Buscar

Competências e Conteúdo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Título: Competências e Conteúdo: realidades que permeiam a Educação.
No decorrer das aulas de Atividade de Integração II, dois assuntos dominaram as “rodas de discussão” em muitos momentos: o conteúdo abordado nas aulas de Educação Física e as competências de cada indivíduo. A abordagem destes temas nesse exíguo trabalho será feita com base nas impressões e opiniões pessoais de quem o produziu.
A exposição da questão das competências será fundamentada primeiramente na conceituação do termo, para que sua abordagem fique mais clara, sendo utilizado para isso trecho do dicionário de Aurélio Buarque de Holanda(1977), que explica competência como“... capacidade, aptidão”. A partir desse conceito pode-se dizer que a forma de Educação adotada tem, em parte, influência sobre as competências de cada indivíduo. Digo em parte porque cada um já nasce com determinadas competências, capacidades, que podem ser aprimoradas ou não durante o seu desenvolvimento. E é aí que a Educação atua. É sua função, entre outras, melhorar capacidades e revelar aptidões antes desconhecidas, e até mesmo proporcionar a aquisição de outras. Através dessa perspectiva dá-se a verdadeira noção do grau de importância do ato educacional. Por isso, deve-se considerar a escolha das metodologias de ensino de acordo com a realidade daqueles que sofrerão sua influência (contextualização da Educação), e em que momento cada conteúdo abordado será relevante e como utiliza-lo em favor das competências individuais e do grupo. Deve-se também salientar que os indivíduos têm diferentes graus de aptidão, portanto, alguns têm uma capacidade motora maior, outros têm maior aptidão cognitiva, há os que possuem o aspecto sócio-afetivo mais desenvolvido e ainda os que possuem características de vários domínios em equilibrado progresso. Uma das tarefas dos educadores é detectar essas diferenças, identificar necessidades, estimular competências já evidentes e evoluídas, enfim, explorar todos os níveis de competências. Portanto, seguindo este raciocínio, não existem pessoas totalmente incapazes, e sim pessoas com pouca ou sem aptidão, momentaneamente, para determinada ação, seja ela motora, cognitiva ou social, podendo este quadro ser melhorado através de estímulo adequado. Isto não quer dizer que este indivíduo chegará à aptidão extrema (o que não é impossível). Como disse anteriormente, há diferentes graus de competência, porém, o aumento da capacidade poderá ser significativo.
No que diz respeito ao conteúdo, dois aspectos principais foram considerados: o primeiro se traduz na existência ou não deste como forma de instrumento bem delimitado, isto é, se a Educação Física teria um conteúdo realmente próprio; já o segundo aspecto discutia a aplicação deste conteúdo, no caso de admitida sua existência. Durante os questionamentos em aula, o que pareceu ser colocado é que a Educação Física, apesar de ser uma disciplina escolar, ainda não possui um conteúdo claro como a Matemática ou o Português, mas há um interesse de profissionais da área para que essa elaboração seja feita.
Em minha opinião, a Educação Física possui um conteúdo, mas que não pode se resumir a atividades física, esportivas ou folclóricas. Assim como acredito que a Matemática não se resuma àquelas equações mirabolantes e a cálculos enormes, e a Geografia não seja o mero conhecimento da localização de países, a língua adotada e a moeda corrente. A educação deve ser mais do que ensinar a somar e diminuir ou onde fica o Mar Mediterrâneo. O mais importante é o que será feito dessas informações no dia-a-dia de quem as recebe, ou mais, qual a diferença que a aquisição desse conhecimento fará em suas vidas. Ensinar por ensinar, ou porque “faz parte do programa” ou porque é parte do “conteúdo” cobrado, não deveria ser a realidade, mas infelizmente é o que acontece. Não se leva em consideração, na maior parte das vezes, a realidade do educando, o que realmente este quer e precisa aprender, e até mesmo o que o educador gostaria de ensinar. A vontade considerada é daqueles que, em sua maioria, não estão incluídos em nenhuma das duas categorias de maior interesse – educadores e educandos – e não possuem a vivência de salas de aula e convívio diário. Tenho certeza que o que aqui será colocado vai parecer, e é, utópico. E é dessa mesma certeza que lanço mão para afirmar que a Educação só voltará a evoluir e se tornar algo irresistivelmente interessante e motivador para aqueles que dela usufruem, quando os que decidem seus rumos tomarem consciência que o verdadeiro “objeto de estudo”, o verdadeiro conteúdo da Educação, seja de que disciplina for, deve ser o ser humano, pois é dele que vem e é para ele que é feita a Educação. Seguindo, mais ou menos, essa linha de pensamento, me recordo de uma passagem do livro “Pedagogia da Animação”, de Nelson Carvalho Marcellino, na qual ele sugere a redescoberta das bases da Educação, de duas origens, através da alma. Ainda, segundo Aurélio Buarque de Holanda (1977), conteúdo é “o que se contém nalguma coisa”. E o que mais se contém no ato de educar formalmente do que alunos e professores? Então, porquê não dar a estes a chance de decidir sua direção? Será porque desta forma o ensino será mais produtivo e isto não é interessante para alguns? Pode parecer o mesmo discurso de décadas atrás, mas as coisas ainda não mudaram, e enquanto a Educação continuar como mais um instrumento de uma guerra de interesses, precisaremos mante-lo. 
Ensinar é ajudar a descobrir, é fornecer instrumentos para a construção de algo. Se aquilo que se transmitiu não for disseminado, em parte, este conhecimento foi em vão, pois o conhecimento encerrado em si não tem sentido, e o que não é utilizado fatalmente será esquecido. Dessa forma, o ciclo ensino-aprendizagem-ensino não terá continuidade e a educação não terá sido completa, pois aquilo que a caracteriza não terá ocorrido.
Tudo isso pode parecer meramente um discurso político, mas nós, professores-educadores, precisamos perder o medo de ser considerados demasiadamente políticos. Particularmente os profissionais de Educação Física. Ou então seremos eternamente conhecidos como “aquele que vive de short e camiseta”, ou “aquele que ajuda na ‘festinha’ do folclore ou ensina a marchar para o 7 de Setembro”, funcionaremos sempre como “tapa-buracos” para a ausência de outros professores e como “o tio das brincadeiras”... Eu prefiro ser extremamente político!

Outros materiais