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Gestão e Legislação Ambiental Aula 3 – Responsabilidade Ambiental *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Objetivos desta aula Ao final desta aula, você será capaz de: - Reconhecer os conceitos legais sobre dano ambiental - Analisar os conceitos de responsabilidade civil, administrativa e penal perante danos ao meio ambiente. *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Introdução A crise ambiental tem significado uma mudança transcendente em todas as áreas do conhecimento. O direito ambiental representa uma delas; apesar de mais de trinta anos de desenvolvimento, é considerado uma nova disciplina jurídica, podendo-se situar sua origem na década de 70. No entanto, a idéia de que o direito ambiental é um ramo jurídico “novo” pode nos levar a pensar que, antes de seu surgimento, não existiam normas jurídicas que tratavam dos principais problemas ambientais e do esgotamento dos recursos naturais. Muito pelo contrário, há séculos podemos situar os primeiros antecedentes nas normas de verdadeira tutela de recursos naturais. Dizemos que uma disciplina jurídica é autônoma quando apresenta um objetivo e princípios próprios e é capaz de desenvolver suas próprias instituições. *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental - O direito ambiental que tem por objetivo estabelecer limites àquelas atividades humanas que podem representar um risco, um perigo a causar danos ao meio ambiente, foi conformando-se a partir de instâncias políticas no âmbito internacional e transformando-se – da mesma forma que outras ciências – em um campo de conhecimento produtivo visando acompanhar a elaboração de soluções necessárias para evitar o agravamento da crise ambiental e paliar os impactos negativos. - Uma das formas encontradas para que isso ocorresse, foi o surgimento da questão das responsabilidades civil, administrativa e criminal. - Vamos conhecê-las? Introdução *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Direito Ambiental Dentre os países que consagram o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado em suas legislações – tenha sido por previsão, em seus sistemas jurídicos de direito interno, conseqüente da internalização de tratado internacional, ou como conseqüência de evolução autônoma de seu direito interno - , uma coisa é certa: o simples fato de o terem feito traz em si latente o reconhecimento da importância em tratar a questão ambiental admitindo-se sua especificidade a partir do acompanhamento dos princípios gerais do Direito Ambiental. *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Tanto isso é verdade que países que incluíram esse direito em suas Constituições (diga-se de passagem, entre eles o Brasil; ao lado da Holanda, Grécia, Peru e Portugal) vêm estabelecendo, de forma explícita, inúmeras determinações que contêm em si orientações dos citados princípios dentre as obrigações que impõem. Uma constituição analítica, como é a Constituição da República Federativa do Brasil de 1998, claramente absorve a orientação dos princípios gerais do Direito Ambiental ao, por exemplo, prever o Estudo de Impacto Ambiental – um dos instrumentos de implementação do Princípio da Prevenção – para toda atividade potencialmente degradadora do meio ambiente. Direito Ambiental *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Na realidade o próprio caput do artigo reservado ao meio ambiente, na Constituição Federal de 1988, é uma releitura do princípio 1 da Declaração de Estocolmo. A redação de ambos os dispositivos apresenta semelhanças, o que não é mera coincidência. A Declaração de Estocolmo afirma que o homem tem um direito fundamental à liberdade, à igualdade e a condições de vida satisfatórias, em um ambiente cuja qualidade lhe permita viver com dignidade e bem-estar; que ele tem o dever solene de proteger e melhorar o ambiente para a presente e as futuras gerações; e que; sob esse ponto de vista, as políticas que encorajam ou permitem que perpetuem o apartheid, a segregação racial, a discriminação, as formas, coloniais ou outras, de opressão ou de dominação estrangeiras são condenadas e devem ser eliminadas. Direito Ambiental *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Com isso, percebemos que não há o que não esteja relacionado ao meio ambiente e, logo, precise, sob ao menos um aspecto, sofrer influência das leis e princípios que regulam o uso dos recursos naturais. Por esse motivo, ressalta-se ser o Direito Ambiental dotada da transdisciplinaridade. O meio ambiente, como tema transversal, implica atrelar, principalmente nas avaliações ambientais, opiniões de toda ordem, vindas dos entendimentos das mais diversas disciplinas. A composição mista das comissões e conselhos ambientais é a exata demonstração disso. Direito Ambiental *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Cada um tem seu papel a exercer no processo de desenvolvimento sustentável. As pessoas (naturais ou jurídicas; públicas ou privadas) têm uma função a cumprir na gestão do meio ambiente. Isoladamente, mantendo ao menos uma conduta ambiental não destrutiva; e, em conjunto, sendo pró-ativos na administração e recuperação dos bens ambientais. A essa forma conjunta de participação dos atores ambientais costuma-se dar o nome de função jurídica ambiental; ressalva-se que são titulares dessa função, nos termos do art. 225, caput da Lei Maior, o Poder Público e a coletividade. - Na função jurídica ambiental, os titulares ao direito ecologicamente equilibrado estão na posição de sujeitos ativos deste direito (eles são a primeira parte da relação jurídica ambiental) e, por isso mesmo, podem exigir dos sujeitos passivos (outra parte) as prestações objeto da relação jurídica em questão. Direito Ambiental *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental - Para podermos falar sobre responsabilidade civil, administrativa e criminal perante danos ao meio ambiente, temos que primeiro entender o que é o dano ambiental. A obrigatoriedade da reparação do dano ambiental está inserida na Lei n. 6.938/81 no art. 14, que estabelece: “Sem obstar a aplicação das penalidades deste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência da culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. (...)”. Sendo essa norma uma ferramenta de fundamental importância para a garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dano Ambiental *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental é a lesão aos recursos ambientais, com conseqüente degradação – alteração adversa ou in pejus –equilíbrio ecológico”. Por recursos ambientais, entende-se como sendo a “atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera,a fauna e a flora” (Lei n. 6.938/81. Art. 3º., V). Podemos então concluir, que dano ambiental é toda e qualquer degradação que afete o equilíbrio ecológico do meio ambiente, tanto físico quanto estético. Denota-se pelo próprio conceito acima, que é muito difícil a reparação do dano ambiental. Dano Ambiental: o que é? *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Dano Ambiental *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Para o Prof. Paulo de Bessa Antunes, a reparação dos danos ambientais é, provavelmente, o momento mas crítico da delicada relação entre o meio ambiente natural, desenvolvimento socioeconômico e a aplicação das normas do Direito Ambiental. Tal fato é indiscutível pois, a dedicação ao cuidado com o meio ambiente é diretamente proporcional ao maior ou menor rigor com a qual é encarada a responsabilização dos causadores de danos ao meio ambiente. Por muito que se tenha falado sobre o assunto, a realidade é que até hoje, não existe um critério para fixação do que, efetivamente, constitui-se no dano ambiental e como este deve ser reparado. A primeira hipótese a ser considerada é o que era o estado natural do ambiente agredido ao seu status quo. Reparação dos Danos *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Todos nós sabemos que não é simples a reconstrução de um local degradado. Muitas vezes a degradação de um determinado local implicou na extinção de uma espécie vegetal, ou animal, por exemplo. E em muitas situações não será possível colocar na natureza espécie destruída. Segundo o caderno de direito Ambiental (Revista dos Tribunais, 1997), no nosso ordenamento jurídico há duas formas de reparação do dano ambiental: a primeira pela reconstituição do bem lesado e a segunda pela indenização em dinheiro. a reconstituição do bem lesado seria a forma mais adequada ao ressarcimento do evento prejudicial ao meio ambiente, pois o objetivo primordial em sede de direito ambiental é preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as gerações presente e futuras. Reparação dos Danos *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental - Contudo, na prática, isto muitas vezes torna-se impossível e em alguns casos, embora na composição do dano, o responsável, replante a mesma espécie florestal que desmatou, o ambiente agredido não retorna ao seu status quo ante, é só verificarmos os casos de exploração florestal nas reservas indígenas, onde foi retirada vegetação, que a natureza levou 50 anos para formar. Poderão responder pelo dano ambiental os autores diretos ou indiretos da lesão ambiental, a administração pública e os entes público, basta que exista a atividade danosa ao meio ambiente, somado à existência do nexo causal entre estes e a atividade danosa. Nos termos da lei, o responsável principal é o “poluidor”. De acordo com dispositivo legal, poluidor é “ a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental” (Lei n. 6.938/81, art. 14, 1º. E art. 3º. , IV). Reparação dos Danos *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental “Embora quem quer que contribua para a degradação do meio ambiente é civilmente responsável pelos danos daí decorrentes, não há dúvida que a responsabilidade primeira- mas não exclusiva – reside com o empreendedor. É ele o titular do dever principal de zelar pelo meio ambiente e é ele que aproveita, direta e economicamente, a atividade lesiva”. Havendo mais de um empreendedor, pode a reparação ser exigida de todos e de qualquer um dos responsáveis, segundo as regras da solidariedade. É que, como sustenta Jorge Alex Nunes Athias, “uma das maiores dificuldades que se pode ter em ações relativas ao meio ambiente é exatamente determinar de quem partiu efetivamente a emissão que provocou o dano ambiental, máxima quando isso ocorrem em grandes complexos industriais onde o número de empresas em atividade é elevado. Reparação dos Danos *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Não seria razoável que, por não se poder estabelecer com precisão a qual deles cabe a responsabilização isolada, se permitisse que o meio ambiente restasse indene”. Ao que pagar pela integridade do dano caberá ação de regresso contra os outros corresponsáveis, pela via da responsabilização subjetiva, e onde se poderá discutir a parcela de responsabilidade de cada um. Tratando-se de conduta comissiva, a administração pública e o ente público respondem objetivamente pelas lesões que causarem ao meio ambiente, ressalvado o direito de regresso contra o servidor que agiu com dolo ou culpa. Reparação dos Danos *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental A simples autorização do órgão ambiental para funcionar uma atividade não gera por si só a responsabilidade da Administração Pública. É preciso que haja nexo causal entre a autorização emitida e o dano efetivamente causado ao meio ambiente. Se o IBAMA expede as licenças ambientais para a instalação de uma grande hidrelétrica sem exigir o EIA/RIMA, pode ser responsabilizado, pois o EIA/RIMA é uma exigência legal, o qual não fica a critério do poder discricionário do administrador público. Portanto, não é só como agente poluidor que o Poder Público pode ser controlado pelo Poder Judiciário, mas também quando se omite do dever constitucional de proteger o meio ambiente. Reparação dos Danos *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Da Responsabilidade Penal, Civil e Administrativa O desenvolvimento econômico e social indispensável à civilização dos tempos modernos, tem sido a justificativa para a acelerada e muitas vezes, irreversível devastação, do nosso patrimônio natural. Nas últimas décadas a poluição, o desmatamento, a caça, a pesca predatória não são mais praticadas em pequena escala. A degradação ambiental, tem alcançado níveis tão assustadores, que levou a sociedade a repensar esse modelo de desenvolvimento, e ao mesmo tempo, buscar a tutela jurídica penal dos bens ambientais, por entender, serem os mesmos, necessários à vida. - Com efeito, o controle a ser exercido sobre o homem predador, dar-se-á pela aplicação de normas penais ambientais, rígidas, onde se objetiva, efetivamente, combater a degradação ambiental, utilizando-se estes instrumentos normativos para proteção do meio ambiente. *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental A responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, de acordo com os preceitos do 1º. Do art. 14º. Da Lei n. 6.938/81, é uma responsabilidade objetiva e se fixa independentemente de culpa. O que significa que quem danificar o ambiente tem o dever legal de repará-lo. Não se perguntando a razão da degradação para que haja o dever de reparar. Caberá ao acusado provar que a degradação era necessária, natural ou impossível de ser evitada. As pessoas que vivem em sociedade são obrigadas a abstenções (deixar de fazer algo), a ações (fazer algo) ou prestações (pagar algo). Nasce assim, para cada um, um certo dever de comportamento, uma obrigação de suportar essa imposição. Esse comportamento passivo, juridicamente é denominado de dever jurídico. - O dever de conhecer essa delimitação, é de suma importância para todos, sob pena de sujeitarmo-nos à punição. A noção de dever jurídico é fundamental para o entendimento do que seja um ilícito. Da Responsabilidade Penal, Civil e Administrativa *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental - Os atos ilícitos civil, administrativo ou penal, encontram-se absortos no mesmo conceito, ou seja, a antijuricidade, a qual é entendida não só como uma transgressão de um preceito jurídico, mas também como agressão aos valores guardados e protegidos na norma legal ou regulamentar. Os atos ilícitos constituem-se nos atos praticados em desacordo com as normas legais. São assim considerados, por serem contrários ao direito por serem irregulares e proibidos. Podemos considerar ato ilícito, como sendo a violação do direito ou dano causado a outrem, por dolo ou culpa, podendo ser decorrente de uma ação ou omissão do sujeito. Da Responsabilidade Penal, Civil e Administrativa *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Infração Administrativa é o cometido de uma transgressão contra a administração pública, cuja sanção pode ser aplicada isolada ou cumulativamente. Na verdade, é a transgressão cometida em desacordo com as normas legais ou regulamentos da administração pública, a qual se impõe a penalidade administrativa. - A Lei 9.605/98, preencheu uma importante lacuna no que se refere aos ilícitos administrativos ambientais e quanto à previsão de sanções a serem impostas pela Administração Pública. *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Infração Civil e Penal Infração civil: é a infração cometida em desacordo com as leis, normas, ou regras jurídicas, ou contra o interesse privado de outrem, onde se impõe, obrigatoriamente a responsabilidade civil de reparação ao dano. Infração penal: a lei 9.605/98 sistematizou os tipos penais antes de dispersos em vários diplomas legais e deu um tratamento mais rigoroso aos responsáveis pelas condutas criminosas que agridem o meio ambiente. A infração penal é a violação da lei penal, que resulta no crime ou na contravenção e dá margem à aplicação da pena restritiva de liberdade. - É ressaltado que é imposta aos infratores de forma repressiva e abarcam uma graduação que vai desde a pena de advertência, até a reparação dos danos causados. *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Conclusão da aula: - Diante do exposto, espera-se que, em conjunto, os instrumentos de implementação dos princípios ambientais continuem sendo reforçados, organizados e efetivamente utilizados, para que todos, exercendo os respectivos papéis de atores ambientais, viabilizem a vida saudável almejada no processo de desenvolvimento sustentável por meio de mecanismos de harmonização entre as chamadas dimensões humana e natural do meio ambiente. - É importante sabermos que quando estamos estudando as responsabilidades e suas sanções, há uma infinidade de coisas a serem observadas e estudadas. O aqui exposto, foi apenas um pequeno resumo do que consideramos necessário para que você possa começar a procurar o que mais considere necessário para seu próprio conhecimento. *Responsabilidade Ambiental– AULA 3 Gestão e Legislação Ambiental Nesta aula vimos: - Os conceitos legais sobre dano ambiental - Os conceitos de responsabilidade civil, administrativa e penal perante danos ao meio ambiente. * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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