saldo credor de caixa, pois tal situação indica a realização de pagamentos em dinheiro em montante superior ao disponível para tanto e, caso isso ocorra, sem que haja uma falha contábil que justifique tal procedimento, estará caracterizada a utilização de numerário do chamado “Caixa Dois”, cuja situação de fraude veremos com mais detalhes ainda nesta aula. Outra situação é a falta de escrituração de pagamentos efetuados. Quando a empresa omite o registro de receitas (Caixa Dois), se deixar de escriturar também as despesas, nunca haverá saldo negativo (ou credor) da conta caixa. Logo, se o auditor detectar a omissão de lançamento das despesas à vista, ele pode concluir que o contribuinte fez isso propositalmente, com o objetivo de ocultar as receitas sem que ocorresse o “estouro de caixa”. A última situação é a de manter-se no passivo obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada, ou seja, o denominado “passivo fictício”. Ao manter no passivo uma obrigação que não existe, o contribuinte evita o aparecimento de saldo credor na conta “caixa”. Na hipótese de indício de omissão de receitas, prescreve o RIR o arbitramento, conforme a seguir: Art. 284. Verificada por indícios a omissão de receita, a autoridade tributária poderá, para efeito de determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto, arbitrar a receita do contribuinte, tomando por base as receitas, apuradas em procedimento fiscal, correspondentes ao movimento diário das vendas, da prestação de serviços e de quaisquer outras operações (Lei 8.846, de 1994, art. 6º). § 1º Para efeito de arbitramento da receita mínima do mês, serão identificados pela autoridade tributária os valores efetivos das receitas auferidas pelo contribuinte em três dias alternados desse mesmo mês, necessariamente representativos das variações de funcionamento do estabelecimento ou da atividade (Lei 8.846, de 1994, art. 6º, § 1º). § 2º A renda mensal arbitrada corresponderá à multiplicação do valor correspondente à média das receitas apuradas na forma do § 1º pelo AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 7 número de dias de funcionamento do estabelecimento naquele mês (Lei 8.846, de 1994, art. 6º, § 2º). § 3º O critério estabelecido no § 1º poderá ser aplicado a, pelo menos, três meses do mesmo ano-calendário (Lei 8.846, de 1994, art. 6º, § 3º). § 4º No caso do parágrafo anterior, a receita média mensal das vendas, da prestação de serviços e de outras operações correspondentes aos meses arbitrados será considerada suficientemente representativa das receitas auferidas pelo contribuinte naquele estabelecimento, podendo ser utilizada, para efeitos fiscais, por até doze meses contados a partir do último mês submetido às disposições previstas no § 1º (Lei 8.846, de 1994, art. 6º, § 4º). § 5º A diferença positiva entre a receita arbitrada e a escriturada no mês será considerada na determinação da base de cálculo do imposto (Lei 8.846, de 1994, art. 6º, § 6º). § 6º O disposto neste artigo não dispensa o contribuinte da emissão de documentário fiscal, bem como da escrituração a que estiver obrigado pela legislação comercial e fiscal (Lei 8.846, de 1994, art. 6º, § 7º). § 7º A diferença positiva a que se refere o § 5º não integrará a base de cálculo de quaisquer incentivos fiscais previstos na legislação tributária (Lei 8.846, de 1994, art. 6º, § 8º). A seguir, veremos as principais fraudes praticadas pelas empresas, sabendo- se que a maior parte ocorre no movimento de caixa. CAIXA DOIS E ESTOURO DO CAIXA (SALDO CREDOR NA CONTA CAIXA) As receitas não são contabilizadas e os recursos usados para pagar dívidas José Carlos Oliveira de Carvalho ensina no livro Por Dentro das Fraudes que o chamado caixa dois compreende valores que transitaram pela empresa, mas que não foram contabilizados. Modernamente, é chamado de “Recursos não- contabilizados”, prática comum no Brasil de sonegação fiscal. O estouro do caixa ocorre quando a conta caixa apresenta saldo credor ou negativo. Caso concreto: determinado contador (desatento) examina o saldo inicial da conta caixa ara fins de planejamento dos valores a serem pagos duranteo mês. Aí, considerando uma operação de venda recebida mas não-contabilizada, torna a considerar o novo saldo de caixa (real) para pagamento de contas, o que acaba acontecendo. No final do mês, depois de ter escriturado diversas outras operações AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 8 no livro diário, percebe que o saldo da conta caixa tornou-se negativo durante o mês, impedido a baixa contábil de obrigações. A diferença de datas entre o pagamento real e o registro contábil cria, temporariamente, até que a liquidação se registre oficialmente, um passivo fictício. Para caracterizar a sonegação fiscal, mediante caixa dois, recomenda-se solicitar: ¾ cópia das demonstrações contábeis, em especial o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício, dos últimos cinco exercícios; ¾ cópia dos extratos bancários e conciliações bancárias de todas as contas da Pessoa Jurídica; ¾ cópia dos livros comerciais e fiscais; ¾ cópia dos extratos enviados pelas administradoras de cartões de crédito evidenciando o valor repassado à pessoa jurídica. Sergio Jund lembra que são utilizadas algumas situações visando à ocultação de tal procedimento, dentre as quais podem ser destacadas as seguintes: a) Postergação ou omissão do registro de pagamento: Deixa-se de escriturar pagamentos em montante superior ao saldo credor que ingressaria no caixa, caso tivessem sido contabilizados. A regularização, se ocorrer, será efetuada quando a conta Caixa apresentar-se com saldo financeiro insuficiente. Exemplo: omissão do lançamento de despesas, retardando a baixa de duplicatas já pagas. b) Antecipação do registro de recebimentos: Neste caso, registra-se, de imediato, um ingresso de numerário que ocorrerá somente no futuro. Exemplo: recebimento de duplicata de cliente, ainda não recebida, ou o registro de vendas a prazo como se fossem à vista. c) Simulação de recebimentos: Nesta situação efetua-se o lançamento de operação fictícia, como se houvesse o ingresso de numerário no Caixa. Pode-se emitir, por exemplo, um cheque contra a conta bancária da empresa, registrando-se a operação de imediato, mas somente sacando o numerário quando a conta tiver saldo suficiente. ATIVOS FICTÍCIOS O bem ou direito é contabilizado, mas não existe AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 9 Ativos fictícios correspondem a bens e direitos registrados no patrimônio, mas que simplesmente inexistem. Caso real: Determinado empresário paga compromissos pessoais com recursos financeiros da empresa e ordena ao contador que os valores sejam registrados como “Duplicatas a receber” de determinado cliente. O direito registrado não tem respaldo, não corresponde a um crédito efetivo da companhia perante terceiros e foi lançado somente para “fechar” a contabilidade (compensando a saída do caixa). Um outro exemplo é o suprimento fictício de caixa. Tendo havido a saída efetiva do caixa para finalidades diversas (cujo destino não se deseja que fique registrado na contabilidade, provavelmente porque se trata de despesa ilegal), simula-se um desconto de cheque com a finalidade de manter um caixinha para despesas imediatas ou miúdas. Na verdade, os recursos já foram aplicados em outro objeto. ATIVOS OCULTOS O bem ou direito existe, mas não é contabilizado Caracteriza-se a ocorrência do ativo oculto pela falta de registro contábil de um bem ou direito que efetivamente existe, como por exemplo: a) aquisição de mercadorias para revenda com recursos do caixa dois e, portanto, sem a emissão e registro de documentação fiscal; b) alienação fictícia de valor do Ativo, de forma a suprir o Caixa com recursos financeiros omitidos em data anterior; c) subavaliação ou omissão dos registros envolvendo as operações de compra; d) manutenção de caixa ou depósitos bancários sem o registro na contabilidade oficial, utilizando o “Caixa Dois”. PASSIVO OCULTO A dívida existe, mas não é contabilizada AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 10 Passivo oculto compreende dívidas (obrigações) não registradas ou registradas a menor. É, portanto, oculto para a contabilidade, mas existe, de fato. Exemplificando: determinado funcionário dispensado pela entidade impetrou uma reclamação trabalhista, que não foi registrada. Esse item representa um dos principais riscos para quem pretende adquirir uma empresa em funcionamento. Contudo, o passivo oculto decorre, geralmente, da omissão de operações de aquisição de ativos a prazo (mercadorias, móveis e utensílios dentre outros) ou da existência de operações de empréstimos bancários não registrados oficialmente na contabilidade. A apuração tanto de ativos fictícios quanto de passivos ocultos é feita por meio de testes, cuja direção varia em função da natureza de cada conta. Em relação aos ativos, a preocupação é se são fictícios. Quanto às contas de passivo, os testes buscam identificar se há dívidas ocultas ou se estão subavaliadas. PASSIVO FICTÍCIO A dívida foi registrada na contabilidade, porém já paga, mas não baixada Como já apontamos nesta aula, o chamado "passivo fictício" tem seu fundamento na seguinte lógica: pagam-se, por exemplo, duplicatas a fornecedores com dinheiro do "caixa dois". Como não há saldo de caixa (contábil) suficiente, não se procede a baixa porque ocorreria o “estouro do caixa” contábil (saldo credor de caixa). Desta forma, mantém-se o passivo pendente de registro, embora pago, baixando-o quando o caixa contábil apresenta condições. A forma de identificar o passivo fictício mais comumente encontrado nas empresas é comparar o saldo da conta fornecedores, existente na data do balanço, com as duplicatas representativas deste saldo. Pela análise da data da quitação verifica-se a ocorrência ou não de passivo fictício, ou seja, as duplicatas quitadas antes do balanço, ainda pendentes contabilmente, representam passivo fictício. Também caracteriza o passivo fictício o registro de operações simuladas, tais como, empréstimos de sócios ou de terceiros. Na ocorrência desses casos, presume-se que a origem do passivo fictício serve para ocultar a insuficiência de caixa, decorrente da utilização de receitas omitidas. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 11 SUPRIMENTOS NÃO COMPROVADOS A presunção de omissão de receita, neste caso, tem seu fundamento na idéia de que o “caixa dois”, suprido por receita omitida da contabilidade, vem abastecer o caixa contábil, quando este necessita de recursos. Assim, simula-se um suprimento do caixa, cuja origem estaria na pessoa do sócio. Quando algum sócio assim proceder, é importante que estes recursos sejam perfeitamente identificáveis, especialmente quanto à origem. Recomenda-se repassar o dinheiro emprestado para a empresa por cheque ou transferência eletrônica de fundos. Assim, fica inquestionável a origem e a efetividade do suprimento de caixa, via operação bancária. O RIR contém o seguinte artigo quanto aos suprimentos de caixa: Art. 282. Provada a omissão de receita, por indícios na escrituração do contribuinte ou qualquer outro elemento de prova, a autoridade tributária poderá arbitrá-la com base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores, sócios da sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamentedemonstradas (Decreto-Lei 1.598, de 1977, art. 12, § 3º, e Decreto-Lei nº 1.648, de 18 de dezembro de 1978, art. 1º, inciso II). FALTA DE EMISSÃO DE NOTA FISCAL Pode-se identificar a falta de emissão de documentos fiscais através do seguinte procedimento: contagem dos valores disponíveis no caixa, em moeda, cheques ou depósitos efetuados no dia; na seqüência compara-se tais valores com as Notas Fiscais ou documentos equivalentes emitidos no dia, identificando, assim a falta de emissão destes. Evidentemente, devem ser considerados os saldos de caixa de dias anteriores. Outra forma de comprovar é mediante o exame de duplicatas cobradas, em carteira ou em cobrança bancária sem respaldo equivalente em notas fiscais. O RIR dispõe da seguinte forma sobre a falta de emissão de nota fiscal: Art. 283. Caracteriza omissão de receita ou de rendimentos, inclusive ganhos de capital, a falta de emissão de nota fiscal, recibo ou documento equivalente, no momento da efetivação das operações de venda de mercadorias, prestação de serviços, operações de AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 12 alienação de bens móveis, locação de bens móveis e imóveis ou quaisquer outras transações realizadas com bens ou serviços, bem como a sua emissão com valor inferior ao da operação (Lei nº 8.846, de 1994, art. 2º). DIFERENÇAS EM LEVANTAMENTOS QUANTITATIVOS POR ESPÉCIE Fica caracterizada a omissão de receita, quando o auditor fiscal revela alguma diferença, positiva ou negativa, entre a soma das quantidades de produtos em estoque no início do período com a quantidade de produtos fabricados com as matérias-primas e produtos intermediários utilizados e a soma das quantidades de produtos cuja venda houver sido registrada na escrituração contábil da empresa com as quantidades em estoque, no final do período de apuração, constantes do Livro de Inventário. A diferença de controle quantitativo ocorre quando o controle de estoques (se houver) acusar diferenças. Por exemplo: comprou-se 100 unidades da mercadoria Y, vendeu-se 40, mas no estoque estão apenas 10. A diferença tributável é de 100 - 40 - 10 = 50. Neste caso, o auditor apura a receita omitida mediante a multiplicação da diferença encontrada no estoque pelos respectivos preços médios de venda ou de compra, conforme o caso, em cada período de apuração abrangido pelo levantamento. Mas é importante frisar que, nos estabelecimentos industriais, sempre há alguma perda de material ou refugo, que poderá distorcer esta análise. OMISSÃO DO REGISTRO DE PAGAMENTOS EFETUADOS A falta do registro de custos, despesas, pagamentos pela aquisição de bens permanentes ou de direitos de qualquer natureza, admite a presunção de omissão de receitas, pois a ausência do registro faz pressupor que este foi efetuado com dinheiro à margem da contabilidade. É muito freqüente a omissão temporária do lançamento de pagamentos efetuados até que haja disponibilidade no caixa oficial. É uma fraude vinculada ao caixa dois. NOTAS FISCAIS CALÇADAS AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 13 Vias de notas fiscais com valores distintos A fim de reduzir a carga tributária, vendedor e comprador às vezes ajustam um valor a menor a ser registrado no documento fiscal. Quando isso não é possível, o vendedor acaba preenchendo a nota com montantes diferentes, sendo que a via entregue ao contratante fica com valor total e a via que fica no talonário, que será fiscalizada, fica com valor menor. Na maioria dos casos, essa fraude só é revelada quando uma das empresas é auditada e parte-se para a confrontação com as quais mantém negócios. Outras formas de investigar a existência de notas fiscais calçadas consiste em: ¾ verificar o valor de mercado do item ou serviço similares praticados por outras entidades; ¾ verificar se o custo da mercadoria vendida é maior que o valor registrado no documento fiscal. NOTAS FISCAIS FRIAS Notas fiscais falsas ou de empresas fantasmas Uma das maneiras encontradas para efetivar a burla ao sistema tributário é a “compra” de notas fiscais frias para aumentar suas despesas e, assim, pagar menos impostos. As notas fiscais frias podem ser de empresas que não existam física ou juridicamente ou de empresas que funcionam normalmente e emitem notas com itens superfaturados ou baseados em sobrepreço. Uma maneira é o chamado talonário duplo, em que as vias ficam com valores distintos. A outra forma mais comum é a emissão de notas completamente falsas, de empresas que não existem, com dados inventados ou copiados de alguma outra empresa. Para detectar a fraude, o auditor deve ter atenção a todos os detalhes descritos nos documentos fiscais, em especial, as datas, valores, logotipos, endereços, numeração, etc. Esses elementos podem fornecer indícios de fraude que serão investigados mediante as técnicas de circularização, triangulação ou rastreamento. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 14 Um procedimento recomendável é conferir se a AIDF (Autorização para Impressão de Documentos Fiscais ) foi expedida pelo órgão fazendário. A inexistência do CNPJ da gráfica nas bases da SRF ou da Sefaz, também revela a “face fria” de uma nota fiscal. Por fim, outro procedimento seria verificar se a gráfica que imprimiu os talões existe legalmente. Se a gráfica é fictícia, obviamente os talões são ilegais. Como de praxe, vamos comentar algumas questões sobre o assunto estudado. 1) (ICMS/RIO/FGV/2008). O controle interno é muito importante para a auditoria, uma vez que, com base nele, será determinada a quantidade de testes (substantivos) a serem aplicados. Se, porventura, esses controles inexistirem ou falharem (risco inerente ou de controle), a possibilidade de ocorrerem fraudes é maior. Na obra “Por Dentro das Fraudes: como são feitas, como denunciá-las, como evitá-las”, o autor comenta um caso de fraude conhecido como emissão de “notas fiscais cauçadas”. “Por ocasião do faturamento de bens e serviços, dependendo dos tributos e da esfera de governo, são extraídos documentos fiscais a serem entregues ao comprador/tomador, ficando as demais vias no talonário para fins de registro e fiscalização por parte do governo. A fim de reduzir a carga tributária, vendedor e comprador às vezes ajustam um valor menor a ser registrado no documento fiscal. Quando isso não é possível, o vendedor, unilateralmente, preenche a nota com montantes diferentes: a via entregue ao contratante com o valor total; a que será fiscalizada, com valor menor. Como o preenchimento costuma ser simultâneo (com folhas carbonadas), coloca-se algo entre a primeira e as demais vias (uma prancheta de madeira, por exemplo). Dessa forma, o contratante recebe sua via com o valor correto, e o fraudador, em um segundo momento, completa sua via com uma quantia menor.” Considerando a situação exposta, assinale o procedimento que menos contribui para detectar esse tipo de operação. (A) confrontar (correlacionar) a documentação do tomador do serviço/comprador com a documentação do prestador de serviço/vendedor (B) somar atentamente as notas fiscais emitidas pelo prestador de serviço/vendedor (C) verificar se valor faturado (emitido) é suficiente, pelo menos, para cobrir os custos da operação e manter o prestador de serviço/vendedor em condições de funcionamento AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 15 (D) confrontar o valorpraticado pelo prestador de serviço/vendedor na operação analisada com os valores praticados em outras operações similares (E) confrontar o valor praticado pelo prestador de serviço/vendedor na operação analisada com os valores praticados por concorrentes Solução: Uma das diversas formas de fraudes em documentos fiscais, tornando-os inidôneos, é a chamada “nota fiscal calçada”. Diz-se que a nota fiscal é calçada quando a via fixa (2a. via, destinada ao Fisco) é preenchida com elementos diferentes dos lançados nas demais vias (1a. 2a. e 3a). Calçamento simples: quando apresenta divergências apenas em relação às quantidades e valores (normalmente valores menores na via fixa). Calçamento complexo: quando apresenta divergências em todos os seus elementos, sobretudo, quanto ao destinatário da mercadoria (também conhecida como nota fiscal desdobrada). Muitas são as fraudes praticadas por meio desse expediente. No primeiro caso, o objetivo é reduzir a carga fiscal, formar caixa 2, fraudar a própria empresa, etc. No segundo caso, a alteração visa a enquadrar a operação em instituto tributário menos oneroso (diferimento, suspensão, isenção, não-incidência, alíquota menor, base de cálculo reduzida). Segundo a Controladoria-Geral do Município do Rio de Janeiro, esta prática se proliferou nas operações comerciais envolvendo órgãos públicos e entidades sociais [ONG, OS e OSCIP] pelo fato deles não estarem sujeitas à fiscalização, por não estarem obrigadas a cumprir as obrigações principais e por não apresentarem a chancela de contribuintes. Acrescente-se, ainda, o fato de que eles não têm obrigação acessória de escriturar registros de entradas e manter a documentação fiscal arquivada, separadamente, na ordem da escrituração, o que dificulta sobremaneira as ações de fiscalização. Analisando a questão, verifica-se que a única alternativa que não corresponde a um procedimento adequado para detectar esse tipo de fraude é a “B”, pois realizar a soma das notas fiscais emitidas pelo vendedor não detectaria se o valor constante das vias que ficaram no talonário em poder do vendedor estaria diferente daquele registrado na via destinada ao comprador. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 16 Todas as demais alternativas correspondem a procedimentos válidos para detectar a fraude, mediante comparação e confrontação das vias das notas fiscais, ou do valor da transação com aquele praticado em outras operações similares ou com o custo da operação. 2) (AUDITOR/TCM/RIO/FGV/2008) Durante a aplicação dos procedimentos atinentes à espécie, o auditor detectou, com base nos documentos contábeis, que em determinado dia a conta “caixa” da entidade apresentava saldo contábil credor. Em relação a esse fato, assinale a melhor explicação. (A) Trata-se de ativo fictício, uma vez que há valores registrados que, de fato, inexistem. (B) Trata-se de passivo oculto, tendo em vista que dívidas contratadas foram registradas erroneamente no passível exigível a longo prazo. (C) Corresponde a “estouro de caixa”, decorrente, por exemplo, de mercadorias adquiridas e pagas, mas não contabilizadas. (D) Corresponde ao que culturalmente chamamos de “caixa 2”, prática sabidamente conhecida e permitida pela legislação. (E) Corresponde a “estouro de caixa”, situação decorrente, por exemplo, de receitas recebidas, mas não contabilizadas. Solução: O “estouro de caixa” ou saldo credor da conta caixa tem como causa o “caixa dois” ou a omissão no registro contábil das receitas. Segundo Antônio Lopes de Sá e Wilson Alberto Z. Hoog, no livro Corrupção, Fraude e Contabilidade, da Juruá Editora, o “caixa dois” é uma fraude comum contra a Fazenda, mediante a sonegação de vendas, criando-se um “caixa extra” ou “caixa paralelo”. A Lei 11.101/05 caracteriza-a como contabilidade paralela. Quando tal sonegação é elevada, acaba faltando dinheiro no Caixa Oficial para pagar as dívidas. Alguns fraudadores pagam as dívidas, então, com o caixa dois e esperam o saldo no caixa contábil, para dar a baixa. Esta diferença de datas entre o pagamento real e o registro contábil cria, temporariamente, até que a liquidação se registre oficialmente, um passivo fictício. Portanto, a causa é a omissão no registro da receita e a conseqüência, além da sonegação fiscal, pode ser o passivo fictício, ou seja, a dívida já foi paga, mas não houve baixa ou registro. O gabarito é a letra E. 3) (AUDITOR/TCM/PA/FGV/2008). A diferença fundamental entre fraude e erro reside na intenção. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) trata do assunto da seguinte forma, consoante a Resolução 836: I. fraude, o ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis; AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 17 II. erro, o ato não-intencional resultante de omissão, desatenção ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis. Na obra Por Dentro das Fraudes: como são feitas, como denunciá-las, como evitá-las, o “estouro de caixa” é uma evidência de “caixa dois” (omissão de receitas, existência de recursos não-contabilizados). Nesse diapasão, pode- se afirmar que uma de suas causas (“estouro”), que tem como conseqüência o saldo credor da conta contábil “caixa”, é: (A) A prestação de serviços à vista (com conseqüente entrada de recursos) não contabilizada. (B) A entrada de mercadorias sem documento fiscal correspondente. (C) O lançamento contábil da saída (baixa) de mercadorias sem documento fiscal correspondente, cuja entrada também tem ocorrido “sem nota”. (D) O recebimento de receitas antecipadas (adiantamento de clientes) contabilizado com observância do princípio da oportunidade. (E) O pagamento de despesas não dedutíveis para fins de imposto de renda adequadamente contabilizado. Solução: Segundo o livro citado no enunciado da questão, de autoria de José Carlos de Oliveira de Carvalho, o chamado “caixa dois” compreende valores que transitaram pela empresa, mas que não foram contabilizados (ou foram, a menor). Modernamente, é chamado de “Recursos não-contabilizados”. O “estouro do caixa” ou saldo credor da conta caixa acaba ocorrendo, por um lado, em função da omissão do registro da receita e, por outro, o responsável pelo caixa utiliza os recursos do caixa dois para pagar despesas sem se dar conta de que oficialmente não existe saldo registrado na contabilidade suficiente para esses pagamentos, tornando o saldo da conta caixa negativo durante o mês, até que o caixa seja recomposto. Analisando os itens da questão, verifica-se que a alternativa “A” é a única que corresponde a uma causa do “estouro do caixa”, em função da entrada de recursos não contabilizados. O saldo credor da conta caixa pode ser gerado pela prestação de serviços a vista não contabilizada, havendo a omissão da receita e, em contrapartida, do caixa. (Questão extraída do livro de Sérgio Jund – Auditoria, da Editora Campus) Instruções: As questões de números 4 a 7 devem ser respondidas com base no texto a seguir. Há diversos pressupostos legais de sonegação de receita pelo desvio, por um entidade, de recursos por omissão de receitas tributáveis, que se AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 18 exteriorizem quando a infratora necessita aplicar parcelas dos recursos, assim desviados, por exigências do giro dos seus próprios negócios. Passa a existir, nessas condições, dois caixas: um oficial, no qual circulam valores correspondentes às operações regulares contabilizadas,portanto, e outro que compreende os valores sonegados, vulgarmente denominados de “caixa dois”, mesmo que inexista controle extracontábil para este. Cabe ao Auditor Fiscal, no exercício da fiscalização de uma empresa, detectar a exteriorização de tais irregularidades, dentre as quais destacam-se as denominadas. I – Estouro de Caixa dissimulado; II – Simulação de Suprimentos de Caixa; III – Despesas Pagas Não-Contabilizadas; IV – Passivo Fictício; V – Ativos Não-Contabilizados. Como pode ser percebido, todas essas irregularidades decorrem de insuficiência de saldo de caixa para atender desembolsos, efetivamente ocorridos, sem que esteja esclarecida a origem do numerário que lhes deu suporte. Tais situações exigem que o Auditor Fiscal intime a empresa sob a fiscalização para que comprove a origem do numerário utilizado em tais aplicações. Caso o contribuinte não logre atendê-la, indicando os recursos já tributados, isentos ou tributados exclusivamente na fonte, que dêem suporte a tais ocorrências, será autuado por sonegação de receita. Atenção: cada uma das questões a seguir indica sinais que permitem identificar uma dessas irregularidades. Assinale, em cada uma delas, a qual incisos o sinal se prestaria. 4) (Fiscal/ICMS/BA/2004) Empréstimos recorrentes em conta-corrente específica com saldos crescentes. a) Estouro de caixa dissimulado. b) Passivo fictício. c) Despesas pagas não-contabilizadas. d) Simulação de suprimentos de caixa. e) Ativos não-contabilizados. Solução: Empréstimos recorrentes, tendo como contrapartida a conta caixa pode significar uma manobra para encobrir o saldo credor da conta caixa. Portanto, seria um indicativo ou sinal de simulação de suprimentos de caixa. O gabarito á letra “d”. 5) (Fiscal/ICMS/BA/2004) Duplicata quitada em período subseqüente ao da sua emissão, que não consta como pendente do exercício de sua emissão. a) Estouro de caixa dissimulado. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 19 b) Simulação de suprimentos de caixa. c) Despesas pagas não-contabilizadas. d) Ativos não-contabilizados. e) Passivo fictício. Solução: Como a empresa manteve em sua contabilidade uma duplicata que já havia sido paga, isso só pode ter sido feito com a finalidade de ocultar um “estouro” de caixa, e para fazer isso a duplicata teria de ser uma obrigação, um passivo fictício (obrigação que já foi paga mas que a empresa mantém no seu balanço). O gabarito é a letra “e”. 6) (Fiscal/ICMS/BA/2004) Folha de pagamento paga, mas sem registro. a) Estouro de caixa dissimulado. b) Simulação de suprimentos de caixa. c) Despesas pagas não-contabilizadas. d) Passivo fictício. e) Ativos não-contabilizados. Solução: Como foi feito o pagamento de salário aos empregados, mas essa operação não foi contabilizada, ou seja, não foi apropriada a provisão e a despesa com a folha de pessoal, é um caso de “despesas pagas não contabilizadas”. O gabarito é letra “c”. 7) (Fiscal/ICMS/BA/2004) Existência física, mas sem registro contábil. a) Estouro de caixa dissimulado. b) Simulação de suprimentos de caixa. c) Despesas pagas não-contabilizadas. d) Ativos não-contabilizados. e) Passivo fictício. Solução: A questão se refere a um ativo oculto (existe fisicamente, mas não está contabilizado). A alternativa correta é a letra “d”. 8) (Fiscal/ISS/SP/2007) Nos trabalhos de auditoria externa, o profissional encarregado de revisar as contas a pagar da Cia. Madeirense verificou a existência de várias duplicatas quitadas, emitidas por fornecedores da companhia, mas cuja baixa não tinha sido registrada na escrituração contábil. Esse fato constitui um indício de: a) falta de origem para suprimentos de caixa; b) subestimação de passivos; c) passivo fictício; AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 20 d) passivo real a descoberto; e) passivo oculto Solução: Por tudo que vimos até aqui, trata-se de passivo fictício (duplicatas ou dívidas quitadas, mas não baixadas), artimanha muito utilizada para encobrir o caixa dois e evitar o estouro do caixa (saldo credor da conta). O gabarito é a letra “c”. Bom pessoal, concluímos esta aula nº 5. A próxima e última aula abordará o tema relatório e parecer do auditor. Até a próxima aula e bons estudos!
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