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Discuta o conceito de Alteridade

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Discuta o conceito de Alteridade
 Alteridade é um conceito antropológico segundo o qual todo contato do indivíduo com o “outro” (o diferente) gera uma percepção de si mesmo. Assim, a partir da constatação da diferença afirma-se a identidade do “eu”, cuja reflexão leva a um melhor entendimento sobre si. Logo, a partir da tomada de conhecimento de outras culturas e costumes o indivíduo forma um conceito sobre si mesmo e sobre a sua cultura, fazendo-o despertar para aspectos da sua própria cultura que não são notados no dia-a-dia, devido à ausência de confronto com o “outro”, com o diferente.
 Um outro nome para alteridade seria “outridade”, no sentido de colocar-se no lugar do outro. Dessa forma, “eu” me reconheço a partir da diferença em relação ao outro, da visão do outro, o que me permite também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente quanto de mim mesmo, sensibilizado pela experiência do contato. 
 Todo sistema de alteridade são estruturas de identidades e diferenças, por isso toda formulação resultante da alteridade (do encontro com o “outro”) tem mais a ver com a identidade do formulante do que com a identidade do “outro”, ou seja, formulamos o “outro” a partir de nós mesmos, dos nossos conceitos. 
 Assim, a alteridade permite ao indivíduo se conhecer, conhecendo as diferenças dos outros; portanto o conhecimento sobre o “outro”, sobre a sua cultura, possibilita um melhor conhecimento sobre o “eu”, ou seja, ajuda a perceber a nossa própria cultura. 
 O ideal da Antropologia contemporânea é que o exercício da alteridade estimule atitudes de aceitação do “outro”, embora no passado isso não tenha acontecido. Nesse sentido, a alteridade deve estimular uma atitude mental oposta ao etnocentrismo, pois, mesmo sabendo que não podemos nunca nos desligar totalmente da nossa cultura e dos valores em que estamos imersos, não devemos usá-los como referência do que é melhor ou pior em relação à cultura dos outros.
 A partir de Bronislaw Malinowski a Antropologia tornou-se a ciência da alteridade. Para ele as culturas diferentes têm significados e coerência próprios, com sistemas lógicos perfeitamente elaborados, por isso devem ser contextualizados. Malinowski foi o “promotor do ponto de vista do nativo” e estabeleceu as normas e regras para a escrita etnográfica moderna. 
 Em suma, o ideal antropológico de alteridade pressupõe que o seu exercício possa gerar uma compreensão da cultura do “outro”, porém na prática isso nem acontece. O resultado do contato com o “outro” pode gerar uma atitude de aceitação (alteridade de inclusão) ou de rejeição (alteridade de exclusão).

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