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AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 1 Oi pessoal, Chegamos à nossa última aula, inteiramente dedicada ao principal tema da auditoria contábil e um dos mais cobrados em concurso público: “Relatório e Parecer de Auditoria”. Portanto, nesta aula veremos os tipos de relatórios e pareceres, sua finalidade e estrutura e os principais elementos e características desses documentos. FINALIDADE DOS RELATÓRIOS DE AUDITORIA A etapa final do trabalho de auditoria refere-se ao relato das descobertas, ocasião em que o auditor analisa as evidências obtidas e formula suas conclusões e opiniões sobre o objeto auditado. O produto final desse trabalho é o relatório de auditoria e, por meio dele, o auditor informa aos usuários o escopo do trabalho, os procedimentos realizados, eventuais limitações, os fatos relevantes constatados, sua opinião e eventuais recomendações para as não-conformidades evidenciadas. RELATÓRIO DE AUDITORIA INTERNA Em auditoria interna, o relatório é o documento pelo qual a auditoria apresenta o resultado dos seus trabalhos, devendo ser redigido com objetividade e imparcialidade, de forma a expressar, claramente, suas conclusões, recomendações e providências a serem tomadas pela administração da entidade. Em conformidade com a NBC T 12, o relatório da Auditoria Interna deve abordar, no mínimo, os seguintes aspectos: a) o objetivo e a extensão dos trabalhos; b) a metodologia adotada; c) os principais procedimentos de auditoria aplicados e sua extensão; d) eventuais limitações ao alcance dos procedimentos de auditoria; e) a descrição dos fatos constatados e as evidências encontradas; f) os riscos associados aos fatos constatados; e AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 2 g) as conclusões e as recomendações resultantes dos fatos constatados. A quem deve ser enviado o relatório da auditoria interna? Deve ser apresentado a quem tenha solicitado o trabalho ou a quem este autorizar, devendo ser preservada a confidencialidade do seu conteúdo. Portanto, cuidado com afirmações em prova no sentido de que os relatórios da auditoria interna são necessariamente encaminhados à administração da entidade ou aos auditores independentes. Isso não é verdade, pois serão encaminhados a quem tenha solicitado o trabalho, podendo ser os responsáveis pela governança (acionistas, conselho de administração, conselho fiscal etc), os próprios administradores ou até terceiros, desde que previsto no regulamento da empresa e da auditoria interna. Deve-se saber também que os relatórios da auditoria interna não ficam à disposição de quaisquer interessados dentro ou fora da empresa, devendo o auditor preservar a confidencialidade do seu conteúdo. Por fim, um aspecto muito cobrado em concurso é quanto à oportunidade de emissão de um relatório parcial pela auditoria interna. A NBC T 12 estabelece que a auditoria Interna deve avaliar a necessidade de emissão de relatório parcial, na hipótese de constatar impropriedades, irregularidades e/ou ilegalidades que necessitem providências imediatas da administração da entidade, e que não possam aguardar o final dos exames. RELATÓRIO DE AUDITORIA INDEPENDENTE (EXTERNA) Em se tratando de uma auditoria independente das demonstrações contábeis, o relatório constitui o meio através do qual o auditor externo comunica ao seu cliente ou demais usuários das demonstrações contábeis auditadas (administradores, acionistas, banqueiros, poderes públicos ou outros interessados na empresa auditada e em seus resultados), o estado patrimonial e os resultados da entidade auditada. O relatório deve ser redigido de forma clara, concisa, objetiva e imparcial, bem como isento de erros de redação que possam macular o bom conceito do profissional que o emite. O relatório deve ser fiel e completo, não podendo omitir fatos relevantes, cuja omissão possa trazer prejuízos a terceiros e pelos quais o auditor venha a ser responsabilizado. Como o propósito da auditoria independente das demonstrações contábeis é a emissão de uma opinião sobre a adequação das demonstrações, o principal produto AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 3 é o relatório em forma curta, ou seja, o chamado Parecer do Auditor. Todavia, existem outros tipos de relatórios que podem ser emitidos pelo auditor, como veremos a seguir. OBSERVAÇÃO: Um aspecto importante e muito cobrado em concurso refere-se ao objetivo do relatório ou parecer do auditor independente, que tem por limite os próprios objetivos da auditoria contábil, ou seja, expressar uma opinião acerca da adequação das DC. Portanto, o parecer do auditor independente não representa garantia de viabilidade futura da entidade ou algum tipo de atestado de eficácia da administração na gestão dos negócios. Assim, um parecer sem ressalva jamais pode ser interpretado como uma certificação de boa gestão, pois esse não é o objetivo da auditoria contábil. FORMAS E TIPOS DE RELATÓRIOS Quanto à extensão, os relatórios podem ser classificados em: Sintéticos e Analíticos, a saber: ¾ Sintético: também chamado de forma curta, se caracteriza pelo fato de não conter todos os tópicos recomendados para o relatório formal do auditor, mas apenas alguns, como por exemplo: - introdução (escopo e objetivos do trabalho); - síntese ou sumário dos assuntos tratados e recomendações; - conclusões, opinião e situação final acompanhada. ¾ Analítico: Também chamado de forma longa, é utilizado, em geral, para relatar o resultado da execução da auditoria operacional, sistêmica, de gestão ou financeira. Quanto à apresentação, os relatórios assumem a forma escrita e verbal. ¾ Escrita: formal e por escrito, de acordo com as normas e tipos estabelecidos. ¾ Verbal: aplicável em casos especiais ou de urgência, quando o auditor, em reunião com a alta direção, se utiliza deste meio para expor situações de riscos especiais ainda em apuração e cuja natureza e dados o auditor não deseja colocar pó escrito, por segurança ou cautela. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 4 Hilário Franco e Ernesto Marra, no livro Auditoria Contábil, da Editora Atlas, apontam que, dentre os relatórios formais - elaborados de forma escrita e sujeitos a determinadas normas – podemos distinguir os seguintes tipos principais, a saber: 1. Relatórios em forma curta, chamados de “Parecer do Auditor”. 2. Relatórios em forma longa, que poderão ser bastante analíticos quanto à descrição dos trabalhos realizados, mas poderão não conter uma opinião final e formal do auditor. 3. Relatórios sobre controle interno, que representam cartas- comentário sobre os controles internos da empresa, ressaltando sua deficiências e fazendo sugestões e recomendações construtivas, para melhoria desses controles. 4. “Relatórios sobre Revisão Limitada”, que descrevem, analiticamente, trabalhos elaborados pelo auditor, sem aplicação de todas as normas de auditoria geralmente aceitas. Neste tipo de relatório o auditor não expressa opinião sobre as demonstrações contábeis examinadas, mas apenas descreve os trabalhos que executou, e declara se foi observado, ou não, algum desvio significativo na aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade quando na elaboração das demonstrações contábeis examinadas. 5. Relatórios especiais, que poderão decorrer de trabalhos diversos executados pelo auditor, que não propriamente trabalhos de auditoria, tais como levantamentos de valores do ativoou do passivo, conciliações de contas, exames específicos para apuração de irregularidades, além de inúmeros outros. Portanto, cabe aqui fazer a seguinte observação: O AUDITOR INDEPENDENTE EMITE OBRIGATORIAMENTE UM PARECER DE AUDITORIA (RELATÓRIO CURTO), MAS PODE TAMBÉM ELABORAR RELATÓRIO EM FORMA LONGA OU CARTA-COMENTÁRIO SOBRE OS CONTROLES INTERNOS. Franco e Marra apresentam as seguintes observações caso sejam emitidos dois relatórios, um em forma curta e outro em forma longa: AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 5 ¾ o auditor deve certificar-se de que o relatório em forma longa não contenha informações adicionais que, por sua ausência no relatório em forma breve, indicasse ser este deficiente; ¾ nenhum dos comentários do relatório em forma longa deve prestar-se a ser interpretado como ressalva; ¾ o auditor deve decidir se os outros dados do relatório em forma longa estão apresentados de maneira que possam ser interpretados como opinião sobre as demonstrações contábeis e não apenas como exposição de fatos. Questão interessante sobre este assunto constou de prova elaborada pelo CESPE, em concurso para o Tribunal de Contas do Estado do Tocantins, como segue: (TCE-TO/CESPE/2009) O relatório em forma longa normalmente inclui detalhes de itens das demonstrações, dados estatísticos, comentários explicativos e, às vezes, uma descrição da extensão do exame do auditor. Pode coexistir com o relatório em forma breve. Nesse caso, A o relatório em forma breve não pode omitir informações consideradas relevantes contidas no relatório em forma longa. B os dois relatórios devem conter o mesmo tipo de informação, diferindo apenas no detalhamento. C o relatório em forma longa deve incluir informações que constituam ressalvas. D recomendações e sugestões constam apenas do relatório em forma longa. E providências que devam ser adotadas, em caso de irregularidades, só devem constar do relatório em forma breve. Solução: A alternativa “A” é a correta. O relatório em forma breve não pode omitir informações consideradas relevantes contidas no relatório em forma longa, pois essa omissão significaria ser aquele deficiente. Cabe alertar que a alternativa “D” pode ter causado certa confusão nos candidatos, pois como Franco e Marra consideram que o relatório curto seria o parecer, então, estaria correto afirmar que recomendações e sugestões constam apenas do relatório em forma longa. Todavia, Sergio Jund, em seu livro Auditoria - Conceitos, Normas Técnicas e Procedimentos, ao classificar os relatórios quanto à extensão em sintéticos e AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 6 analíticos, caracteriza o relatório de forma curta como um relatório sintético que não contém todos os tópicos recomendados para o relatório formal do auditor, mas apenas alguns, como por exemplo: introdução, síntese dos assuntos tratados e recomendações apresentadas, conclusões e opinião. ESTRUTURA E OBJETIVO DO PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES Objetivos e requisitos para a opinião do auditor (parecer) Com relação à comunicação de resultados do auditor independente, várias são as normas que foram publicadas recentemente pelo CFC. Contudo, para concursos públicos, as normas mais importantes são a NBC TA 700 – Formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis e a NBC TA 705 – Modificações na opinião do auditor independente. De acordo com a NBC TA 700, o auditor deve formar sua opinião sobre se as demonstrações contábeis são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. OBSERVAÇÃO: Como visto na aula 1, estrutura de relatório financeiro aplicável é a estrutura de relatório ou de demonstração financeira adotada pela administração e aceitável em vista da natureza da entidade e do objetivo das demonstrações contábeis ou que seja exigida por lei ou regulamento. Para formar essa opinião, o auditor deve concluir se obteve segurança razoável sobre se as demonstrações contábeis tomadas em conjunto não apresentam distorções relevantes, independentemente se causadas por fraude ou erro. O auditor especificamente deve avaliar se, segundo os requisitos da estrutura de relatório financeiro aplicável: (a) as demonstrações contábeis divulgam adequadamente as práticas contábeis selecionadas e aplicadas; (b) as práticas contábeis selecionadas e aplicadas são consistentes com a estrutura de relatório financeiro aplicável e são apropriadas; (c) as estimativas contábeis feitas pela administração são razoáveis; AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 7 (d) as informações apresentadas nas demonstrações contábeis são relevantes, confiáveis, comparáveis e compreensíveis; (e) as demonstrações contábeis fornecem divulgações adequadas para permitir que os usuários previstos entendam o efeito de transações e eventos relevantes sobre as informações incluídas nas demonstrações contábeis; e (f) a terminologia usada nas demonstrações contábeis, incluindo o título de cada demonstração contábil, é apropriada. A avaliação do auditor sobre se as demonstrações contábeis propiciam uma apresentação adequada deve incluir considerações sobre: (a) a apresentação geral, a estrutura e o conteúdo das demonstrações contábeis; e (b) se as demonstrações contábeis, incluindo as notas explicativas, representam as transações e eventos subjacentes de modo a alcançar uma apresentação adequada. Estrutura do parecer O parecer do auditor independente deve esclarecer: 1. A quem é dirigido o parecer. 2. Quais as demonstrações contábeis abrangidas pelo trabalho de auditoria e suas datas de levantamento. 3. Que a responsabilidade pela elaboração de referidas demonstrações contábeis é da administração da entidade auditada. 4. Qual a responsabilidade do auditor no trabalho executado. 5. Como foram conduzidos os trabalhos (procedimentos) de auditoria adotados). 6. Se as demonstrações auditadas representam, ou não, adequadamente em todos os aspectos relevantes, a situação patrimonial e financeira da empresa auditada, na data referida, o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e a origem e aplicação de seus recursos referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade. 7. Local e data da assinatura do parecer. Quanto à estrutura do parecer, a norma estabelece que o parecer compõe-se basicamente, de três parágrafos: AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 8 a) o referente à identificação das demonstrações contábeis e à definição das responsabilidades da administração e dos auditores. b) o relativo à extensão dos trabalhos, e c) o que expressa a opinião sobre as demonstrações contábeis. Para melhor compreensão quanto à estrutura básica de um parecer, apresentamos o seguinte quadro: ESTRUTURA DO PARECER SEGUNDO AS NORMAS 1º PARÁGRAFO OU INTRODUTÓRIO - Identificação das demonstrações contábeis - Definição da responsabilidade da administração - Definição da responsabilidade do auditor ] 2º PARAGRAFO OU EXTENSÃO - Descrição concisa dos trabalhos executados 3º PARÁGRAFO – DA OPINIÃO - Expressa a opinião do auditor sem ressalva com ressalva adverso abstenção de opinião PARÁGRAFO DE ÊNFASE quando houver incerteza em relação a fatorelevante de realização futura (após o § de opinião) Fonte: Livro “Auditoria”, de Sergio Jund, pág. 591 A quem o parecer se destina? Um aspecto que a NBC T11 estabelecia e muito cobrado em concurso, é que, em condições normais, o parecer é dirigido aos acionistas, cotistas, ou sócios, ao conselho de administração ou à diretoria da entidade, ou órgão equivalente, segundo a natureza desta. Em circunstâncias próprias, o parecer é dirigido ao contratante dos serviços. Responsabilidades AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 9 O auditor deve mencionar, no seu parecer, as responsabilidades da administração e as suas, evidenciando que: a administração é responsável pela preparação e pelo conteúdo das demonstrações contábeis, cabendo ao contabilista que as assina a responsabilidade técnica; e o auditor é responsável pela opinião que expressa sobre as demonstrações contábeis objeto dos seus exames. O auditor deve, no seu parecer, declarar se o exame foi efetuado de acordo com as normas de auditoria. O parecer deve, ainda, conter a descrição concisa dos trabalhos executados pelo auditor, compreendendo: planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controle interno da entidade; execução dos procedimentos com base em testes; avaliação das práticas e das estimativas contábeis adotadas, bem como da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto. O parecer deve expressar, clara e objetivamente, se as demonstrações contábeis auditadas, em todos os aspectos relevantes, na opinião do auditor, estão adequadamente representadas ou não, consoante as normas e os princípios fundamentais de contabilidade. Data e local do parecer Conforme estabelecia a NBC T 11, na data do parecer, o dia deveria corresponder ao de conclusão dos trabalhos na entidade auditada, objetivando informar ao usuário que foi considerado o efeito, sobre as demonstrações contábeis e sobre o parecer, de transações e eventos ocorridos entre a data de encerramento do período a que se referem as demonstrações contábeis e a data do parecer. Porém, atenção: A NBC TA 700 (norma vigente do CFC) estabelece que o relatório do auditor independente não pode ter data anterior à data em que ele obteve evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar a sua opinião sobre as demonstrações contábeis, incluindo evidência de que: (a) todas as demonstrações que compõem as demonstrações contábeis, incluindo as respectivas notas explicativas, foram elaboradas; e (b) as pessoas com autoridade reconhecida afirmam que assumem a responsabilidade sobre essas demonstrações contábeis. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 10 Perceba que é a mesma coisa só que dita de forma diferente, pois quando o auditor obtém evidência apropriada e suficiente para fundamentar a sua opinião ele irá concluir os trabalhos e a data de seu relatório muito provavelmente irá coincidir com essa data. O que o auditor não pode é concluir os trabalhos e emitir opinião antes de obter segurança razoável quanto às evidências ou provas coletadas! Conforme visto na aula 4, poderão ocorrer situações em que haverá necessidade de menção de mais de uma data ou atualização da data original. Essas situações decorrem de transações e eventos subseqüentes à conclusão dos trabalhos, e anteriores à emissão do parecer, considerados relevantes para as demonstrações contábeis e, conseqüentemente, para a opinião do auditor. Nessas circunstâncias, o auditor poderá optar por uma das duas alternativas: a) estender os trabalhos até a data do novo evento, de modo a emitir o parecer com a data mais atual; ou b) emitir o parecer com data dupla, ou seja, mantendo a data original para as demonstrações contábeis, exceto quanto a um assunto específico, adequadamente divulgado nas notas explicativas. Por exemplo: “13 de fevereiro de 19X0, exceto quanto à Nota Explicativa 21 às demonstrações contábeis, para a qual a data é 31 de março de 19X0”. O parecer deve ser datado e assinado pelo contador responsável pelos trabalhos e conter seu número de registro no Conselho Regional de Contabilidade. Caso o trabalho tenha sido realizado por empresa de auditoria, o nome e o número de registro cadastral no Conselho Regional de Contabilidade também devem constar do parecer. Antes de passarmos aos tipos de parecer, de acordo com a NBC TA 700, apresentamos a seguir o modelo de Relatório do auditor independente sobre demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a estrutura de apresentação adequada (relatório padrão com opinião não modificada – sem ressalva), para satisfazer as necessidades de informações contábeis comuns de ampla gama de usuários (por exemplo, práticas contábeis adotadas no Brasil): RELATÓRIO DO(S) AUDITOR(ES) INDEPENDENTE(S) SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (Destinatário apropriado) AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 11 Examinamos as demonstrações contábeis da Companhia ABC, que compreendem o balanço patrimonial em 31 de dezembro de 20X1(2) e as respectivas demonstrações(3) do resultado, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, assim como o resumo das principais práticas contábeis e demais notas explicativas. A administração da Companhia é responsável pela elaboração e adequada apresentação dessas demonstrações contábeis de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e pelos controles internos que ela determinou como necessários para permitir a elaboração de demonstrações contábeis livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis com base em nossa auditoria, conduzida de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Essas normas requerem o cumprimento de exigências éticas pelos auditores e que a auditoria seja planejada e executada com o objetivo de obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis estão livres de distorção relevante. Uma auditoria envolve a execução de procedimentos selecionados para obtenção de evidência a respeito dos valores e divulgações apresentados nas demonstrações contábeis. Os procedimentos selecionados dependem do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção relevante nas demonstrações contábeis, independentemente se causada por fraude ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor considera os controles internos relevantes para a elaboração e adequada apresentação das demonstrações contábeis da Companhia para planejar os procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias, mas não para fins de expressar uma opinião(5) sobre a eficácia desses controles internos da Companhia(6). Uma auditoria inclui, também, a avaliação da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião. Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 12 posição patrimonial e financeira da Entidade ABC em 31 de dezembro de 20X1,o desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. [Local (localidade do escritório de auditoria que emitiu o relatório) e data do relatório do auditor independente] [Nome do auditor independente (pessoa física ou jurídica)] [Nome do profissional (sócio ou responsável técnico, no caso de o auditor ser pessoa jurídica)] [Números de registro no CRC da firma de auditoria e do profissional que assina o relatório] [Assinatura do auditor independente] TIPOS DE RELATÓRIO/PARECER DO AUDITOR INDEPENDENTE O relatório ou parecer do auditor independente classifica-se, segundo a natureza da opinião que contém, em: a) opinião não modificada (relatório ou parecer sem ressalva); relatório/parecer com ressalva; b) opinião modificada relatório/parecer adverso; relatório/parecer com abstenção de opinião. OPINIÃO NÃO MODIFICADA OU SEM RESSALVA O parecer sem ressalva é emitido quando o auditor conclui, sobre todos os aspectos relevantes, que as demonstrações contábeis foram preparadas de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC T11) ou que as demonstrações contábeis foram elaboradas de forma adequada em conformidade com a estrutura de relatório financeiro (NBC TA). Refere-se ao modelo de parecer-padrão apresentado anteriormente ou parecer limpo. Todavia, existem situações que impedem a emissão de parecer sem ressalvas, conforme veremos a seguir. Circunstâncias que Impedem a Emissão do Parecer sem Ressalva AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 13 O auditor não deve emitir um parecer sem ressalva quando existirem quaisquer das circunstâncias seguintes, que, na sua opinião, tenham efeitos relevantes para as demonstrações contábeis: a) discordância com a administração da entidade a respeito do conteúdo e/ou forma de apresentação das demonstrações contábeis; ou discordância quanto: i) às práticas contábeis utilizadas; e ii) à forma de aplicação das práticas contábeis. Nesse caso, quando há discordância a respeito do conteúdo ou forma de apresentação das DC ou quando as demonstrações contábeis forem afetadas de maneira relevante pela adoção de prática contábil em desacordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, o auditor deve emitir parecer com ressalva ou adverso. Exemplo: Uma fraude ou erro relevante cujos efeitos não foram revelados nas demonstrações contábeis. b) limitação na extensão de seu trabalho. Como o auditor somente pode emitir parecer sem ressalva quando seu exame foi realizado de acordo com as normas de auditoria e, portanto, com a aplicação de todos os procedimentos necessários nas circunstâncias, a existência de limitações na extensão de seu trabalho, pode obrigá-lo a emitir parecer com ressalva ou com abstenção de opinião. Ex: O Não atendimento a uma carta enviada aos advogados para identificação de contingências relevantes ou a impossibilidade de acompanhamento dos inventários físicos de estoque de valor muito significativo. E como fica a estrutura do parecer quando não pode ser sem ressalva? Quando o auditor emitir parecer com ressalva, adverso ou com abstenção de opinião, deve ser incluída descrição clara de todas as razões que fundamentaram o seu parecer e, se praticável, a quantificação dos efeitos sobre as demonstrações contábeis. Essas informações devem ser apresentadas em parágrafo específico do parecer, precedendo ao da opinião e, se for caso, fazer referência a uma divulgação mais ampla pela entidade, em nota explicativa às demonstrações contábeis. Vejamos mais sobre as opiniões modificadas à luz das novas normas do CFC. TIPOS DE OPINIÃO MODIFICADA AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 14 A NBC TA 705 estabelece três tipos de opinião modificada, a saber, opinião com ressalva, opinião adversa e abstenção de opinião. A decisão sobre que tipo de opinião modificada é apropriado depende da: (a) natureza do assunto que deu origem à modificação, ou seja, se as demonstrações contábeis apresentam distorção relevante ou, no caso de impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, podem apresentar distorção relevante; e (b) opinião do auditor sobre a disseminação dos efeitos ou possíveis efeitos do assunto sobre as demonstrações contábeis. A tabela a seguir mostra como a opinião do auditor sobre a natureza do assunto que gerou a modificação, e a disseminação de forma generalizada dos seus efeitos ou possíveis efeitos sobre as demonstrações contábeis, afeta o tipo de opinião a ser expressa. Natureza do assunto que gerou a modificação Julgamento do auditor sobre a disseminação de forma generalizada dos efeitos ou possíveis efeitos sobre as demonstrações contábeis Relevante, mas não generalizado Relevante e generalizado As demonstrações contábeis apresentam distorções relevantes Opinião com ressalva Opinião adversa Impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente Opinião com ressalva Abstenção de opinião Circunstâncias em que é necessário modificar a opinião do auditor independente O auditor deve modificar a opinião no seu relatório quando: (a) ele conclui, com base na evidência de auditoria obtida, que as demonstrações contábeis, como um todo, apresentam distorções relevantes; ou AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 15 (b) o auditor não consegue obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluir que as demonstrações contábeis como um todo não apresentam distorções relevantes. OPINIÃO COM RESSALVA O auditor deve expressar uma opinião com ressalva quando: ¾ ele, tendo obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes, mas não generalizadas nas demonstrações contábeis; ou ¾ ele não consegue obter evidência apropriada e suficiente de auditoria para suportar sua opinião, mas ele conclui que os possíveis efeitos de distorções não detectadas, se houver, sobre as demonstrações contábeis poderiam ser relevantes, mas não generalizados. OPINIÃO ADVERSA O auditor deve expressar uma opinião adversa quando, tendo obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes e generalizadas para as demonstrações contábeis. ABSTENÇÃO DE OPINIÃO O auditor deve abster-se de expressar uma opinião quando não consegue obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para suportar sua opinião e ele conclui que os possíveis efeitos de distorções não detectadas, se houver, sobre as demonstrações contábeis poderiam ser relevantes e generalizadas. A não obtenção de evidência apropriada e suficiente pode decorrer de uma limitação imposta pela administração, como não responder a uma indagação do auditor ou não permitir a aplicação de um procedimento de auditoria relevante. Nesse caso, o auditor deve solicitar que a administração retire a limitação. No caso de a administração se recusar a retirar a limitação mencionada, o auditor deve comunicar o assunto aos responsáveis pela governança e verificar a possibilidade de adotar uma das seguintes medidas: ¾ emitir opinião com ressalva; ¾ renunciar ao trabalho de auditoria, quando praticável e possívelde acordo com as leis ou regulamentos aplicáveis; ou ¾ emitir opinião com abstenção de opinião. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 16 O auditor também deve abster-se de expressar uma opinião quando, em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas, conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis devido à possível interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis. Atenção: Um aspecto muito cobrado em prova diz respeito ao fato de que a abstenção de opinião em relação às demonstrações contábeis tomadas em conjunto não elimina a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. Outras considerações relativas à opinião adversa ou abstenção de opinião Quando o auditor considera necessário expressar uma opinião adversa ou abster-se de expressar opinião sobre as demonstrações contábeis como um todo, o seu relatório de auditoria independente não deve incluir, também, no mesmo relatório, uma opinião não modificada com relação à mesma estrutura de relatório financeiro sobre um quadro isolado das demonstrações contábeis ou sobre um ou mais elementos, contas ou itens específicos da demonstração contábil. A inclusão de uma opinião não modificada no mesmo relatório nessas circunstâncias contrariaria a opinião adversa ou a abstenção de opinião do auditor sobre as demonstrações contábeis como um todo. A NBC TA 805 trata das circunstâncias em que o auditor é contratado para expressar uma opinião separada sobre um ou mais elementos, contas ou itens específicos de uma demonstração contábil. Forma e conteúdo do relatório do auditor independente com opinião modificada Quando o auditor modifica a opinião sobre as demonstrações contábeis, ele deve, além dos elementos específicos requeridos pela NBC TA 700, incluir um parágrafo no seu relatório de auditoria independente que fornece uma descrição do assunto que deu origem à modificação. O auditor deve colocar esse parágrafo imediatamente antes do parágrafo da opinião no seu relatório de auditoria independente, utilizando o título “Base para opinião com ressalva,” “Base para opinião adversa” ou “Base para abstenção de opinião”, conforme apropriado. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 17 Se houver uma distorção relevante nas demonstrações contábeis, relacionada a valores específicos nessas demonstrações contábeis (incluindo divulgações quantitativas), o auditor deve incluir no parágrafo contendo a base para a modificação uma descrição e a quantificação dos efeitos financeiros da distorção, a menos que seja impraticável. Se não for praticável quantificar os efeitos financeiros, o auditor deve especificar isso no referido parágrafo contendo a base para a modificação. Se houver uma distorção relevante nas demonstrações contábeis, relacionada com as divulgações nas notas explicativas, o auditor deve incluir uma explicação sobre como as divulgações estão distorcidas no parágrafo contendo a base para a modificação. Se houver uma distorção relevante das demonstrações contábeis, relacionada com a não divulgação de informações que devem ser divulgadas, o auditor deve: (a) discutir a não divulgação com os responsáveis pela governança; (b) descrever a natureza da informação omitida no parágrafo contendo a base para a modificação; e (c) a menos que proibido por lei ou regulamento, incluir as divulgações omitidas, desde que praticável e que o auditor tenha obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre a informação omitida. Se a modificação for decorrente da impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, o auditor deve incluir as razões dessa impossibilidade no parágrafo contendo a base para a modificação. Mesmo que o auditor tenha emitido uma opinião adversa ou se absteve de expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis, ele deve descrever no parágrafo contendo a base para a modificação as razões para quaisquer outros assuntos dos quais ele está ciente que teriam requerido uma modificação da opinião, assim como os respectivos efeitos. Parágrafo da opinião Quando o auditor modifica sua opinião deve usar o título “Opinião com ressalva,” “Opinião adversa” ou “Abstenção de Opinião”, conforme apropriado, para o parágrafo da opinião. Quando o auditor expressa uma opinião com ressalva devido a uma distorção relevante nas demonstrações contábeis, ele deve especificar no parágrafo da AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 18 opinião que, em sua opinião, exceto pelos efeitos do(s) assunto (s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para opinião com ressalva: (a) as demonstrações contábeis estão apresentadas adequadamente, em todos os aspectos relevantes (ou apresentam uma visão verdadeira e justa), de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com uma estrutura que tem como objetivo a apresentação adequada das demonstrações contábeis; ou (b) as demonstrações contábeis foram elaboradas adequadamente, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com uma estrutura de conformidade. Quando a modificação é decorrente da impossibilidade de obter evidência apropriada e suficiente de auditoria, o auditor deve usar a correspondente frase “exceto pelos possíveis efeitos do(s) assunto(s) ...” para a opinião modificada. Quando o auditor expressa uma opinião adversa, ele deve especificar no parágrafo da opinião que, em sua opinião, devido à relevância do(s) assunto (s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para opinião adversa: (a) as demonstrações contábeis não estão apresentadas adequadamente (ou não apresentam uma visão verdadeira e justa), de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com uma estrutura que tem como objetivo a apresentação adequada; ou (b) as demonstrações contábeis não foram elaboradas adequadamente, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com a estrutura de conformidade. Quando o auditor se abstém de expressar uma opinião devido à impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, ele deve especificar no parágrafo da opinião que: (a) devido à relevância do(s) assunto(s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para abstenção de opinião, o auditor não conseguiu obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar sua opinião de auditoria; e, consequentemente, (b) o auditor não expressa opinião sobre as demonstrações contábeis. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 19 Descrição da responsabilidade do auditor quando expressa uma opinião com ressalva ou adversa Quando o auditor expressa uma opinião com ressalva ou adversa, ele deve alterar a descrição de sua responsabilidade no relatório para especificar que ele acredita que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar sua opinião modificada. Descrição da responsabilidade do auditor quando se abstém de expressar uma opinião Quando o auditorse abstém de expressar uma opinião devido à impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, ele deve alterar o parágrafo introdutório do relatório do auditor para especificar que foi contratado para examinar as demonstrações contábeis. O auditor também deve alterar a descrição da sua responsabilidade e a descrição do alcance da auditoria para especificar somente o seguinte: “Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis com base na condução da auditoria de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Em decorrência do(s) assunto (s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para abstenção de opinião, não conseguimos obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar uma opinião de auditoria.” Comunicação com os responsáveis pela governança Quando o auditor prevê modificar a opinião no seu relatório, ele deve comunicar aos responsáveis pela governança as circunstâncias que levaram à modificação prevista e o texto proposto da modificação. ALGUMAS SITUAÇÕES ESPECÍFICAS ENVOLVENDO PARECER DE AUDITORIA CONTIDAS NA DOUTRINA E MUITO COBRADAS EM CONCURSOS Hilário Franco e Ernesto Marra destacam abaixo os principais fatos ou razões para ressalva no parecer do auditor: ¾ Falta de comprovantes suficientes ou válidos. ¾ Demonstrações contábeis incompletas. ¾ Restrição ao alcance do exame. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 20 ¾ Afastamento dos princípios fundamentais de Contabilidade. ¾ Mudança nos princípios, ou método de sua aplicação, de um período para outro. ¾ Incertezas. LIMITAÇÃO NO ALCANCE DA AUDITORIA O auditor somente pode emitir um parecer sem ressalva se tiver condições de aplicar todos os procedimentos que ele considera necessários nas circunstâncias, inclusive aqueles exigidos pelas Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis. Podem ocorrer três situações quando há restrições sobre os procedimentos do auditor: ¾ Parecer sem ressalva: Nas restrições causadas pela administração ou pelas circunstâncias, se o auditor puder convencer-se por outros meios, ele poderá emitir parecer sem ressalva, sem mencionar a restrição. ¾ Parecer com ressalva: Se o alcance é restringido pelo cliente ou pelas circunstâncias e os procedimentos alternativos do auditor não lhe permitem evidência suficiente, o auditor pode julgar adequado e suficiente um parecer com ressalva. A ressalva se justifica em casos menos graves. Por exemplo, limitações relativas a um único item e que não representem parcela substancial da posição patrimonial e financeira e/ou do resultado das operações normalmente resultarão em parecer com ressalva. ¾ Abstenção de opinião: Se o alcance é restringido pelo cliente ou pelas circunstâncias e os efeitos estiverem relacionados com muitos itens das demonstrações contábeis, afetando um procedimento importante, o auditor deve abster-se de dar parecer. Se, por exemplo, o auditor for contratado após o encerramento do exercício e não conseguir firmar opinião sobre a existência física dos estoques, sendo estes de valor muito significativo e com efeitos potenciais relevantes em relação às demonstrações contábeis, não bastará parecer com ressalva, sendo necessário abstenção de opinião. DISCORDÂNCIAS RELATIVAS ÀS PRÁTICAS CONTÁBEIS UTILIZADAS Quando as demonstrações contábeis forem afetadas de maneira relevante pela adoção de prática contábil em desacordo com os Princípios Fundamentais de AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 21 Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, o auditor deve emitir parecer com ressalva ou adverso. Nos seus exames, o auditor pode identificar um ou mais aspectos em que as demonstrações contábeis estão afetadas pela adoção de práticas contábeis inadequadas e que podem representar motivos para ressalva em seu parecer. É de responsabilidade profissional do auditor discutir tais aspetos com a administração da entidade, com a brevidade e a antecedência possíveis, para que ela possa acatar suas sugestões e promover os ajustes contábeis necessários. Essa responsabilidade do auditor decorre do reconhecimento de que, para os usuários, demonstrações contábeis acompanhadas de parecer sem ressalva têm maior utilidade do que aquelas que contenham erros contábeis ou fraudes, mesmo que o parecer que as acompanhe as discrimine e quantifique mediante ressalvas. Os desvios apurados pelo auditor, mas não acatados pela administração, representam divergências para o auditor, o qual deve decidir sobre os efeitos no seu parecer. Essa decisão deve considerar a natureza dos assuntos e sua relevância, e sempre que tiverem, individual ou conjuntamente, efeitos relevantes, o auditor expressará opinião com ressalva ou adversa. AFASTAMENTO DE UM PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DE CONTABILIDADE Um afastamento relevante de um princípio fundamental de contabilidade exige parecer com ressalva, ou adverso, se as demonstrações foram examinadas de acordo com as normas de auditoria. Os fatos a levar em conta ao decidir sobre relevância podem ser de natureza quantitativa (magnitude em valores monetários) e qualitativa (Importância de um item para o trabalho de auditoria; número de itens atingidos das demonstrações e impacto sobre as demonstrações contábeis como um todo). Porém, cuidado! Se o auditor puder demonstrar que a aplicação de um princípio de contabilidade em vigor seria desorientadora, ele pode apresentar parecer sem ressalva. Em parágrafo intermediário explicativo, entretanto, deve ser descrito o afastamento do princípio em vigor, os efeitos aproximados do mesmo, assim como a razão pela qual a obediência ao princípio em vigor pode ser desorientadora para o usuário da demonstração contábil. ENTIDADES DE ATIVIDADE REGULAMENTADA OU SUJEITAS À LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 22 Há inúmeros setores de atividade que têm legislação, normas ou regulamentos específicos, ditados por órgãos governamentais, que abrangem, também, critérios contábeis. Algumas dessas entidades prestam serviços públicos, como as de energia elétrica e telefonia, as instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, as empresas de seguros, as empresas de transporte aéreo e outras. Tais entidades têm, como as demais, responsabilidades com seus acionistas, quotistas, debenturistas, instituições financeiras e outros credores, funcionários e público em geral. A prestação de contas a tais usuários é feita, principalmente, por meio de demonstrações contábeis exigidas pela legislação societária ou específica, que devem atender a seus critérios e ser elaboradas segundo os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Além dessa responsabilidade, tais entidades devem reportar-se aos órgãos governamentais reguladores correspondentes. A responsabilidade do auditor está voltada aos usuários em geral, atendidos pelas demonstrações contábeis divulgadas, devendo emitir sua opinião com base nos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Em face da especificidade dos órgãos reguladores, cujo teor ainda não conste das Normas Brasileiras de Contabilidade e que não conflitem com os Princípios Fundamentais de Contabilidade, podem ser admitidos pelo auditor na Fundamentação de seu parecer. O modelo de parecer também é aplicável a essas entidades regulamentadas. Assim, os desvios dos Princípios Fundamentais de Contabilidade originados na legislaçãoou nas normas regulamentares específicas devem ser tratados de maneira idêntica à observada nas demais entidades, contendo ressalva ou opinião adversa, sempre que relevante. CUIDADO: Vimos que para essas entidades, os desvios dos Princípios Fundamentais de Contabilidade originados na legislação ou nas normas regulamentares específicas ensejam parecer com ressalva ou opinião adversa, sempre que relevante. Contudo, em prova, se tivermos duas opções: parecer com ressalva ou parecer adverso, para ser parecer adverso, o enunciado tem que apontar além da relevância, a disseminação das distorções. A simples divergência entre uma prática e um princípio decorrente de uma orientação/norma específica de um órgão regulador seria objeto de ressalva. INCERTEZAS AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 23 Conforme os ensinamentos de Franco e Marra, cujo livro já nos referimos anteriormente, incertezas são ocorrências que podem influenciar as demonstrações contábeis ou as revelações nelas contidas, mas que não se prestam a estimativas razoáveis. Podem estar relacionadas a fatos específicos, cujos possíveis efeitos podem ser isolados, ou a fatos complexos, com impacto, nas demonstrações contábeis, difícil de avaliar. Atenção! Diante de incertezas relevantes e dependendo das circunstâncias o auditor pode emitir um parecer sem ressalva, com ressalva, adverso ou com abstenção de opinião. Vejamos cada situação: Situação 1 - Quando ocorrer incerteza em relação a fato relevante, cujo desfecho poderá afetar significativamente a posição patrimonial e financeira da entidade, bem como o resultado das suas operações, deve o auditor adicionar um parágrafo de ênfase em seu parecer, após o parágrafo de opinião, fazendo referência à nota explicativa da administração, que deve descrever de forma mais extensa, a natureza e, quando possível, o efeito da incerteza. Na hipótese do emprego de parágrafo de ênfase, o parecer permanece na condição de parecer sem ressalva. Situação 2 - Se o auditor concluir que a matéria envolvendo incerteza relevante não está adequadamente divulgada nas demonstrações contábeis, o seu parecer deve conter ressalva ou opinião adversa, pela omissão ou inadequação da divulgação. Situação 3 - Quando a abstenção de opinião decorrer de incertezas relevantes, o auditor deve expressar, no parágrafo de opinião, que, devido à relevância das incertezas descritas em parágrafos intermediários específicos, não está em condições de emitir opinião sobre as demonstrações contábeis. Novamente a abstenção de opinião não elimina a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, os desvios relevantes que normalmente seriam incluídos como ressalvas. ÊNFASE DE UM ASSUNTO Como já expusemos nesta aula, podem existir situações que o auditor pretenda enfatizar em seu parecer, permanecendo o parecer sem ressalva. Exemplos de itens que os auditores podem querer enfatizar: ¾ a entidade é componente de um empreendimento maior; ¾ transações importantes efetuadas com partes relacionadas; AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 24 ¾ evento subseqüente relevante; ¾ assunto contábil que afeta a comparabilidade. Contudo, são muito freqüentes em prova questões envolvendo o tipo de parecer a ser emitido pelo auditor, quando ocorrer incerteza em relação a fato relevante, cujo desfecho poderá afetar significativamente a posição patrimonial e financeira da entidade, bem como o resultado das suas operações. Diante dessas circunstâncias, o auditor deve enfatizar esses fatos em seu parecer. Nesse sentido, o tipo de parecer será sem ressalva, com parágrafo de ênfase. Conforme Franco e Marra, no caso de inclusão de parágrafo especial, com o fim único de divulgar ou enfatizar determinados fatos, frases como “Com a explicação abaixo mencionada” não devem ser usadas no parágrafo do parecer. Um parágrafo especial enfatizando um item deve ser usado somente nos casos raros em que o auditor pretende emitir parecer sem ressalva, mas considera o item suficientemente importante e deseja chamar a atenção sobre ele em seu relatório. Esta informação não deve ser mencionada no parágrafo da opinião. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMPARATIVAS Quando o auditor emite seu parecer sobre demonstrações contábeis do ano corrente e do ano anterior, deve avaliar o impacto, sobre estas últimas, de circunstâncias e eventos de que eventualmente tome conhecimento ao examinar as demonstrações do exercício atual. Dependendo da relevância desse impacto, o auditor deve avaliar a necessidade de emitir parecer, sobre aquelas demonstrações contábeis, diferente do anteriormente emitido. Primeira auditoria de uma entidade Nos casos de primeira auditoria de uma entidade que divulgue comparativamente os valores relativos ao exercício anterior, o auditor deve, no parágrafo referente à identificação das demonstrações contábeis examinadas, fazer menção exclusiva ao exercício examinado e destacar, em parágrafo específico, o fato de que as demonstrações contábeis do exercício anterior não foram examinadas por auditores independentes, expressando a abstenção de opinião sobre elas. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 25 Para expressar opinião sem ressalva acerca das demonstrações contábeis do exercício atual, são necessários procedimentos de auditoria sobre os saldos de encerramento do exercício anterior quanto às contas de formação histórica e quanto à verificação da uniformidade de aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade. Se tais procedimentos foram efetuados e não evidenciaram nenhuma situação que represente limitação no exame do exercício atual, a redação do parecer pode obedecer ao seguinte modelo: “(1) Examinamos o balanço patrimonial da Empresa ABC, levantado em 31 de dezembro de 19X1, e as ...”. “(2) Nosso exame foi conduzido de acordo com as normas de auditoria e compreendeu: ...”. “(3) Em nossa opinião, as demonstrações contábeis referidas no parágrafo 1º representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Empresa ABC em 31 de dezembro de 19X1, o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e as origens e aplicações de seus recursos, referentes ao exercício findo naquela data, de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade.” “(4) Não examinamos, nem foram examinadas por outros auditores independentes, as demonstrações contábeis do exercício findo em 31 de dezembro de 19X0, cujos valores são apresentados para fins comparativos e, conseqüentemente, não emitimos opinião sobre elas.” Se os procedimentos adicionais sobre os saldos de encerramento não tiverem a extensão necessária que permita ao auditor segurança quanto à não-existência de efeitos relevantes sobre o resultado do exercício, as mutações do patrimônio líquido e as origens e aplicações de recursos, ele deve decidir a espécie de opinião a ser emitida, em função dos efeitos potenciais e da evidência de que disponha em relação a tais demonstrações contábeis, podendo optar por opinião com ressalva ou até por abstenção de opinião. Nessas circunstâncias, o parecer com ressalva, relativo ao exercício atual, poderia ter a seguinte redação: “(1) Examinamos o balanço patrimonial da Empresa ABC, levantado em 31 de dezembro de 19X1, e as ...”. “(2) Exceto pelo mencionado no parágrafo 3º, nosso exame foi conduzido de acordo com as normas de auditoria e compreendeu: (a) o planejamento...”. “(3) Não examinamos, nem foram examinadas por outros auditores independentes, as demonstrações contábeis do exercício findo em 31 de dezembro de 19X0, cujos valores são apresentados para fins comparativos e, conseqüentemente, não emitimos opinião sobre elas. Além disso, os procedimentos AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 26 adicionais aplicados, decorrentes de primeira auditoria, sobre transações e valores que compõem os saldos em 31 de dezembro de 19X0, não foram suficientes para assegurar que eventuais distorções nos referidos saldos não tenham efeitos relevantes sobre o resultado do exercício, as mutações do patrimônio líquido e as origens e aplicações de recursos do exercício findo em 19X1”. “(4) Em nossa opinião, as demonstrações contábeis referidas no parágrafo 1º representam adequadamente, em todos os aspetos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Empresa ABC em 31 de dezembro de 19X1, bem como – exceto quanto aos efeitos de possíveis ajustes que poderiam resultar do exame das demonstrações contábeis do exercício anterior, conforme comentado no parágrafo 3º - o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e as origens e aplicações de seus recursos referentes ao exercício findo naquela data, de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade”. Demonstrações contábeis comparativas quando as do exercício anterior foram examinadas por outros auditores Quando as demonstrações contábeis são divulgadas de forma comparativa com as do exercício anterior e há mudança de auditores, surge a questão do tratamento dos pareceres relativos aos dois exercícios. A entidade auditada pode optar por publicar o parecer relativo ao atual exercício e também o parecer dos que examinaram o exercício anterior. Nesse caso, o auditor do exercício corrente referir-se-á em seu parecer somente às demonstrações contábeis do exercício que examinou. Todavia, nada impede a divulgação somente do parecer relativo ao último exercício. Neste caso, o auditor deve mencionar nele que as demonstrações contábeis do exercício anterior foram examinadas por outros auditores, referindo a data do parecer destes, expressando as eventuais ressalvas, seus efeitos e possíveis reflexos no exercício atual. Como mencionado anteriormente, para expressar opinião sem ressalva sobre as demonstrações contábeis do exercício atual, o auditor deve aplicar procedimentos de auditoria sobre os saldos existentes no encerramento do exercício anterior, incluindo a verificação da uniformidade de aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade. Quando as demonstrações contábeis do ano anterior forem examinadas por outro auditor, parte da evidência necessária sobre aqueles saldos poderá ser obtida mediante a revisão dos seus papéis de trabalho. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 27 Nessa circunstância, o parecer, nos parágrafos de identificação e de opinião, referir-se-á somente ao exercício atual e em parágrafo próprio, será mencionado que o exame do exercício anterior foi efetuado por outro auditor. Exemplo: “(4) As demonstrações contábeis relativas ao exercício findo em 31 de dezembro de 19X0 foram examinadas por auditores independentes, que emitiram parecer, sem ressalva (ou indicar as correspondentes ressalvas), datado de . .... de ...................... de 19X1”. Reflexos quando houver aceitação do trabalho de outros auditores Quando o auditor aceita o parecer de outros auditores, por não ter evidências que indiquem restrições aos seus trabalhos e conclusões, deve destacar no seu parecer a divisão de responsabilidades. Assim, por exemplo, quando as demonstrações contábeis de entidades contro- ladas e/ou coligadas, correspondentes a investimentos relevantes, foram auditadas por outro auditor, que tenha emitido parecer sem ressalva sobre elas, a redação do parecer poderá ser a seguinte: “(1) Examinamos os balanços ... administração. Nossa responsabilidade ... contábeis. As demonstrações contábeis da controlada X S.A, relativas aos exercícios findos em 31 de dezembro de 19X1 e 19X0 , foram examinadas por outros auditores independentes, e a nossa opinião, no que diz respeito aos investimen- tos no valor de R$. . ....., em 31 de dezembro de 19X1 (19X0 – R$........), e dos resultados decorrentes dessa controlada, no valor de R$.............., em 31 de dezembro de 19X1 (19X0 – R$ .............), está baseada no parecer desses auditores.” (2) Redação normal. (3) Em nossa opinião, com base em nossos exames e no parecer de outros auditores independentes, as demonstrações contábeis...”. Entende-se, nesse exemplo, que os dados indispensáveis, referentes aos in- vestimentos na controlada e/ou coligada, estão adequadamente divulgados em notas explicativas. A referência ao parecer dos outros auditores, mesmo sem a indicação do conteúdo de sua opinião, significa que: “(a) o parecer dos outros auditores não teve ressalvas ou teve ressalvas que não afetam a posição patrimonial e financeira e os resultados da investidora”; e “(b) não há nenhuma restrição aos seus trabalhos e conclusões”. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 28 Quando, todavia, o outro auditor emitiu parecer com ressalva, adverso, ou com abstenção de opinião, o auditor deve analisar se o motivo é de tal relevância que afete o seu próprio parecer, em relação às demonstrações contábeis da investidora. Neste caso, o auditor deve ampliar a referência feita no parágrafo intermediário, indicando a data do parecer, a natureza do problema e seus efeitos nas demonstrações contábeis da investidora. Quando os efeitos não forem relevantes, não é necessário mencioná-los no parecer do auditor da investidora. Reflexo quando o auditor não puder utilizar o trabalho dos outros auditores O auditor deve emitir parecer com ressalva ou abstenção de opinião quando concluir, baseado nos procedimentos recomendados, que o trabalho dos outros auditores não pode ser utilizado, e que não pode aplicar procedimentos adicionais suficientes com relação às demonstrações contábeis da controlada e/ou coligada, ou ao item sobre o qual os outros auditores emitiram parecer. Pessoal, após abordarmos os principais aspectos normativos acerca do parecer do auditor independente, entendemos importante apresentar um quadro resumo, para facilitar o aprendizado e possibilitar breve revisão da aula. QUADRO RESUMO SOBRE OS TIPOS DE OPINIÃO CARACTERÍSTICA APRESENTADA TIPO DE OPINIÃO - Quando o auditor conclui que as demonstrações contábeis são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. Não modificada (Sem ressalva) - Quando as demonstrações contábeis apresentam distorções irrelevantes. Não modificada - Quando as demonstrações contábeis apresentam distorções relevantes, mas o efeito não é generalizado. Ressalva - Quando as demonstrações contábeis apresentam distorções relevantes e o efeito é generalizado. Adversa - Diante de impossibilidade de obter evidência de auditoria Ressalva AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 29 apropriada e suficiente, mas o efeito não é generalizado. - Diante de impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente e o efeito poderia ser relevante e generalizado. Abstenção de opinião- Quando o auditor, em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas, conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis devido à possível interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis. Abstenção de opinião - Auditoria de entidades públicas ou privadas, sujeitas à regulamentação específica, quanto à adoção de normas contábeis próprias ao segmento econômico, quando elas forem significativamente conflitantes com a estrutura de relatório financeiro aplicável ou lei e regulamento aplicáveis. Ressalva - Quando o auditor conclui que o efeito de qualquer discordância ou restrição na extensão de um trabalho não é de tal magnitude que requeira opinião adversa. Ressalva - Quando as demonstrações contábeis foram elaboradas com base na continuidade operacional, mas no julgamento do auditor, o uso do pressuposto da continuidade operacional pela administração nas demonstrações contábeis é inapropriado. Adversa - Quando ocorrer incerteza em relação a fato relevante, cujo desfecho poderá afetar significativamente a posição patrimonial e financeira da entidade, bem como o resultado das suas operações. Adicionar Parágrafo de Ênfase Vamos agora comentar algumas questões sobre parecer do auditor independente das demonstrações contábeis. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 30 Como de praxe, para aqueles que preferem primeiro resolver as questões e depois comparar com os nossos comentários, relacionamos as questões ao final da aula sem os comentários. 1) (AFC/CGU/ESAF/2008) De acordo com a NBC-T-11, o Parecer do Auditor Independente, segundo a natureza da opinião que contém, pode ser classificado das seguintes formas, exceto: a) parecer sem ressalva. b) parecer com ressalva. c) parecer irregular. d) parecer adverso. e) parecer com abstenção de opinião. Solução: Os tipos de parecer do auditor independente são sem ressalva, com ressalva, adverso e abstenção de opinião. A letra “c” constitui o gabarito da questão. 2) (SEFAZ/SP/ESAF/2009) Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas da seguinte frase: “O auditor deve emitir parecer ______(1)______ quando verificar que as demonstrações contábeis estão incorretas ou incompletas, em tal magnitude que impossibilite a emissão do parecer ______ (2)______.” a) (1) adverso // (2) com ressalva b) (1) com ressalva // (2) adverso c) (1) com abstenção de opinião // (2) com ressalva d) (1) com abstenção de opinião // (2) adverso e) (1) adverso // (2) com abstenção de opinião Solução: Em conformidade com a norma de auditoria, “o auditor deve emitir parecer adverso quando verificar que as demonstrações contábeis estão incorretas ou incompletas, em tal magnitude que impossibilite a emissão do parecer com ressalva”. A letra “a” é a correta. 3) (ACE/TCE-TO/CESPE/2009) O parecer dos auditores independentes é o documento mediante o qual os mesmos expressam sua opinião acerca das demonstrações contábeis nele indicadas. Acerca desse assunto, assinale a opção correta. A Por meio do parecer, o auditor assume responsabilidade de ordem privada, de natureza estritamente contratual. B O parecer deve ser assinado por contador ou técnico de contabilidade regularmente registrado em CRC. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 31 C A data do parecer deve corresponder a das demonstrações que tenham sido auditadas. D O auditor, mesmo abstendo-se de emitir opinião a respeito das demonstrações, é responsável por mencionar qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário das informações. E Em caso de incerteza acerca de fato relevante, o auditor deve abster-se de opinar, desde que haja nota explicativa da administração relacionada ao fato. Solução: A alternativa “A” está incorreta, pois além da responsabilidade de ordem privada e contratual, o auditor assume também uma responsabilidade profissional e coletiva. Cabe lembrar que existem muitos usuários interessados no parecer do auditor. A alternativa “B” está incorreta, pois somente o contador com registro no CRC pode assinar o parecer. A alternativa “C” está incorreta, pois a data do parecer deve corresponder ao dia de encerramento dos trabalhos de campo. A alternativa “D” está correta, pois a abstenção de opinião não elimina a responsabilidade do auditor de mencionar qualquer desvio relevante que normalmente seria incluído como ressalva no seu parecer e que, portanto, possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. O gabarito é a letra D. A alternativa “E” está incorreta, pois a abstenção de opinião não está relacionada à divulgação do fato em Nota Explicativa da Administração. Diante de uma incerteza relevante, cujos fatos estejam devidamente divulgados em Notas Explicativas, o auditor pode deixar de ressalvar o seu parecer, optando por um parágrafo de ênfase. A abstenção de opinião ocorre se o auditor não conseguir reunir evidências suficientes para fundamentar sua opinião e, nesse caso, independe se os fatos estejam devidamente divulgados em Notas Explicativas. 4) (ICMS/SP/FCC/2009) O auditor externo, ao se deparar com algum passivo que represente para a empresa uma incerteza relevante, deve emitir parecer (A) com ressalva e limitação de escopo do trabalho. (B) sem ressalva e com limitação de escopo do trabalho. (C) adverso, evidenciando a incerteza constatada. (D) sem ressalva e com parágrafo adicional de ênfase. (E) com negativa de opinião e limitação de escopo. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 32 Solução: Conforme os ensinamentos de Franco e Marra, incertezas são ocorrências que podem influenciar as demonstrações contábeis ou as revelações nelas contidas, mas que não se prestam a estimativas razoáveis. Podem estar relacionadas a fatos específicos, cujos possíveis efeitos podem ser isolados, ou a fatos complexos, com impacto, nas demonstrações contábeis, difícil de avaliar. Muitos candidatos confundem incerteza relevante com uma distorção relevante, concluindo que o parecer do auditor, nesse caso, seria com ressalva ou até mesmo abstenção de opinião. Isso é um engano! Se o enunciado mencionar apenas incerteza relevante, o parecer a ser emitido pelo auditor é sem ressalvas, acrescentando um parágrafo de ênfase ao final, fazendo referência à nota explicativa da administração, que deve descrever de forma mais extensa, a natureza e, quando possível, o efeito da incerteza. A letra D é a correta. 5) (Questão extraída do livro “Auditoria Contábil” - Crepaldi, Atlas) Dadas as situações a seguir, identifique, na respectiva ordem, quais os tipos de parecer de auditoria mais adequados a cada situação: I - O auditor constatou que a empresa Alpha S.A somente faturava parte de suas mercadorias vendidas e que boa parte das mercadorias compradas entravam sem documentação hábil. II - O auditor constatou que a empresa Beta S.A não estava reconhecendo os juros e as variações monetárias de seus contratos de financiamento junto ao Banco Empresa Tudo S.A, efetuando a contabilização somente no pagamento do empréstimo. III - O auditor, ao executar os trabalhos na empresa Gama S.A encontrou divergências no cálculo da provisão para contigências trabalhistas. Ao analisar a relevância dos números, percebeu que os mesmos não afetavam as demonstrações contábeis. IV - O auditor, ao avaliar asdemonstrações financeiras da empresa Omega S.A, não conseguiu compor o saldo das contas de financiamento concedidos, nem das contas de investimentos. a) com ressalva, adverso, abstenção de opinião e sem ressalva. b) adverso, abstenção de opinião, sem ressalva e com ressalva. c) adverso, com ressalva, sem ressalva e abstenção de opinião. d) abstenção de opinião, sem ressalva, com ressalva e adverso. e) com ressalva, com ressalva, sem ressalva e adverso. Solução: Vamos analisar cada afirmativa da questão: AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 33 Item I - O auditor constatou que a empresa Alpha S.A somente faturava parte de suas mercadorias vendidas e que boa parte das mercadorias compradas entravam sem documentação hábil: ¾ o enunciado dá a entender que a irregularidade correspondia a um ato fraudulento e a afirmação de que não havia documentação hábil para boa parte das mercadorias compradas pela empresa é forte e, obviamente, com impacto relevante e extenso nas demonstrações, razão pela qual, o parecer do auditor mais adequado ao caso seria o adverso. Item II - O auditor constatou que a empresa Beta S.A não estava reconhecendo os juros e as variações monetárias de seus contratos de financiamento junto ao Banco Empresa Tudo S.A, efetuando a contabilização somente no pagamento do empréstimo. ¾ perceba que a empresa está descumprindo o princípio contábil fundamental da competência, deixando de reconhecer as despesas com juros e encargos financeiros no momento de sua incorrência. Portanto, o parecer do auditor poderia ser com ressalva ou adverso, dependendo da extensão e impacto nas demonstrações contábeis. Item III - O auditor, ao executar os trabalhos na empresa Gama S.A encontrou divergências no cálculo da provisão para contingências trabalhistas. Ao analisar a relevância dos números, percebeu que os mesmos não afetavam as demonstrações contábeis. ¾ considerando que as divergências encontradas pelo auditor não afetavam as demonstrações, ou seja, estavam compatíveis com o nível de relevância estabelecido e, portanto, não distorciam significativamente as demonstrações a ponto de prejudicar os usuários, o parecer deveria ser sem ressalva. Item IV - O auditor, ao avaliar as demonstrações financeiras da empresa Omega S.A, não conseguiu compor o saldo das contas de financiamento concedidos, nem das contas de investimentos. ¾ significa que o auditor, em função de uma limitação em seus procedimentos, não conseguiu coletar evidências sobre o saldo das contas de financiamento e de investimentos. Em função da relevância desta restrição e de sua extensão, o parecer seria com abstenção de opinião. Assim, a única alternativa que expressa corretamente os possíveis tipos de parecer em função das circunstâncias informadas nos itens da questão é a letra “c”. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 34 6) (Questão elaborada pelo professor) Sobre as normas relativas ao parecer de auditoria independente, podemos afirmar: A) a data do parecer deve corresponder ao dia do encerramento do exercício da entidade. B) a discordância com a administração da entidade a respeito do conteúdo e forma de apresentação das demonstrações contábeis deve conduzir à opinião com ressalva ou à abstenção de opinião, com os esclarecimentos que permitam a correta interpretação dessas demonstrações. C) a limitação na extensão do trabalho deve conduzir à opinião com ressalva ou a parecer adverso. D) o auditor deve emitir parecer adverso quando verificar que as demonstrações contábeis estão corretas, em tal magnitude, que impossibilite a emissão do parecer com ressalva. E) o parecer sem ressalva indica que o auditor está convencido de que as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, à legislação específica. Solução: Na letra A, o correto seria: a data do parecer deve corresponder à data de conclusão dos trabalhos de auditoria na entidade. Na letra B, a discordância com a administração da entidade a respeito do conteúdo e forma de apresentação das demonstrações contábeis deve conduzir à opinião com ressalva ou adversa. Na letra C, a limitação na extensão deve conduzir à opinião com ressalva ou a parecer com abstenção de opinião. Na letra D, o auditor deve emitir parecer adverso quando verificar que as demonstrações contábeis estão incorretas, em tal magnitude, que impossibilite a emissão do parecer com ressalva. A letra E é a única alternativa correta. O parecer sem ressalva é emitido quando o auditor conclui, sobre todos os aspectos relevantes, que: a) as demonstrações contábeis foram preparadas de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade; e b) há apropriada divulgação de todos os assuntos relevantes às demonstrações contábeis. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 35 7) (Questão elaborada pelo professor) Acerca das normas relativas ao parecer de auditoria independente, podemos afirmar: A) a incerteza quanto à realização de um ativo mensurado em bases razoáveis e considerado relevante para as demonstrações contábeis da entidade auditada implica a emissão de um parecer com ressalva. B) o exame das demonstrações contábeis de sociedades controladas e/ou coligadas, relevantes, por outros auditores independentes, implica a obrigação para o auditor da sociedade controladora de ressalvar seu parecer, por esse fato. C) uma limitação relevante na extensão do trabalho do auditor independente pode implicar a emissão de parecer com ressalva ou adverso. D) se o auditor independente não puder utilizar os trabalhos de outros auditores e, também, não tiver condições de aplicar procedimentos adicionais suficientes nas demonstrações contábeis de coligadas ou controladas, por eles auditadas, deve emitir parecer contendo ressalva ou com abstenção de opinião. E) a abstenção de opinião em relação às demonstrações contábeis tomadas em conjunto elimina a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, qualquer desvio relevante constatado. Solução: Na letra A, como vimos anteriormente, a incerteza quanto à realização de um ativo mensurado em bases razoáveis e considerado relevante para as demonstrações contábeis da entidade auditada implica na emissão de um parecer sem ressalva e com parágrafo de ênfase. Item incorreto. Na letra B, o exame das demonstrações contábeis de sociedades controladas e/ou coligadas, relevantes, por outros auditores independentes, implica a obrigação para o auditor da sociedade controladora de divulgar esse fato em seu parecer sem ressalva. Item incorreto. Na letra C, uma limitação relevante na extensão do trabalho do auditor independente pode implicar a emissão de parecer com ressalva ou com abstenção de opinião. Item incorreto. A letra D é a correta. Se o auditor independente não puder utilizar os trabalhos de outros auditores e, também, não tiver condições de aplicar procedimentos adicionais suficientes nas demonstrações contábeis de coligadas ou controladas, por eles auditadas, deve emitir parecer contendo ressalva ou com abstenção de opinião. AUDITORIA PARA ISS-BH – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: JORGE ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 36 Na letra E, o correto seria afirmar que a abstenção de opinião em relação às demonstrações contábeis tomadas em conjunto não elimina a responsabilidade
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