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Info 715 STF

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www.dizerodireito.com.br 
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INFORMATIVO esquematizado 
 
Informativo 715 – STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com 
base em peculiaridades do caso concreto: AP 470 ED; HC 115671/RJ. 
 
DIREITO PENAL 
 
Extinção da punibilidade e pagamento integral de débito 
 
O pagamento integral de débito fiscal empreendido pelo paciente em momento anterior ao 
trânsito em julgado da condenação que lhe foi imposta é causa de extinção de sua punibilidade, 
conforme o art. 9º da Lei n. 10.684/2003. 
Comentários O réu foi condenado à pena de 2 anos pela prática do delito previsto no art. 1º, II, da Lei n. 
8.137/90 (Lei de Crimes Tributários): 
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição 
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de 
qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; 
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
Ocorre que, antes do trânsito em julgado da condenação, o réu pagou integralmente o 
débito tributário devido no caso. 
 
Diante desse fato, a 1ª Turma do STF reconheceu a extinção da punibilidade do réu. 
 
Segundo decidiu o STF, o pagamento integral do débito fiscal realizado pelo réu em 
momento anterior ao trânsito em julgado da condenação que lhe foi imposta é causa de 
extinção de sua punibilidade, conforme previu a Lei n. 10.684/2003: 
Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 
2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei nº 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica 
relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. 
(...) 
§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica 
relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e 
contribuições sociais, inclusive acessórios. 
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INFORMATIVO esquematizado 
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Lei n. 12.382/2011 
Em 2011, foi editada a Lei n. 12.382, que alterou o art. 83 da Lei n. 9.430/96 e passou a 
dispor sobre os efeitos do parcelamento e do pagamento dos créditos tributários no 
processo penal. Veja o que diz a Lei: 
Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária 
previstos nos arts. 1º e 2º da Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra 
a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de 
proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito 
tributário correspondente. (Redação dada pela Lei nº 12.350/2010) 
(...) 
§ 2º É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente aos crimes previstos no caput, 
durante o período em que a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente dos 
aludidos crimes estiver incluída no parcelamento, desde que o pedido de parcelamento 
tenha sido formalizado antes do recebimento da denúncia criminal. (Incluído pela Lei 12.382/2011) 
§ 3º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. 
(Incluído pela Lei 12.382/2011) 
§ 4º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando a pessoa física ou a 
pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos 
oriundos de tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de 
parcelamento. (Incluído pela Lei 12.382/2011) 
 
O que disse a Lei n. 12.382/2011? 
No caso dos seguintes delitos: 
 crimes contra a ordem tributária (arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90); 
 apropriação indébita previdenciária (arr. 168-A do CP); e 
 sonegação previdenciária (art. 337-A do CP) 
 
Caso o agente ingresse no regime de parcelamento dos débitos tributários: fica suspensa a 
pretensão punitiva penal do Estado (o processo criminal fica suspenso). 
 
Caso o agente pague integralmente os débitos: haverá extinção da punibilidade. 
 
Até aqui, a Lei n. 12.382/2011 disciplinou o tema de forma semelhante ao que já fazia a Lei 
n. 10.684/2003 acima exposta. 
 
No que a Lei n. 12.382/2011 foi diferente da Lei n. 12.684/2003? 
 
Lei n. 10.684/2003 
(art. 9º) 
Lei n. 12.382/2011 
(alterou o art. 83 da Lei n. 9.430/96) 
Pela Lei n. 10.684/2003, o pedido de 
parcelamento e o pagamento integral dos 
débitos irão produzir efeitos no processo 
penal mesmo que a denúncia já tenha sido 
recebida. 
 
Na verdade, o pagamento integral do 
débito irá ocasionar a extinção da 
punibilidade mesmo que já tenha sido 
proferida sentença condenatória. 
Pela Lei n. 12.382/2011, o pedido de 
parcelamento e o pagamento integral dos 
débitos somente irão produzir efeitos no 
processo penal se tiverem sido 
formalizados antes do recebimento da 
denúncia criminal. 
Assim, pela redação literal do dispositivo, 
se o pagamento integral ocorrer após a 
denúncia ter sido recebida, não haverá 
extinção da punibilidade. 
 
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Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do 
Estado, referente aos crimes previstos nos 
arts. 1º e 2º da Lei n. 8.137, de 27 de 
dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A 
do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 – Código Penal, durante o período 
em que a pessoa jurídica relacionada com 
o agente dos aludidos crimes estiver 
incluída no regime de parcelamento. 
 
 
Veja que não há nenhuma exigência de que 
o parcelamento ocorra antes do 
recebimento da denúncia. 
Art. 83 (...) 
§ 2º É suspensa a pretensão punitiva do 
Estado referente aos crimes previstos no 
caput, durante o período em que a pessoa 
física ou a pessoa jurídica relacionada com 
o agente dos aludidos crimes estiver 
incluída no parcelamento, desde que o 
pedido de parcelamento tenha sido 
formalizado antes do recebimento da 
denúncia criminal. 
 
Veja que há exigência de que o pedido de 
parcelamento tenha sido formalizado antes 
do recebimento da denúncia. 
§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes 
referidos neste artigo quando a pessoa 
jurídica relacionada com o agente efetuar o 
pagamento integral dos débitos oriundos 
de tributos e contribuições sociais, 
inclusive acessórios. 
 
 
 
§ 4º Extingue-se a punibilidade dos crimes 
referidos no caput quando a pessoa física 
ou a pessoa jurídica relacionada com o 
agente efetuar o pagamento integral dos 
débitos oriundos de tributos, inclusive 
acessórios, que tiverem sido objeto de 
concessão de parcelamento. 
 
A redação do § 4º é um pouco confusa, 
mas, em resumo, o que ele diz é o seguinte: 
extingue-se a punibilidade quando ocorre o 
pagamento integral dos débitos que 
tenham sido objeto de parcelamento. 
 
Tudo bem! Vale lembrar, no entanto, que o 
§ 2º afirma que o processo criminal só fica 
suspenso se o parcelamento ocorre antes 
do recebimento da denúncia. 
Em outras palavras, se o parcelamento 
ocorre depois do recebimento da denúncia, 
o processo criminal prossegue 
normalmente e pode ser que o réu seja 
condenado mesmo com o débito parcelado. 
 
Obs: a Lei n. 12.382/2011, ao tratar sobre 
extinção da punibilidade, caracteriza-se 
como lei penal e, sendo desfavorável ao 
réu, não se aplica a fatos ocorridos antes 
de sua vigência. 
 
O pagamento integral feito após o trânsito em julgado da condenação acarreta a extinção 
da punibilidade? 
O tema é ainda extremamente polêmico. Existe um julgamento no STF que está empatado eque trata sobre o assunto (AP 516 ED/DF, rel. Min. Ayres Britto, 9.5.2013). Aguarda-se 
apenas o voto do Min. Celso de Mello. Com a decisão desse caso, poderei dar uma posição 
mais segura para vocês. Por enquanto, as duas posições existentes são as seguintes: 
 
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1ª corrente: NÃO 2ª corrente: SIM 
Segundo esta corrente, a extinção da 
punibilidade pelo pagamento integral do 
débito tributário somente seria admitida 
enquanto existente pretensão punitiva 
estatal (processo penal de conhecimento). 
Se já houver sentença penal condenatória 
transitada em julgado, surge a pretensão 
executória do Estado e não mais é possível 
a extinção da punibilidade pelo pagamento 
da dívida. 
O pagamento do tributo, a qualquer 
tempo, extingue a punibilidade do crime 
tributário. 
Defende que o art. 9º da Lei 10.684/2003 
não foi revogado e continua em vigor. 
Ao contrário das Leis 11.941/2009 e 
12.382/2011, a Lei 10.684/2003 trata de 
pagamento direto (e não de pagamento 
após parcelamento). Assim, o pagamento 
integral implica a extinção da punibilidade 
por força do § 2º do art. 9º da Lei 
10.684/2003. 
Adotaram esta corrente: 
Min. Ayres Britto (votou antes de se aposentar) 
Min. Joaquim Barbosa 
Min. Rosa Weber 
Min. Cármen Lúcia 
Adotaram esta posição: 
Min. Luiz Fux 
Min. Dias Toffoli 
Min. Ricardo Lewandowski 
Min. Marco Aurélio 
 
 
Processo STF. 1ª Turma. HC 116828/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/8/2013. 
 
 
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor 
 
Segundo a jurisprudência atual do STJ e do STF, a conduta de colocar uma fita adesiva ou 
isolante para alterar o número ou as letras da placa do carro e, assim, evitar multas, pedágio, 
rodízio etc, configura o delito do art. 311 do CP. 
Comentários O Código Penal prevê o crime de “adulteração de sinal identificador de veículo automotor” 
nos seguintes termos: 
Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo 
automotor, de seu componente ou equipamento: 
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é 
aumentada de um terço. 
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento 
ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou 
informação oficial. 
 
Bem jurídico: o tipo penal tem por objetivo proteger a autenticidade dos sinais que 
identificam os veículos automotores (esse é um dos aspectos relacionados com a “fé 
pública”). 
 
 
Em que consiste o crime: 
- O agente 
- adultera (modifica) ou 
- remarca (coloca uma nova marca) 
- o número de chassi (numeração que fica sobre a estrutura de aço da carroceria) ou 
- qualquer sinal identificador do veículo automotor (ex: placas), 
- sinal identificador de um componente do veículo (ex: sinal identificador que esteja no 
 
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vidro, no motor) ou 
- sinal identificador de um equipamento do veículo (ex: sinal identificador que esteja no 
para-choque de um veículo). 
 
Veículo automotor: 
A definição do que seja veículo automotor é dada pelo CTB e representa “todo veículo a 
motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente para o 
transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o 
transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha 
elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).” 
 
Raspar ou suprimir o número do chassi (Número de Identificação do Veículo – NIV): 
configura o crime do art. 311 do CP (REsp 1035710/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª Turma, 
julgado em 21/06/2011). 
 
Se a pessoa substituir a placa do veículo por uma placa com numeração diferente, estará 
configurado esse delito? 
SIM. Tal conduta enquadra-se no art. 311 do CP (AgRg no AREsp 126.860/MG, Rel. Min. 
Marco Aurélio Bellizze, 5ª Turma, julgado em 06/09/2012). 
Vale ressaltar, no entanto, que se houver autorização legal para a mudança da placa, isso, 
obviamente, não configura crime. É o caso, por exemplo, da previsão existente no § 7º do 
art. 115 do Código de Trânsito, inserido pela Lei n. 12.694/2012: 
§ 7º Excepcionalmente, mediante autorização específica e fundamentada das respectivas 
corregedorias e com a devida comunicação aos órgãos de trânsito competentes, os veículos 
utilizados por membros do Poder Judiciário e do Ministério Público que exerçam 
competência ou atribuição criminal poderão temporariamente ter placas especiais, de 
forma a impedir a identificação de seus usuários específicos, na forma de regulamento a ser 
emitido, conjuntamente, pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, pelo Conselho Nacional 
do Ministério Público - CNMP e pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN. 
 
Elemento subjetivo: é o dolo. O tipo penal não exige elemento subjetivo especial ou alguma 
intenção específica do agente (não exige “dolo específico”). 
 
Se o agente coloca uma fita adesiva ou isolante para alterar o número ou as letras da placa do 
carro e, assim, evitar multas, pedágio, rodízio etc, isso configura o delito do art. 311 do CP? 
NÃO 
Para uma primeira corrente, 
tal fato seria atípico. 
SIM 
Trata-se de fato típico, configurando o 
delito previsto no art. 311 do CP. 
Segundo Cleber Masson, “a adulteração ou 
remarcação de número de chassi ou de sinal 
identificador de veículo automotor deve 
revestir-se de permanência, pois somente 
dessa forma é cabível reconhecer a lesão à 
fé pública. Se a mudança é temporária e, 
principalmente, facilmente perceptível por 
qualquer pessoa, a exemplo do que se 
verifica na colocação de fitas adesivas nas 
placas de veículos para livrar-se de multas 
de trânsito, do pagamento de pedágio, dos 
radares e da restrição de circulação em dias 
e horários determinados, não há que se 
Segundo a jurisprudência atual do STJ e do 
STF, é típica a conduta de adulterar a placa 
de veículo automotor mediante a 
colocação de fita adesiva. 
A caracterização do crime previsto no art. 
311 do CP prescinde de finalidade 
específica do agente. Além disso, a 
colocação de fita adesiva pode ser um 
meio idôneo de enganar a fiscalização de 
trânsito, sendo, portanto, crime possível. 
 
STJ 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 
1329449/SP, Rel. Min. Sebastião Reis 
 
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falar em adulteração ou remarcação” 
(Código Penal comentado. São Paulo: 
Método, 2013, p. 1066). 
É a posição também de Damásio de Jesus. 
Júnior, julgado em 18/09/2012. 
 
STF 2ª Turma. RHC 116371/DF, rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgado em 13/8/2013. 
 
Nas provas objetivas, deve-se adotar a 2ª corrente. Em provas discursivas, é interessante 
mencionar a existência das duas correntes, mas afirmar que o entendimento do STJ e do 
STF é no sentido de que há crime. 
 
Cuidado porque a maioria dos livros não informa que a 2ª corrente é a posição prevalente 
nos Tribunais Superiores. 
 
No caso concreto apreciado pelo STF (e noticiado neste informativo), o réu argumentou que 
colocou uma fita isolante preta na placa de seu veículo, modificando o último número 
apenas para poder circular com o carro burlando o rodízio de veículos que existia na cidade. 
Com base nisso, o condenado apresentava duas teses: 
 A falsidade era grosseira (percebida a olho nu); 
 Não houve dolo de praticar o delito, mas apenas o de burlar o rodízio, configurando, 
portanto, mera irregularidade administrativa. 
 
O STF não aceitou os argumentos, afirmando que o bem jurídico protegido pela norma 
penal foi atingido. Para a Corte, o tipo penal não exige elemento subjetivo especial ou 
alguma intenção específica (não exige “dolo específico”). Noentanto, mesmo que se 
considere que a vontade do agente foi apenas essa, tal conduta tinha por objetivo frustrar a 
fiscalização, ou seja, os meios legítimos de controle do trânsito, incidindo, portanto, no 
crime. 
Processo STF. 2ª Turma. RHC 116371/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/8/2013. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
Competência territorial pelo lugar da consumação da infração 
 
Em regra, o CPP acolhe a teoria do resultado, considerando como lugar do crime o local onde o 
delito se consumou (crime consumado) ou onde foi praticado o último ato de execução (no 
caso de crime tentado), nos termos do art. 70 do CPP. 
Excepcionalmente, no caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução 
ocorreram em um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato será do 
local onde foi praticada a conduta (local da execução). Adota-se a teoria da atividade. 
Comentários Lugar do crime 
No processo penal, a competência territorial é definida pelo lugar do crime. 
Em outras palavras, em regra, o juízo competente para conhecer a ação penal é o do lugar 
em que o crime ocorreu. 
Diante disso, torna-se importante responder a seguinte pergunta: onde a legislação 
considera que o crime ocorreu? O que é o lugar do crime? 
Teorias sobre o lugar do crime 
O critério para definir onde o crime ocorreu é fixado pela lei. 
A legislação do país pode adotar uma das seguintes opções: 
a) Teoria da atividade: adota como critério que o lugar do crime é o local onde ocorreu a 
conduta delituosa, ou seja, onde o sujeito praticou a ação ou a omissão. 
b) Teoria do resultado (evento): considera que o lugar do crime é o local onde o delito se 
consumou (crimes consumados) ou onde foi praticado o último ato de execução (no 
 
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caso de crimes tentados). Obs: os autores de Direito Penal, por conta da redação do CP, 
afirmam que, pela teoria do resultado, lugar do crime é o local em que se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado. 
c) Teoria da ubiquidade (mista): entende que lugar do crime é tanto o local onde ocorreu 
a ação ou omissão como também onde se deu o resultado. Em suma, este critério 
abrange as duas teorias. 
 
Qual foi a teoria adotada pelo Brasil? 
CÓDIGO PENAL (reformado em 1984) CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (1941) 
Teoria da UBIQUIDADE 
Art. 6º Considera-se praticado o crime no 
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, 
no todo ou em parte, bem como onde se 
produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. (Redação dada pela Lei 7.209/84) 
 
Teoria do RESULTADO 
Art. 70. A competência será, de regra, 
determinada pelo lugar em que se 
consumar a infração, ou, no caso de 
tentativa, pelo lugar em que for praticado 
o último ato de execução. 
 
 
Como compatibilizar os dois dispositivos? O art. 6º do CP revogou o art. 70 do CPP? 
NÃO. O art. 6º do CP não revogou o art. 70 do CPP. Os dois dispositivos convivem 
harmoniosamente. 
 
Em que casos é utilizado o art. 6º do CP? 
O art. 6º do CP é uma regra destinada a resolver a competência no caso de crimes 
envolvendo o território de dois ou mais países. Trata-se, portanto, de uma norma de 
aplicação da lei penal no espaço. 
 
Assim, a regra do Código Penal foi prevista pelo legislador para definir se o Brasil é 
competente nos casos de crimes envolvendo territórios de outros países, ou seja, situações 
de conflito internacional de jurisdição. 
Diz-se que o art. 6º do CP resolve a competência nas hipóteses de crime à distância. 
Crime à distância (ou de espaço máximo): é o delito que envolve o território de dois países. A 
execução do crime inicia-se em um país e a sua consumação ocorre em outro. Ex: tráfico de 
drogas provenientes de Letícia (Colômbia) com destino a Tabatinga (Brasil). 
Obs: LFG afirma que existe ainda outra classificação chamada de “crime em trânsito”, que 
seria o delito que envolveria o território de mais de dois países. Ex: tráfico internacional de 
drogas envolvendo Letícia (Colômbia), Tabatinga (Brasil) e Santa Rosa (Peru). Esta 
nomenclatura, contudo, é pouco difundida entre os demais autores e na jurisprudência. 
 
Em que casos é utilizado o art. 70 do CPP? 
O art. 70 do CPP é uma regra destinada a resolver crimes envolvendo o território de duas ou 
mais comarcas (ou duas ou mais seções judiciárias). 
Trata-se de uma regra de competência interna (não há discussão envolvendo a jurisdição de 
outros países). 
Assim, a regra do CPP foi prevista pelo legislador para definir qual comarca (se for da Justiça 
Estadual) ou seção/subseção judiciária (se for da Justiça Federal) será competente em 
crimes cuja execução iniciou-se em uma cidade e a consumação ocorreu em outra, ambas 
dentro do Brasil. Resolve conflitos de competência territorial. 
Diz-se que o art. 70 do CPP resolve conflitos de competência territorial na hipótese de 
crimes plurilocais, que são aqueles que envolvem duas ou mais comarcas/seções judiciárias 
dentro do país. 
 
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Vamos, então, comparar novamente as duas previsões: 
ART. 6º DO CP ART. 70, CAPUT, DO CPP 
Adotou a teoria da ubiquidade (mista). Adotou a teoria do resultado. 
Lugar do crime é local em que... 
 ocorreu a ação ou omissão (no todo ou 
em parte) 
 bem como onde se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado. 
Lugar do crime é o local em que se 
consumou a infração, ou, no caso de 
tentativa, o lugar em que for praticado o 
último ato de execução. 
Regra destinada a resolver a competência 
no caso de crimes envolvendo o território 
de dois ou mais países (conflito 
internacional de jurisdição). 
Regra destinada a resolver crimes 
envolvendo o território de duas ou mais 
comarcas (ou seções judiciárias) apenas 
dentro do Brasil (conflito interno de 
competência territorial). 
Define o se o Brasil será competente para 
julgar o fato no caso de crimes à distância. 
Define qual o juízo competente no caso de 
crimes plurilocais. 
 
Competência territorial disciplinada pelo CPP 
 
Regra: a competência territorial será do juízo do lugar em que ocorreu o resultado. 
Crime consumado: o juízo competente será o do lugar onde o crime se consumou. 
Crime tentado: a competência será do lugar onde foi praticado o último ato de execução. 
 
A doutrina aplaude a escolha da teoria do resultado pelo CPP? 
Não. “(...) o local no qual se consuma o crime nem sempre é favorável à produção da prova, 
se outro tiver sido o lugar da ação ou dos atos de execução. A testemunha ocular da prática 
de um crime, de modo geral, reside ou tem domicílio naquele local. Assim, se a vítima for 
deslocada para outra cidade, a fim de receber cuidados médicos, não resta dúvida de que a 
instrução criminal, e, por isso, a ação penal, deveriam ter curso no local onde se praticou a 
ação e não onde ocorreu o resultado.” (PACELLI, Eugênio; FISCHER, Douglas. Comentários 
ao Código de Processo Penal e sua jurisprudência. São Paulo: Atlas, 2012, p. 156). 
 
Por conta dessas críticas levantadas pela doutrina, a jurisprudência criou uma verdadeira 
exceção ao art. 70 do CPP. Veja abaixo: 
 
Exceção: em crimes contra a vida, a competência será determinada pela teoria da atividade. 
Assim, no caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução 
ocorreram em um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato 
será do local onde foi praticada a conduta (local da execução). 
 
Esse é o entendimento do STJ e do STF: 
(...) Nos termos do art. 70 do CPP, a competência para o processamento e julgamento da 
causa, será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumou a infração. 
2. Todavia, a jurisprudência tem admitido exceções a essa regra, nas hipóteses em que o 
resultado morte ocorrer em lugar diverso daquele onde se iniciaram os atos executórios,determinando-se que a competência poderá ser do local onde os atos foram inicialmente 
praticados. 
3. Tendo em vista a necessidade de se facilitar a apuração dos fatos e a produção de provas, 
bem como garantir que o processo possa atingir à sua finalidade primordial, qual seja, a 
busca da verdade real, a competência pode ser fixada no local de início dos atos 
executórios. (...) 
(HC 95.853/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em 11/09/2012) 
 
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Qual é a razão de se adotar esse entendimento? 
Explica Guilherme de Souza Nucci: “(...) é justamente no local da ação que se encontram as 
melhores provas (testemunhas, perícia etc.), pouco interessando onde se dá a morte da 
vítima. Para efeito de condução de uma mais apurada fase probatória, não teria cabimento 
desprezar-se o foro do lugar onde a ação desenvolveu-se somente para acolher a teoria do 
resultado. Exemplo de ilogicidade seria o autor ter dado vários tiros ou produzido toda a 
série de atos executórios para ceifar a vida de alguém em determinada cidade, mas, 
unicamente pelo fato da vítima ter-se tratado em hospital de Comarca diversa, onde 
faleceu, deslocar-se o foro competente para esta última. As provas teriam que ser coletadas 
por precatória, o que empobreceria a formação do convencimento do juiz.” (Código de 
Processo Penal Comentado. 8ª ed., São Paulo: RT, 2008, p. 210). 
 
Caso concreto 
No caso concreto noticiado neste Informativo, a ré foi denunciada pela prática de homicídio 
culposo por ter deixado de observar dever objetivo de cuidado que lhe competia em razão 
de sua profissão de médica, agindo de forma negligente durante o pós-operatório de sua 
paciente, ocasionando-lhe a morte. 
A conduta negligente da médica foi praticada em uma determinada cidade e o falecimento 
da vítima se deu em outra. 
O STJ e o STF consideraram que o juízo competente era o do local onde se deu a conduta. 
Infrações de 
menor 
potencial 
ofensivo 
Se o delito for de menor potencial ofensivo, de competência dos Juizados Especiais 
Criminais, a competência territorial para julgá-lo será do local em que foi praticada a 
infração penal. Veja o que diz o art. 63 da Lei n. 9.099/95: 
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a 
infração penal. 
 
A doutrina diverge sobre o correto sentido da expressão “lugar em que foi praticada a 
infração penal”. No entanto, a posição que prevalece é a de que o legislador adotou a 
TEORIA DA ATIVIDADE (local da ação ou omissão). 
Processo STF. 1ª Turma. RHC 116200/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/8/2013. 
 
 
Crime de estupro conexo com pornografia infantil 
 
Crimes de pedofilia e pornografia infantil de caráter transnacional praticados no mesmo 
contexto dos delitos de estupro e atentado violento ao pudor, contra as mesmas vítimas, 
devem ser considerados conexos e julgados conjuntamente na Justiça Federal. 
Comentários Durante investigações para se apurar a prática dos crimes previstos nos art. 241-A e 241-B, 
do ECA, descobriu-se também que o indiciado havia praticado estupro e atentado violento 
ao pudor contra alguns menores no Brasil. 
 
Vale ressaltar que o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), em regra, é de 
competência da Justiça estadual. 
 
Os arts. 241-A e 241-B, do ECA, por sua vez, serão de competência da Justiça Federal 
quando houver uma relação de internacionalidade. 
 
A relação de internacionalidade ocorre quando: 
• iniciada a execução do crime no Brasil, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no 
estrangeiro; 
 
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• iniciada a execução do crime no estrangeiro, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido 
no Brasil. 
 
No caso concreto, havia essa relação de internacionalidade, considerando que os atos de 
execução envolviam troca de arquivos entre computadores no Brasil e Espanha. 
 
Logo, na hipótese em apuração, os crimes dos arts. 241-A e 241-B, do ECA eram de 
competência da Justiça Federal. 
 
O STF decidiu que tanto os arts. 241-A e 241-B, do ECA como o art. 217-A do CP deveriam 
ser reunidos para julgamento em conjunto na Justiça Federal por força de conexão, 
considerando que envolviam as mesmas vítimas, havendo, portanto, um vínculo objetivo 
entre os diversos fatos delituosos. 
 
O que é conexão no processo penal? 
No processo penal, a conexão ocorre quando dois ou mais crimes possuem uma relação entre si 
que faz com que seja recomendável que sejam julgados pelo mesmo juiz ou Tribunal. 
 
Quais os fundamentos que justificam a conexão? 
 Economia processual (é possível que sejam aproveitadas as mesmas provas); 
 Melhor julgamento da causa (permite-se que o julgador tenha uma visão mais completa 
dos fatos); 
 Evitar decisões contraditórias. 
 
Os casos de conexão estão previstos em Lei? 
SIM. Encontram-se elencados, de forma taxativa, no art. 76 do CPP: 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por 
várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o 
lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, 
ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares 
influir na prova de outra infração. 
 
Na situação julgada, havia “conexão instrumental, probatória ou processual”, conforme 
prevista no art. 76, III, do CPP: 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares 
influir na prova de outra infração. 
 
Qual é a consequência processual pelo fato dos crimes serem conexos? 
Em regra, os crimes conexos devem ser processados e julgados conjuntamente, consoante 
prevê o art. 79 do CPP. A isso se dá o nome de simultaneus processus. 
 
Mas nesse caso, dois dos crimes são de competência da Justiça Federal e o outro da Justiça 
Estadual... Não tem problema. Mesmo assim eles deverão ser julgados conjuntamente, ou 
seja, no mesmo juízo. 
 
 
 
 
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E esse julgamento conjunto dos crimes ocorrerá na Justiça Estadual ou Federal? 
Justiça Federal. Havendo conexão entre crimes de competência da Justiça Federal e da 
Justiça Estadual, o julgamento conjunto será na Justiça Federal. Nesse sentido: 
Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes 
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do 
Código de Processo Penal. 
 
Por quê? 
Porque a competência da Justiça Federal é prevista na Constituição Federal, sendo taxativa, 
enquanto que a competência da Justiça estadual é residual. Assim, só será competência da 
Justiça Estadual quando o crime não for previsto como de competência da Justiça Federal. 
Desse modo, havendo um crime da Justiça Federal e outro da Justiça Estadual e devendo 
ambos serem julgados conjuntamente, a reunião deverá ser feita na Justiça Federal, a fim 
de que o art. 109 da CF/88 não seja descumprido. 
Com exceção de eventuais hipóteses de competência delegada (§ 3º do art. 109 da CF/88), 
a Justiça Estadual não poderá julgar crimes que se enquadrem nos incisos do art. 109. Em 
compensação, a Justiça Federal poderá, eventualmente, julgar um delito que, 
originalmente, era de competência da Justiça Estadual. É o caso, por exemplo, do crime 
“estadual” conexo ao crime “federal”. 
Processo STF. 2ª Turma. HC 114689/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/8/2013. 
 
 
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 
 
Julgue o item a seguir: 
1) (Promotor MP/RR2012 CESPE) A conduta consistente em usar fita adesiva ou isolante para modificar 
letras ou números da placa de veículo automotor não caracteriza, segundo o STJ, crime de adulteração 
de sinal identificador de veículo automotor, subsistindo, entretanto, a responsabilidade penal por 
crime de falsificação de documento público. ( ) 
 
 
Gabarito 
1. E 
 
 
JULGADOS QUE NÃO FORAM COMENTADOS POR SEREM DE POUCA 
RELEVÂNCIA PARA CONCURSOS PÚBLICOS 
 
AP 470/MG: embargos de declaração 
O Plenário iniciou julgamento de uma série de embargos de declaração opostos de decisão que condenara 
diversas pessoas envolvidas em suposta prática de esquema a abranger, dentre outros crimes, peculato, 
lavagem de dinheiro, corrupção ativa e gestão fraudulenta. De início, o Colegiado afastou cinco questões 
preliminares, comuns a vários recursos apresentados. A primeira delas dizia respeito à alegada necessidade 
de redistribuição do feito a outro membro da Corte, em razão de o Min. Joaquim Barbosa, relator, haver 
assumido a presidência do STF. No ponto, mencionaram-se o art. 337, § 2º, do RISTF (“Art. 337. Cabem 
embargos de declaração, quando houver no acórdão obscuridade, dúvida, contradição ou omissão que 
devam ser sanadas. § 2º Independentemente de distribuição ou preparo, a petição será dirigida ao Relator 
do acórdão que, sem qualquer outra formalidade, a submeterá a julgamento na primeira sessão da Turma 
ou do Plenário, conforme o caso”) e o art. 75 do mesmo diploma (“Art. 75. O Ministro eleito Presidente 
continuará como Relator ou Revisor do processo em que tiver lançado o relatório ou o aposto o seu visto”). 
Rememorou-se que não apenas o relatório da ação penal já teria sido lançado, como também o próprio 
 
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julgamento de mérito já ocorrera, de forma que o pedido não se sustentaria. O Min. Ricardo Lewandowski 
destacou que regras sobre distribuição de processos implicariam, no máximo, nulidade relativa, e que se 
faria necessária a demonstração de prejuízo, o que não fora feito. A segunda questão seria atinente a 
eventual supressão, no acórdão, de algumas manifestações em votos de ministros, bem como suposta não 
identificação de um dos votos. Aludiu-se, para afastar a argumentação, ao art. 133, parágrafo único, do 
RISTF (“Parágrafo único. Os apartes constarão do acórdão, salvo se cancelados pelo Ministro aparteante, 
caso em que será anotado o cancelamento”), dispositivo que sempre teria sido aplicado na Corte. 
Registrou-se que seria pacífica a possibilidade de revisão e cancelamento de notas taquigráficas, bem como 
de não se juntarem os votos vogais, o que não acarretaria nulidade do acórdão. Sublinhou-se que o 
cancelamento se limitara aos apartes, e não ao inteiro teor da decisão. Ademais, os fundamentos desta 
seriam claros e expressos. No tocante à falta de identificação de um dos votos vogais, reputou-se não 
configurar omissão ou obscuridade a impedir a compreensão do acórdão, cujos fundamentos estariam 
lançados. Ademais, seria possível identificar, por meio da leitura do acórdão, que o voto teria sido proferido 
pela Min. Rosa Weber. Vencido o Min. Marco Aurélio, que entendia que as supressões implicariam prejuízo 
aos jurisdicionados. 
 
A terceira preliminar referir-se-ia a suposta incompetência do STF para julgar os réus não detentores de 
mandato parlamentar. Rememorou-se que a pretensão de desmembramento do processo fora examinada 
exaustivamente e indeferida. Além disso, não haveria descompasso entre essa orientação e o que decidido 
quanto a casos específicos de desmembramento. À época, observara-se o fato de que a ação penal já se 
encontraria em fase avançada, o que não permitiria aguardar o oferecimento de denúncia em relação a 
determinados suspeitos, que não haviam sido acusados conjuntamente desde o início do processo. Em 
relação a um dos corréus, a quem se determinara o desmembramento do feito por ocasião do julgamento 
de mérito, destacou-se que a Corte declarara a nulidade de todos os atos praticados após a defesa prévia, 
de modo que seria impossível aguardar a repetição de toda a instrução para o seu julgamento conjunto 
com os demais acusados. Tratar-se-ia de situações distintas, com fundamentos diferentes, a tornar 
improcedente a alegada contradição. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, que 
assentavam a incompetência do STF para julgar os não detentores de prerrogativa de foro perante a Corte. 
A quarta preliminar trataria da metodologia do julgamento, em virtude da cisão feita no momento da 
dosimetria e da exclusão da votação dos ministros que absolveram os acusados. Asseverou-se que a 
sistemática de julgamento seria matéria alheia ao propósito dos embargos declaratórios, destinados a 
esclarecer ambiguidade, omissão, obscuridade ou contradição. Frisou-se que o tema fora objeto de amplo 
debate, a prevalecer, por entendimento da maioria, a conclusão de que os ministros que votaram pela 
absolvição não deveriam participar da dosimetria, considerada a unicidade do ato. Assinalou-se que não se 
poderia invocar os fundamentos dos votos vencidos como indicadores de contradição no julgamento. 
Considerou-se indevida a pretensão de ser adotada a concepção dos embargantes sobre o critério 
supostamente mais adequado para fixação da pena. Por fim, a quinta preliminar relacionar-se-ia à suposta 
nulidade do voto do Min. Ayres Britto, que teria se manifestado quanto ao mérito, mas não teria dosado 
todas as penas. Consignou-se que a questão fora objeto de exame específico durante o julgamento, e 
rejeitada pelo Colegiado. 
 
Em passo seguinte, o Plenário, por decisão majoritária, desproveu os embargos declaratórios e concedeu 
habeas corpus de ofício para absolver, com base no art. 386, III, do CPP, acusado em relação ao qual o feito 
fora anulado, a partir da defesa prévia, e os autos foram remetidos ao juízo comum para prosseguimento 
da instrução. A defesa pleiteava a exclusão da imputação referente ao crime de quadrilha, porquanto o STF 
teria absolvido os corréus, ante a atipicidade da conduta. O Min. Celso de Mello destacou jurisprudência da 
Corte no sentido de que o delito de quadrilha descaracterizar-se-ia por completo se, como no caso, em 
decorrência da absolvição de alguns de seus supostos integrantes, fosse reduzido para menos de quatro 
pessoas o número daqueles que comporiam o grupo criminoso. Afirmou que o pronunciamento do 
Supremo nesse sentido vincularia a jurisdição de 1º grau. O Min. Ricardo Lewandowski sublinhou que essa 
situação se tornara imutável do ponto de vista material, porquanto o Ministério Público não apresentara 
recurso. Vencidos, em parte, os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, que, por reconhecerem omissão, 
 
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proviam os embargos para também absolver o réu da referida imputação. O Min. Marco Aurélio registrava 
que a referida omissão ocorrera a partir do momento em que o STF, ao absolver os demais acusados, não o 
fizera em relação ao embargante. O Min. Luiz Fux aludia ao art. 580 do CPP [“No caso de concurso de 
agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos 
que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros”]. 
 
Em seguida, o Plenário desproveu embargos nos quais questionada a multa imposta na condenação de um 
dos réus. Alegava-se que a pena pecuniária seria desproporcional à situação financeira do embargante. Ao 
afastar a alegação, afirmou-se que o réu não seria destituído de bens, e que a dosimetria teria sido 
coerente com sua capacidade econômica. Vencidos, em parte, os Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli e 
Ricardo Lewandowski, que desproviam o recurso, mas concediam habeas corpus de ofício para que a pena 
corporal fosse proporcional à de multa, sem, entretanto, calcular novo valor. O Min.Marco Aurélio 
registrava que a pena pecuniária teria sido estabelecida em grau máximo, ao contrário da privativa de 
liberdade. Na sequência, o Plenário desproveu embargos em que sustentado que a decisão condenatória 
teria se omitido na análise da alegação de inexigibilidade de conduta diversa, relativa ao delito de lavagem 
de dinheiro. Além disso, argumentava-se que a condenação teria, supostamente, base em depoimento de 
uma única pessoa, prestado na fase de inquérito. Por fim, arguia-se desproporcionalidade da pena imposta. 
Quanto ao primeiro ponto, reputou-se que a inexigibilidade de conduta diversa só poderia ser invocada 
quando a conduta delitiva se destinasse à proteção de bens jurídicos, e não à ocultação de crimes. 
Registrou-se que o quadro não revelaria situação excepcional a autorizar a exclusão da culpabilidade pelo 
delito de lavagem de capitais. No tocante ao segundo argumento, assinalou-se que a decisão estaria 
fundada em diversas provas produzidas sob o crivo do contraditório. No que se refere à terceira assertiva, 
explicou-se que a pena teria sido calculada com base no grau de participação do réu no delito, considerada 
relevante, e que se teria aplicado a regra da continuidade delitiva, mais benéfica em relação ao concurso 
material. Portanto, não haveria contradição a sanar. 
 
Em passo seguinte, o Plenário desproveu embargos nos quais sustentado que a decisão condenatória 
ignorara tese defensiva segundo a qual o embargante, parlamentar à época, recebera legalmente os 
recursos de partido político, considerados configuradores de delito de corrupção passiva. A defesa alegava, 
ainda, contradição entre os fundamentos do voto condutor e a prova dos autos, visto que outro réu, que 
recebera dinheiro do mesmo partido político, em razão de contrato de publicidade, fora absolvido. O 
Tribunal corroborou que o acórdão teria analisado e refutado a tese de atipicidade. Lembrou, também, que 
a condenação teria lastro probatório, bem como que a situação do outro acusado seria inteiramente 
distinta, e concluiu que os embargos objetivariam incabível reexame de fatos e provas. Na sequência, o 
Plenário desproveu embargos em que se aduzia contradição na fundamentação utilizada para condenar um 
dos réus, então parlamentar. O embargante sustentava que a posição por ele ocupada teria sido utilizada 
indevidamente para exasperar a pena de corrupção passiva, porquanto a qualidade de “funcionário 
público” seria elementar do tipo penal. Ademais, alegava erro na qualificação do réu como líder partidário. 
A Corte assinalou que teria sido considerado o nível elevado do cargo ocupado, que não se equipararia a 
mero servidor público. Salientou, ainda, que a suposta posição de líder partidário não teria sido ponderada 
na fixação da reprimenda. Os Ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio esclareceram, sem eficácia 
modificativa, que a pena-base seria de 2 anos, a alcançar 2 anos e 6 meses no cálculo final. 
 
Na sequência, o Plenário, por maioria, rejeitou embargos de declaração nos quais se alegava omissão na 
análise da prova produzida, sob o argumento de que o acórdão não apreciara a tese da defesa sobre o 
destino dado aos recursos recebidos. O embargante sustentava, ainda, omissão na dosimetria das penas a 
ele aplicadas, em especial, quanto à fundamentação da pena-base, pois as circunstâncias judiciais 
desfavoráveis teriam sido mencionadas genericamente, sem indicação de motivo concreto e individual 
relativo a cada uma. Além disso, afirmava desproporcionalidade na sanção corporal e na pecuniária, tendo 
em vista, respectivamente, as circunstâncias judiciais favoráveis, bem como a situação de outros corréus e 
a própria pena privativa de liberdade fixada. Por fim, arguia contradição entre os votos vogais. Reputou-se 
que o Plenário já teria assentado que a destinação dada aos recursos recebidos seria irrelevante para a 
 
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caracterização do tipo penal do art. 317 do CP. No tocante à assertiva de omissão na dosimetria, sublinhou-
se que a pena aplicada estaria motivada e as circunstâncias judiciais devidamente detalhadas. Considerou-
se, de igual modo, fundamentada e individualizada a pena, haja vista que as circunstâncias subjetivas 
analisadas não seriam comparáveis com a de outros corréus. Ressaltou-se que os critérios estariam 
claramente indicados no acórdão sem margem para dúvidas quanto aos fundamentos que conduziriam à 
fixação das penas. Ademais, não se poderia falar em contradição ou desproporcionalidade entre as penas 
privativas de liberdade e de multa, porquanto teriam natureza e finalidade distintas. A respeito da arguida 
contradição nos votos vogais, salientou-se que o acórdão condenatório, neste ponto, fora proferido nos 
termos do voto do relator, e que os fundamentos dos demais votos condenatórios apenas se somariam 
àquele. Vencido, em parte, o Min. Marco Aurélio, que provia os declaratórios por vislumbrar descompasso 
entre o cálculo da multa e os parâmetros fixados nas penas restritivas de liberdade, os quais deveriam ser 
observados. 
 
Ato contínuo, o Plenário rejeitou embargos em que se suscitava a impossibilidade jurídica do pedido 
condenatório, tendo em vista a qualidade do embargante de deputado federal, abrigado pela imunidade 
material, nos termos do art. 53 da CF. O réu argumentava a existência de omissão e de supostas 
incongruências referentes ao crime de lavagem por desconhecimento da origem ilícita dos recursos. 
Alegava, ainda, contradição na dosimetria da pena aplicada ao delito de corrupção passiva, por entender 
que não incidiria a Lei 10.763/2003 — que exasperou as penas dos delitos de corrupção ativa e passiva. 
Solicitava o benefício do perdão judicial e aduzia que a redução de sua pena teria sido mínima, não 
obstante a importância de sua atuação para elucidação do caso. Requeria, ainda, o envio de cópias ao 
Procurador-Geral da República para eventual denúncia do então Presidente da República. O Pleno aduziu 
que o acórdão embargado apreciara a alegação relativa à imunidade material conferida aos deputados e 
senadores por suas opiniões, palavras e votos, motivo pelo qual não haveria omissão. No que diz respeito à 
condenação pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, elucidou-se que o 
embargante pretendia rediscutir todas as provas que conduziram a sua condenação, além de não apontar 
qual o vício a ser sanado pela via dos embargos, o que configuraria simples insurgência contra o mérito do 
julgamento. Ademais, salientou-se que a dosimetria não seria gravosa, já que aplicada a regra do crime 
continuado, mais benigna ao embargante, e não a do concurso material. No que concerne à Lei 
10.763/2003, evidenciou-se que não haveria contradição no acórdão condenatório, haja vista que o réu 
aceitara promessa de vantagem indevida em reunião — na qual lhe fora oferecida vultosa quantia — 
ocorrida em data posterior à edição da referida norma. Repeliu-se também o pretendido perdão judicial e 
asseverou-se que a redução da pena no patamar de 1/3 estaria claramente enunciada no acórdão 
embargado, em especial, ao se constatar que o acusado somente colaborara em momento inicial das 
investigações, quando se vira compelido a reagir à divulgação de vídeo em que correligionário solicitara 
propina em seu nome. Por fim, registrou-se, quanto ao envio de documento à Procuradoria-Geral da 
República, que a matéria já teria sido decidida. 
 
O Tribunal rejeitou, ainda, embargos de declaração em que sustentada a omissão e contradição quanto a 
participação da embargante, que, segundo a defesa, seria de menor importância, considerada a absolvição 
de corré, de modo a incidir a causa de diminuição de pena prevista no art. 29, § 1º, do CP. A defesa arguia, 
também, haver omissão quanto ao pedido de reconhecimento da causa especial de diminuição de pena, 
nos termos dos artigos 13 e 14 daLei 9.807/99, ante a sua alegada colaboração incisiva. Afirmava haver 
contradição na condenação pela prática do delito de evasão de divisas, em virtude da absolvição de dois 
outros réus acusados do mesmo delito e beneficiários de valores por ela remetidos ao exterior. Aludia à 
desproporcionalidade na dosimetria das penas impostas, inclusive quanto à pena de multa, quando 
comparadas às de outros condenados. O Pleno concluiu que não ficara caracterizada a participação de 
menor importância da embargante, já que os autos evidenciariam haver inúmeras provas de sua intensa e 
frequente atividade, dirigida à consumação e à continuidade da prática delitiva, de grande relevância para 
divisão de tarefas estabelecida pela quadrilha. Rechaçou o pleito de incidência da causa especial de 
diminuição de pena (Lei 9.807/99, artigos 13 e 14), pois em momento algum houvera cooperação efetiva da 
ré para o esclarecimento das infrações penais. Destacou que ela sempre buscara justificar a legalidade dos 
 
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atos ilícitos que praticara e insistira não ter agido com dolo. No que se refere à suposta contradição da 
condenação por evasão de divisas, ressaltou-se que o tema seria estranho à finalidade dos embargos de 
declaração, já que o objetivo da defesa seria rediscutir o mérito da condenação. Acentuou-se, em relação à 
alegada desproporcionalidade na dosimetria das sanções corporal e pecuniária, que a leitura do acórdão 
revelaria com clareza que a pena aplicada à embargante teria sido devidamente individualizada e calculada 
de acordo com a gravidade concreta de seu comportamento na prática delitiva. Além disso, a quantidade 
de dias-multas teria variado conforme o montante das penas privativas de liberdade. 
 
Na sequência, iniciou-se o julgamento de embargos de declaração opostos por condenado pelo crime de 
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O Presidente rejeitou os embargos. Frisou que a decisão que 
concluíra ser indevida, ilegítima e injustificada a quantia percebida pelo embargante teria sido devidamente 
fundamentada. Aduziu não ser relevante para os fins do art. 317 do CP a assertiva de que o dinheiro fora 
utilizado para pagar gastos não contabilizados de campanha. Consignou que se tratara de pagamento de 
vantagem indevida, em razão do exercício da função e da prática de atos de ofício pelo deputado. Reputou 
que o réu não apontara quais fundamentos do acórdão teriam sido contraditórios com a conclusão no 
sentido de sua condenação. Asseverou que, ao contrário do que pretendido pelo embargante, fora aplicado 
o concurso material entre os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, afastado o concurso 
formal, haja vista a pluralidade de ações e desígnios. Enfatizou que o acórdão embargado adotara, 
expressamente, a regra do crime continuado para os crimes de igual espécie, reiterados, e, entre crimes 
diversos, a do concurso material. No que concerne à alegada contradição ao aplicar a pena pelo crime de 
corrupção passiva com a redação dada pela Lei 10.763/2003 e à suposta ofensa ao princípio da correlação, 
aduziu que o embargante fora condenado pelo recebimento indevido de valores, em razão de seu cargo, 
em data posterior à mencionada norma. Ademais, salientou que o acordo para recebimento da propina 
também teria ocorrido após o advento da lei em questão, conforme se poderia constatar no interrogatório 
do réu. Registrou ter sido observado o princípio da correlação. Entendeu que, embora constasse da 
denúncia a imputação do crime de corrupção passiva pelo recebimento de duas quantias distintas, teria 
sido confirmado, na instrução, o recebimento de apenas uma delas, paga na vigência da Lei 10.763/2003, 
de modo a resultar na condenação do embargante exclusivamente por esse último fato delituoso. Depois 
da manifestação do relator, o julgamento foi suspenso. 
AP 470 ED - décimos/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 15.8.2013. 
 
Competência: policiamento de trânsito e delito praticado por civil contra militar 
Ante a inadequação da via processual, a 1ª Turma julgou extinto habeas corpus substitutivo de recurso 
ordinário em que se arguia a incompetência da justiça militar para processar e julgar civil, em tempo de 
paz, por delito de desobediência (CPM, art. 301). No caso, o paciente descumprira ordem de soldado do 
exército em serviço externo de policiamento de trânsito defronte a quartel. Rejeitou-se, por maioria, 
proposta de concessão da ordem, de ofício, formulada pelo Min. Dias Toffoli, relator. O Min. Marco Aurélio 
pontuou que a Constituição ressalvaria a competência da justiça castrense (art. 109, IV). Ademais, o delito 
enquadrar-se-ia como militar, consoante a alínea d do inciso III do art. 9º do CPM [“Art. 9º Consideram-se 
crimes militares, em tempo de paz: ... III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por 
civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como 
os do inciso II, nos seguintes casos: ... d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra 
militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação 
da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em 
obediência a determinação legal superior”]. Salientou que o militar teria agido, na garantia e preservação 
da ordem pública, a partir do poder de polícia, que a segurança pública propriamente dita poderia 
implementar. Vencidos o relator e o Min. Roberto Barroso, que concediam, de ofício, o writ para que, 
reconhecida a incompetência da justiça militar, o processo fosse encaminhado à justiça federal para as 
providências cabíveis. 
HC 115671/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 13.8.2013.

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