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ATUACAO DOA ASSISTENTE SOCIAL EM UMA INSTITUICAO DE LONGA PERMANENCIA PARA IDOSOSAS ILPIs

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ 
 
FACULDADE CEARENSE 
 
CURSO DE BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
TATIANE DA COSTA GOMES 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO/A ASSISTENTE SOCIAL EM UMA INSTITUIÇÃO DE 
LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS/AS – ILPIs 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
 2013 
 
 
 
 
 
TATIANE DA COSTA GOMES 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO/A ASSISTENTE SOCIAL EM UMA INSTITUIÇÃO DE 
LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS/AS – ILPIs 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à aprovação do 
Curso de Serviço Social do Centro de 
Ensino Superior do Ceará Faculdade 
Cearense - FaC, como requisito parcial 
para obtenção do grau de Graduação. 
 
 
 
 
Orientadora: Prof.ª Ms. Luciana Gomes 
Marinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2013 
 
 
 
TATIANE DA COSTA GOMES 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO/A ASSISTENTE SOCIAL EM UMA INSTITUIÇÃO DE 
 LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS/AS – ILPIs 
 
 
 
 
Monografia apresentada como pré-
requisito para obtenção do título de 
Bacharelado em Serviço Social, 
outorgado pela Faculdade Cearense – 
FaC, tendo sido aprovada pela banca 
examinadora composta pelos professores. 
Data de aprovação: ____/ ____/____ 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
____________________________________________________________ 
Professora Ms. Luciana Gomes Marinho 
 
____________________________________________________________ 
Professora Ms. Virzângela Paula Sandy Mendes 
 
____________________________________________________________ 
Professora Ms. Mariana de Albuquerque Dias Aderaldo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico à minha mãe Carmem, 
Ao meu pai José Júlio, 
Ao meu irmão Felipe, e 
Ao meu namorado Douglas, 
Por me motivarem 
A prosseguir... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SENTIDO DA VIDA 
Não sei... 
se a vida é curta ou longa demais pra nós, 
mas sei que nada do que vivemos tem 
sentido, 
se não tocamos o coração das pessoas. 
Muitas vezes basta ser: 
colo que acolhe, braço que envolve, 
palavra que conforta, silêncio que respeita, 
alegria que contagia, lágrima que corre, 
olhar que acaricia, desejo que sacia, 
amor que promove. 
E isso não é coisa de outro mundo, 
é o que dá sentido à vida. 
É o que faz com que ela não 
seja nem curta, nem longa demais, 
mas que seja intensa, verdadeira, 
pura...enquanto durar... 
 (Cora Coralina) 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente eu gostaria de agradecer a Deus, por intervir constantemente 
em minha vida. 
Agradeço especialmente minha família que é o meu pilar de sustentação nessa 
longa jornada, em especial meu pai Júlio e minha mãe Carmem, que sempre 
me incentivaram a prosseguir nesta caminhada. Eu amo muito vocês. 
Ao meu querido irmão Felipe, pela paciência e por seu apoio. 
Ao meu namorado Douglas, pelo seu carinho, compreensão, muito obrigada 
pela paciência. Te amo! 
À Nayara Antunes, minha cunhada pelo apoio durante a construção deste 
trabalho. 
As minhas orientadoras de Estágio Supervisionado no Hospital Nossa Senhora 
da Conceição, Ana Coeli Oliveira e Izabel Vasconcelos, que tanto contribuíram 
para minha formação profissional. 
À Irene, assistente social do HNSC, por sua dedicação e comprometimento 
profissional. Uma pessoa verdadeiramente apaixonada pela profissão. 
As minhas queridas amigas de estágio Juliane Menezes e Fernanda Gon 
dim, que tanto me deram apoio nesta etapa da minha formação. 
As minhas amigas Lorena Freire, Renara Vasconcelos, Andréa Soares, 
Lucilene Pinheiro, Patricia Helena, Rosemeire Lucindo, que sempre estiveram 
presentes nesta caminhada. Foi muito especial conhecer cada uma de vocês. 
Todas vocês são muito especiais. 
 À Lorena e a Juliane em especial, por me escutarem inúmeras vezes ao dia, 
pela paciência, pelo carinho, pela preocupação e por toda atenção durante a 
construção desta monografia. 
À Marileide por me apresentar ao meu campo de pesquisa, minha sincera 
gratidão. 
À minha orientadora Luciana Marinho, por seus ensinamentos e por fazer parte 
da minha vida neste momento tão importante. Agradeço pelo carinho e 
dedicação, com que me orientou. Muito obrigada. 
À minha querida Márcia, por todo seu apoio incondicional e por dividir comigo 
momentos inestimáveis e “agradabilíssimos”. 
 
 
À Irmã Josenira, diretora da instituição que permitiu e facilitou a realização 
deste trabalho em suas dependências. 
À Banca Examinadora que tão prontamente aceitou o convite para está 
presente neste momento importante da minha vida, as caríssimas Profª. 
Virzângela Sandy e a Profª. Mariana Aderaldo. 
A todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a realização deste 
trabalho. 
Muito obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O envelhecimento da população brasileira destaca-se como um fenômeno a 
nível mundial, onde a cada ano esse segmento populacional tende a aumentar, 
visto que a taxa de natalidade e mortalidade estão diminuindo. Neste contexto 
social, o profissional de Serviço Social, é chamado para atuar na área do 
envelhecimento, portanto destacaremos sua atuação em uma instituição 
voltada para idosos/as. A presente monografia intitulada como “A atuação do/a 
assistente social em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos/as” é 
fruto de uma pesquisa realizada na Associação de Assistência Social Catarina 
Labourè, mais conhecida como Casa de Nazaré, localizada no município de 
Fortaleza. Esta ocorreu no período de setembro a novembro de 2013, teve 
como objetivo compreender a atuação do assistente social inserido neste 
espaço. Para tanto, no percurso metodológico utilizou-se a pesquisa 
bibliográfica, documental e de campo. Utilizamos o estudo de caso para a 
construção desta monografia, pelo aprofundamento da pesquisa em uma única 
instituição. No decorrer da pesquisa foram utilizados dados quanti-qualitativos, 
tendo a entrevista semiestruturada como instrumento para coletar os dados 
qualitativos. Concluímos que o assistente social trata-se de um profissional, 
que necessita responder as demandas, diante das limitações e dos desafios 
enfrentados no cotidiano de uma instituição. 
 
Palavras-chave: Idoso, Instituições de Longa Permanência para Idosos, 
Atuação Profissional do/a Assistente Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The aging of the population stands out as a phenomenon worldwide, where 
every year this population segment tends to increase, considering that the birth 
rate and mortality are decreasing. In this social context, the professional Social 
Service, is called upon to act in the area of aging, therefore we will highlight his 
role in an institution facing elderly. This monograph titled “The performance of 
the social worker in a long-stay institution for Seniors” is the result of a survey 
conducted in Associação de Assistência Social Catarina Labouré, better known 
as House of Nazareth, located in Fortaleza, research occurred in the period 
September-November 2013, aimed at understanding the role of social worker 
inserted in this space. For this, in the methodological process was used:bibliographical research, desk research and field research. We use the case 
study for the construction of this monograph, by further research at a single 
institution. In the course of researching were used quantitative and qualitative 
data, using a semi-structured interview as a tool to collect qualitative data. We 
conclude that the social worker is in a professional, who need answer the 
demands before the limitations and challenges faced in everyday life of an 
institution. 
Keywords: Elderly, Long-stay Institution for Seniors, Professional Practice 
Social Worker. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
FIGURA 1 – Casa de Nazaré.................................................................................51 
FIGURA 2 – Terapia Assistida por Cães................................................................64 
FIGURA 3 – Aula com os educadores físicos........................................................65 
GRÁFICO 1 - Ceará: nº de ILPIs identificadas e que responderam à pesquisa no 
Estado 2007/2008...................................................................................................40 
GRÁFICO 2 - Fortaleza: nº de ILPIs identificadas e que responderam à pesquisa 
na capital - 2007/2008............................................................................................40 
GRÁFICO 3 - Distribuição das idosas quanto à idade...........................................55 
GRÁFICO 4 - Distribuição das idosas quanto à escolaridade................................56 
GRÁFICO 5 - Distribuição das idosas quanto à situação previdenciária...............57 
GRÁFICO 6 - Distribuição das idosas quanto à naturalidade................................58 
GRÁFICO 7- Distribuição das idosas quanto ao estado civil.................................58 
GRÁFICO 8 - Distribuição das idosas quanto ao tempo de instituição..................59 
GRÁFICO 9 – Distribuição das idosas quanto à formação profissional.................61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 1. Brasil: nº de ILPIs identificadas e que responderam à pesquisa 
por região 2007-2009.................................................................................39 
TABELA 2. Equipe de Referência para Atendimento Direto......................48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
BPC - Benefício de Prestação Continuada 
CF – Constituição Federal 
CN – Casa de Nazaré 
CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social 
CNDI – Conselho Nacional dos Direitos do Idoso 
CNPq - Conselho Nacional de Pesquisa 
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social 
CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos 
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social 
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
OMS – Organização Mundial de Saúde 
PAIF – Proteção e Atendimento Integral à Família 
PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio 
PNAS – Política Nacional de Assistência Social 
PNI – Política Nacional do Idoso 
PSE – Proteção Social Especial 
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada 
SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia 
SCFV – Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 
SEDH – Secretaria Especial dos Direitos Humanos 
SUAS – Sistema Único de Assistência Social 
SUS – Sistema Único de Saúde 
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO...........................................................................................13 
CAPÍTULO I – DEFININDO CONCEITOS.................................................18 
1.1. Concepções de velhice.......................................................................18 
1.2. O fenômeno do envelhecimento no Brasil..........................................23 
1.3. Cidadania e Políticas Sociais voltadas para o idoso...........................26 
CAPÍTULO II – INSTITUCIONALIZAÇÃO DA “VELHICE”......................36 
 2.1. Contextualização histórica das Instituições de Longa Permanência 
para Idosos - ILPIs.....................................................................................36 
2.2. Regulamentação das ILPIs.................................................................41 
2.3. O (a) Assistente Social e sua prática profissional em uma Instituição 
de Longa Permanência para Idosos..........................................................46 
CAPÍTULO III - LÓCUS E OS RESULTADOS DA PESQUISA................51 
3.1. Lócus da pesquisa..............................................................................51 
3.2. Perfil das idosas da Casa de Nazaré..................................................54 
3.3. Análise dos resultados da pesquisa....................................................62 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................70 
REFERÊNCIAS..........................................................................................74 
APÊNDICES...............................................................................................78 
ANEXOS.....................................................................................................81 
 
 
 
 
 
13 
 
INTRODUÇÃO 
A população idosa vem crescendo de forma considerável nos últimos 
anos, tratando-se de um fenômeno a nível mundial. A tendência do 
envelhecimento se cristaliza a cada ano, pois os idosos segundo a Pesquisa 
Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) de 2011, já representam 23,5 
milhões da população brasileira, um percentual bastante significativo e por isso, 
trata-se de um segmento populacional que requer atenção. 
No que diz respeito aos direitos específicos voltados para este 
segmento, se destacam a Política Nacional do Idoso – PNI de 1994, onde a 
pessoa idosa é toda aquela que possui idade igual ou superior a sessenta (60) 
anos ou mais, de acordo com a Lei nº 8.842, de 1994, que dispõe sobre a PNI. 
E outra grande conquista foi o Estatuto do Idoso, conforme a Lei nº 10.741 de 
2003, que versa em seu primeiro artigo a regularização dos direitos 
assegurados às pessoas que possuem idade igual ou superior a sessenta (60) 
anos ou mais. 
O novo perfil da população brasileira traz a institucionalização de 
idosos/as como pauta para discussões sociais e políticas. O Estatuto do Idoso 
(2003) responsabiliza a família, o Estado e a sociedade pela efetivação dos 
direitos dos idosos, punindo quem infringir ou se omitir de suas 
responsabilidades. 
As instituições de longa permanência para idosos, segundo a Resolução 
da Diretoria Colegiada da ANVISA, mais conhecida como RDC nº 283 de 2005, 
são instituições governamentais ou não, com caráter residencial, destinadas a 
ser um domicílio coletivo para pessoas com 60 anos ou mais, que possuam, ou 
não, um suporte por parte da família, e que possam proporcionar a liberdade, 
dignidade e cidadania da/o residente. 
A motivação para o desenvolvimento deste trabalho justifica-se pela 
importância do tema escolhido que se trata da atuação do/a assistente social 
em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos/as, por ser uma área de 
atuação profissional relevante, levando em consideração que a expectativa de 
14 
 
vida dos idosos está cada vez maior, e por ser um espaço para atuação do 
Serviço Social. 
Quanto à escolha poreste tema, está relacionado com a experiência e 
com práticas vivenciadas pela pesquisadora, enquanto técnica de enfermagem, 
em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos, antes mesmo de iniciar 
o Curso de Serviço Social. Tendo em vista que posteriormente, influenciou a 
decisão pelo referido tema, suscitando a pesquisar e conhecer como o/a 
assistente social atua nesta área. No decorrer do curso e dada a importância 
da disciplina de Gerontologia, que por sua vez aborda a temática, só reafirmou 
a escolha supracitada. 
Esta monografia teve como objetivo compreender quais são as 
limitações e os desafios que o/a assistente social enfrenta na prática em uma 
Instituição de Longa Permanência para Idosos, bem como visa identificar quais 
os programas e projetos sociais desenvolvidos pelo/a profissional de Serviço 
Social para os/as idosos/as em uma determinada instituição. No 
desenvolvimento do referido trabalho, foram utilizados os métodos bibliográfico 
e de campo para conhecer a realidade do objeto da pesquisa a ser estudado. 
Como primeira etapa da pesquisa, foram utilizados livros, artigos, 
monografias e aparatos legais que contemplam aspectos que caracterizam a 
pesquisa bibliográfica, como ponto de partida para uma pesquisa científica 
voltada para o objeto de estudo, buscando fazer uma ligação entre o tema 
escolhido para investigação. Segundo Marconi & Lakatos (2003, p.182), 
Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo 
que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive 
conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por 
alguma forma, quer publicados, quer gravados. 
 Em um segundo momento foi realizada a pesquisa de campo, onde o 
pesquisador entra em contato direto com o objeto de estudo e coleta os dados 
no local da pesquisa. Conforme afirma Marconi & Lakatos (1996), ocorre após 
a pesquisa bibliográfica, possibilitando ao pesquisador obter um bom 
conhecimento sobre determinado assunto. 
A pesquisa de campo foi realizada na Associação de Assistência Social 
Catarina Labourè, mais conhecida como Casa de Nazaré, localizada no 
15 
 
município de Fortaleza, no bairro Montese e foi escolhida por ser uma Instituição 
de Longa Permanência para Idosos/as, especializada em assistência e 
tratamento voltados para a pessoa idosa. A referida pesquisa teve duração de 
três meses, entre setembro e novembro de 2013, durante todas as quartas-
feiras. O agendamento do dia da semana foi de acordo com a disponibilidade da 
profissional de Serviço Social, visto que, o público alvo da pesquisa foi a 
assistente social que atua na referida instituição. 
Ressaltamos que nesta monografia, também foi utilizada a pesquisa 
exploratória que, conforme Martins (2009) enfatiza que a referida pesquisa 
proporciona uma aproximação com o problema investigado, possibilitando o 
aprimoramento sobre determinado fato. 
[...] investigações da pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação 
de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver 
hipótese, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, 
fato ou fenômeno, para realização de uma pesquisa futura mais 
precisa ou modificar e clarificar conceitos (LAKATOS, 2003, p. 187, 
grifo nosso). 
Para alcançar os objetivos desta monografia foram utilizados dados 
quanti-qualitativo. Segundo Minayo (1993, p.79), metodologia qualitativa, “tem 
como foco [...] a exploração do conjunto de opiniões e representações sociais 
sobre o tema que se pretende investigar”. 
Para Fonseca (2002), no que concerne a pesquisa quantitativa, os 
resultados obtidos podem ser quantificados, está centrada na objetividade, 
onde os dados alcançados constituem a realidade através de atributos 
mensuráveis pelo homem. Na “pesquisa quantitativa tudo pode ser 
quantificável, o que significa traduzir em números, opiniões e informações para 
classificá-las e analisá-las", de acordo com Gil (1991, p. 64). 
Também foi utilizada a observação participante, que se trata de uma 
interação entre o pesquisador e os membros envolvidos na pesquisa, a fim de 
obter uma ampla compreensão da realidade, sobre a rotina do/a profissional de 
Serviço Social, na referida instituição. Para Marconi; Lakatos (2003, p.194), 
“consiste na participação do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se 
incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro 
do grupo que está estudando e participa das atividades”. 
16 
 
Através da observação participante, enquanto pesquisadora foi possível 
vivenciar um momento ímpar durante a pesquisa, na qual podemos visualizar 
expressões e gestos, passando a fazer parte da realidade dos sujeitos 
envolvidos. Partindo do envolvimento com o grupo, serão utilizadas as falas 
das idosas, tendo em vista a riqueza de informações a serem acrescentadas a 
esta monografia. Para manter o sigilo dos nomes das idosas serão utilizados 
nomes de flores, para representá-las. 
A pesquisa documental foi fornecida pela instituição pesquisada, que 
segundo Gil (2008) é bem parecido com a pesquisa bibliográfica. A diferença 
está na natureza das fontes, pois nesta utilizam-se materiais que ainda não 
receberam um tratamento específico, ou que ainda podem ser reelaborados de 
acordo com o objeto da pesquisa. 
A instituição de longa permanência para idosos pesquisada dispõe 
apenas de uma profissional de Serviço Social. Portanto nesta monografia 
utilizaremos o estudo de caso, que consiste no estudo profundo e exaustivo de 
um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado 
conhecimento, Gil (2008). Tem caráter de profundidade e detalhamento, ou 
seja: 
[...] o estudo de caso é muito frequente na pesquisa social, devido à 
sua relativa simplicidade e economia, já que pode ser realizado por 
único investigador, ou por um grupo pequeno e não requer a 
aplicação de técnicas de massa para coleta de dados, como ocorre 
nos levantamentos. A maior utilidade do estudo de caso é verificada 
nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável 
nas fases de uma investigação sobre temas complexos, para a 
construção de hipóteses ou reformulação do problema. Também se 
aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é 
suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado em 
determinado tipo ideal (GIL, 2002, p. 140). 
 
Como instrumento para coleta de dados, optou-se pela aplicação da 
entrevista semiestruturada, ou seja, as perguntas foram previamente 
formuladas; foi utilizado este instrumental, por ser considerado passível de 
contextualizar a realidade social, na qual há uma flexibilidade para o 
entrevistador durante a entrevista. Segundo Lakatos (2008, p.111), a entrevista 
“é uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona 
ao entrevistador, verbalmente, a informação necessária”. As perguntas foram 
17 
 
elaboradas pela pesquisadora, objetivando compreender os aspectos mais 
importantes da pesquisa. 
Na abordagem a assistente social foi informada sobre o objetivo da 
pesquisa, bem como também foi exposta a necessidade de compreender, 
quais os limites e os desafios que os profissionais de Serviço Social vivenciam 
em seu cotidiano, dentro de uma determinada ILPI, a fim de apreender 
informações que possibilitem a análise sobre a atuação desta profissional. Foi 
apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), assinado 
pela entrevistada e entrevistadora, garantindo o anonimato da participante, ou 
seja, resguardando o sigilo profissional. 
A presente monografia foi estruturada em três capítulos. O primeiro se 
intitula, “DEFININDO CONCEITOS”, aqui se descreve sobre as concepções 
acerca davelhice, destacando-se o fenômeno do envelhecimento no Brasil e 
abordando a cidadania e as políticas sociais voltadas para os idosos. 
O segundo capítulo intitulado “INSTITUCIONALIZAÇÃO DA VELHICE”, 
elenca três itens: a contextualização histórica das Instituições de Longa 
Permanência para Idosos – ILPIs, fazendo uma discussão sobre o surgimento 
das ILPIs até os dias atuais, bem como contempla a regulamentação para o 
funcionamento das ILPIs e atuação do/a Assistente Social em uma ILPI. 
O terceiro capítulo foi intitulado como “LÓCUS E OS RESULTADOS DA 
PESQUISA”, tratou-se da apresentação do local escolhido para realizar a 
pesquisa, bem como foi traçado o perfil das idosas que residem na instituição e 
para finalizar este capítulo serão apresentados os dados obtidos através da 
aplicação da entrevista colhida na instituição e suas significações. 
Para concluir o trabalho serão apresentadas as considerações finais, 
proporcionando uma reflexão sobre a atuação do/a assistente social em uma 
ILPI, na expectativa que mediante a leitura deste trabalho venha despertar o 
interesse de outros pesquisadores para realizar estudos mais abrangentes e 
que possam desenvolver fontes de pesquisa sobre a referida área de atuação 
profissional. 
 
18 
 
CAPÍTULO I - DEFININDO CONCEITOS 
1.1 . Concepções sobre a velhice 
Para compreender as representações sociais da velhice em uma 
sociedade contemporânea Beauvoir apresenta dois sentidos distintos para a 
velhice: 
É uma certa categoria social, mais ou menos valorizada segundo as 
circunstâncias. É, para cada indivíduo, um destino singular – o seu 
próprio. O primeiro ponto de vista é a dos legisladores, dos 
moralistas; o segundo, o dos poetas; quase sempre, eles se opõem 
radicalmente um ao outro. [...] Os ideólogos [referindo-se aos 
primeiros] forjam concepções da velhice de acordo com os interesses 
de sua classe. (BEAUVOIR, 1990, p. 109). 
Para Bosi (2001) a velhice também pode ser considerada como uma 
categoria social que evidencia as relações de produção em uma sociedade 
industrial, como um fator influenciador sobre a questão da velhice: 
A sociedade industrial é maléfica para a velhice. [...]. A sociedade 
rejeita o velho, não oferece nenhuma sobrevivência à sua obra. 
Perdendo a força do trabalho ele já não é produtor nem reprodutor. 
Se a posse e a propriedade constituem, segundo Sartre, uma defesa 
contra o outro, o velho de uma classe favorecida defende-se pela 
acumulação de bens. Suas propriedades o defendem da 
desvalorização de sua pessoa. (p. 77). 
 Ao longo de sua trajetória a velhice esteve socialmente representada 
pelos costumes encontrados em cada cultura. “A velhice como todas as 
situações humanas, em uma dimensão existencial: modifica a relação do 
indivíduo com o tempo e, portanto, sua relação com o mundo e com a própria 
história” (BEAUVOIR, 1990, p.259). 
O conceito de velhice vem atravessando por diversas épocas como algo 
ainda em construção, onde o seu sentido, bem como seus significados 
resultam da construção histórica e social de cada época. 
Na Antiguidade Clássica, os gregos associavam a velhice ao respeito e 
à honra. Contudo, com o desenvolvimento dessa sociedade houve a 
valorização do belo, da virilidade, da juventude e consequentemente a 
depreciação dos velhos. “Os gregos antigos glorificavam com ardor a juventude 
19 
 
e viam a velhice como um flagelo e um castigo que aniquilava a força do 
guerreiro.” (MASCARO, 2004, p.13). 
Na sociedade romana, os chamados anciãos, destacaram-se por ter uma posição 
privilegiada na figura do poder familiar. Participavam de cargos importantes e teve em 
Cícero
1
 seu maior defensor contra a imagem negativa da velhice através de sua obra 
intitulada “A Senectude”. Já os hebreus consideravam os anciãos como chefes de seu 
povo e tinham destaque por sua importância. 
Na Idade Média os velhos se reduziam à mendicância, segundo 
Beauvoir (1990, p.162) “a situação dos velhos, em todos os setores da 
sociedade, aparece, portanto, como extremamente desfavorecida”. 
Na Idade Moderna, com a Revolução Industrial, houve um grande 
processo de migração para os centros urbanos, porém o mercado não teve 
condições para absorver tanta mão de obra, e “quando perdiam o emprego por 
causa da idade ficavam reduzidos à miséria” (BEAUVOIR, 1990, p. 237). 
Na contemporaneidade temos o surgimento da gerontologia e da 
geriatria, para contribuir nos estudos sobre a velhice e para a valorização do 
indivíduo que envelhece. A expectativa de vida hoje atrai olhares da sociedade 
para a velhice, onde a autonomia deve ser preservada e que os direitos 
voltados para as pessoas que envelhecem sejam garantidos. 
No contexto pós-moderno, a imagem da velhice vem quebrando com os 
estereótipos que a sociedade vinha presenciando, pois segundo Perufo (2012, 
p. 12), 
[...] mais do que nunca, no contexto pós-moderno, há uma necessidade de 
desmistificar a imagem da velhice como algo descartável, inútil e 
ultrapassado [...] ao invés de retratar um idoso considerado velho, isto é, 
cansado, incapaz, frágil, com doenças e limitações; determinados discursos 
que circulam na mídia vêm agindo de modo a desconstruir essa representação 
e propor novas identidades para os idosos, mostrando-o ativo, preocupado 
com a aparência física, com o desempenho sexual, que gosta de praticar 
 
1
 Marco Túlio Cícero nasceu em Arpino e 106 e morreu em Caieta em 43 a.C. Político 
(Senador), orador e homem de letras, escreveu sobre a defesa da velhice, “para provar que a 
autoridade do Senado da época, deveria ser reforçado” (BEAUVOIR, 1990, p.146). 
 
20 
 
esportes, de passear, enfim, de ter momentos prazerosos (p. 12) 
 
Como podemos perceber desde a Antiguidade Clássica, passando pela 
Idade Média, até nossos dias atuais, a velhice assume várias significações, 
revelando-se no meio social de forma contraditória, pois ora o idoso ocupava 
um lugar de valorização, em outro momento ocupava um lugar de 
desvalorização e de decadência. 
 A velhice deve ser compreendida como um fenômeno biológico, cultural 
e bio-sociocultural, ou seja, é um ser de linguagem e está inserido na cultura, 
sendo o envelhecimento um processo que está em constante mudança e que 
influencia no processo histórico, segundo Beauvoir (1990). 
Atualmente a velhice vem se constituindo como uma das etapas naturais 
da vida que passa por mudanças de natureza biológica, psicológica, econômica 
e social, sendo que tais mudanças muitas vezes são encaradas de forma 
negativa em nossa sociedade, pois pode ser associada às perdas, a baixa 
autoestima, podendo gerar ansiedade e medo e acabar levando ao isolamento 
social. Portanto é fundamental que a própria pessoa que envelhece aprenda a 
lidar com as transformações que ocorrem durante o processo de 
envelhecimento. 
Velhice é um termo impreciso, e sua realidade difícil de perceber... 
Nada flutua mais do que os limites da velhice em termos de 
complexidade fisiológica, psicológica e social (VERAS, 1994, p.25). 
As questões que envolvem a velhice não devem ser baseadas apenas 
em seu sistema biológico, pois se trata de uma fase da vida que deve ser 
compreendida dentro do contexto social no qual o indivíduo está inserido. Os 
autores Schneider & Irigaray (2008), falam sobre essa etapa da vida 
caracterizada como velhice. 
A etapa da vida caracterizada como velhice, com suas 
peculiaridades, só pode ser compreendida a partir da relação que se 
estabelece entre os diferentes aspectos cronológicos, biológicos, 
psicológicos e sociais. (p.585). 
Os aspectos supracitados categorizam as etapas da velhice. Em geral 
quando o indivíduochega aos 60 anos é definido como uma pessoa idosa, 
independente de seu estado biológico, psicológico e social. No entanto, o 
21 
 
conceito que se fundamenta apenas através da idade e não numa perspectiva 
multidimensional, não é considerada como uma boa medida para uma 
apreensão do desenvolvimento humano, pois o processo de envelhecimento 
possuem outras dimensões e significados que perpassam as dimensões da 
idade cronológica, segundo Schneider & Irigaray (2008). 
Segundo Beauvoir (1990, p.15), a velhice: 
[...] é um fenômeno biológico: o organismo do homem idoso 
apresenta certas singularidades. A velhice acarreta, ainda, 
consequências psicológicas: certos comportamentos são 
considerados, com razão, como característicos da idade avançada. 
Como todas as situações humanas, ela tem uma dimensão 
existencial: modifica a relação do indivíduo com o tempo e, portanto, 
sua relação com o mundo e com sua própria história. 
No que se trata sobre a velhice, Schneider & Irigaray (2008) dividem o 
conceito em quatro idades: a idade cronológica, que está ligada ao tempo 
decorrido desde o nascimento; a idade biológica, que “é definida pelas 
modificações corporais e mentais que ocorrem ao longo do processo de 
desenvolvimento e caracterizam o processo de envelhecimento humano [...]” 
(SCHNEIDER & IRIGARAY, 2008, p. 590). A idade social “é definida por 
hábitos e status social pelo indivíduo para o preenchimento de muitos papéis 
sociais ou expectativas em relação às pessoas de sua idade, em sua cultura e 
em seu grupo social”. (SCHNEIDER & IRIGARAY, 2008, p. 590). É marcada 
por normas impostas pela sociedade, conforme o que se espera para as 
pessoas idosas e quais são os papéis sociais que embasam suas vidas. E a 
idade psicológica é definida como “a maneira como cada indivíduo avalia em si 
mesmo a ausência ou a presença de marcadores biológicos, sociais e 
psicológicos da idade, com base em mecanismos de comparação social 
mediados por normas etárias.” (NERI, 2001a, apud SCHNEIDER & IRIGARAY, 
2008, p. 592). 
 Com o aumento da expectativa de vida, as pessoas com mais idade 
assumem novos papéis sociais, e a existência de múltiplas palavras para 
nomear a velhice, nos revela o quanto o processo de envelhecimento é 
complexo. 
22 
 
Neste processo ainda podemos encontrar os conceitos sobre o idoso e a 
terceira idade. O idoso é a denominação oficial das pessoas que tenham 
sessenta anos ou mais de acordo com a Lei nº 8.842, de 1994, que dispõe 
sobre a Política Nacional do Idoso. Para Schneider (2008), ser idoso está para 
além da idade cronológica, como podemos ver em sua definição sobre o idoso. 
Idoso é uma pessoa mais velha, que na maioria das vezes chega aos 
60 anos, independentemente de seu estado biológico, psicológico, 
social. Entretanto o conceito de idade é multidimensional e não é uma 
boa medida do desenvolvimento humano (p.588). 
O próprio uso do nome idoso ou idosa, e não o termo velho ou velha, já 
é uma forma de imprimir certa qualidade ao indivíduo que é classificado dessa 
maneira em nossa sociedade. O idoso seria uma forma mais polida, enquanto 
o termo velho seria depreciativo. A expressão terceira idade, de uso mais 
recente, comportaria uma dimensão positiva e exalta um tipo atual de 
experiência da velhice, a "velhice ativa", segundo Motta (1997). 
No que se refere ao termo terceira idade, Debert (2012), afirma que é 
uma expressão recente. 
„Terceira Idade‟ é uma expressão que, recentemente, 
popularizou-se com muita rapidez no vocabulário brasileiro. 
Mais do que referência cronológica, é uma forma de tratamento 
das pessoas de mais idade, que ainda não adquiriu conotação 
depreciativa. (p.138). 
O termo terceira idade, atualmente é bastante utilizado, pois representa 
uma nova perspectiva de vida, onde o indivíduo passa a ocupar uma posição 
ativa dentro do processo do envelhecimento, visando à melhoria na qualidade 
de vida, conforme Goyaz (2003). 
Apesar de alguns autores rotularem a velhice como algo improdutivo 
para a sociedade, ela não deve ser associada apenas às perdas ou como algo 
depreciativo, mais sim como um momento voltado para novas conquistas e de 
transformações dentro de uma sociedade na qual a expectativa de vida está 
aumentando. Neste sentido a categoria velhice foi escolhida enquanto 
pesquisadora da área, para embasar o referido trabalho. 
 
23 
 
1.2 . O fenômeno do envelhecimento no Brasil 
No Brasil o processo do envelhecimento populacional vem crescendo em 
um ritmo bastante acelerado. Segundo a Organização Mundial de Saúde – 
OMS a população idosa é entendida como aquela que se constitui por pessoas 
com idade igual ou superior a 60 anos, para os países que ainda estão em 
desenvolvimento e de 65 anos para os países desenvolvidos. 
O envelhecimento populacional é um processo que faz parte do 
desenvolvimento humano e constitui-se como um fenômeno a nível mundial. O 
crescimento da população idosa é bastante expressivo, e esse fenômeno do 
envelhecimento para Camarano (2002), é causado por múltiplos fatores, como 
a transição demográfica, diminuição na taxa de natalidade e um grande 
aumento na expectativa de vida, levando assim ao crescimento no número de 
idosos. 
De acordo com Debert, (1999, p.12), “o processo do envelhecimento deve-
se, sem dúvida, ao fato de os idosos corresponderem a uma parcela da 
população cada vez mais representativa do ponto de vista numérico”. 
Neste sentido, o Brasil já não pode mais ser considerado um país jovem, 
pois segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, o conceito de 
população envelhecida é aquela em que a proporção de pessoas com 60 anos 
ou mais, atinge 7%, com tendência a crescer. 
 Assim o envelhecimento da população brasileira representa um novo 
desafio para o país e evidencia uma nova perspectiva de vida, pois segundo 
pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 
(2009) fica claro o crescente aumento na população de idosos, chegando a 
cerca de 10% da população brasileira. A estimativa, é que, em 2025, a 
população de idosos chegue a 32 milhões. 
“As pessoas com mais de 60 anos são hoje 12,6% da população, ou 
24,85 milhões de indivíduos – em 2011, tratava-se de uma fatia de 12,1% e, 
em 2002, 9,3%” (PNAD, 2012). O IBGE (2012) sinaliza que em 2030, “o país 
terá uma proporção de 13,3% de idosos em relação ao total”. 
24 
 
Vale ressaltar que a tendência do envelhecimento da população 
brasileira se confirma através dos dados obtidos pela Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílios - PNAD, onde a projeção da população idosa poderá 
representar 26,7% da população em 2060. As pesquisas realizadas afirmam 
que o Brasil é um país que está em constante variação estatística, e que o 
aumento da população idosa vem se tornando bastante expressivo. 
 Para Goldman (2003, p.71), o envelhecimento caracteriza-se: 
[...] como um processo complexo que ocorre em cada pessoa, 
individualmente, mas condicionado a fatores sociais, culturais e 
históricos, que vão rebater na sociedade como um todo, envolvendo 
os idosos e as várias gerações. Por seu caráter multifacetado, o 
envelhecimento abarca múltiplas abordagens: físicas, emocionais, 
psicológicas, sociais, econômicas, políticas, ideológicas, culturais, 
históricas, dentre outras. A conjuntura marca as diversas formas de 
viver e de conhecer o envelhecimento, assim como as determinações 
culturais tomam formas diferenciadas no tempo e no espaço. Outro 
diferencial se refere à posição de classe social que os indivíduos 
ocupam. 
O fenômeno do envelhecimento populacional no Brasil ganha maior 
expressão no início do século XX e de forma mais acentuada na década de 
1960. Esteenvelhecimento populacional deve-se a uma queda expressiva na 
taxa de fecundidade entre as mulheres, ocasionando o aumento da população 
idosa no contexto social brasileiro (IBGE, 2009). 
Segundo Debert (1999, p.14), 
Nesse movimento que marca as sociedades modernas, a partir da 
segunda metade do século XIX, a velhice é tratada como uma etapa da 
vida caracterizada pela decadência física e ausência de papéis sociais. 
Para o autor o avanço da idade como um processo contínuo de perdas e 
dependência – que daria uma identidade de condições aos idosos – é 
responsável por um conjunto de imagens negativas associadas à velhice, 
mas foi também elemento fundamental para a legitimação de direitos 
sociais, como a universalização da aposentadoria. 
Neste contexto, a aposentadoria demarca a velhice em nossa sociedade, 
segundo Mascaro (1997), pois é o momento que o indivíduo deixa de fazer parte 
como integrante da estrutura social produtiva. Já de acordo com Salgado (1997, 
p.5) a aposentadoria, “cria um princípio de identidade para a velhice, definindo esse 
tempo da vida pela inatividade”. 
Segundo Beauvoir (1990), a aposentadoria, 
25 
 
Introduz uma radical descontinuidade; há ruptura com o passado; o 
homem deve adaptar-se a uma nova condição, que lhe traz certas 
vantagens (descanso), mas também graves desvantagens: 
empobrecimento, desqualificação (p.325). 
Um dado que chama bastante atenção é o processo de feminização da 
velhice por ser um segmento populacional que vem se tornando visível na 
sociedade. Hoje, as mulheres representam 55,5% da população brasileira 
idosa e 61% do contingente de idosos acima de 80 anos, segundo IBGE 
(2011). 
Desta forma, ao considerar os aspectos da velhice, não se pode deixar 
de contemplar o recorte de gênero, que é determinante, inclusive, do lugar que 
os idosos e as idosas ocupam na vida social, pois “a velhice é uma experiência 
que se processa diferente para homens e para mulheres, tanto nos aspectos 
sociais como nos econômicos, nas condições de vida, nas doenças e até 
mesmo na subjetividade”. (BERZINS, 2003, p.28). 
As mulheres vivem mais tempo: são os grandes velhos solitários que 
constituem a camada mais desfavorecida da população. Mas no 
conjunto, a mulher idosa adapta-se melhor que seu marido à sua 
condição. Dona-de-casa, mulher doméstica, sua situação é a mesma 
que a dos camponeses e dos artesãos de outrora: para ela, trabalho 
e existência se confundem. Nenhum decreto exterior interrompe 
brutalmente suas atividades. Estas últimas diminuem no momento em 
que os filhos tornados adultos deixam a casa. Essa crise, que se 
produz, geralmente muito cedo, muitas vezes a perturba. De qualquer 
modo, entretanto, não fica inteiramente ociosa, e seu papel de avó 
lhe traz novas possibilidades [...] E têm, na casa e na família, papéis 
que lhes permitem encontrar ocupação e manter a própria identidade. 
São elas que têm as responsabilidades domésticas, e que mantêm 
relações ativas com a família, sobretudo com os filhos e netos. A 
mulher toma, então, a dianteira do marido, e muitas vezes tiram 
dessa superioridade à impressão de uma desforra. Algumas se 
empenham então, agressivamente, em humilhar o homem em sua 
virilidade. Os idosos têm consciência dessa troca de papéis 
(BEAUVOIR, 1990, p. 324). 
Com o aumento do envelhecimento da população brasileira devem ser 
levados em conta os desafios advindos da mudança que vem ocorrendo na 
estrutura social, dentre eles encontram-se os desafios voltados à promoção da 
saúde, os desafios para as famílias, para a previdência social com o aumento 
de pessoas aposentadas, o desafio da pobreza e principalmente o desafio para 
estabelecer políticas públicas que possam garantir uma vida digna às pessoas 
idosas. “No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, a questão do 
26 
 
envelhecimento populacional soma-se a uma ampla lista de questões sociais 
não resolvidas, como a pobreza e a exclusão” (CAMARANO, 2004, p.254). 
Por fim, a discussão sobre a questão do envelhecimento nesta pesquisa, 
visa à valorização e o reconhecimento do idoso, sinalizando a importância da 
garantia de espaços para que estes sejam assistidos, promovendo a inclusão e 
a participação social, bem como a melhoria na qualidade de vida, pois o Brasil 
está passando por uma transição demográfica com o aumento da população 
idosa. Neste sentido, será apresentado o processo de envelhecimento e as 
garantias de direitos que perpassam tal processo. 
1.3 . Cidadania e Políticas Sociais voltadas para a população idosa 
Para definir o conceito de cidadania é necessário compreender o que ela 
expressa para a sociedade, ou seja, 
[...] um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de 
participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não 
tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da 
tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do 
grupo social. (DALLARI, 1998, p. 14). 
A cidadania, portanto deve ser compreendida como uma condição social 
que confere ao indivíduo o usufruto de direitos que viabilizam sua participação 
política e social na sociedade em que vive. Segundo Marshal (1998, apud 
FALEIROS, 2007, p.154), a cidadania se distingue em três momentos e 
dimensões, que são: “a civil, como expressão do direito à liberdade; a política, 
como expressão do voto; e a social, como garantia da educação e de mínimos 
sociais”. 
Segundo Faleiros (2007), as primeiras conquistas dos direitos do 
cidadão na velhice foram inscritos na Constituição de 1934 sob a forma de 
direitos trabalhistas e de uma Previdência Social. 
No Brasil, em 1961, é fundada a primeira sociedade de geriatria e a 
partir de 1978, também para os gerontólogos é fundada a Sociedade Brasileira 
de Geriatria e Gerontologia (SBGG). E em 1982 é criada no Brasil a 
Associação Nacional de Gerontologia. Segundo Debert (2012), a velhice passa 
a ser transformada em tema de pesquisa e de estudos com o intuito de 
27 
 
transformá-la e promovê-la em envelhecimento com qualidade de vida. 
Segundo Giddens (2005, p.148), “a gerontologia não se preocupa somente 
com o processo de envelhecimento, mas também com os fatores sociais e 
culturais que influenciam esse processo”. 
Neste item sinalizaremos a transição jurídica de afirmação dos direitos 
voltados para a população idosa, que o Brasil vivencia, através de promulgação 
de leis específicas que demarcam os espaços em que o idoso vem 
conquistando, seja no âmbito econômico, cultural, político ou social. 
O marco jurídico, portanto, é a Constituição Federal de 1988, também 
conhecida como Constituição Cidadã, que estabeleceu os direitos universais, 
políticos e civis do cidadão brasileiro, assegurando a cidadania. A Política 
Nacional do Idoso – PNI, que foi promulgada em 1994 e o Estatuto do Idoso, 
em 2003, são leis específicas voltadas para regulamentar os direitos, os 
serviços e as políticas para a população idosa. 
Segundo Faleiros (2007, p.58), “[...] o Brasil está numa transição jurídica 
para o reconhecimento, no contexto democrático, dos direitos da pessoa idosa 
enquanto sujeitos de direitos à cobertura das necessidades, à dignidade, à 
velhice, à proteção e o protagonismo”. 
 Na década de 80 o Brasil passou pelo processo de redemocratização, 
surgindo uma ampliação do exercício da cidadania tendo como destaque a 
Constituição Federal de 1988, que introduziu o conceito de Seguridade Social, 
de acordo com o artigo 194 da Constituição Federal de 1988 – CF/88, no qual 
afirma que “a Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações 
de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinado a assegurar os 
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistênciasocial”, alterando seu 
enfoque assistencialista, ampliando a cidadania, bem como responsabilizando 
a família, o Estado e a sociedade pelo amparo ao idoso. 
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar 
as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, 
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à 
vida (BRASIL, 1988). 
28 
 
A Constituição Federal de 1988 retoma o Estado democrático com o 
intuito de reduzir as desigualdades sociais e viabilizar o acesso aos direitos 
civis, políticos e sociais pelos quais os trabalhadores e os movimentos sociais 
almejavam alcançar. 
Foi promulgada a Lei nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993, a LOAS – 
Lei Orgânica da Assistência Social para atuar juntamente com a Constituição 
de 1988, reforçando as políticas de apoio e de proteção ao idoso. O seu artigo 
20 dispõe sobre um dos benefícios mais importantes que a Lei proporciona 
para o idoso. 
Art. 20º O benefício de prestação continuada é a garantia de um 
salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 
(sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios 
de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família 
(p.15). 
A LOAS (1993), por conseguinte, atua frente à questão da velhice com o 
intuito de contribuir para que o idoso tenha uma vida digna, promovendo sua 
autonomia e sua participação na sociedade. Tendo como uma de suas 
diretrizes a “responsabilidade do Estado na condução da política de assistência 
social em cada esfera de governo”. Segundo o art.1º, 
 A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, são 
Políticas de Seguridade Social não contributiva, que provê os 
mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de 
iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às 
necessidades básicas (LOAS, 1993, p.1). 
A Lei 8.842, de 04 de janeiro de 1994 trata-se de uma das grandes 
conquistas do idoso no Brasil, também conhecida como Política Nacional do 
Idoso – PNI, pois é a primeira lei específica para o idoso, que estabelece 
direitos sociais, visa à garantia da autonomia, integração e participação dos 
idosos na sociedade, como instrumento de direito próprio de cidadania. 
A PNI (1994) em seu art.1º objetiva assegurar os direitos sociais para os 
idosos, garantindo sua autonomia, bem como a participação efetiva como um 
instrumento de cidadania. 
A Política Nacional do Idoso está regida pelos seguintes princípios 
fundamentais, 
29 
 
 I - a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao 
idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na 
comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; 
II - o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, 
devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; 
III - o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; 
IV - o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das 
transformações a serem efetivadas através desta política; 
 V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, 
as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser 
observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na 
aplicação desta lei (Lei 8.842, Art. 3º, p.6). 
 
Com isso, é a partir da Política Nacional do Idoso que vai se constituir o 
Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos - CNDI, para zelar pela aplicação 
da política de atendimento ao idoso, acompanhando e avaliando sua execução. 
Os conselhos são espaços de participação e protagonismo político e social, 
onde a população idosa pode participar das decisões políticas que influenciam 
suas vidas. 
Neste processo de lutas e conseguintes, no dia 1º de Outubro de 2003, 
foi sancionada, a Lei 10.741, pelo Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 
conhecida como o Estatuto Nacional do Idoso, tornando-se um marco para os 
idosos, pois nesta firma-se disposições específicas do Estado e da sociedade 
voltadas para os idosos. O Estatuto visa à garantia dos direitos dos idosos na 
sociedade brasileira, lhes proporcionando uma vida digna, sendo uma grande 
conquista da sociedade brasileira. 
Segundo Bruno (1997), o Estatuto: 
[...] além de ratificar os direitos demarcados pela Política Nacional do 
Idoso, acrescenta novos dispositivos e cria mecanismos, para coibir a 
discriminação contra os sujeitos idosos. Prevê pena para crimes de 
maus tratos de idosos e concessão de vários benefícios. Consolida 
os direitos já assegurados na Constituição Federal, tentando, 
sobretudo proteger o idoso em situação de risco social (p.79). 
Vale ressaltar que o Estatuto do Idoso em seu primeiro artigo define 
como idosos todos aqueles com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
O segundo artigo se refere à “proteção integral”, bem como assegura seus 
direitos fundamentais, constituindo-se como um grande avanço para a 
população idosa, bem como para toda a sociedade. 
30 
 
Art. 2º - O idoso goza de todos os direitos inerentes à pessoa 
humana, sem prejuízo de proteção integral de que trata esta Lei, 
assegurando-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades 
e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu 
aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições 
de liberdade e dignidade (Lei 10.741, 2003, p.15). 
Responsabiliza a família, a sociedade e o Estado contemplando os 
diversos aspectos do cotidiano do idoso. 
Art. 3º - É obrigação, da família, da comunidade, da sociedade e do 
Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a 
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à 
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à 
dignidade, ao respeito e a convivência familiar e comunitária (Lei 
10.741, 2003, p. 15). 
Conforme o artigo 15º, capítulo IV disposto no Estatuto do Idoso com 
relação à saúde, fica assegurado que o idoso deve ter atenção integral através 
do Sistema Único de Saúde – SUS2. O artigo mencionado garante o direito à 
saúde, que por sua vez deve ser universal e igualitário. 
O Estatuto do Idoso veio, portanto, para garantir a dignidade das 
pessoas idosas, através dos direitos fundamentais, das medidas de proteção, 
da política de atendimento voltada para o idoso, da regulação das entidades 
que atendem ao idoso, bem como da fiscalização das mesmas, da apuração 
das infrações administrativas, da apuração das irregularidades verificadas em 
entidades de atendimento, do acesso à justiça, da proteção judicial e também 
para punir os crimes cometidos contra a pessoa idosa. 
A Política Nacional de Assistência Social - PNAS tem origem de 
deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em 
Brasília, em dezembro de 2003, com a finalidade de materializar as diretrizes 
da Lei Orgânica da Assistência Social. A Assistência Social como política de 
 
2
 Foi criado pela Constituição Federal de 1988 e Regulamentado pelas leis Nº 8.080/90 (Lei 
Orgânica da Saúde) e Nº 8.142/90, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na 
assistência à Saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer 
cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. Disponível em: 
(http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto. cfm? idtxt=24627), acesso em 25 de 
outubro de 2013. 
 
31 
 
proteção social configura-se como uma nova situação para o Brasil, segundo 
PNAS. É garantido a todos que dela necessitar, sendo beneficiados sem 
contribuição prévia. 
A PNAS (2004) tem como um dos seus objetivos “prover serviços,programas, projetos e benefícios de proteção social básica ou, especial para 
indivíduos e grupos que deles necessitarem”. Segundo a PNAS (2004, p.33), a 
Proteção Social Básica, “destina-se à população que vive em situação de 
vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação [...] e, ou, fragilização de 
vínculos afetivos [...]”. 
Para a PNAS (2004), a Proteção Social Especial, 
[...] é a modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e 
indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, 
por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, 
abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de 
medidas socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho 
infantil, entre outras (p. 37). 
O Centro de Referência de Assistência social – CRAS, segundo a PNAS 
é uma unidade pública estatal de base territorial descentralizada e 
hierarquizada de assistência social, encontra-se localizado em áreas 
vulneráveis e de risco social dos municípios e do Distrito Federal (DF), 
ofertando serviços de Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência 
Social – SUAS3, articulando os programas, projetos e serviços 
socioassistenciais voltados às famílias, devendo ser assegurado o acesso às 
pessoas idosas, efetivando a referência e a contrarreferência do usuário no 
acesso à rede socioassistencial do SUAS (PNAS, 2004). Os serviços ofertados 
pelo CRAS são os de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF e os 
Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV. 
Os Centros de Convivência para Idosos são previstos na Política 
Nacional de Assistência Social – PNAS e fazem parte da Proteção Social 
Básica, favorecendo a valorização da autoestima, proporcionando melhoria na 
 
3
 É um sistema público, que organiza, de forma descentralizada e participativa, os serviços 
socioassistenciais no Brasil (PNAS, 2004). 
 
 
32 
 
qualidade de vida, atuando na prevenção do isolamento social, e no 
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. 
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Idosos - 
SCFVI é um serviço desenvolvido pela Proteção Social Básica, contribuindo 
para melhoria da qualidade de vida, focando o envelhecimento ativo e 
saudável, também o desenvolvimento da autonomia e sociabilidades, o 
fortalecimento dos vínculos familiares e do convívio comunitário, bem como na 
prevenção de possíveis riscos sociais. 
 A Proteção Social Especial – PSE, de acordo com a PNAS (2004), 
atende às famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, cujos 
direitos tenham sidos violados ou ameaçados e se divide em média 
complexidade e alta complexidade de acordo com a demanda dos indivíduos. A 
Proteção Social Especial de média complexidade oferta serviços às famílias e 
indivíduos que se encontram em situação de ameaça ou vivenciam a violação 
de seus direitos demandando atendimento especializado, onde os vínculos 
familiares e comunitários não foram totalmente rompidos. Já a Proteção Social 
Especial de alta complexidade visa à garantia da proteção integral para as 
famílias e/ou indivíduos que não possuem referência, e que são destituídos de 
vínculos familiares e comunitários (PNAS, 2004). 
A PSE de Média Complexidade é ofertada pelo Centro de Referência 
Especializado de Assistência Social – CREAS, que é uma unidade pública 
estatal que “visa à orientação e o convívio sociofamiliar e comunitário [...] um 
atendimento dirigido às situações de violação de direitos” (PNAS, 2004, p. 38). 
A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, aprovada por 
meio da Resolução CNAS nº 109/2009, faz uma organização desses serviços 
por nível de complexidade do Sistema Único de Assistência Social: Proteção 
Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade, 
caracterizando e padronizando os serviços. Define objetivos específicos da 
Proteção Social de Média Complexidade sobre os serviços voltados para os 
idosos visando: contribuir para um processo de envelhecimento ativo, saudável 
e autônomo; assegurar espaço de encontro para os idosos e encontros 
33 
 
intergeracionais de modo a promover a sua convivência familiar e comunitária; 
detectar necessidades e motivações e desenvolver potencialidades e 
capacidades para novos projetos de vida; propiciar vivências que valorizam as 
experiências e que estimulem e potencializem a condição de escolher e decidir. 
O que irá contribuir para o desenvolvimento da autonomia e protagonismo 
social dos usuários (Resolução CNAS nº 109/2009, p. 12). 
De acordo com a Resolução CNAS nº 109/2009, que dispõe sobre a 
Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, iremos destacar os 
serviços que compõe a PSE de Alta Complexidade: Serviço de Acolhimento 
Institucional (que se subdivide em modalidades de abrigo institucional, casa-lar, 
casa de passagem ou residência inclusiva), Serviço de Acolhimento em 
República, Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora e o Serviço de 
Proteção em situações de Calamidade Pública e de Emergência. 
Destacaremos o Serviço de Acolhimento Institucional, com ênfase no 
Abrigo Institucional que compreende as Instituições de Longa Permanência 
para Idosos (as) – ILPI, pois será uma das categorias que fará parte do 
embasamento teórico do referido trabalho. 
O Serviço de Acolhimento Institucional para idosos se desenvolve em 
duas modalidades: 
1. Atendimento em unidade residencial onde grupos de até 10 idosos 
(as) são acolhidos (as). Deve contar com pessoal habilitado, treinado 
e supervisionado por equipe técnica capacitada para auxiliar nas 
atividades da vida diária. 
2. Atendimento em unidade institucional com característica domiciliar 
que acolhe idoso (as) com diferentes necessidades e graus de 
dependência. Deve assegurar a convivência com familiares, amigos e 
pessoas de referência de forma contínua, bem como o acesso às 
atividades culturais, educativa, lúdica e de lazer na comunidade. A 
capacidade de atendimento das unidades deve seguir as normas da 
Vigilância Sanitária, devendo ser assegurado o atendimento de 
qualidade, personalizado, com até 4 (quatro) idosos (as) por quarto 
(Resolução CNAS nº 109/09, p.32). 
 
 Este serviço tem como objetivo geral: realizar o acolhimento garantindo 
a proteção integral; visa contribuir para a prevenção do agravamento de 
situações de negligência, violência e ruptura de vínculos; restabelecimento dos 
vínculos familiares e/ou sociais; deve possibilitar a convivência comunitária; 
34 
 
promovendo o acesso à rede socioassistencial; fazer com que o indivíduo 
desenvolva escolhas com autonomia; bem como promover o acesso a 
programações de lazer internas e externas, que estejam voltadas para os 
interesses, vivências, desejos e possibilidades dos idosos (Resolução CNAS nº 
109/09). 
 De acordo com a Resolução CNAS nº 109/09, este serviço apresenta os 
seguintes objetivos específicos: incentivo para desenvolver o protagonismo e a 
capacidade para a realização das atividades diárias; viabilizar seu acesso à 
renda; desenvolver condições para a independência e o autocuidado; bem 
como proporcionar a convivência mista entre os residentes de diversos graus 
de dependência. 
Segundo a Resolução CNAS nº 109/2009, 
Acolhimento para idoso (as) com 60 anos ou mais, de ambos os 
sexos, independentes e/ou com diversos graus de dependência. A 
natureza do acolhimento deverá ser [...], excepcionalmente, de longa 
permanência quando esgotadas todas as possibilidades de auto-
sustento e convívio com os familiares (p.31). 
Na resolução supracitada é sinalizado que o acolhimento à pessoa idosa 
deve seguir alguns parâmetros,dentre estes: apresentar condições dignas para 
receber os idosos; preservar a identidade, integridade e história de vida do 
beneficiário; a infraestrutura do equipamento deve estar de acordo com os 
padrões de qualidade, ser higienizado, ter acessibilidade, habitabilidade, 
salubridade, ser um ambiente seguro e confortável; propiciar acesso à 
alimentação e ser um ambiente acolhedor, com espaços reservados, para 
manter a privacidade. 
Para Faleiros (2007), a cidadania deve ser considerada “como 
reconhecimento do sujeito de direitos num Estado de direito, como 
participante”, e a inclusão do direito do idoso amplia a cidadania do mesmo, 
tornando-se fundamental para a construção de uma sociedade mais justa. O 
autor ainda acrescenta que, 
A promoção da cidadania é um movimento de reconhecimento do ser 
sujeito na construção de sua história, por meio da participação 
política e por meio da garantia do exercício da autonomia e das 
35 
 
condições para que ela se efetive, num Estado e numa sociedade de 
direitos democraticamente construídos (p. 166). 
Diante do que foi exposto destacamos que o idoso vem conquistando 
seu espaço na sociedade, e que seus direitos são assegurados por leis que 
visam à ampliação da cidadania e melhoria na qualidade de vida, 
proporcionando uma velhice com mais dignidade. Ao mesmo tempo, temos a 
consciência de que as leis e normatizações ainda estão em processo de 
conhecimento por parte dos atores envolvidos no envelhecimento populacional, 
sobretudo os próprios velhos e neste sentido precisamos assumir o 
compromisso de divulgar e de fazer com que os mesmos se apropriem de tudo 
que está posto em legislação, na perspectiva dos direitos individuais e coletivos 
deste segmento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
CAPÍTULO II - INSTITUCIONALIZAÇÃO DA “VELHICE” 
2.1. Contextualização histórica das Instituições de Longa Permanência 
para Idosos – ILPIs. 
As instituições que abrigam idosos geralmente são conhecidas como asilos, 
onde na maioria das vezes está associada à discriminação, à pobreza, 
segundo Alcântara (2004). Os asilos constituem a modalidade mais antiga de 
atendimento à pessoa idosa fora do seu convívio familiar. 
Geralmente, as instituições são vistas de forma negativa, onde o ideal 
seria que o idoso pudesse conviver com sua família, pois, 
Sem o respaldo familiar, do sistema formal (representado pelo 
Estado) e com a falta de engajamento da sociedade para o idoso, 
aumenta a possibilidade de sua inserção em uma instituição asilar 
(MAZZA & LEFÉVERE, 2004, p.70). 
As instituições que abrigam idosos existem há bastante tempo. “O 
cristianismo foi pioneiro no amparo aos velhos [...] Há registro de que o 
primeiro asilo foi fundado pelo Papa Pelágio II (520-590), que transformou a 
sua casa em um hospital para velhos” (DEBERT, 1999, apud ALCÂNTARA, 
2004, p.31). 
A primeira instituição asilar criada no Brasil foi em 1782, no Rio de Janeiro, 
pela Ordem 3ª da Imaculada Conceição, com capacidade para atender 30 
idosos (FILIZZOLA, 1972, apud LIMA, 2011, p.62). 
 Segundo Alcântara (2004, p.33), na época do Brasil Colônia, o Conde de 
Resende defendeu “a ideia de que os soldados velhos mereciam uma velhice 
digna e descansada”. Só em 1794, a Casa dos Inválidos, começou a funcionar 
no Rio de Janeiro, proporcionando àqueles que serviram à pátria uma velhice 
tranquila como uma forma de reconhecimento e não como uma ação de 
caridade. 
No Brasil, um dos primeiros asilos, voltados exclusivamente para a 
população idosa, foi criado em 1890, no Rio de Janeiro: a Fundação do Asilo 
São Luiz para a Velhice Desamparada, abrigando idosos pobres, sob a ótica 
filantrópica- assistencialista (NOVAES, 2003, apud CHRISTOFHE, 2009, p. 
32). 
37 
 
Os asilos tiveram sua origem associada à filantropia, assim “a história da 
institucionalização da velhice começa como uma prática assistencialista, 
predominando na sua implantação a caridade cristã” (ALCÂNTARA, 2004, p. 
34). 
A Santa Casa de Misericórdia em São Paulo, no final século XIX, dava 
assistência a mendigos, conforme o aumento de internações para idosos 
passou a ser uma instituição gerontológica em 1964 (BORN, 2002, apud LIMA, 
2011, p.64). 
Somente no início do século XX as instituições tiveram seus espaços 
ordenados, de acordo com cada categoria social: “as crianças em orfanatos, os 
loucos em hospícios, e os velhos em asilos” (ALCÂNTARA, 2004, p.34). 
 Lima (2011), afirma que o modelo asilar brasileiro, ainda se assemelha 
às instituições totais, como uma forma ultrapassada de administrar os serviços 
de saúde e/ou habitação para idosos, deixando muito a desejar. 
Para Goffman (1974, p.11), uma instituição total é: 
Um local de residência e trabalho, onde um grande número de 
indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais 
ampla por considerável período de tempo, leva uma vida fechada e 
formalmente administrada. 
Segundo Born (2000, apud ALCÂNTARA, 2004, p.34), foi na década de 
1960, quando se iniciou “a organização da Sociedade Brasileira de Geriatria, 
começam a surgir às primeiras clínicas geriátricas e casas de repouso não 
filantrópicas”. É a partir desse momento que a institucionalização da velhice 
deixa de ser apenas filantrópica, passando a ser considerada uma fonte de 
renda visto que a população idosa tem a necessidade de cuidados especiais, 
conforme Alcântara (2004). 
Para Camarano; Kanso (2010, p. 234), instituição de longa permanência 
para idosos é, 
Uma residência coletiva, que atende tanto idosos independentes em 
situação de carência de renda e/ou de família quanto aqueles com 
dificuldades para o desempenho das atividades diárias, que 
necessitem de cuidados prolongados. 
38 
 
Sobre as associações religiosas e filantrópicas, Born e Boechat (2006) 
destacam a Sociedade de São Vicente de Paulo – SSVP, criada em Paris, em 
1833, como uma instituição religiosa católica, de cunho filantrópico que se 
destinava a servir aos mais necessitados. Segundo Camarano e Kanso (2010), 
as instituições religiosas vicentinas chegam a cerca de 700, atualmente no 
Brasil. 
A maioria das instituições existentes no Brasil é de cunho filantrópico e de 
congregações religiosas, representando 65,2% das instituições do país 
(CAMARANO; KANSO, 2010). 
Em um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
(IPEA), divulgado no dia 24 de maio de 2011, ficou evidente que o número de 
instituições públicas que abrigam os idosos não está acompanhando o 
crescimento da população idosa, que já chega a mais de 20 milhões de 
pessoas, segundo Censo de 2010. “No Brasil, funcionam 3.548 asilos (públicos 
e privados)”. O que impressiona é o número de instituições públicas, que se 
limita a 218 asilos em todo o país, compreendidos entre as esferas municipal, 
estadual e municipal (CARLYLE Jr., 2011). 
Neste contexto, o autor supracitado, aponta que o estudo revelou ainda que 
mais da metade das instituições brasileiras, 65,2%, são filantrópicas e o setor 
público só contribui com cerca de 22% do custo das referidas instituições. É 
constatado pelo IPEA (2011), que cerca de 83 mil idosos vivem em asilos no 
Brasil, e que as mulheres são a maioria nessas instituições. Segundo 
Camarano (2010), as mulheres representam 57,3% dos idosos que residem em 
uma instituição de longa permanência. 
 O gráfico a seguir cristaliza os dados quantitativos das instituições, em 
uma pesquisa realizada conjuntamente pelo IPEA/SEDH/CNPq de 2007- 2009. 
 
 
 
39 
 
Tabela 1 - Brasil: nº de ILPIs identificadas e que responderam à pesquisa por 
região - 2007-2009 
Região ILPIs em 
funcionamentoRespondentes Índice de resposta em 
% 
Norte 49 49 100 
Nordeste 302 301 99,7 
Sudeste 2255 2035 90,2 
Sul 693 663 95,7 
Centro-Oeste 249 246 98,8 
Brasil 3548 3249 92,8 
Fonte: Pesquisa IPEA/SEDH/CNPq 
Carlyle JR. (2011), destaca que o Governo Federal, tem apenas uma 
instituição para os idosos, o Abrigo Cristo Redentor, que se encontra no Rio de 
Janeiro, atendendo 298 pessoas. O que não é muito diferente da nossa 
realidade, trazendo a discussão para o Estado do Ceará e para Fortaleza, a 
falta de ILPIs públicas é uma realidade social vivenciada por nosso país. 
No Nordeste, das 301 ILPIs pesquisadas e que responderam à pesquisa 
da região, a maioria, “é privada filantrópica: 81,4% delas”, dentre as que são 
religiosas e não religiosas e apenas 6% são públicas (IPEA, 2008). 
Segundo dados da pesquisa realizada pelo IPEA/SEDH/CNPq no 
período de 2007/2008, o Ceará possui apenas 30 Instituições de Longa 
Permanência para Idosos. 
O gráfico a seguir, foi construído segundo dados da pesquisa 
IPEA/SEDH/CNPq, de 2007/2008, demonstra que a quantidade de instituições 
públicas deixa muito a desejar no Estado do Ceará. No referido estado apenas 
10% das instituições existentes são públicas, enquanto 90% das instituições 
são privadas filantrópicas (sem fins lucrativos), compreendidas entre religiosas 
– 47% e não religiosa – 43%. 
 
 
 
40 
 
Gráfico 01 - Ceará: nº de ILPIs identificadas e que responderam à pesquisa no 
Estado – 2007/2008 
 
Fonte: Pesquisa IPEA/SEDH/CNPq 
 
A situação na capital cearense também não é muito diferente, pois 
segundo o IPEA/SEDH/CNPq de 2007/2008, existem apenas 10 ILPs em 
Fortaleza. 
O gráfico a seguir, foi construído segundo dados da pesquisa 
IPEA/SEDH/CNPq de 2007/2008, onde é possível visualizar a quantidade de 
ILPIs em Fortaleza, onde a instituição pública representa apenas 10% do total 
das instituições na capital. A proporção das instituições privadas filantrópicas 
religiosas é de 50%, e consequentemente as instituições privadas filantrópicas 
não religiosas representam 40% do total. 
Gráfico 02 - Fortaleza: nº de ILPIs identificadas e que responderam à 
pesquisa na capital -2007/2008 
 
Fonte: Pesquisa IPEA/CNPq/SEDH 
 
10%
47%
43%
Ceará 2007/2008
Pública
Privada Filantrópica Religiosa/Sem Fins Lucrativos
10%
50%
40%
Fortaleza 2007/2008
Pública
Privada Filantrópica Religiosa/Sem Fins Lucrativos
Privada filantrópica Não Religiosa/ Sem Fins Lucrativos
41 
 
 Finalizando este item da pesquisa, informamos que a única ILPI 
administrada pelo poder público em Fortaleza, é o Abrigo do Estado do Ceará, 
localizado à Rua Olavo Bilac, 1280, bairro São Gerardo. O Abrigo público da 
Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social é uma unidade destinada 
a pessoas idosas em situação de abandono. 
2.2. Regulamentação das Instituições de Longa Permanência para Idoso 
 
Além de proporcionar um ambiente acolhedor, uma vida saudável, para 
que os idosos (as) institucionalizados vivam dignamente, as ILPIs devem 
cumprir normas de funcionamento. 
As Instituições de Longa Permanência para Idosos têm seu 
funcionamento regulado por leis e normas específicas e buscam proporcionar 
um ambiente acolhedor ao seu público. Neste sentido sinalizaremos o que 
existe de normatização e orientações para os referidos equipamentos. 
A princípio as ILPIs foram regulamentadas através de quatro portarias, 
sendo uma do Ministério da Saúde e as demais regulamentadas pelo Ministério 
da Previdência e Assistência Social. 
A Portaria nº 810/1989, do Ministério da Saúde foi a primeira a aprovar, 
“normas e padrões para o funcionamento de casas de repouso, clínicas 
geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento de idosos [...]”. 
Definindo as instituições de longa permanência como estabelecimentos de 
diversas denominações, com ambiente físico apropriado, com o quadro de 
pessoal adequado para atender os idosos, sob o regime de internato ou não, 
independente de pagamento e por período indeterminado. 
Em 2000, o Ministério da Previdência e da Assistência Social, publicou 
duas portarias de nº 2.854/2000 e nº 2.874/2000, e ambas definem o 
atendimento integral institucional como aquele “prestado em instituições 
acolhedoras conhecidas como: abrigo, asilo, lar e casa de repouso, para idosos 
em situação de abandono, sem família ou impossibilitados de conviver com 
suas famílias” (Portaria nº 2.854/00 e nº 2.874/00). 
42 
 
A Portaria da Secretaria de Política de Assistência Social- SAS-073, de 
10 de maio de 2001, se constitui como uma etapa da regulamentação da 
Política Nacional do Idoso – PNI, trazendo novas mudanças no que se refere 
às “Normas e Padrões mínimos para serviços e programas de Atenção à 
Pessoa Idosa” de acordo com as demandas, no âmbito do Estado e do 
Município. Segundo a portaria supracitada o Atendimento Integral Institucional, 
“é aquele prestado em uma instituição asilar, prioritariamente aos idosos sem 
famílias, em situação de vulnerabilidade [...]” (p. 81). Priorizando serviços para 
que o idoso permaneça com sua família, sendo o atendimento integral 
institucional a última alternativa para o idoso. 
A Constituição Federal de 1988 preconiza que o cuidado voltado para a 
pessoa idosa deve ser feito pela família, em detrimento do atendimento asilar, 
porém no Art. 37, do Estatuto do Idoso (2003), afirma que, 
O idoso tem direito a moradia digna, seja no seio da família natural, 
substituta, ou desacompanhado de seus familiares, se assim o 
desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada. 
Segundo o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003), 
As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões 
de habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como 
provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às 
normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas de lei (Art. 
37, § 3º, p.21). 
O artigo 49, do Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003, p. 25), como um 
instrumento importante para a garantia dos direitos dos idosos e norteador das 
políticas de atendimento, determina os princípios a serem seguidos pelas ILPIs, 
como: preservar os vínculos familiares, desenvolver atendimento 
personalizado, promover a participação do idoso nas atividades comunitárias 
de caráter interno e externo e preservar a identidade dele, bem como oferecer 
ambiente de respeito e dignidade. 
O art. 50 do Estatuto do Idoso (2003) delimita as obrigações das entidades 
de atendimento ao idoso, onde se inserem as instituições de longa 
permanência, 
I - celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, 
especificando o tipo de atendimento, as obrigações da entidade e 
43 
 
prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, se 
for o caso; 
II - observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos; 
III - fornecer vestuário adequado se for pública, e alimentação 
suficiente; 
IV - oferecer instalações físicas em condições adequadas de 
habitabilidade; 
V - oferecer atendimento personalizado; 
VI - diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares; 
VII - oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas; 
VIII - proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do 
idoso; 
IX - promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de 
lazer; 
X - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo 
com suas crenças; 
XI - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; 
XII - comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de 
idoso portador de doenças infectocontagiosas; 
XIII- providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os 
documentos necessários

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