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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
CURSO: Letras DISCIPLINA: Português V 
 
CONTEUDISTAS: Mikaela Roberto e Marli Pereira 
 
AULA 13 
PROCESSOS FONOLÓGICOS 
 
META 
A meta desta aula é apresentar os processos fonológicos recorrentes na fase de aquisição 
e desenvolvimento da linguagem. 
 
OBJETIVOS 
Ao final desta aula, você deverá: 
1. compreender em que consistem os processos fonológicos; 
2. identificar diferentes processos fonológicos característicos da fala normal e 
desviante; 
3. reconhecer processos fonológicos que se manifestam na escrita desviante. 
 
Pré-Requisitos 
Para acompanhar esta aula você precisará ter claras as noções exploradas em aulas 
anteriores, especificamente sobre sílaba e traços distintivos. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Processos fonéticos e fonológicos são fenômenos de alteração que ocorrem com os 
fonemas e fones, podendo ser estudados numa perspectiva diacrônica (em que são 
também conhecidos como metaplasmos) ou sincrônica. Interessa-nos particularmente 
esta última perspectiva. 
 
 
Christine
Realce
Início de verbete 
Metaplasmo: mudança fonética, geralmente assim chamada nos estudos diacrônicos 
dos processos fonológicos. 
Fim de verbete. 
 
De acordo com Stampe, 
 
[...] um processo fonológico é uma operação mental que se aplica à fala para 
substituir, no lugar de uma classe de sons ou de uma seqüência de sons que 
apresentam uma dificuldade específica comum para a capacidade de fala do 
indivíduo, uma classe alternativa idêntica, porém desprovida da propriedade difícil. 
(STAMPE, 1973 apud OTHERO, 2005, p. 3). 
 
Dessa forma, um processo fonológico atua na facilitação da realização de um dado som 
ou grupo de sons, seja pela criança, em fase de aquisição da linguagem, ou pelo adulto, 
em sua fala cotidiana. O estudo dos processos fonológicos é relevante para que se 
compreendam diferentes aspectos da língua, tais como mudanças da língua (estudo 
diacrônico), variações fonéticas (importantes em estudos sociolinguísticos diversos) e 
questões de aquisição da linguagem (já que diferentes processos costumam manifestar-
se com frequência nessa fase). Os processos permitem, ainda, que sejam analisados 
problemas fonoaudiológicos (em que a recorrência de determinadas alterações pode 
caracterizar os chamados desvios fonológicos, que estudaremos mais à frente, ainda 
nesta aula), bem como o processo de alfabetização (uma vez que alguns processos 
fonológicos resultam em dificuldades manifestadas também na escrita e leitura). Por 
fim, viabilizam o estudo do processamento psicolinguístico (já que algumas alterações 
são recorrentes entre os falantes, podendo dar indícios de como a linguagem se organiza 
em seu processamento). 
Os processos fonológicos são inatos, naturais e universais, ou seja, todo ser humano se 
depara com a realização dos processos fonológicos, especialmente durante a fase de 
aquisição da linguagem, em que dificuldades de articulação costumam ser mais 
frequentes. Como bem lembra Vogeley (2012, p. 226), “apesar de a substituição 
fonológica ser uma operação mental, ela é motivada pelas características físicas da fala 
como neurofisiológicas, morfológicas, mecânicas, temporais e acústicas”. 
Há diferentes classificações para os processos fonológicos, que geralmente se 
caracterizam por serem de supressão, adição, transposição e substituição, não havendo 
consenso entre os estudiosos quanto à quantidade e a nomenclatura dos processos. 
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Segundo Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1991), o número de processos fonológicos 
varia entre oito e 42 processos, sendo determinados 13 mais comuns em língua 
portuguesa. 
Seara, Lazzarotto-Volcão e Nunes (2011) organizam os processos fonológicos em 
quatro categorias distintas: a) de assimilação; b) de estruturação silábica; c) de 
enfraquecimento e reforço; e d) de neutralização. 
Os processos de assimilação são entendidos como aqueles em que um segmento torna-
se semelhante a outro, assumindo traços distintivos de um segmento vizinho. Exemplos 
de assimilação seriam, por exemplo, a labialização de consoantes diante de vogais 
arredondadas [ˈx], dentre outros que estudaremos nesta aula. Os processos de 
estruturação silábica são aqueles em que ocorre mudança na distribuição dos elementos 
silábicos, seja por acréscimo, inversão ou supressão. Exemplos desses processos seriam 
a alteração do padrão silábico complexo para CV, como em prato → [‘], dentre 
outros que estudaremos nesta aula. Os processos de enfraquecimento e reforço 
envolvem modificações de elementos conforme sua posição na palavra. É o que ocorre 
com a realização [‘ǝ] para festa, em que há ditongação, na fala carioca, devido ao 
contexto. Por fim, processos de neutralização ocorrem quando dois segmentos distintos 
perdem suas diferenças em determinados contextos, conforme vimos em aulas 
anteriores. É o que ocorre com as vogais átonas finais, no PB, por exemplo. 
Os processos apresentados nesta aula não seguem a classificação mencionada por 
nenhum dos autores, apesar de coincidirem, em grande parte, com os fenômenos por 
eles descritos. Estão aqui organizados em quatro categorias: processos por apagamento 
ou supressão, processos por acréscimo, processos por transposição e processos por 
substituição. Vamos ver um a um com exemplos. Os exemplos utilizados são de dados 
de aquisição de linguagem e de realizações sociolinguísticas diversas. 
 
1 Processos fonológicos por apagamento ou supressão 
 
Os processos fonológicos por apagamento ou supressão (também chamados de 
processos fonológicos de queda, eliminação ou truncamento) são considerados 
processos de estruturação silábica e envolvem o apagamento ou supressão de um 
segmento, seja ele uma vogal, consoante, semivogal ou, até mesmo, uma sílaba. 
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
O apagamento de vogal tende a ocorrer quando ela assume posição inicial de vocábulo, 
coincidindo com sílaba, podendo ser evidenciada tanto diacrônica quanto 
sincronicamente, seja durante a aquisição ou em variações sociolinguísticas, como é 
comum que ocorra com os diversos processos. 
É exemplo de apagamento de vogal (no caso, sílaba) em início de vocábulo: 
 
 obrigado > “brigado” → [.‘.] 
 [] > Ø 
Início de boxe 
As transcrições fonéticas feitas nos exemplos dos processos fonológicos terão pontos 
para identificar as sílabas, facilitando a compreensão dos fenômenos ilustrados. Cabe 
lembrar que a sílaba tônica é sempre antecedida por apóstrofo. Para que não haja 
dúvidas quanto ao fenômeno exemplificado, optou-se pelo registro em escrita 
convencional, juntamente à transcrição fonética. 
Observe, no exemplo dado, que após a mudança indicada em escrita convencional (o 
sinal > indica a mudança da forma anterior à posterior ao sinal) há a transcrição 
fonética. Na linha de baixo há a transcrição do elemento que sofreu alteração. No caso, 
o resultado foi o apagamento, daí o símbolo Ø, que significa “vazio”. 
Fim de boxe. 
 
O apagamento de consoante pode se dar em diferentes posições silábicas, sendo comum 
o apagamento de líquidas em posição C2 (redução de encontros consonantais) ou em 
início de sílaba e de fricativas em posição de coda. 
São exemplos de apagamento de líquidas em posição C2 ou em início de sílaba: 
 
 drible > “dible” → [‘.] 
 [] > [] 
 
 bicicleta > “biciketa” →[..’.ǝ] 
 [] > [] 
 
 barata > “baata” → [ǝ.’.ǝ] 
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
 [] > Ø 
 
 velhinha > “veinha” →[.’.ǝ] 
 [] > Ø 
 
Início de boxe 
Esses casos de apagamento de consoante são muito comuns durante a aquisição da 
linguagem, uma vez que as líquidas são adquiridas posteriormente a outras consoantes 
e, no caso do apagamento de C2, devido à estrutura silábica CV ser adquirida 
anteriormente ao chamado cluster (sílaba complexa, com encontro consonantal). 
Vogeley (2012) chama a atenção para o fato de estudos acústicos mostrarem que as 
crianças, nessa fase, embora não realizem a sílaba complexa, tendem a um alongamento 
compensatório da vogal, o que demonstra que reconhecem ali a presença de uma 
estrutura silábica diferente do padrão CV, o que sugere que a aquisição da estrutura 
prosódica precede o domínio do segmento no processo de aquisição fonológica. 
Curioso, não? Fim de boxe. 
 
São exemplos de apagamento de fricativas em posição de coda silábica: 
 pegar > “pegá” → [.’] 
 [] > Ø 
 
 garfo > “gafo” → [’.] 
 [] > Ø 
 
 mesmo > “memo” → [’.] 
 [] > Ø 
 
Início de boxe 
O primeiro exemplo deste último grupo (“pegar”) evidencia uma tendência comum na 
fala atual, em que a fricativa final dos verbos no infinitivo não aparece na fala, gerando, 
inclusive, dificuldade na escrita de crianças. Fim de boxe 
 
Christine
Realce
O apagamento de semivogal é bastante comum e o processo também é conhecido como 
monotongação ou deditongação. 
São exemplos de deditongação: 
 
tomou > “tomô” → [.’] 
 [] > [] 
 
 roupa > “ropa” → [‘.ǝ] 
 [] > [] 
 
 queixo > “quexo” → [‘.] 
 [] > [] 
 
 loira > “lora” → [‘.ǝ] 
 [] > [] 
O apagamento de sílaba ocorre com sílabas átonas em diferentes posições. 
São exemplos de apagamento de sílaba átona: 
 
 acabou > “cabô” → [.’] 
 [] > Ø 
 
 Bicicleta > “biketa” → [.’.ǝ] 
 [] → Ø 
 
 Fósforo > “fosfo” → [‘.] 
 [] → Ø 
Início de boxe 
Observe, neste último exemplo, uma tendência em realizar a estrutura canônica de 
acento do Português do Brasil, transformando uma proparoxítona – forma marcada – em 
uma paroxítona. 
Fim de boxe 
Christine
Realce
Christine
Realce
Cabe citar, ainda, a queda da vogal [i] em sílaba final átona, mencionada por Cagliari 
(1998, p. 76), ocasionando estruturas silábicas que fogem ao padrão comum do 
Português, como os exemplos que seguem: 
 lápis > “laps”→ [‘] 
 [] > Ø 
 
 pote > “pot” → [‘] 
 [] > Ø 
Início de boxe 
Em relação aos processos de apagamento, é muito comum encontrar, na literatura 
especializada, os seguintes termos: aférese (início), síncope (meio) e apócope (fim). A 
Aférese ocorre quando o segmento que sofre a queda está no início da palavra ( amarelo 
> Ømarelo); a síncope refere-se à queda do segmento medial da palavra (abóbora > 
abobØra) e a apócope ocorre quando o segmento está no final da palavra (viajar > 
viajaØ). 
 Fim de boxe 
 
2 Processos fonológicos por acréscimo 
 
Há vários processos de acréscimos relatados diacronicamente, havendo diferentes 
nomenclaturas para designá-los. Sincronicamente, porém, são comuns os acréscimos de 
vogais, conhecidos por epêntese, geralmente comuns em processos de regularização 
silábica, quando a estrutura silábica foge do padrão canônico da língua ou representa 
dificuldade articulatória durante a aquisição da linguagem. São comuns, ainda, os 
acréscimos de semivogais, também conhecidos como ditongação. 
A epêntese pode ser constatada nos exemplos a seguir: 
 
 pneu > “pineu” → [.’] 
 advogado > “adivogado"→ [...’.] 
prato > “parato” → [.’.] 
 
 
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Início de boxe 
Observe, neste último exemplo, que a epêntese se deve à dificuldade de realizar o 
cluster silábico, comum durante a aquisição da linguagem, gerando uma realização no 
padrão CV. 
 Fim de boxe 
 
A ditongação pode ser constatada nos exemplos a seguir: 
 
 nós > “nóis” → [ˈ] 
 nascer > “naiscê” → [.’] 
 doze > “douze” → [‘.] 
 arroz > “arroiz” → [.’] 
 
Pode ocorrer também, mais esporadicamente, o acréscimo de segmentos ao início de 
palavra (prótese) como, por exemplo, marrom > amarrom, e ainda o acréscimo de 
segmentos no final da palavra (paragoge) como em amor > amori. 
 
3 Processos fonológicos por transposição 
 
Os processos fonológicos por transposição são também conhecidos como metátese. 
Consistem na alternância de segmentos dentro do vocábulo, o que pode se dar dentro de 
uma única sílaba ou envolver duas sílabas distintas. 
São exemplos de metátese: 
 
 dentro > “drento” → [‘.] 
 trator > “tartor” → [.’] 
 caderneta > “cardeneta” → [..’.ǝ] 
 capacete > “pacacete” → [..’.] 
 primário > “primairo” → [.’.] 
 
É ainda possível que ocorra transposição não de segmentos, mas do acento, que é um 
elemento suprassegmental. Nesse caso, o nome do fenômeno é hiperbibasmo. 
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Eis alguns exemplos de hiperbibasmo: 
 
rubrica > “rúbrica” → [‘x..ǝ] 
 Nobel > “Nóbel” → [‘.] 
 ruim > “ruim” → [‘] 
 
Início do boxe 
Algumas palavras são amplamente difundidas na língua com alteração da sílaba tônica, 
gerando grande confusão entre os falantes. Algumas dessas trocas geram forte 
preconceito linguístico por serem pronúncias estigmatizadas. Nos estudos normativos 
de gramática, a ortoépia/ortoepia encarrega-se de estudar a chamada “boa pronúncia”. 
Ironicamente, a palavra que designa tal estudo prevê duas pronúncias oficiais possíveis. 
Fim do boxe. 
 
ATIVIDADE 1 
(objetivos 1 e 2) 
I) Podemos afirmar sobre os processos fonológicos, que o falante: 
a) realiza uma produção de característica mais fácil devido a uma limitação 
fonético-articulatória que o impede de realização a produção alvo. 
b) apenas realiza uma produção mais fácil durante a aquisição da linguagem. 
c) substitui uma realização com propriedade fácil por uma com propriedade difícil. 
d) substitui uma realização com propriedade difícil por uma com propriedade fácil. 
 
II) Assinale o processo presente no exemplo a seguir: 
 “caranguejo” → [‟] 
 
a) ditongação; 
b) apagamento da semivogal [w] na sílaba tônica. 
 
III) A seguir são dados exemplos de palavras conforme realização de crianças em fase 
de aquisição. Registre ao lado de cada realização o(s) processo(s) fonológico(s) 
presente(s) em cada caso: 
 
a) “andar” → [‟]: _______________________________ 
b) “bruxa” → [„ǝ]: _________________________________ 
c) “enjoado” → [‟]: _______________________________ 
d) “fumaça” → [‟ǝ]: _______________________________ 
 
IV) Algumas variantes sociolinguísticas manifestam processos peculiares. Observe as 
realizações a seguir e assinale o processo fonológico presente em cada caso: 
 
a) (variante comum em Minas Gerais) “tô falando” → [ˈ] 
( ) apagamentode consoante; 
( ) epêntese de consoante; 
( ) metátese; 
 
b) (variante comum no Rio de Janeiro) “nasceu” → [ˈ] 
( ) apagamento de vogal; 
( ) ditongação; 
( ) metátese; 
 
c) (variante comum em Florianópolis) “dois” → [ˈ] 
( ) epêntese de vogal; 
( ) deditongação; 
( ) metátese; 
 
V) Qual exemplo a seguir caracteriza-se por conter metátese? 
 
a) “condor” → [„]; 
b) “piscina” → [ˈǝ]; 
c) “carne” → [ˈ]. 
 
Resposta comentada 
 
I- D. A alternativa a está errada porque nem sempre o processo fonológico decorre 
de uma limitação fonético-articulatória. Pode decorrer de uma dificuldade 
perceptiva ou auditiva, por exemplo. A alternativa b está errada porque a fase de 
aquisição da linguagem, que se caracteriza entre 0 e 4 anos de idade não é a 
única em que os processos se manifestam, o que se constata nos inúmeros 
exemplos de realizações de adultos sem problemas de linguagem presentes ao 
longo desta aula. A alternativa c está errada porque afirma o contrário do que 
consiste um processo fonológico. 
II- Ditongação, uma vez que a realização manifesta uma semivogal não prevista na 
produção esperada. O apagamento de semivogal não procede, uma vez que se 
trata, no exemplo, de um dígrafo “gu”. 
III- a) apagamento de fricativa em posição de coda final; b) apagamento de líquida 
em posição C2; c) apagamento de sílaba átona inicial; d) metátese. 
IV- a) apagamento de consoante; b) ditongação; c) deditongação. 
V- B. A alternativa a apresenta hiperbibasmo (deslocamento do acento) e a 
alternativa c, semivocalização (processo estudado a seguir). 
Fim da resposta comentada 
 
 
 
 
4 Processos fonológicos por substituição 
 
Os processos fonológicos por substituição são mais variados. Consistem basicamente na 
substituição de um fonema por outro ou na troca de algum dos traços que o compõem 
por influência contextual. 
A assimilação é um processo que ocorre quando um fone assimila um ou mais traços de 
outro fone próximo a ele, tornando-se mais semelhante ao fone com traço “copiado”. A 
assimilação pode ocorrer em ambas as direções, podendo um fone assimilar traços de 
outro fone em posição anterior ou posterior a ele no vocábulo. Observe os exemplos a 
seguir: 
 
bravo > “brabo” → [‘.] em que o /v/ assimila o traço [- contínuo] de /b/. 
 
vamos > “vomos” → [‘õ.] em que a vogal /a/ assimila os traços [+arredondado] e 
[+posterior] de /u/. 
 
Cagliari (2002, p. 102) chama de fortalecimento o processo de substituição em que há a 
troca de uma articulação mais “frouxa” por uma que exige maior esforço, como é o caso 
da troca de /v/ por /b/, e de enfraquecimento quando ocorre o contrário. 
No exemplo dado “bravo”, o fortalecimento se dá por assimilação. No mesmo exemplo, 
ainda, constata-se o processo de labialização, já que o fonema adquire traços de 
articulação labial. Constata-se, também, o processo de plosivização, quando um fonema 
fricativo ou africado é substituído por um plosivo. Como se pode constatar, a mudança 
de um elemento por outro pode gerar diferentes fenômenos, a depender dos traços 
alterados e do que envolve a alteração. Você precisa estar atento a isso. 
Em “vamos” → [„õ.], a assimilação dos traços de uma vogal para a outra chama-
se harmonia vocálica. Harmonia vocálica é o nome que se dá ao processo em que ocorre 
um tipo de assimilação que faz com que as vogais se tornem iguais ou semelhantes entre 
si. 
A sonorização consiste em realizar plosivas, fricativas e africadas surdas como sonoras, 
o que geralmente se dá por assimilação do traço [+sonoro] de uma vogal que a segue ou 
de outra consoante sonora próxima. 
Observe os casos a seguir de sonorização: 
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
Christine
Realce
 
subsídio > “subzídio” → [.ˈ.] 
decote > “degote” → [.ˈ.] 
 confusão > “gonvuzão” → [..ˈ] 
 
A dessonorização, como o nome sugere, é o oposto à sonorização. O processo consiste 
na perda do traço da sonoridade. 
 
 gato > “cato” → [‘.] 
 você > “focê” → [.’] 
 
A assimilação, como é possível constatar, gera inúmeros fenômenos, sendo muito 
recorrente no período de aquisição da linguagem. Mas há, também, o fenômeno 
contrário, o da desassimilação. A desassimilação consiste no processo inverso ao da 
assimilação, quando um fone perde um ou mais traços para se distinguir de outro fone 
próximo a ele, também sendo comum que o fenômeno ocorra em ambas as direções. 
 
 voo > “vou” → [‘] 
 
A palatalização (ou palatização) é um processo no qual um segmento se torna palatal ou 
mais semelhante a um som palatal ao adquirir uma articulação secundária palatalizada 
(do tipo []), ou africada (do tipo []). Nos exemplos a seguir, há processo de 
palatalização: 
 
gente → [‘.] 
 leite →[‘.] 
 grande → [‘.] 
 grade → [‘.] 
 
Início de boxe 
 Como você já deve ter constatado, a palatalização é um processo comum na fala 
carioca. Fim de boxe. 
 
O sândi, já estudado em aulas anteriores, nome da gramática do sânscrito para designar 
alterações morfofonêmicas, segundo Bisol (2013, p. 53), é um recurso de que se vale a 
língua para evitar o hiato. Consiste, como foi possível observar na seção sobre 
ressilabação, na aula 8, sobre sílaba, na mudança fonética que sofre um segmento 
quando está em final de vocábulo ou em final de morfema, no interior de um vocábulo, 
por influência do contexto fonético circundante. No primeiro caso, chama-se sândi 
externo e, no segundo, sândi interno. É necessário enfatizar a mudança das estruturas 
silábicas nesse contexto. 
Observe a estrutura silábica das palavras a seguir, iniciadas com o prefixo “trans”: 
 
 transatlântico → [..ˈ..] 
 transferência →[..ˈ.ǝ] 
 
O sândi interno, ocorrido no primeiro exemplo, se dá devido à presença da vogal inicial 
da palavra à qual o prefixo se afixa, obrigando o /s/ final a sonorizar-se, ocasionando 
uma reestruturação silábica, já que o /s/ sai da posição de coda silábica de “trans” e 
passa a realizar-se como [z] em posição de ataque silábico com o /a/, o que não ocorre 
no segundo exemplo. 
Em casos de sândi externo, ocorrem mudanças como as que podem ser evidenciadas a 
seguir: se tomados os vocábulos isoladamente, na expressão "com a gente" têm-se três 
vocábulos distintos. No entanto, é possível que tal expressão se realize da seguinte 
forma: [.ˈ.]. O sândi provocou a união dos vocábulos átonos (com e a) ao 
vocábulo gente, de modo que ocorre a realização de um único vocábulo fonológico. O 
[õ] deu lugar a uma semivogal [w], que se uniu ao /a/, formando um ditongo crescente. 
A substituição de líquida ou o rotacismo, como já foi visto na aula sobre consoantes, 
consiste na troca do // pelo //. É um fenômeno bastante comum pelo fato de as 
líquidas partilharem muitos traços, o que faz com que seja frequente a troca de uma pela 
outra. Já a troca do /ɾ/ pelo /l/ recebe o nome de lambdacismo. 
São exemplos de rotacismo: 
 
 problema > “pobrema” → [.ˈẽ.ǝ] 
 Flamengo > “Framengo” → [.ˈ.] 
 
São exemplos de lambdacismo: 
 
praia > “plaia” → [ˈ.ǝ] 
 cérebro > “célebro” → [ˈ..] 
 
 
Início de boxe 
Por ser comum em muitas variantes sociolinguísticas, o rotacismo merece atenção do 
professor, pois algumas realizações são muito estigmatizadas e geram problemas 
também na escrita das palavras com líquida trocada. Fim de boxe. 
 
A semivocalização de líquida,por sua vez, consiste na substituição de uma líquida por 
uma semivogal. Alguns exemplos são: 
 
carne > “caine” → [‘.] 
bola > “bóua” → [‘.ǝ] 
Início de boxe 
A semivocalização de líquidas é comum durante a aquisição da linguagem, embora 
possa, também, ser decorrente de um encurtamento do freio da língua, que impede que 
seu ápice toque os alvéolos, gerando uma semivogal, em vez de uma líquida. Neste 
caso, o processo será fonético, não fonológico, já que decorre de uma limitação na 
realização do fonema, não numa dificuldade perceptiva ou distintiva. 
Ainda sobre a substituição de líquidas, Vogeley (2012, p. 228) cita diferentes autores, 
chamando a atenção para a confusão entre as líquidas laterais // e //, uma vez que a 
aquisição da líquida alveolar // é mais estável e inicial que a da líquida palatal //, 
gerando casos como olho > [„.] Fim de boxe. 
 
A anteriorização consiste na substituição de um fonema por outro mais anterior (retome 
os quadros de vogais e consoantes já estudados), por exemplo, a troca de uma velar por 
uma alveolar ou de uma palatal por uma labial, dentre outras possibilidades de 
substituição. 
 
 churrasco > “surrasco” → [.’.] 
 
A posteriorização, consequentemente, como o nome indica, é o processo oposto ao da 
anteriorização, quando um fonema é substituído por outro mais posterior. 
 
 salsicha > “salchicha” → [.’.ǝ] 
 tesoura > “tijora” → [.’.ǝ] 
 
Por último, o alçamento, já estudado, consiste na substituição de uma vogal por outra 
mais alta. É o que ocorre com as átonas finais /e/ e /o/, que se realizam [] e [], 
respectivamente, no português atual. Às vezes, o alçamento é resultado de um processo 
de harmonia vocálica, como nas sílabas iniciais dos exemplos a seguir: 
 
menino > “mininu” → [.’.] 
 perigo > “pirigu” → [.’.] 
 
ATIVIDADE 2 
(objetivo 2) 
 
I) Assinale o processo presente no exemplo a seguir: 
 “camundongo” → [ˈ] 
 
a) epêntese de vogal; 
b) posteriorização; 
c) harmonia vocálica. 
 
II) Assinale o processo presente no exemplo a seguir: 
“beneficência” → [ˈǝ] 
 
a) epêntese de vogal; 
b) ditongação; 
c) harmonia vocálica. 
 
III) Identifique os processos presentes nos exemplos a seguir, recorrentes na realização 
de crianças em fase de aquisição: 
 
a) “tesouro” → [ˈ]: _____________________________ 
b) “vestido” → [ˈ]: ______________________________ 
c) “sol” → [„]: ______________________. 
d) “café” → [ˈ]: ______________________. 
e) “chupeta” → [ˈǝ]: ______________________. 
f) “desculpa” → [ʒˈ]: ______________________. 
 
 
IV) Dê 2 exemplos de realizações infantis que manifestem: 
a) sonorização: ____________________________________. 
b) dessonorização: ________________________________________. 
c) anteriorização: ______________________________________. 
d) posteriorização: ______________________________________. 
 
V) Os exemplos a seguir caracterizam o processo fonológico chamado _____________. 
Exemplos: “dois mil e um”, “amar alguém” e “três amigos”. 
 
Resposta comentada 
I. Harmonia vocálica, pois a vogal // é realizada mais baixa, por assimilação do traço 
da vogal seguinte. 
II. Epêntese de vogal. Neste caso, não se caracteriza ditongação, uma vez que a vogal 
inserida encontra-se em sílaba distinta da vogal /e/, já presente na palavra. 
III. Em a, [ˈ], temos alçamento da primeira vogal /e/ > [i] por desassimilação 
em relação à vogal sequente, deditongação (ou monotongação) por apagamento da 
semivogal [w], rotacismo (// > [l]) e alçamento da átona final. Em b, [ˈ], 
temos fortalecimento da consoante inicial /v/ > [t] (plosivização ou, ainda, 
posteriorização, por assimilação com a consoante seguinte) e dessonorização, uma vez 
que um fonema com traço [+sonoro] foi substituído por um com sem esse traço, 
alçamento da primeira vogal /e/ > [i] por assimilação do traço [+alto] da segunda vogal, 
gerando harmonia vocálica, palatalização da consoante da segunda sílaba /t/ > [] e 
alçamento da átona final, gerando, novamente, harmonia vocálica. Em c, [„], temos 
posteriorização da fricativa /s/ > []. Em d, [ˈ], temos posteriorização da fricativa 
/f/ > [s]. Em e, [ˈǝ], temos abaixamento da vogal inicial por assimilação do traço 
da segunda vogal, gerando harmonia vocálica. Por último, em f, [ʒˈ], temos 
apagamento de fricativa em posição de coda |S| >  e apagamento de sílaba átona final 
/pa/ > . 
IV. A resposta é pessoal, mas dentre os exemplos a serem dados, estão previstos 
exemplos como os que seguem: a) sonorização: [vo] para flor, [beˈga] para pegar; b) 
dessonorização: [fiˈo] para virou, [oˈka] para jogar; c) anteriorização: [ˈbow] para gol, 
[paˈbo] para acabou; d) posteriorização: [kiˈki] para titia e [voˈko] para voltou. 
V. sândi externo. 
Fim da resposta comentada 
 
5 Processo ou desvio fonológico? 
 
Como ficou evidente a partir dos exemplos utilizados ao longo deste capítulo, os 
processos fonológicos manifestam-se tanto em fase de aquisição da linguagem, na 
infância, como em variantes da língua que fogem do padrão canônico de ortoépia. Mas, 
no caso da criança que está em fase de desenvolvimento da linguagem, como saber se a 
troca é desviante ou não? Obviamente, este é um assunto a ser tratado pelo 
fonoaudiólogo, mas aos pais e professores cabem alguns parâmetros úteis de 
observação. Othero (2005) identifica alguns processos estabelecendo-os nas idades em 
que costumam se manifestar e desaparecer, observe: 
Processos fonológicos de acordo com a faixa etária 
 
Garcia (2004, p. 39-40) cita Grunwell, e orienta em relação ao que caracteriza os 
desvios fonológicos: 
1. fala espontânea quase completamente ininteligível, resultante principalmente 
dos desvios consonantais; 
2. idade acima de quatro anos, isto é, superior à idade na qual a fala normalmente 
é inteligível a pessoas estranhas ao ambiente social imediato da criança. [...]; 
3. audição normal para a fala; 
4. inexistência de anormalidades anatômicas ou fisiológicas nos mecanismos de 
produção da fala; 
5. inexistência de disfunção neurológica relevante à produção da fala; 
6. capacidades intelectuais adequadas para o desenvolvimento da linguagem 
falada; 
7. compreensão da fala apropriada para a idade mental; 
8. capacidades de linguagem expressiva aparentemente bem desenvolvidas em 
termos de abrangência do vocabulário e de comprimento dos enunciados [...]. 
(Grunwell 1990: 57). 
A autora menciona repetidamente o aspecto da ininteligibilidade da fala da 
criança com desvios fonológicos. Alerta também para o fato de que há desvios 
de caráter articulatório (fonético, portanto), devido a patologias orgânicas, tais 
como fissura palatina, mas que não se pode confundir esse tipo de desvio com 
o de ordem fonológica. Nestes últimos, aqui abordados, a criança, mesmo 
desenvolvendo normalmente sua linguagem, no que se refere ao aspecto 
lexical, morfológico e sintático, por exemplo, serve-se de uns poucos 
elementos distintivos (fonemas, fones, traços, estruturas silábicas), tornando 
difícil a inteligibilidade do que fala. (GARCIA, 2004, p. 39-40). 
 
6 Regras fonológicas 
 
Ainda em relação aos processos fonológicos, há de se fazer uma última observação, 
como bem aponta Dockhorn (2005, p. 36): 
 
[...] se algum falante diz, por engano, tachorro, em vez de cachorro, ocorreu um processo 
fonético esporádico, que talvez nunca se repita. Se, porém, um grupo numeroso de falantes 
realiza sistematicamente o mesmo processo, esse processo é digno de menção e pode ser 
objeto de uma regra fonológica. É o caso da africatizaçãodo [t] quando seguido de [i]. 
(DOCKHORN, 2005, p. 36, grifos do autor). 
 
 Regras fonológicas explicitam generalizações, tomando como base a 
simplicidade envolvida na contagem de traços que caracterizam os segmentos. Essas 
regras são definidas adotando-se uma linguagem formal que facilita os estudos da área, 
como ocorre com a linguagem matemática ou lógica. Em outras palavras, quando a 
mudança é previsível sob determinadas condições, podemos formular uma regra. 
Vejamos um exemplo: 
 
V → [+nasalizada] /__ [C + nas] 
 
Leitura da regra: uma vogal (V) se realiza (→) nasalizada em contexto anterior (/__) a uma consoante 
nasal ([C + nas]). 
 
Palavras como banana e cama são exemplos dessa regra. 
Os estudos fonológicos estabelecem as regras em diferentes níveis de atuação. Há regras 
que atuam no nível silábico. Outras, no nível lexical. Outras, ainda, num nível pós-
lexical (nível da frase). 
 
Início de boxe 
Bisol (2013) explora diferentes regras e princípios nos diferentes níveis, possibilitando 
um aprofundamento do estudo do assunto. Fim de boxe. 
 
Conclusão 
Pudemos conhecer, nesta aula, diferentes processos fonológicos envolvidos não apenas 
na fase de aquisição da linguagem, mas na fala comum, nas diferentes marcas de 
variação sociolinguística existente na língua. Vimos que consistem em uma produção na 
qual a propriedade difícil é substituída por uma mais fácil e que esses processos sofrem 
diferentes classificações por diferentes autores. Por fim, ficou evidente a partir dos 
exemplos e das explanações o quanto os processos fonológicos interferem na escrita, 
especialmente em fase inicial de alfabetização, quando as regras da ortografia ainda não 
estão devidamente compreendidas pelo aprendiz. 
 
Atividade final 
(objetivos 1, 2 e 3) 
I) Observe a realização a seguir e assinale o processo fonológico nela presente: 
 
“a chuva” → [‟ǝ] (variante comum em Cuiabá) 
( ) harmonia vocálica; 
( ) africatização; 
( ) epêntese. 
 
II) Alguns processos fonológicos caracterizam realizações socialmente estigmatizadas. 
Dê um exemplo para cada um dos processos citados a seguir: 
 
a) rotacismo: _____________________; 
b) epêntese de vogal: _________________________. 
 
III) Alguns processos caracterizam a fala desviante, mas podem ser encontrados na 
aquisição da linguagem, ainda que não sejam frequentes com todas as crianças. 
Observando o quadro das consoantes já estudado em aulas anteriores, mesmo que não 
tenhamos denominado o processo presente na produção de uma criança, a seguir, como 
você o denominaria? 
 “polícia” > [ˈǝ]: ________________________; 
 
IV) A escrita desviante pode manifestar também alguns processos fonológicos. 
Identifique, nos casos a seguir, quais processos estão envolvidos: 
a) “arroiz” para arroz: ______________________________; 
b) “trabessero” para travesseiro: ____________________________________; 
c) “papéu” para papel: ________________________________. 
 
Resposta comentada 
I. Africatização de // > []. 
II. A resposta aqui é pessoal, mas é importante que reflita a fala de pessoas adultas em 
algumas variantes sociolinguísticas, e não a fala de crianças em fase de aquisição, uma 
vez que os processos se encontram em ambos os casos. Assim, esperam-se exemplos 
como os que seguem entre as respostas possíveis: a) rotacismo: bicicreta, brusa, 
chicrete, etc.; b) epêntese de vogal: adevogado, pissicóloga, avoou, etc. 
III. Embora haja também no exemplo dado o apagamento de semivogal (deditongação), 
o processo menos comum ali é a nasalização de líquida. 
IV. Em a, a ditongação que caracteriza a fala gera confusão no registro ortográfico de 
algumas palavras, levando a registros como o do exercício: arroiz. Em b, há dois 
processos envolvidos no registro desviante: a plosivização de /v/ > [b] e o apagamento 
da semivogal (monotongação ou deditongação), que também gera dúvidas quanto ao 
registro ortográfico de inúmeras palavras, especialmente na fase inicial de alfabetização. 
Em c, a semivocalização das líquidas em posição de coda, recorrente na fala dos 
brasileiros, leva à dificuldade no registro ortográfico de várias palavras. 
Fim da resposta comentada. 
 
Resumo 
 
Processos fonéticos e fonológicos são fenômenos de alteração que ocorrem com os 
fonemas e fones, facilitando a realização de um dado som ou grupo de sons, seja pela 
criança, em fase de aquisição da linguagem, ou pelo adulto, em sua fala cotidiana. O 
estudo desses processos fonológicos possibilita a compreensão de mudanças da língua, 
de variações fonéticas, da aquisição da linguagem, de problemas fonoaudiológicos e do 
processamento psicolinguístico. 
Os diferentes processos se caracterizam por serem de supressão, adição, transposição e 
substituição. Dentre os processos de supressão, são comuns o apagamento de vogal, o 
apagamento de consoante, o apagamento de semivogal, bem como o apagamento de 
sílaba. A epêntese e a ditongação são processos por acréscimo ou adição. A metátese e o 
hiperbibasmo, por sua vez, são processos de transposição. Os processos de substituição, 
por fim, são os mais comuns. Dentre eles, encontram-se o enfraquecimento, o 
fortalecimento, a plosivização, a labialização, a palatalização, a sonorização, a 
dessonorização, a anteriorização, a posteriorização, a vocalização de líquida e o 
alçamento, que podem ser considerados processos de assimilação ou desassimilação. O 
rotacismo, a harmonia vocálica e o sândi são mais exemplos de processos de 
substituição. 
Desvios fonológicos são alterações da fala que permanecem após o período de aquisição 
da linguagem, gerando ininteligibilidade na fala da criança, mesmo sem haver 
disfunções e anomalias articulatórias, fisiológicas ou neurológicas que as justifiquem. 
Quando os processos são previsíveis devido ao contexto nos quais se realizam, é 
possível formular regras fonológicas que os formalizem. 
 
 
Referências 
 
BISOL, Leda. Sândi vocálico externo. In: ABAURRE, Maria Bernadete (Org.). A 
construção fonológica da palavra. São Paulo: Contexto, 2013. (Gramática do 
Português Culto Falado no Brasil. V. 7), p. 53-72. 
 
CAGLIARI, Luiz Carlos. Análise fonológica: introdução à teoria e à prática, com 
especial destaque para o modelo fonêmico. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2002. 
(Coleção Idéias sobre a linguagem). 
 
______. Fonologia do Português: análise pela geometria de traços. 2. ed. rev. 
Campinas, SP: Edição do Autor, 1998. (Coleção Espiral, V. 2; Série lingüística). 
 
DOCKHORN, Nestor. Roteiros de Fonética e Fonologia do português. Volta 
Redonda, RJ, 2005. Disponível em: <http://nestordockhorn.net/> Acesso em: 10 fev. 
2011. 
 
GARCIA, Tania Mikaela. – [‟]! – Processo ou desvio? Working Papers 
em Lingüística. Florianópolis, n. 8, 2004. p. 25-47. 
 
OTHERO, Gabriel de Ávila. Processos fonológicos na aquisição da linguagem pela 
criança. ReVEL, v. 3, n. 5, 2005. Disponível em: 
<http://www.revel.inf.br/site2007/_pdf/5/artigos/revel_5_processos_fonologicos.pdf>. 
Acesso em: 10 fev. 2011. 
 
SEARA, Izabel Christine; LAZZAROTTO-VOLCÃO, Cristiane; NUNES, Vanessa 
Gonzaga. Fonética e Fonologia do Português Brasileiro: 2º período. Florianópolis: 
LLV/CCE/UFSC, 2011. 
 
VOGELEY, Ana Carla Estellita. Aquisição da fonologia e processos fonológicos. In: 
HORA, Dermeval da; RIBEIRO, Juliene Lopes Pedrosa (Orgs.). Introdução à 
Fonologia do Português Brasileiro. João Pessoa: Editora da UFPB, 2012, p. 209-237. 
(Coleção Todas as Letras, v. 1, capítulo VIII). 
 
YAVAS, Mehmet; HERNANDORENA, Carmen L. Matzenauer; LAMPRECHT, 
Regina Ritter. Avaliação fonológica da criança.Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

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