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com linfoma folicular com predomínio de células grandes têm sobrevida mais curta com quimioterapia simples. Esses pacientes devem ser tratados com esquemas agressivos de poliquimioterapia contendo antraciclina. Com esse tipo de tratamento a taxa de sobrevida se iguala à dos outros linfomas foliculares. É comum ocorrer transformação em linfoma difuso de células B grandes (40% dos casos). A transformação é anunciada geralmente por um rápido crescimento dos linfonodos, e aparecimento de sintomas sistêmicos como febre, sudorese e perda de peso. Apesar de o prognóstico ser pior, com o tratamento agressivo alguns casos sofrem remissão completa, deixando o paciente apenas com o linfoma folicular persistente. - Linfoma difuso de células B grandes: É o tipo mais comum de linfoma não-Hodgkin (33%). O diagnóstico pode ser feito com um hematopatologista experiente com a revisão de uma biópsia adequada, e prova de imunofenótipo das células B. Não há necessidade de estudos citogenéticos ou de genética molecular. Há um subgrupo chamado de linfoma difuso de células B grandes mediastínico primário (acometimento mediastínico). Esse grupo costuma ser de pacientes mais jovens e do sexo feminino. O linfoma difuso de células B grandes pode se manifestar como doença primária dos linfonodos ou em locais extranodais. Os acometimentos extranodais mais comuns são do TGI e medula óssea, mas qualquer órgão pode ser acometido, logo, deve-se fazer a biopsia diagnóstica. O tratamento inicial deve consistir em poliquimioterapia com CHOP + Rituximab. Pacientes com doença nos estágios I e II devem fazer 4 ciclos de quimio + 1 de rádio. Para doentes com doença nos estágios III ou IV, geralmente são feitos 6 a 8 ciclos de CHOP + Rituximab. O prognóstico depende do estado de evolução do linfoma. Linfomas com IPI baixo têm taxa de sobrevida muito maior após 5 anos que os com IPI alto. Como muitos pacientes têm recidivas ou são refratários ao tratamento, quase metade dos pacientes são candidatos a uma terapia de salvamento. Nesses pacientes a poliquimioterapia alternativa e o transplante de medula óssea podem ser opções, sendo o transplante superior. Pode haver remissão completa em aproximadamente 40% desses pacientes. - Leucemia/linfoma de Burkitt: É responsável por 30% dos linfomas não-Hodgkin infantis. A leucemia de Burkitt, ou LLA L3, representa pequena proporção de leucemias em crianças e adultos. O linfoma de Burkitt pode ser diagnosticado com alta precisão por um hematopatologista experiente, pois as células são homogêneas tanto no tamanho quanto na forma. A presença de t(8;14) pode confirmar o diagnóstico. A leucemia de células de Burkitt é reconhecida por células de tamanho médio com núcleo redondo, múltiplos nucléolos e citoplasma basofílico com vacúolos. A demonstração de um imunofenótipo confirma o diagnóstico. As três formas clínicas de linfoma de Burkitt incluem a endêmica, a esporádica e a associada à imunodeficiência. As duas primeiras ocorrem em crianças na África, a esporádica é encontrada também em países ocidentais, e a última é mais comum em pacientes com HIV. O principal diagnóstico diferencial é com o linfoma difuso de células B, pois a histopatologia é muito semelhante. A diferença é que no linfoma de Burkitt há mais células se proliferando, logo quase todas estão em divisão celular. A maioria dos pacientes com linfoma de Burkitt apresenta linfadenopatia periférica ou massa abdominal. A doença é rapidamente progressiva e tende a metastatizar para o SNC. Deve-se fazer sempre uma avaliação do LCR para excluir a possibilidade de metástases. Como este é o tumor humano mais rapidamente progressivo, o diagnóstico deve ser rápido, para poder fazer o estadiamento e começar a tratar em até 48h após o diagnóstico. O tratamento é feito com esquemas agressivos de poliquimioterapia com ciclofosfamida. A terapia profilática para o SNC é obrigatória. Hoje se pode esperar obter cura em 70-80% das crianças e adultos jovens quando a terapia é eficaz. O salvamento é ineficaz em pacientes que não respondem à terapia inicial. - Outros cânceres linfóides de células B: A leucemia pró-linfocítica de células B caracteriza-se por infiltração do sangue da medula óssea por grandes linfócitos com nucléolos proeminentes. Os pacientes têm contagem elevada de leucócitos, esplenomegalia e linfadenopatia mínima. As chances de resposta completa à terapia são pequenas. A leucemia de células pilosas é rara e afeta homens com idades avançadas. Tipicamente há pancitopenia e esplenomegalia. As células malignas têm projeções pilosas à microscopia. A biópsia de medula óssea (não é possível fazer um aspirado) revela um padrão de fibrose com infiltração difusa. Esses pacientes estão sujeitos a infecções incomuns como Mycobacterium avium intracellulare, além de vasculites. O tratamento mais usado é com cladribina. Freqüentemente há remissão completa. O linfoma de zona marginal esplênico se caracteriza por infiltração da polpa branca do baço por células B monoclonais pequenas. É raro, e o diagnóstico é estabelecido à esplenectomia, que também serve como tratamento. Quando há necessidade de tratamento quimioterápico, a droga de escolha é o clorambucil. O linfoma linfoplasmocítico é a manifestação tecidual da macroglobulinemia de Waldenströn (cap. 98 do Harrison). Esse linfoma tem relação com infecção pelo HCV. Os pacientes apresentam linfadenopatia, esplenomegalia, comprometimento da medula óssea e, em alguns casos, do sangue periférico. É CD5 negativo. Pode haver nível elevado de um tipo de IGM que causa hiperviscosidade sanguínea. Esses níveis elevados devem ser reduzidos. Além disso, a quimioterapia com Clorambucil, fludarabina e cladribina leva ao aumento da sobrevida de forma acentuada (+ ou – 60% após 5 anos). O linfoma de zona marginal nodal, também chamado de linfoma de células B monocitóide, representa cerca de 1% dos não-Hodgkin. Ele se manifetsa como doença disseminada na maioria dos pacientes, ocorre principalmente em mulheres, e em 33% há comprometimento da medula óssea, podendo haver uma apresentação leucêmica. O estadiamento e a terapia devem ser como no linfoma folicular. Cerca de 60% sobrevive durante 5 anos após o diagnóstico. - Cânceres de células T precursoras – linfoma/leucemia linfoblástica de células T precursoras: Podem se manifestar como LLA ou linfoma agressivo. São mais comuns em crianças e adultos jovens (homem > mulher). A LLA pode se manifestar com insuficiência medular, mas a gravidade da anemia, neutropenia e trombocitopenia é menor que no LLA de células B. Pode haver contagem elevada de leucócitos, massa mediastínica, linfadenopatia e hepatoesplenomegalia. O linfoma linfoblástico de células T precursoras é mais freqüentemente encontrado em homens jovens e se manifesta na forma de grande massa mediastínica e derrames pleurais. Ambas as formas tendem a metastatizar para o SNC. Crianças com essa LLA respondem bem ao tratamento intensivo para remissão e consolidação. Dessa maneira grande parte desses pacientes obtém a cura. Em crianças maiores e adultos jovens, o tratamento do linfoma é semelhante ao da Leucemia, e os que têm doença localizada apresentam ótimo prognóstico. A idade avançada é um fator prognóstico negativo. Os adultos com o linfoma que apresentam acometimento da medula óssea ou SNC ou altos níveis de LDH, são candidatos ao transplante de medula óssea como parte da terapia primária. - Leucemia/linfoma de células T do adulto: É uma manifestação da infecção pelo HTLV-1, que pode ocorrer por via transplacentária, transfusões sanguíneas, transmissão sexual ou pelo leite materno