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Tese de acusação caso dos exploradores de cavernas 10 06 2013 vladimir cerqueira e Filho

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Tese de acusação Caso dos Exploradores de Cavernas
FACULDADE XXXXXXXXXXXXX
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
Vladimires RSRSRSRS
O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS:
Tese de Acusação
Salvador / Ba
2018
O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS:
Tese de Acusação
Trabalho apresentando à Faculdade de XXXXXXXXXXXXXXXXXXX como requisito parcial para obtenção de nota para o primeiro semestre de Bacharel em Direito
Professor(a): 
Equipe:
Salvador / Ba
2018
Resumo do Livro: O Caso dos Exploradores de Cavernas 
Os quatro acusados são membros da Sociedade Espeleológica - uma organização amadorística de exploração de cavernas. Em princípios de maio do ano de 4299, penetraram eles, em companhia de Roger Whetmore, à época também membro da Sociedade, no interior de uma caverna de rocha calcária do tipo que se encontra no Planalto Central desta Commonwealth. Já bem distantes da entrada da caverna, ocorreu um desmoronamento de terra: pesados blocos de pedra foram projetados de maneira a bloquear completamente a sua única abertura. Quando os homens aperceberam-se da situação difícil em que se achavam, concentraram-se próximo à entrada obstruída, na esperança de que uma equipe de socorro removesse o entulho que os impedia de deixar a prisão subterrânea. Não voltando Whetmore e os acusados às suas casas, o secretário da Sociedade foi notificado pelas famílias dos acusados. Os exploradores haviam deixado indicações, na sede da Sociedade, concernentes à localização da caverna que se propunham visitar. A equipe de socorro foi prontamente enviada ao local.
A tarefa revelou-se extremamente difícil. Foi necessário suplementar as forças de resgate originais mediante repetidos acréscimos de homens e máquinas, que tinham de ser transportados à remota e isolada região, o que demandava elevados gastos. Um enorme campo temporário de trabalhadores, engenheiros, geólogos e outros técnicos, foi instalado. O trabalho de desobstrução foi muitas vezes frustrado por novos deslizamentos de terra. Em um destes, dez operários contratados morreram. Os fundos da Sociedade Espeleológica exauriram-se rapidamente e a soma de oitocentos mil frelares, obtida em parte por subscrição popular e em parte por subvenção legislativa, foi gasta antes que os homens pudessem ser libertados, o que só se conseguiu no trigésimo segundo dia após a sua entrada na caverna.
Desde que se soube que os exploradores tinham levado consigo apenas escassas provisões e se ficou também sabendo que não havia substância animal ou vegetal na caverna que lhes permitisse subsistir, temeu-se que eles morressem de inanição antes que o acesso até o ponto em que se achavam se tornasse possível. No vigésimo dia a partir da ocorrência da avalancha soube-se que os exploradores tinham levado consigo para a caverna um rádio transistorizado capaz de receber e enviar mensagens. Instalou-se prontamente um aparelho semelhante no acampamento, estabelecendo-se deste modo a comunicação com os desafortunados homens no interior da montanha. Pediram estes que lhes informassem quanto tempo seria necessário para liberá-los. Os engenheiros responsáveis pela operação de salvamento responderam que precisavam de pelo menos dez dias, à condição que não ocorressem novos deslizamentos. Os exploradores perguntaram então se havia algum médico no acampamento, tendo sido postos em comunicação com a comissão destes, à qual descreveram sua condição e as rações de que dispunham, solicitando uma opinião acerca da probabilidade de subsistirem sem alimento por mais dez dias. O presidente da comissão respondeu-lhes que havia escassa possibilidade de sobrevivência por tal lapso de tempo. O rádio dentro da caverna silenciou a partir daí durante oito horas. Quando a comunicação foi restabelecida os homens pediram para falar novamente com os médicos, o que conseguido, Whetmore, falando em seu próprio nome e em representação dos demais, indagou se eles seriam capazes de sobreviver por mais dez dias se se alimentassem da carne de um dentre eles. O presidente da comissão respondeu, a contragosto, em sentido afirmativo. Whetmore inquiriu se seria aconselhável que tirassem a sorte para determinar qual dentre eles deveria ser sacrificado. Nenhum dos médicos se atreveu a enfrentar a questão. Whetmore quis saber então se havia um juiz ou outra autoridade governamental que se dispusesse a responder à pergunta. Nenhuma das pessoas integrantes da missão de salvamento mostrou-se disposta a assumir o papel de conselheiro neste assunto. Whetmore insistiu se algum sacerdote poderia responder àquela interrogação, mas não se encontrou nenhum que quisesse fazê-lo. Depois disto não se receberam mais mensagens de dentro da caverna, supondo-se (erroneamente como depois se evidenciou) que as pilhas do rádio dos exploradores tinham-se descarregado. Quando os homens foram finalmente libertados soube-se que, no trigésimo terceiro dia após sua entrada na caverna, Whetmore tinha sido morto e servido de alimento a seus companheiros.
Das declarações dos acusados, aceitas pelo júri, evidencia-se que Whetmore foi o primeiro a propor que buscassem alimento na carne de um dentre eles, sem o que sobrevivência seria impossível. Foi também Whetmore quem primeiro propôs a forma de tirar. a sorte, chamando a atenção dos acusados para um par de dados que casualmente trazia consigo. Os acusados inicialmente hesitaram adotar um comportamento tão desatinado, mas, após o diálogo acima relatado, concordaram com o plano proposto. E depois de muita discussão com respeito aos problemas matemáticos que o caso suscitava, chegaram por fim a um acordo sobre o método a ser empregado para a solução do problema: os dados.
Entretanto, antes que estes fossem lançados, Whetmore declarou que desistia do acordo, pois havia refletido e decidido esperar outra semana antes de adotar um expediente tão terrível e odioso. Os outros o acusaram de violação do acordo e procederam ao lançamento dos dados. Quando chegou a vez de Whetmore um dos acusados atirou-os em seu lugar, ao mesmo tempo em que se lhe pediu para levantar quaisquer objeções quanto à correção do lanço. Ele declarou que não tinha objeções a fazer. Tendo-lhe sido adversa a sorte, foi então morto.
Após o resgate dos acusados e depois de terem permanecido algum tempo em um hospital onde foram submetidos a um tratamento para desnutrição e choque emocional, foram denunciados pelo homicídio de Roger Whetmore.
TESE DE ACUSAÇÃO
" A base da sociedade é a justiça; o julgamento constitui a ordem da sociedade: ora o julgamento é a aplicação da justiça ".
Aristóteles - "A Política"
Nós, Advogados de Acusação, temos como objetivo neste julgamento a aplicação da justiça, no qual os réus sejam condenados, tendo em vista que ceifaram a vida de Roger Whetmore, como está incurso no Art. 121, § 2, IV, do Código Penal Brasileiro, tendo em vista que a atitude dos réus impossibilitou o direito de defesa da vítima, Roger Whetmore:
Homicídio qualificado
§ 2. Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe
II - por motivo fútil
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
O notável filósofo John Locke assevera que, sendo os homens todos iguais e independentes, ninguém deverá prejudicar a vida, a saúde, a liberdade e a profissão de ninguém:
“Sendo todos os homens naturalmente livres, iguais, independentes, nenhum pode ser tirado desse estado e submetido ao poder político de outrem, sem o seu próprio consentimento, pelo qual pode convir, com outros homens, em agregar-se e unir-se em sociedade, tendo em vista a conservação, a segurança mútua, a tranquilidade da vida, o gozo sereno do que lhes cabena propriedade, e melhor proteção contra os insultos daqueles que desejariam prejudica-los e fazer-lhes.”
O réus não se preocuparam com esta premissa e cometeram o homicídio de forma atroz. 
Foi tirado de Roger Whetmore o direito de desfrutar o bem mais valioso de um ser humano: a vida.
A vida é um direito inviolável, que tem como base o Art. 5 da Constituição da República Federativa do Brasil, nossa lei maior:
Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…)
A fome não justificaria o ato. Nem a barbárie da antropofagia. Segundo dados estatísticos da ONU do ano de 2012, há aproximadamente 870 milhões de pessoas que sofrem de subnutrição, ou seja, não têm o que comer, passam fome, não sabe se terão o que comer no dia seguinte. Cerca de 2 milhões de pessoas morrem de fome por dia.
Imaginem se houvesse por conta disso motivo para que se praticasse o canibalismo. Imagine o caos que seria para a sociedade mundial. Imagine a patologia que se acrescentaria em nosso meio. Só que isso não ocorre.
O mundo passa por uma crise moral, os valores estão sendo postos de lado, a sociedade sofre com uma patologia e a anomia se instalou entre nós.
Devemos relembrar as sábias palavras de Immanuel Kant: 
" Age somente segundo uma máxima por meio da qual possas querer ao mesmo tempo que ela se torne lei universal."
Assim sendo, os réus em momento algum deveriam ter cogitado a ideia macabra de ingerirem carne humana de Roger Wethmore, pois isto é contrário aos ditames universais da moral, de forma, os homens devem agir de forma que a sua ação posso se tornar uma regra universal. E ninguém gostaria que o canibalismo se tornasse uma regra. 
Faremos agora uma comparação entre o evento que esta sendo julgado a um evento que foi julgado recentemente, um caso verídico.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em julgamento ocorrido em 29 de novembro de 2012, não houve caracterização de furto famélico, em um caso onde os réus eram acusados de subtraírem um novilho, em que os réus alegavam que não tinham outros meios de conseguirem comida.
Eis o que diz a ementa:
" APELAÇÃO. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE PESSOAS. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO DOS RÉUS POR ATIPICIDADE DO FATO (PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA) OU PELO RECONHECIMENTO DE EXCLUDENTE DE ANTIJURIDICIDADE (ESTADO DE NECESSIDADE/furto famélico). DESCABIMENTO. APENAMENTOS. REDUÇÃO DA MULTA.
Entretanto, a maioria da jurisprudência inadmite a mera alegação de miserabilidade do agente como causa excludente de ilicitude. Assim, dificuldades financeiras, desemprego, situação de penúria, por si sós, não caracterizam essa descriminante, pois, do contrário, estariam legalizadas todas as condutas praticadas por pessoas que, por não estarem exercendo atividade laborativa, se apoderasse, do patrimônio alheio para sua subsistência. Assim, devem estar cabalmente demonstrados os requisitos do art. 24 do CP para que se reconheça o estado de necessidade no furto famélico, quais sejam: 
“a. perigo atual; b. ameaça a direito próprio ou de terceiro, cujo sacrifício era irrazoável exigir-se, devendo haver proporcionalidade; c. situação não provocada pela vontade do agente; d. conduta que não podia de outro modo evitar; e. conhecimento da situação de fato (requisito subjetivo; f. inexistência do dever legal de enfrentar o perigo”.
Nessa senda, a prática do ato ilícito deve constituir um recurso inevitável do qual se vale o agente, em outras palavras, uma ação extrema. Porém, se o indivíduo possuía plenas condições de exercer trabalho honesto, não se caracteriza aquela excludente."
Se o nosso Sistema Judiciário não reconhece a possibilidade de um grupo de três pessoas subtraírem um novilho para saciarem a sua fome, imagina a possibilidade então de um caso de homicídio, onde os quatro réus mataram uma pessoa, Roger Wethmore. Pois os réus tinham uma outra conduta, uma conduta diversa que não a prática do homicídio e da antropofagia.
Tendo em vista, como é citado nos autos, em uma conversa de Roger via a rádio com a equipe de resgate ele descreve a quantidade de provimentos de que dispunham, então se subentende que os provimentos não haviam acabados, então eles poderiam ter racionado seus provimentos, se os provimentos que ali dispunham com eles duraram 23 dias poderiam ter feito durar 20, e até 40 dias.
O nosso direito é marcado pelo juspositivismo, inspirado em grandes filósofos como Thomas Robbes e John Locke, ambos afirmam que na passagem do estado natural para o estado civil, através do contrato social os homens afirmaram este contrato, para garantirem os seus direitos, evitando assim o uso indiscriminado de força de "uns contra os outros".
Estamos submetidos à força do Estado, e os réus sabiam disso. Os réus sabiam que no ambiente da caverna onde se encontravam estavam submetidos à força do Estado, os acusados sabiam da legislação. Como é bem definido o Direito: " é composto por normas criadas pelo Estado e impostas coercitivamente, tem limite territorial, é inflexível e possui sanção aplicável a todos indistintamente."
Os Advogados de Defesa poderão alegar de que os réus não tinham conhecimento da legislação, mas nós não estamos lidando com pessoas ignorantes, analfabetas, mas sim com Exploradores de Cavernas, homens com conhecimento, com profissões, homens graduados, não teria como esses réus não terem conhecimento da Constituição, de nossa Carta Magna que rege em nosso país. 
Em latim explico: " ignorantia juris non escusat " - A ignorância da lei ninguém escusa. Como está expressamente no Art. 21 do Código Penal Brasileiro:
Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável.(...)
Os réus sabiam que aquele momento era temporário, que eles voltariam para o convívio social e familiar tendo em vista que durante a comunicação via á rádio tendo eles pedido que lhes informassem quanto tempo seria necessário para resgatá-los os engenheiros responsáveis pela operação de salvamento responderam que precisariam de pelo menos 10 dias. 
Outro ponto em que os Advogados de Defesa poderão debater era que o próprio Roger Whetmore propôs o ato da antropofagia, através da sorte de um lançar de um par de dados que casualmente trazia consigo, como está descrito nos autos, página 07. Eis que o que relata os autos: "Quando a comunicação foi restabelecida os homens pediram para falar novamente com os médicos, o que conseguido, Whetmore, falando em seu próprio nome e em nome dos demais, indagou se eles seriam capazes de sobreviver por mais dez dias se se alimentassem da carne de um dentre eles.[...] Foi também Whetmore quem propôs a forma de tirar a sorte, chamando a atenção dos acusados para um par de dados que casualmente trazia consigo." Ora, como também esta descrito nos autos, o próprio Roger declarou que desistira da ideia de antropofagia, tendo ele refletido e decido esperar outra semana antes de adotar um expediente tão terrível e odioso. 
Realmente, foi Roger Whetmore quem propôs a sorte pelo lançar dos dados, e como foi afirmado anteriormente, o mesmo refletiu e decidiu esperar mais uma semana, e assim sendo foi acusado, pelos quatro réus, de violação de acordo, e mesmo assim procederam com o lançamento dos dados. Devemos lembrar as palavras esclarecedoras de Thomas Robbes:
"Ninguém fica obrigado pelas próprias palavras a matar-se a si mesmo ou a outrem".
Então Roger Whetmore não estava obrigado pelas próprias palavras a imolar-se em sacrifício para que os outros sobrevivessem.
Ademais, conforme afirma o ilustre doutrinador Damásio de Jesus, para que o consentimento da vítima tenha eficácia para excluir a tipicidade ou a antijuricidade:
É necessário que o bem jurídico seja disponível; tratando-se de bem jurídico indisponível o fato é ilícito."
Afinal, o que nós estamos tratando?
Sobre a vidade Roger Whetmore. A vida de Roger Whetmore era um bem indisponível, era um bem jurídico indisponível, de forma que nenhum motivo, nenhuma argumentação, nenhuma defesa poderá explicar o porque de uma vida foi ceifada. Não existe isso.
O elemento criminoso estava presente, pois os réus cometeram o crime de forma dolosa, ou seja, tiveram a livre, a intenção de provocar a morte a vítima, os réus sim, a premeditaram-na. E provocaram de tal modo que eram quatro homens contra um.
Não existe a chance de defesa. Roger não tinha como se defender. De forma alguma.
Caso os Advogados de Defesa creiam ser possível incutir a falsa ideia de existência de legítima defesa, que esta expressamente no Art. 25 do Código Penal Brasileiro:
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Devemos lembrar que tal é impossível, pois esta discriminante não incide no caso, pois, a legítima defesa tem requisitos, sendo que um deles já afasta a possibilidade de legítima defesa. Analisemos estes requisitos:
1) a existência de uma agressão atual ou iminente e injusta;
Houve? De forma alguma. Roger Whetmore em momento algum agrediu os réus, como estes mesmos declararam e esta descrito nos autos. Para caracterizar agressão atual ou iminente e injusta a vítima teria que em algum momento ter agredido os réus, e isto, não ocorreu.
2) defesa de um direito próprio ou alheio;
Não existe uma vida mais valiosa do que a outra. A vida de Roger Whetmore tinha o mesmo valor que a dos quatro réus. Como já foi citado nesta tese o Art. 5 de nossa Constituição Federal sobre o direito inviolável da vida. Também neste ponto não é cabível. Não se encaixa neste caso. 
3) a moderação nos meios necessários á repulsa;
Não se pode cogitar a repulsa, tendo em vista que Roger Wethmore não os agrediu. Muito ao contrário, foi morto brutalmente pelos quatro réus que estão sendo acusados e julgados pelo crime que cometeram, ou melhor especificando: o homicídio que os quatro réus cometeram. Pois a morte, a moderação no emprego dos meios necessários á repulsa não é valida, pois a morte da vítima não foi justa.
4) elemento subjetivo;
Trata-se do conhecimento de que está sendo agredido, e os réus sabiam que Roger Whetmore não os agredira, sabiam que ele nem tencionava por isso, muito ao contrário, tencionava Roger que todos ali presentes saíssem vivos daquela caverna.
Nenhuma, absolutamente nenhumaargumentação acerca de legítima defesa será possível ser aceita.
Quanto a outra excludente de ilicitude ou excludente da antijuricidade que é o estado de necessidade que esta expressamente no Art. 24 do Código Penal Brasileiro:
Art.24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Também não se encontra neste caso, pois o mesmo possui requisitos e estes não foram preenchidos.
O ilustre doutrinador Damásio de Jesus esclarece o que é estado de necessidade:
" O estado de necessidade é uma situação de perigo atual de interesses protegidos pelo direito, em que o agente, para salvar um bem próprio ou de terceiro, não tem outro meio se não o de lesar os interesses de outrem"
Conforme Julio Fabrinni Mirabete lembra:
"O estado de necessidade configura uma faculdade e não um direito, pois todo direito corresponde uma obrigação, o que não ocorre com relação aquele que tem lesado sem bem jurídico por um caso fortuito."
Ou seja, aos réus caberia outra escolha que não a de matar a vítima.
Os requisitos de estado de necessidade não foram encontrados conforme logo se observa abaixo:
1) ameaça a direito próprio ou alheio;
O direito de todos a vida, inclusive a de Roger Whetmore, estava em perigo, estava ameaçada.
2) a existência de perigo atual e inevitável;
É nesta principal afirmação que se encontra a principal refutação contra o estado de necessidade pois o perigo não era atual, os quatro réus mataram Roger Whetmore agindo como se o perigo fosse atual, naquele momento, mas o perigo não era atual, a vida não tinha se esvaído completamente, e, portanto, havia sim a esperança dos cinco saírem com vida daquela caverna, pois foi confirmado pelos engenheiros responsáveis pela operação de salvamento quando perguntados sobre o tempo que seria necessário para liberá-los este responderam que precisavam de pelo menos dez dias. 
Hoje poderíamos estar em outra circunstância, não nos deparando com uma certa patologia em nosso meio, posto que hoje poderiam estar os cinco em suas casas, mais isto não aconteceu porque os quatro réus mataram Roger Whetmore.
Mesmo que a probabilidade de sobrevivência fosse pequena isto não significa que era inevitável.
Como lembra Damásio de Jesus:
"Perigo atual é presente, que está acontecendo; iminente é o prestes a desencadear-se."
E a nossa legislação só fala do primeiro caso, o perigo atual. Então este caso se caracteriza como um homicídio, posto que não era atual e sim iminente, e isto tem que ficar muito claro em nossas mentes. Posto que eles cometeram o homicídio de forma atroz, agindo como se o perigo fosse atual, mais não era.
Os réus poderiam ter esperado mais dois, três, quatro dias.... Posto que ainda tinham ração, provimentos, como esta registrado nos autos.
Eles tinham comunicação com a equipe de resgate e estes poderiam dar as boas novas, dizendo que o tempo de salvamento poderia ser menor, os incentivando e acalmando. 
Eles poderiam ter aguentado alguém ter falecido por inanição para cometer tal ato repugnante em nosso meio que é a antropofagia.
O perigo de morte por inanição era iminente, mas não atual quando os réus cometeram esta atrocidade.
O ilustre doutrinador brasileiro Damásio de Jesus esclarece que:
"Se o perigo é esperado no futuro não há estado de necessidade."
Ali não houve estado de necessidade, portanto, os Advogados de Defesa não poderão afirmar que havia estado de necessidade. Isto está muito claro. Não caracteriza estado de necessidade pois o perigo não era atual e sim iminente.
A situação de perigo não foi alheia á vontade dos agentes, posto que eles as conheciam muito bem e deveriam até satisfazerem-se emocionalmente pois eles são aventureiros, ora, exploradores de cavernas, eles faziam isso dia após dia, ou, faziam. Eles já estavam acostumados com esta situação de perigo, então não tem o porque dos Advogados de Defesa incutirem a ideia de que os réus estavam desequilibrados emocionalmente, por exemplo. 
De forma que diante do exposto cremos nós, Advogados de Acusação, que os Senhores Jurados que estarão presidindo o julgamento tenham por objetivo atingir a justiça e demonstrar a todos o tipo de sociedade que querem, que desejam, pois se os Senhores Jurados aceitarem os quatro réus em convívio social, isto demonstra que concordam com a patologia que esta em nosso meio, com a anomia que se instala dia após dia em nossa sociedade. Os Senhores Jurados talvez possam pensar: "Nossa! Mas pode ser muito duro julgá-los assim". Em latim afirmamos:
"Dura lex sed lex" - A lei é dura mais é lei.
Então, desta forma, não é cabível outra ação, a de não ser de acusar e condenar esses quatro réus.
Peçamos que a justiça seja os vossos guias!
E terminamos com as sábias palavras de Rui Barbosa:
" A força do direito deve superar o direito da força."
Bibliografia
Código Penal e Constituição Federal / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes, Juliana Nicolleti. - 50.ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.
http://www.youtube.com/watch?v=tQj5yjDoj98&list=LLhO6v1jLgt1ma9Ss_WjD1aw
http://www.youtube.com/watch?v=ZhCWRoKj6nk
http://www.youtube.com/watch?v=GEiZzxMVAOo
http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22858775/apelacao-crime-acr-70049566805-rs-tjrshttp://www.citador.pt/frases/a-base-da-sociedade-e-a-justica-o-julgamento-con-aristoteles-2053
http://meuartigo.brasilescola.com/sociologia/lockeensaio-sobre-governo-civil.htm
http://diegowindsor.blogspot.com.br/2011/02/excludentes-de-ilicitude.html
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-09/onu-quase-870-milhoes-de-pessoas-passam-fome-no-mundo
http://www.philosophy.pro.br/etica_liberdade_kant.htm
http://www.cefetsp.br/edu/eso/valerio/hobbesjanine.html
http://www.editoraatlas.com.br/Atlas/webapp/curriculo_autor.aspx?aut_cod_id=567
http://pensador.uol.com.br/frase/MTA1/
JURISPRUDÊNCIA
LAUDOS MÉDICOS

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