Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
* A resposta de Hegel * Hegel, filósofo alemão do século XIX, ofereceu uma outra solução para o problema do inatismo e do empirismo. Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o kantismo. A todos endereçou a mesma crítica – a de não haverem compreendido o que há de mais fundamental e de mais essencial à razão: a razão histórica. * A Filosofia, preocupada em garantir a diferença entre a mera opinião e a verdade, considerou que as ideias só seriam racionais e verdadeiras se fossem intemporais, eternas, as mesmas em todo tempo e em todo lugar. Uma verdade que mudasse com o tempo ou com os lugares seria mera opinião, seria enganosa, não seria verdade. * É essa intemporalidade atribuída à razão que Hegel criticou em toda a Filosofia anterior. Ao afirmar que a razão é histórica, Hegel não está dizendo que a razão é algo relativo, que vale hoje e não vale amanhã. O que Hegel está dizendo é que a mudança, a transformação da razão e de seus conteúdos é obra racional da própria razão. Segundo Hegel a razão dá sentido ao tempo. * Para Hegel, Kant estava certo em suas críticas aos empiristas e aos inatistas. Mas Kant também se enganou porque não foi capaz de compreender que a razão é criadora da realidade, que o real é a obra histórica da razão. * Para Hegel, a razão é: 1. O conjunto das leis do pensamento, isto é, os princípios, os procedimentos do raciocínio, as formas e as estruturas necessárias para pensar, as categorias, as ideias – é razão subjetiva. * 2.ordem, a organização, o encadeamento e as relações das próprias coisas, isto é, a realidade objetiva e racional – é razão objetiva; 3. a relação interna e necessária entre as leis do pensamento e as leis do real. Ela é a unidade da razão subjetiva e da razão objetiva. A essa unidade, Hegel dá o nome de espírito absoluto. * Por que a razão é histórica? A unidade ou harmonia entre o objetivo e o subjetivo, entre a realidade das coisas e o sujeito do conhecimento não é um dado eterno, algo que existiu desde todo o sempre, mas é uma conquista da razão e essa conquista a razão realiza no tempo. * Hegel diz que os conflitos filosóficos são a história da própria razão, a qual afirma uma tese, nega essa tese e chega a uma terceira posição que nega as duas anteriores. Esse movimento da razão, explica Hegel, tem a peculiaridade de nunca destruir inteiramente o que ela afirmou antes, mas incorpora o caminho percorrido numa verdade superior. * O caminho é feito de verdades parciais que vão sendo reunidas até que se chegue a uma verdade totalizadora que as engloba. Eis por que Hegel afirma que a história da razão ou a história da Filosofia é a memória dos caminhos percorridos, que foram conservados naquilo que tinham de verdadeiro. * Em cada momento de sua história, a razão produziu uma tese a respeito de si mesma e, logo a seguir, uma tese contrária à primeira, ou uma antítese. Cada tese e cada antítese foram momentos necessários para a razão conhecer-se cada vez mais. Cada tese e cada antítese foram verdadeiras, mas parciais. Sem elas, a razão nunca teria chegado a conhecer-se a si mesma. * Mas a razão não pode ficar estacionada nessas contradições que ela própria criou por uma necessidade dela mesma: precisa ultrapassá-las numa síntese que uma as teses contrárias, mostrando onde está a verdade de cada uma delas e conservando essa verdade. Essa é a razão histórica ou a história do Espírito, que busca tornar-se Espírito, que busca tornar-se Espírito Absoluto.
Compartilhar