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Principio_da_Proporcionalidade_e_da_Razoabilidade1

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ESTADO DE MATO GROSSO 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência e efetivar a inclusão social, respaldada na 
ética e na moralidade. 
 
 
 
 
Princípio da Proporcionalidade e da Razoabilidade: expressões sinônimas? 
 
 
Leandro Paternost de Freitas, Defensor Público Substituto de Sapezal – MT. 
 
 
1. Introdução 
 
 
A mudança constitucional, vivenciada pelo Brasil em meados 
da década de oitenta, foi conseqüência de uma evolução de fatos políticos, no sentido 
de superar autoritarismo e arbítrio então vigentes, rumo à democratização e ao pleno 
Estado de Direito. 
Embora o seu texto esteja marcado de contradições, já que 
foi elaborado dentro da estrutura política que justamente pretende superar, é com tal 
objetivo e nesse contexto que aparece a nova Carta Política brasileira (FILHO 
GUERRA, 2000, p. 186). Daí dizer Willis Santiago Guerra Filho que “a reunião de uma 
Assembléia Nacional Constituinte, eleita por voto direto, para elaborar um texto 
normativo, já indicava o caminho tomado para resgatar a legitimidade perdida: a 
democracia e legalidade, ou seja, Estado Democrático de Direito”. 
O modelo de nosso sistema constitucional é formado por dois 
tipos básicos de normas, quais sejam, as regras e os princípios, a serem aplicados 
mediante uma ordenação em que as primeiras são entendidas e validadas pela sua 
referência aos últimos, os quais, por sua vez, possuem grau diverso de relevância para 
 
ESTADO DE MATO GROSSO 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência e efetivar a inclusão social, respaldada na 
ética e na moralidade. 
 
 
o atingimento da finalidade do sistema (legalidade, com respeito à dignidade humana) 
(FILHO GUERRA, 2000, p. 199). 
Em síntese apertada, uma vez que é o que basta para o 
presente trabalho, pode-se dizer que as regras jurídicas caracterizam-se por ter em sua 
estrutura lógico-deôntica uma descrição de uma hipótese fática e a previsão da 
conseqüência jurídica de sua ocorrência. Por seu turno, os princípios jurídicos não 
trazem semelhante descrição de situação jurídica, mas sim a prescrição de um valor, 
que se consubstancia em uma palavra (FILHO GUERRA, 2000, p. 169). 
Outra distinção merecedora de registro entre as regras e os 
princípios é, mas agora no letrear de Willis Santiago Guerra Filho (2000, p. 171): 
uma das características dos princípios jurídicos que 
melhor os distinguem das normas que são regras é 
sua maior abstração, na medida em que não se 
reportam, ainda que hipoteticamente, a nenhuma 
espécie de situação fática, que dê suporte à incidência 
de norma jurídica. 
Outra constatação que se faz absolutamente necessária, no 
que toca a natureza diversa entre regras e princípios, dá-se quando ocorre um choque 
entre suas disposições, posto que esse conflito deve ser solucionado por métodos de 
hermenêutica diferentes em se tratando de um ou outro tipo normativo. Assim, caso 
sejam duas regras que dispõem diferentemente sobre uma mesma situação têm-se 
uma antinomia jurídica, que deve ser afastada com base em critérios que são 
fornecidos pelo próprio ordenamento jurídico, como por exemplo, o critério cronológico, 
o critério hierárquico e o critério da especialidade, para que se mantenha sua unidade e 
coerência (BOBBIO, 1982, p. 92). 
Por outro lado, se for uma antinomia jurídica entre os 
princípios, tudo se passa de modo diferente, pois eles, como explica Willis Santiago 
Guerra Filho (2000, p. 173): 
 
ESTADO DE MATO GROSSO 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência e efetivar a inclusão social, respaldada na 
ética e na moralidade. 
 
 
na medida em que não disciplinam nenhuma situação 
jurídica específica, considerados na forma abstrata 
como se apresenta para nós, no texto constitucional, 
não entram em choque diretamente, são compatíveis 
uns com os outros. Contudo ao procurarmos 
solucionar um caso concreto, que não é resolvido de 
modo satisfatório aplicando-se as regras pertinentes 
ao mesmo, inquirindo dos princípios envolvidos no 
caso, logo se percebe que esses princípios se acham 
em um estado de tensão conflitiva, ou mesmo, em 
rota de colisão. 
É essa natureza diferenciada de princípios e regras que 
suscita a necessidade de se desenvolver uma hermenêutica constitucional igualmente 
diferenciada, diante da hermenêutica tradicional aplicadas as regras. No plano dos 
princípios, há de ser utilizado, para solucionar a antinomia, o princípio da 
proporcionalidade, que é uma regra de interpretação e aplicação do direito – no que diz 
respeito ao objeto do presente trabalho, de interpretação e aplicação dos direitos 
fundamentais (SILVA, 2002, p. 23). 
Outro não é o entendimento de Willis Santiago Guerra Filho 
(2000, p. 182) sobre a colisão entre princípios, posto que sua lição é no sentido de que: 
para resolver o grande dilema da interpretação 
constitucional, representado pelo conflito entre 
princípios constitucionais, aos quais se devem igual 
obediência, por ser a mesma posição que ocupa na 
hierarquia normativa, se preconiza o recurso a um 
“princípio dos princípios”, o princípio da 
proporcionalidade, que determina a busca de uma 
“solução de compromisso”. 
 
 
2.1. Princípio da proporcionalidade 
 
 
 
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Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência e efetivar a inclusão social, respaldada na 
ética e na moralidade. 
 
 
A solução da antinomia axiológica, representada pela colisão 
entre os princípios, requer a aplicação do princípio da proporcionalidade, que está 
implícito na Constituição Federal acerca da estrutura dos direito fundamentais (SILVA, 
2002, p. 45). O objetivo da proporcionalidade é respeitar mais, em determinada 
situação, um dos princípios em colisão, procurando desrespeitar o mínimo ao(s) 
outro(s), e jamais lhe(s) faltando minimamente com o respeito, isto é, ferindo-se seu 
“núcleo essencial” (FILHO GUERRA, 2000, p. 182). 
Com a habitual clareza, Eduardo Talamini bem explica o 
mecanismo para solucionar a colisão entre os princípios, ao dizer que: 
...quando dois ou mais princípios colidem, deverão ser 
ponderados e balanceados, considerando-se o peso 
que cada um deles tem, em vistas das circunstâncias 
concretas. Um cederá perante o outro, na medida do 
necessário, naquele caso. Mas isso não significará 
declarar inválido o princípio que não prevaleceu, [...] 
Apenas, naquelas específicas circunstâncias, um dos 
princípios precede o outro – podendo ser diversa a 
ordem de precedência, em outras circunstâncias. 
O princípio da proporcionalidade no controle das leis 
restritivas de direitos fundamentais surgiu por desenvolvimento jurisprudencial do 
Tribunal Constitucional Alemão, origem esta o que diferencia do princípio da 
razoabilidade, como ver-se-á no desenvolver deste trabalho. 
O método de aplicação do princípio da proporcionalidade, 
para a solução dos conflitos axiológicos, tem uma estrutura racionalmente definida, com 
subelementos independentes, que são aplicados em uma ordem pré-definida (SILVA, 
2002, p. 30). 
Os subelementos ou sub-princípios da proporcionalidade são 
e devem ser aplicados na seguinte ordem: análise da adequação, da necessidade e da 
proporcionalidade em sentido estrito. 
 
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Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência e efetivar a inclusão social, respaldada na 
ética e na moralidade. 
 
 
Luís Virgílio Afonso da Silva nos mostra a importância de 
aplicar os sub-princípios na ordem pré-definida porque alertaao fato de que: 
a real importância dessa ordem fica patente quando 
se tem em mente que a aplicação dessa regra da 
proporcionalidade nem sempre implica a análise de 
todas as suas três sub-regras. Pode-se dizer que tais 
sub-regras relacionam-se de forma subsidiária entre 
si. [...] A impressão que muitas vezes se tem, quando 
se mencionam as três sub-regras da 
proporcionalidade, é que o juiz deve sempre proceder 
à analise de todas elas, quando do controle do ato 
considerado abusivo. Não é correto, contudo, esse 
pensamento. É justamente na relação de 
subsidiariedade acima mencionada que reside a razão 
de ser da divisão em sub-regras (SILVA, 2002, p. 34). 
Portanto, a colisão entre os princípios poderá estar 
solucionada simplesmente com a análise da primeira sub-regra (adequação), o que faz 
dispensar a análise das demais, já que as sub-regras da proporcionalidade se 
relacionam em grau de subsidiariedade. Em outros casos, por serem mais complexos, 
pode ser indispensável a análise das sub-regras necessidade e proporcionalidade em 
sentido estrito. 
 
 
2.1.1. Adequação 
 
 
Gilmar Ferreira Mendes, citado por Luís Virgílio Afonso da 
Silva, (2002, p. 36) nos fornece um conceito aproximado do que seria um meio 
considerado adequado, asseverando que: “os meios utilizados pelo legislador devem 
ser adequados e necessários à consecução dos fins visados. O meio é adequado se, 
com a sua utilização, o evento pretendido pôde ser alcançado”. 
 
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Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência e efetivar a inclusão social, respaldada na 
ética e na moralidade. 
 
 
Com raciocínio mais abrangente que o anterior, Luís Virgílio 
Afonso da Silva diz que adequado “não é somente o meio com cuja utilização um 
objetivo é alcançado, mas também o meio com cuja utilização a realização de um 
objetivo é fomentada, promovida, ainda que o objetivo não seja completamente 
realizado” (2002, p. 36). Dessa forma, um meio será considerado inadequado se a 
medida utilizada não contribuir em nada para fomentar a realização do objetivo 
pretendido. 
Para melhor visualização sobre a utilização prática deste 
princípio, passa-se a analisar se a medida coercitiva inominada da prisão civil, 
possivelmente prevista no §5º do art. 461, do Código de Processo Civil, (que cuida da 
tutela específica das obrigações de fazer e não fazer) é, ou não, adequada para atingir 
o objetivo por ela visado. 
Sob a ótica da adequação, infere-se que esse meio é 
adequado para fomentar o objetivo buscado, uma vez que o devedor, ante a 
possibilidade de ver a prisão civil decretada em seu desfavor, tenderá a se comportar 
exatamente como previsto no ato decisório, garantindo a realização da obrigação de 
fazer, não fazer ou de entregado de coisa em benefício do credor. 
Deste modo, tendo em vista que o teste da adequação limita-
se ao exame de sua aptidão para fomentar os objetivos visados, a prisão civil é um 
meio adequado para coagir o devedor recalcitrante a cumprir o “quantum” determinado 
na liminar ou sentença. 
Ocorre que para saber se o meio (prisão civil como medida 
coercitiva) utilizado é ou não proporcional deve-se partir para o exame do próximo 
subelemento da proporcionalidade, ou seja, da necessidade. 
 
 
2.1.2. Necessidade ou restrição menor possível 
 
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ética e na moralidade. 
 
 
 
 
Recorrendo-se aos ensinamentos de Eduardo Talamini 
(2001, p. 390), para que um meio possa ser considerado necessário “deve-se escolher 
o meio mais brando possível para a consecução do fim eleito e que não exceda os 
limites indispensáveis para tanto”. 
Dispensa tratamento igual o doutrinador Luís Virgílio Afonso 
da Silva (2002, p. 38), haja vista que comenta sobre o assunto dizendo que: 
um ato estatal que limita um direito fundamental é 
somente necessário caso a realização do objetivo 
perseguido não possa ser promovido, com a mesma 
intensidade, por meio de outro ato que limite, em 
menor medida, o direito fundamental atingido. 
Dessa maneira, uma medida estatal será considerada 
necessária se, dentre todos os meios existentes para promover o fim perseguido, ela for 
o meio mais brando possível para fomentar o objetivo visado. 
Na análise da necessidade da prisão civil para coagir o 
devedor a cumprir a obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa, trata-se de 
cotejá-la com outras medidas que sejam capazes de promover o mesmo objetivo com a 
mesma intensidade, mas que restrinja menos os direitos fundamentais envolvidos na 
questão. 
Para tanto, é necessário ir a busca de outros meios 
adequados que tenha a capacidade de promover o mesmo objetivo com a mesma 
intensidade. Se existentes outros meios que promovam, com igual intensidade, o 
mesmo objetivo promovido pela medida em análise, tem-se que a medida (prisão civil, 
art 461, §5º, do CPC) não é necessária. 
A análise da necessidade de uma medida ganha maiores 
proporções frente ao tipo da obrigação que está envolvido no caso, seja ela fungível ou 
infungível. Tratando-se do grupo das obrigações fungíveis, o magistrado está 
 
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autorizado a adotar tanto medidas coercitivas, que incidem sobre a própria pessoa do 
devedor fazendo com que ele próprio dê cumprimento a obrigação, quanto medidas 
executivas lato sensu, que substituem a vontade do devedor para alcançar resultado 
prático equivalente ao cumprimento espontâneo da obrigação. Ora, se ao credor 
interessa o “resultado final”, ou seja, o cumprimento da obrigação, pouco importando o 
caminho a ser traçado para alcançá-lo (tutela específica ou resultado prático 
equivalente), a utilização da medida da prisão civil mostra-se desnecessária, uma vez 
que, cotejando-se os meios coercitivos existentes para promover o mesmo resultado 
visado, existem outros meios que promovem o mesmo objetivo, mas com menor 
restrição aos direitos fundamentais. 
Portanto, o juiz, ao revés de aplicar a prisão civil, poderá 
lançar mão de outras medidas que promovem com igual intensidade o mesmo objetivo 
buscado, como por exemplo a fixação da multa diária, busca e apreensão, remoção de 
pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividades nocivas, até 
mesmo usando força policial. 
É que o juiz deve, na escolha da medida para promoção do 
objetivo buscado, efetivar sua opção por determinada medida que, à luz dos limites 
impostos pela natureza e função de tais medidas, respeite mais amplamente o Estado 
Democrático de Direito em que se deve preservar a dignidade da pessoa humana (CF, 
art. 1º, III). 
Por outro lado, no que tange ao grupo das obrigações 
infungíveis, a análise da necessidade ganha contornos diferentes, uma vez que, por ser 
um negócio jurídico que se estabelece intuitu personae, é de interesse do credor que o 
cumprimento da obrigação seja levado a cabo pela pessoa do próprio devedor. 
Ademais, para satisfazer o interesse do credor, um único 
caminho pode ser traçado para alcançar o cumprimento da obrigação (tutela específica 
realizada pela adoção de medidas coercitivas), devendo o magistrado adotar tão-
 
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ética e na moralidade. 
 
 
somente medidas tendentes a obtero cumprimento da obrigação através da própria 
pessoa do devedor, o que faz diminuir o leque das medidas que promovem o mesmo 
objetivo visado. Desta maneira, a utilização da medida prisão civil, como forma de 
coagir o próprio devedor a cumprir a obrigação infungível, se mostra igualmente 
desnecessária, uma vez que existem outras medidas coercitivas que promovem o 
mesmo objetivo com igual intensidade, mas com menor restrição aos direitos 
fundamentais envolvidos na questão, como é o exemplo da multa diária. 
A utilização da multa diária como medida coercitiva mostra-
se com alto grau de eficácia quando se atenta ao fato de que esse instrumento 
processual tem a capacidade de influenciar a vontade do devedor para que ele cumpra 
o comando decisório da maneira a que está sujeito, uma vez que se o devedor poderia 
obter vantagens com o descumprimento da ordem judicial (liminar ou sentença), ela tem 
o escopo retirar essas vantagens. 
Por outro lado, para pôr fim a este sub-tópico, no caso de o 
devedor não se mostrar intimidado com a fixação da multa diária, continuando a se 
comportar de maneira diversa da liminar ou decisão, outro caminho não há, a não ser 
converter a obrigação em perdas e danos, o que aliás determina o §1º do art. 461, do 
Código de Processo Civil, ao prescrever que: “a obrigação somente se converterá em 
perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a 
obtenção do resultado prático correspondente”. 
 
 
2.1.3. Proporcionalidade em sentido estrito 
 
 
Embora uma medida seja considerada adequada e 
necessária, isso não significa, por si só, que ela deva ser considerada como 
 
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ética e na moralidade. 
 
 
proporcional. Faz-se necessário ainda um terceiro exame, o exame da 
proporcionalidade em sentido estrito, que consiste, agora nas palavras de Luís Virgílio 
Afonso da Silva (2002, p. 40): “em um sopesamento entre a intensidade da restrição ao 
direito fundamental atingido e a importância da realização do direito fundamental que 
com ele colide e que fundamenta a adoção da medida restritiva”. 
Sob outro prisma, ainda galgando nas lições de Luís Virgílio 
Afonso da Silva, uma medida será considerada desproporcional em sentido estrito 
quando: 
[...] os motivos que fundamentam a adoção da medida 
não tenham peso suficiente para justificar a restrição 
ao direito fundamental atingido. É possível, por 
exemplo, que essa restrição seja pequena, bem 
distante de implicar a não-realização de algum direito 
ou de atingir o seu núcleo essencial. Se a importância 
da realização do direito fundamental, no qual a 
limitação se baseia, não for suficiente para justificá-la, 
será ela desproporcional (SILVA, 2002, p. 41). 
Outrossim, no contrabalaciamento entre a intensidade da 
violação do direito fundamental atingido e a importância da realização do direito 
fundamental que com ele colide, para que uma medida ganhe o status de proporcional, 
é necessário que ela se aproxime ao máximo da dignidade da pessoa humana, valor 
que deve ser sempre buscado no Estado Democrático de Direito (CF, art. 1º, III e art. 
5º). 
Como já foi explicado anteriormente, só haverá a 
necessidade de examinar a proporcionalidade em sentido estrito caso a medida estatal 
tiver sido considerada adequada e necessária, já que elas guardam uma relação de 
subsidiariedade entre si. Levando-se em consideração que a análise acima realizada 
chegou-se à conclusão que a utilização da prisão civil para coagir o devedor a cumprir 
as obrigações de fazer, não fazer ou entrega de coisa, não é necessária, não há que se 
falar na análise acerca da sua proporcionalidade em sentido estrito. 
 
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3. Princípio da razoabilidade 
 
 
Muito embora o princípio da razoabilidade seja considerado 
sinônimo do princípio da proporcionalidade, seja pela doutrina, seja pela jurisprudência, 
tais princípios se diferem tanto na origem quanto a sua estrutura e forma de aplicação. 
Sobre a distinção entre esses princípios, alerta Luís Virgílio 
Afonso da Silva (2002, p. 28): 
É evidente que [...] não são mais sinônimos, pois 
expressão construções jurídicas diversas. Pode-se 
admitir que tenham objetivos semelhantes, mas isso 
não autoriza o tratamento de ambos como sinônimos. 
Ainda que se queira, por intermédio de ambos, 
controlar as atividades legislativas ou executivas, 
limitando-as para que não restrinjam mais do que o 
necessário os direitos dos cidadãos (direito 
fundamental), esse controle é levado a cabo de forma 
diversa, caso seja aplicado um ou outro critério. 
Enquanto o princípio da razoabilidade é produto da 
jurisprudência norte americana acerca do aspecto substancial do due processo, o 
princípio da proporcionalidade é fruto das decisões das cortes constitucionais alemãs, 
conforme dito anteriormente (TALAMINI, 2001, p. 391). 
Quanto a forma de aplicação do princípio da razoabilidade, 
Luís Virgílio Afonso da Silva (2002, p. 28) é salutar ao esclarecer que: “[...] o teste sobre 
a irrazoabilidade é muito menos intenso do que os testes que a regra da 
proporcionalidade exige, destinando-se meramente a afastar atos absurdamente 
irrazoáveis”. 
Portanto, percebe-se que o princípio da proporcionalidade é 
muito mais abrangente e amplo do que o princípio da razoabilidade, sendo forçoso 
 
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afirmar que um ato considerado desproporcional não será, necessariamente, 
considerado irrazoável, pois para ser declarado desproporcional, não é necessário que 
o ato seja extremamente irrazoável ou absurdo. 
 
 
4. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
 
 
Conforme mencionado acima, a sub-regra proporcionalidade 
em sentido estrito exige que, na ponderação entre a restrição do direito fundamental e a 
importância da realização do direito fundamental que com ele colide, se chegue a um 
resultado final que mais se aproxime do que seja considerado como digno da pessoa 
humana, de sorte que se faz necessário tecer algumas considerações, ainda breves, 
acerca desse princípio. 
Primeiramente, há de se reputar que, segundo Ingo 
Wolfgang Sarlet, 
[...] não há como negar que uma conceituação clara 
do que efetivamente seja esta dignidade, inclusive 
para efeitos de definição do seu âmbito de proteção 
como norma jurídica fundamental, se revela no 
mínimo difícil de ser obtida, [...]. Tal dificuldade, 
exaustiva e corretamente destacado na doutrina, 
decorre certamente (ao pelo menos também) da 
circunstancia de que se cuida de conceito de 
contornos vagos e imprecisos, caracterizado por sua 
ambigüidade e porosidade, [...] (SARLET, 2006, p. 
39). 
Embora se revele difícil estabelecer os contornos precisos 
acerca da definição do que seja dignidade da pessoa humana, faz-se necessário os 
operadores do direito conhecerem as lições de Podlech Häberle a respeito do assunto, 
 
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haja vista que ele sustenta uma dimensão dúplice da dignidade, dizendo que, conforme 
menciona Ingo Wolfgang Sarlet: 
sustenta-se que uma dimensão dúpliceda dignidade 
manifesta-se enquanto simultaneamente expressão 
da autonomia da pessoa humana (vinculada à idéia de 
autodeterminação no que diz com as decisões 
essenciais a respeito da própria existência), bem 
como da necessidade de sua proteção (assistência) 
por parte da comunidade e do Estado, especialmente 
quando fragilizada ou até mesmo – e principalmente – 
ausente a capacidade de autodeterminação. Assim, a 
dignidade, na sua perspectiva assistência (protetiva) 
da pessoa humana, poderá, dadas as circunstâncias, 
prevalecer em face da dimensão autonômica, de tal 
sorte que, todo aquele a quem faltarem as condições 
para uma decisão própria e responsável (de modo 
especial no âmbito da biomedicina e bioética) poderá 
até mesmo perder – pela nomeação eventual de um 
curador ou submissão involuntária a tratamento 
médico e/ou internação – o exercício pessoal de sua 
capacidade de autodeterminação, restando-lhe, 
contudo, o direito a ser tratado com dignidade 
(protegido e assistido) (SARLET, 2006, p. 49). 
Deste modo, é fácil perceber que a dignidade em sua 
dimensão protetiva consubstancia-se em um escudo que apresenta capacidade de 
proteger a dignidade da pessoa humana contra atitudes inconscientes da própria 
pessoa, evitando que a pessoa adote condutas que desrespeitem sua dignidade, até 
mesmo contra condutas oriundas do próprio Estado, notadamente naqueles em que se 
constitui em Estado Democrático de Direito. O Estado deve guiar as suas ações tanto 
no sentido de preservar a dignidade existente quanto objetivando a promoção da 
dignidade. 
A dignidade da pessoa humana é uma qualidade intrínseca 
e, portanto, é irrenunciável e inalienável, constituindo elemento que qualifica o ser 
humana como tal e dele não pode ser destacado. Esta portanto, nas lições de Ingo 
Wolfgang Sarlet, deve ser 
 
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[...] compreendida como qualidade integrante e 
irrenunciável da própria condição humana, pode (e 
deve) ser reconhecida, respeitada, promovida e 
protegida, não podendo, contudo (no sentido ora 
empregado) ser criada, concedida ou retirada (embora 
possa ser violada), já que existe em cada ser humana 
como algo que lhe é inerente (SARLET, 2006, p. 42). 
De outro lado, resta relatar, finalmente, que a dignidade é 
algo real, uma vez que não se verifica maior dificuldade em identificar claramente 
muitas das situações em que é agredida, ainda que não seja possível estabelecer um 
rol taxativo de violações da dignidade. Com efeito, embora se encontra dificuldade em 
expressar o que é a dignidade, não se pode balbuciar em dizer o que não seja 
dignidade. 
 
 
Referencias Bibliográficas 
 
 
BOBBIO, Norberto. Ordenamento jurídico. 10ª edição. 
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999. 
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos 
Fundamentais. 2ª edição. São Paulo: editora Saraiva, 1998. 
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria processual da 
constituição. São Paulo: Celso Bastos Editor, 2000. 
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e 
direitos fundamentais na constituição federal de 1988. 4º edição. Porto Alegre: Editora 
Livraria do Advogado, 2006. 
SILVA, Luís Virgílio Afonso da. Revista dos Tribunais nº. 798. 
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 
 
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ética e na moralidade. 
 
 
TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de fazer e 
de não fazer. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

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