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Geralmente o diagnóstico de LLC típico de células B é feito ao acaso em um hemograma completo de rotina, ou por outro motivo qualquer. Deve-se atentar para pacientes com linfadenopatia recente, infecções freqüentes, e fadiga. A anemia auto-imune, a trombocitopenia auto-imune e aplasia eritróide, chamam a atenção para LLC. Quando a doença se apresenta como linfoma, o sinal mais comum é a linfadenopatia assintomática recente, com ou sem esplenomegalia. O estadiamento da LLC típica de células B pode ser feito pelo sistema de RAI, e pelo sistema de BINET, dando uma avaliação do prognóstico. O prognóstico do linfoma de pequenos linfócitos é dado pela IPI para linfoma não Hodgkin. A análise molecular dessas doenças demonstrou que metade dos pacientes tem tumores que expressam genes mutantes das imunoglobulinas (melhor prognóstico), e a outra metade tem tumores que não expressam genes mutantes das imunoglobulinas (pior prognóstico). Tratamento: - Pacientes que têm LLC típica de células B sem manifestações da doença, exceto comprometimento da medula óssea e linfocitose (estágio A de BINET e 0 de RAI), podem ser acompanhados sem tratamento específico do câncer (têm sobrevida mediana >10 anos). - No estágio intermediário da doença (linfadenopatia e/ou hepatoesplenomegalia) também não há tratamento se houver um numero adequado de células sanguíneas normais circulantes (sobrevida de 7 anos, e alguns necessitarão de tratamento apenas nos primeiros anos de acompanhamento). - Aqueles que apresentam insuficiência medular (III ou IV de RAI ou C de BINET) necessitam de terapia inicial em quase todos os casos. Esses pacientes apresentam doença grave, com sobrevida mediana de 1,5 anos. - As manifestações imunológicas da LLC devem ser tratadas de forma independente da terapia antileucêmica (corticóide para citopenia, reposição de gamaglobulina na hipogamaglobulinemia). - Cerca de 75% dos pacientes com linfoma de pequenos linfócitos e baixo escore do IPI têm sobrevida de 5 anos. Aqueles com IPI mais alto apresentam taxa de sobrevida < 40% após 5 anos, necessitando de terapia precoce. Os tratamentos mais comuns para LLC de células B/ linfoma de pequenos linfócitos são a monoterapia com clorambucil ou fludarabina, os dois agentes combinados ou a poliquimioterapia (+ rituximab, ciclofosfamida, etc). A fludarabina está associada ao desenvolvimento de imunosupressão, mas é o único fármaco associado ao desenvolvimento de remissão completa. Para pacientes jovens os esquemas com fludarabina são os tratamentos de escolha. Para pacientes idosos os esquemas com clorambucil são os tratamentos de escolha. Para o tratamento dos linfomas os esquemas com fludarabina são preferíveis em relação à poliquimioterapia. Os pacientes jovens podem fazer transplante de medula óssea alogênica, mas há alta mortalidade com o tratamento. - Linfoma de células B da zona marginal extranodal do tipo MALT: Representa cerca de 8% dos linfomas não- Hodgkin. É um linfoma de células pequenas que se manifesta em locais extranodais. Os sintomas mais comuns são os gastrointestinais. O diagnóstico é feito por um hematopatologista experiente, com o padrão característico de infiltração dos pequenos linfócitos que são CD5- negativos e consistem em células B monoclonais. Em alguns casos, pode haver transformação em linfoma difusa de grandes células B, e ambos os diagnósticos podem ser estabelecidos na mesma biópsia. O diagnóstico diferencial inclui outros linfomas de pequenas células B, e infiltração linfocítica benigna de órgãos extranodais. Este linfoma pode ocorrer no estômago, na órbita, no intestino, nos pulmões, na tireóide, nas glândulas salivares, na pele, nos tecidos moles, na bexiga, nos rins e no SNC. Pode ser diagnosticado apenas como massa recente, ou estar relacionado com sintomas locais (ex: desconforto gástrico). A maioria dos linfomas MALT é na forma gástrica. 95% dos linfomas gástricos estão associados à infecção por H.Pylori. Em 40% dos casos esses linfomas se localizam no órgão de origem, em 30% nesse órgão e linfonodos locais, e alguns outros casos exibem metástases à distância (principalmente os que evoluem para linfoma difuso de células B grandes). Muitos pacientes passam a apresentar alguma alteração autoimune como tireoidite de Hashimoto (MALT de tireóide), síndrome de Sjogren (MALT de glândulas salivares), ou gastrite por H.Pylori. Os pacientes com linfoma gástrico devem ser submetidos a exames para avaliar a presença de H.Pylori, USG e endoscopia. O prognóstico costuma ser satisfatório na maioria dos MALT. Quando esse linfoma é localizado pode ser curado com radioterapia ou cirurgia. Em casos de MALT gástrico deve-se tratar o H.Pylori também. Os pacientes com neoplasia mais extensa são tratados com monoquimioterapia com Clorambucil. O linfoma de células B grandes coexistente deve ser tratado com poliquimioterapia. - Linfoma de células do manto: Representa 6% dos linfomas não-Hodgkin. Possui a translocação t(11;14). O diagnóstico é feito pelo hematopatologista. O diagnóstico diferencial é feito com outros linfomas de células B pequenas, em particular o linfoma linfocítico (ambos são CD5 positivos). A manifestação mais comum é a linfadenopatia palpável, acompanhada de sintomas sistêmicos. Geralmente, os pacientes diagnosticados já estão no estágio IV, com comprometimento da medula óssea e do sangue periférico. O comprometimento gastrointestinal é o mais importante. Pacientes com polipose linfomatosa geralmente têm linfoma de células do manto. Os pacientes com comprometimento gastriintestinal costumam apresentar comprometimento do anel de Waldeyer e vice-versa. Pacientes diagnosticados com IPI baixo têm 50% de taxa de sobrevida após 5 anos. Os pacientes com doença localizada podem ser tratados com poliquimioterapia e radioterapia, mas esses casos são muito raros. Geralmente a terapia é pouco eficiente. - Linfoma folicular: São responsáveis por 22% dos linfomas não- Hodgkin no mundo. O diagnóstico é estabelecido pelo hematopatologista avaliando a biópsia. O tumor é constituído por pequenas células clivadas e grandes células em proporções variadas, organizadas em um padrão de crescimento folicular. O imunofenótipo de células B, a t(14;18) e a mutação da BCL-2 confirmam o diagnóstico. O principal diagnóstico diferencial é a hiperplasia folicular reativa. Pode haver coexistência de linfoma difuso de células B grandes. Os pacientes com linfoma folicular são dividios em: portadores de linfoma folicular predominantemente de pequenas células, mistas ou grandes células. Essa divisão não é muito precisa, mas tem muita importância no prognóstico. Aqueles com predomínio de células grandes têm maior padrão de crescimento, e apresentam menor sobrevida com quimioterapia simples. A manifestação mais importante é a linfadenopatia recente e indolor. É comum o acometimento de diversos sítios linfóides, como os epitrocleares. Praticamente todos os órgãos podem ser acometidos, podendo haver acometimento extranodal. A maioria não apresenta febre, perda ponderal ou sudorese. A maioria apresenta baixo escore de IPI. Essa é uma das neoplasias mais sensíveis à quimio e radioterapia. Além disso, até 25% sofrem regressão espontânea sem tratamento. No paciente sem sintomas, a ausência de tratamento inicial é uma boa estratégia (principalmente idosos). Para aqueles que precisam de tratamento, a monoterapia com Clorambucil ou ciclofosfamida, ou poliquimioterapia com CHOP ou CVP são freqüentemente utilizadas. Com tratamento adequado, 50-75% sofrem remissão completa. A maioria sofre recidiva, mas 20% continuam em remissão completa por >10 anos. Os pacientes