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da dignidade manifesta-se enquanto simultaneamente expressão da autonomia da pessoa humana (vinculada à idéia de autodeterminação no que diz com as decisões essenciais a respeito da própria existência), bem como da necessidade de sua proteção (assistência) por parte da comunidade e do Estado, especialmente quando fragilizada ou até mesmo – e principalmente – ausente a capacidade de autodeterminação. Assim, a dignidade, na sua perspectiva assistência (protetiva) da pessoa humana, poderá, dadas as circunstâncias, prevalecer em face da dimensão autonômica, de tal sorte que, todo aquele a quem faltarem as condições para uma decisão própria e responsável (de modo especial no âmbito da biomedicina e bioética) poderá até mesmo perder – pela nomeação eventual de um curador ou submissão involuntária a tratamento médico e/ou internação – o exercício pessoal de sua capacidade de autodeterminação, restando-lhe, contudo, o direito a ser tratado com dignidade (protegido e assistido) (SARLET, 2006, p. 49). Deste modo, é fácil perceber que a dignidade em sua dimensão protetiva consubstancia-se em um escudo que apresenta capacidade de proteger a dignidade da pessoa humana contra atitudes inconscientes da própria pessoa, evitando que a pessoa adote condutas que desrespeitem sua dignidade, até mesmo contra condutas oriundas do próprio Estado, notadamente naqueles em que se constitui em Estado Democrático de Direito. O Estado deve guiar as suas ações tanto no sentido de preservar a dignidade existente quanto objetivando a promoção da dignidade. A dignidade da pessoa humana é uma qualidade intrínseca e, portanto, é irrenunciável e inalienável, constituindo elemento que qualifica o ser humana como tal e dele não pode ser destacado. Esta portanto, nas lições de Ingo Wolfgang Sarlet, deve ser ESTADO DE MATO GROSSO DEFENSORIA PÚBLICA Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência e efetivar a inclusão social, respaldada na ética e na moralidade. [...] compreendida como qualidade integrante e irrenunciável da própria condição humana, pode (e deve) ser reconhecida, respeitada, promovida e protegida, não podendo, contudo (no sentido ora empregado) ser criada, concedida ou retirada (embora possa ser violada), já que existe em cada ser humana como algo que lhe é inerente (SARLET, 2006, p. 42). De outro lado, resta relatar, finalmente, que a dignidade é algo real, uma vez que não se verifica maior dificuldade em identificar claramente muitas das situações em que é agredida, ainda que não seja possível estabelecer um rol taxativo de violações da dignidade. Com efeito, embora se encontra dificuldade em expressar o que é a dignidade, não se pode balbuciar em dizer o que não seja dignidade. Referencias Bibliográficas BOBBIO, Norberto. Ordenamento jurídico. 10ª edição. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999. FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 2ª edição. São Paulo: editora Saraiva, 1998. GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria processual da constituição. São Paulo: Celso Bastos Editor, 2000. SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na constituição federal de 1988. 4º edição. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2006. SILVA, Luís Virgílio Afonso da. Revista dos Tribunais nº. 798. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. ESTADO DE MATO GROSSO DEFENSORIA PÚBLICA Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência e efetivar a inclusão social, respaldada na ética e na moralidade. TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de fazer e de não fazer. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.