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Artigo Pós Graduação Administração, Supervisão e Orientação

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GESTÃO COMPARTILHADA NO ENSINO MÉDIO. 
OLIVEIRA, Paulo Sérgio Rezende�
FERNANDES, Magali�
RESUMO
A questão da gestão escolar sempre foi alvo de críticas e torna-se necessário um modelo que facilite o processo com autonomia e responsabilidade, contribuindo com todos os beneficiários. A Constituição de 1988 estabeleceu princípios norteadores da Educação Nacional, a gestão democrática do ensino público. Ao gestor/diretor cabe o papel de unir-se aos alunos, pais, professores e comunidade para produzir uma gestão de qualidade. Este artigo tem como objetivo principal verificar se o modelo de gestão compartilhada é funcional no ensino médio, e apresentar ainda dificuldades encontradas pelos gestores e alunos. O estudo bibliográfico entorno desta questão foi necessário a fim de ampliar a discussão e definições de gestão compartilhada na educação brasileira, apresentando reflexões acerca do ensino médio. 
Palavras-chave: Gestão compartilhada. Educação. Ensino Médio.
ABSTRACT
The issue of school management has always been criticized and a model is needed to facilitate the process with autonomy and responsibility, contributing to all beneficiaries. The 1988 Constitution established guiding principles of National Education, the democratic management of public education. The role of the manager / director is to unite with the students, parents, teachers and community to produce a quality management. This article has as main objective to verify if the model of shared management is functional in high school, and to present still difficulties encountered by the managers and students. The bibliographic study around this issue was necessary in order to broaden the discussion and definitions of shared management in Brazilian education, presenting reflections about secondary education
Keywords: Shared management. Education. High school.
1 INTRODUÇÃO
	Toda forma de educação é particular, ela depende de cada entidade pública que atenda e também a peculiaridade de cada região, e de cada unidade escolar. 
A teoria e prática de gestão compartilhada é velha conhecida entre os profissionais da educação, que é introduzir aqueles que fazem parte do processo educacional, porém são excluídos das decisões políticas pedagógicas. Entretanto ainda há dúvidas em como desenvolver este tema no ensino médio, ou seja, com a demanda de adolescentes e jovens adultos.
Importante ressaltar que não apenas alunos devem fazer parte da gestão compartilhada, mas todos que são afetados pela instituição de ensino, como familiares, professores e a sociedade em torno da escola.
Este trabalho tem como objetivo a análise e reflexão no que se refere ao processo de gestão escolar, considerando a formação dos sujeitos e sociedade democrática. As informações ainda poderão ser elucidativas sobre a escola e todo seu desenvolvimento, atuando sob a ótica da gestão compartilhada.
A técnica cooperará para o aprimoramento profissional e para a esfera científica o trabalho tem como finalidade o desenvolvimento da ciência, podendo assim auxiliar pesquisas futuras.
Na primeira seção, serão abordadas as definições de gestão e também especificamente de gestão compartilhada. Segue-se com uma descrição do processo de descentralização do poder Publico e autonomia para a escola e finaliza-se com a reflexão da gestão compartilhada no ensino médio.
2 GESTÃO COMPARTILHADA E SUAS DEFINIÇÕES
Hoje é fato que um dos principais temas de discussão em gestão é a possibilidade de reger a escola utilizando técnicas favoráveis e que seja um instrumento para mudanças e possíveis melhorias no âmbito educacional. 
Segundo Buss (2008 apud AMÊNDOLA et al. 2010): Gestão vem do verbo latino gerere, responsáveis por seus resultados. Significa fazer, exercer, executar, administrar, ou seja, é o ato de gerir projetos. 
Se gestão é exercer, gerenciar, dirigir, este ato existe onde há uma instituição ou organização, o objetivo principal é o crescimento desta, fazendo planejamentos, analisando os conflitos e solucionando-os. 
O ato de gerir, no campo da educação, é desenvolver atividades, técnicas e procedimentos que tem como foco a educação e está relacionado diretamente com ações políticas, que acarreta em um melhor aprendizado dos alunos, tanto no âmbito pedagógico, quanto na formação do sujeito. Isso exprime que a organização de uma escola tem total ligação aos objetivos da instituição que a subsidie.
Tais ações devem ser realizadas em conjunto entre o gestor e um grupo de pessoas aptas e capacitadas, pois exige conhecimento em diversas áreas, ressalta-se que não somente aqueles com qualificação técnica devem participar gestão escolar, mas toda comunidade. 
Freitas (2001, p. 2) aponta que, 
Como a escola, outros tipos de organizações existem porque algumas atividades não podem ser realizadas por um único indivíduo, ou ainda, porque algumas pessoas descobrem que, se unirem suas forças, conseguirão fazer coisas mais fáceis e melhor. [...] Independentemente do propósito capitalista do lucro, as organizações existem porque têm uma missão social a cumprir. A missão da escola é educar, preparando o cidadão e o profissional para a vida em sociedade.
É fato que a missão de educar existe e está bem clara a todos que estão inseridos na escola, mas a quem cabe a gerencia do ensino? Estado, secretários, diretores, gestores, professores, comunidade, pais, alunos. É com todos esses grupos que se forma o modelo de gestão aqui abordado: a gestão participativa/compartilhada.
Paro (2007 apud ANDRADE, 2007) define: 
A gestão participativa (ou compartilhada), como o próprio nome sugere, compreende aquela em que todos os agentes envolvidos participam no processo decisório, partilhando méritos e responsabilidades. Dentro do processo democrático e descentralizador a gestão participativa escolar propicia igualdade de condições na participação e distribuição eqüitativa de poder, responsabilidades e benefícios.
O ato da gestão compartilhada é consubstanciada no poder público, sendo que o ensino médio é responsabilidade dos Estados. Ocorre que cada município, e unidade escolar possuem características específicas (número de alunos, condição social, localidade geográfica, entre outros). E segundo Blasi e Falcão (2008, p. 71-72): 
Não se pode enxergar a educação e, consequentemente, as instituições educacionais, fora do contexto socioeconômico, político e cultural em que estão inseridas [...] necessário também desvendar a totalidade da realidade educacional em que se atua, levando em consideração as percepções e representações de seus membros, bem como a singularidade de cada realidade.
A educação está diretamente relacionada à cultura, em cada cidade, comunidade, região, estado e país. Elas podem ser diferentes, nesta perspectiva, o olhar contextualizado da gestão torna-se essencial para o bom funcionamento do processo educacional.
Acerca da gestão educacional, Cardoso (1995, p. 6-7) considera que:
A concepção de gestão, incorporando os princípios democráticos, constitui um aprendizado que se processa no nível das instituições sociais, que se expressa por suas práticas políticas e culturais. Sociedade e escola são dialeticamente constituídas. A escola expressa e contradiz as relações sociais mais amplas. O conceito e a prática de gestão democrática ainda não estão suficientemente desenvolvidos nas organizações e nas instituições educacionais. Tanto o conceito de gestão quanto o de democracia não se originaram no interior da escola. No entanto, a escola, como campo privilegiado de intervenção política e ideológica, traz, na sua essência pedagógica, a possibilidade de construção de novos paradigmas e práticas que priorizem a via democrática em si e na sociedade. 
A gestão compartilhada visa desenvolver um projeto educacional único com senso de cooperação. Deste modo, o processo administrativo une-se à função social e política da educação escolar, que é a formação do sujeito participativo, responsável e crítico, principalmenteconsiderando a faixa etária dos alunos do ensino médio. 
Entretanto, é preciso que haja uma ruptura do poder estadual, repassando os poderes de gerência para os que estão mais próximos do cotidiano escolar.
Para Libâneo (2004, p. 217 apud AMÊNDOLA et al. 2010): 
Muitos dirigentes escolares foram alvos de críticas por práticas. Nesse sentido, a gestão participativa nas escolas excessivamente burocráticas, está associada a uma ação conjunta dos professores, conservadoras, autoritárias, centralizadoras. Embora aqui e ali alunos, funcionários e pais, que interagem, planejam e continuem existindo profissionais encaminham ações, objetivando atingir resultados com esse perfil, hoje estão coletivos construídos num clima democrático. 
É certo que há êxito nas práticas de gestão, que levam à atitudes flexíveis e compromisso com todo o processo educacional. Envolver os membros da comunidade escolar direta ou indiretamente, fazer com que a participação dos alunos seja plena, afim de que eles sintam-se partes responsáveis pelo desenvolvimento da escola, além da necessidade de administrar as ações burocráticas. 
	Sob a perspectiva de Mendonça (2013, p. 17): 
A escola reflete, assim, o ambiente mais amplo da sociedade, onde os usuários, cidadãos comuns, têm sua participação limitada a eventos como uma assembléia, uma eleição, uma e outra reunião onde opinam sobre assuntos em geral pouco relevantes, como caudatários de uma cidadania fluida e sem maiores conseqüências. 
Os envolvidos precisam dialogar, respeitando-se e aceitando opiniões divergentes, colaborando com ideias e soluções, dessa forma, em conjunto com o gestor educacional, poderão construir a gestão compartilhada.
3 A DESCENTRALIZAÇÃO E AUTONOMIA
	Comparado a outros países, a democracia chegou tardiamente no Brasil refletindo consubstancialmente na educação bem como em sua administração, conforme esclarece Freitas (2001, p.1): 
A educação brasileira experimentou uma democratização tardia. Criada e cevada para servir à elite, chegou ao fim do século XX empunhando bandeiras há muito superadas em países de tradição democrática. As influências liberais, que por aqui aportaram, adaptaram-se aos interesses de grupos, dando origem a uma forma especial de liberalismo calcado mais nesses agregados sociais que no povo. A cultura política autoritária predominou, intercalada por espasmos de democracia.
Assim, somente após a monarquia, a república oligarquia e à ditadura militar, o Brasil experimentou um verdadeiro período democrático, porém, isso ocorreu próximo ao final do século XX. Deste modo, é visível que o Brasil sofreu demasiadamente, com o período em que o Estado tinha total controle sobre a sociedade, sem abrir campos para debates e discussão de ideias.
Contudo, o Brasil sofreu outras modificações constituintes e democráticas, atingindo a esfera educacional, como aponta Cardoso (1995, p. 5): 
A sociedade brasileira, a partir da redemocratização do País, passou por um processo de reordenamento nos campos social, político e econômico. Esse reordenamento está expresso na nova Constituição, promulgada em 1988. No campo educacional, do ponto de vista das formulações legais, houve vários avanços, entre eles a garantia de gestão democrática no ensino público (Artigo 206; IV). Esse dispositivo constitucional procura assegurar o caráter democrático do ensino público de tal forma que as instituições públicas possam criar uma cultura político-educativa de exercício do princípio e da prática democrática no seu cotidiano. 
	Durante a ditadura o país amargou um período de censura, sem considerar opiniões, e todo o poder oriundo do Estado, era centralizado neste. Com a queda da ditadura e a promulgação de uma constituição democrática, os sujeitos voltaram a exercer o poder de opinião, porém muitos ainda não o fazem por ter essa cultura ditatorial internalizada.
	A constituição de 1988 estabeleceu em seu capitulo III 
da educação, da cultura e do desporto, Seção I da educação, as diretrizes básicas e o dever do estado em fornecer educação a todos, reforçando este pensamento em especial no artigo em seu artigo 205.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996).
	Ocorre que o Estado não tem condições de prestar um ensino de excelência em virtude das diferenças regionais e culturais. Percebendo isso, o poder legislativo incluiu na Lei Nº 9.394/1996, Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que em seu artigo 3 e 14 descentraliza a gestão, convidando a sociedade para atuar em conjunto na administração do ensino público. 
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996).
A gestão democrática necessita da descentralização do poder estatal para as unidades escolares, sendo estas quem devem elaborar e executar a gestão. 
A autonomia sugere que a escola seja capaz de escolha, e produção do projeto educativo. É fato que a avaliação constante do desempenho da gestão precisa tornar-se item fundamental no projeto a fim de verificar e manter a qualidade. 
Para Mendonça (2013, p. 7): [...] o diretor permanece sendo uma figura central no esquema de poder que envolve o funcionamento da instituição escolar. 
É importante ressaltar que o papel dos gestores/diretores não foi extinto, tampouco teve o seu poder diminuído, ainda cabendo a estes as decisões sobre a gerência do centro educacional, entretanto, os mesmos possuem mais uma ferramenta para a gestão: a participação da sociedade, abastecendo-se de informações sobre a peculiaridade da comunidade a qual a escola está inserido, facilitando a administração e atingindo melhores resultados.
Freitas (2000, p. 47-48) salienta que,
[...] a indicação política de diretores escolares perde a primazia e dá espaço à maior participação da comunidade na seleção de diretores escolares e na condução do nível de qualidade do processo educacional. São criados colegiados ou conselhos escolares com poder deliberativo e autonomia para tomar certas decisões no âmbito da escola [...] Começa-se a discutir a importância da preparação de diretores escolares que incentivem a participação das comunidades escolar e local e atendam à legislação vigente.
	Hoje as políticas educacionais mostram-se preocupadas com os profissionais que ocupam o cargo de gestor/diretor, e estão atentos em capacitar estes com formação na área de gestão de pessoas. Isso demonstra o cuidado com as pessoas (com toda a comunidade escolar) e não somente com a administração escolar e questões burocráticas.
Mendonça (2013, p. 9) ainda diz que: Apesar da descentralização não ser intrinsecamente democratizante, é corrente a confusão conceitual sobre o tema, estabelecendo ligação direta entre a centralização e o autoritarismo, entre a descentralização e a democracia. 
	Podemos nos deparar com duas problemáticas. Primeiro um gestor centralizador que tem receio em abrir as portas da escola para a comunidade e visualizar seu poder tolido; e segundo, uma comunidade inerte a qual não se vincula a prática da gestão participativa, preferindo deixar toda responsabilidade para o poder estatal.
	A autonomia ainda é motivadora no sentido da vinculação que se deve criar com a comunidade. Assim como diz Beraldo e Pelozo (2007, p. 3-4):
Através da autonomia, criam-se novas relações sociaisopostas às relações autoritárias pré-existentes. A autonomia nega a uniformização e celebra a diferença, valorizando a originalidade e o novo, também buscando o intercâmbio com outras experiências sociais. Autonomia, democracia e cidadania são conceitos que implicam mutuamente. Cidadão é aquele que participa do governo; aquele que tem poder, liberdade e autonomia para exercê-lo.
É na formação do sujeito, principalmente no que se refere este trabalho, o ensino médio, que a cidadania e seus valores devem ser transmitidos, assim como a autonomia e conceitos de democracia, pois é nessa faixa etária que começam a exercer a participação pública.
Essa questão é também abordada por Freitas (2000, p. 49),
A sociedade admite a importância da escola na preparação de cidadãos com melhor potencial de trabalho e passa a exigir mais competência, mais flexibilidade e agilidade dos gestores escolares, de modo que a escola possa acompanhar suas solicitações. Em decorrência, o potencial criativo da desejada autonomia escolar tem sido discutido amplamente, mas continua pouco exercitado, por falta de experiência nesse exercício.
Remete-se aqui no tema da autonomia, em que o gestor por falta de experiência não se envolve e nem permite que outros tomem partido daquilo que seria bom para a maioria. 
Segundo Gadotti (1995, p. 202 apud BERALDO e PELOZO, 2007, p. 4):
[...] descentralização e autonomia caminham juntos. A luta pela autonomia da escola insere-se numa luta maior pela autonomia no seio da própria sociedade. Portanto, é uma luta dentro do instituído, contra o instituído, para instituir outra coisa. A eficácia dessa luta depende muito da ousadia de cada escola em experimentar o novo caminho de construção da confiança na escola e na capacidade dela resolver seus problemas por ela mesma, confiança na capacidade de autogoverna-se.
 Deste modo, o caminho tomado por cada instituição é particular, se ajustando a cada particularidade dos alunos e da instituição, é certo que algumas experiências podem servir de modelo para mais de uma escola, porém o gestor e demais membros devem analisar criteriosamente se a medida adotada por outra instituição é atrativa, atinente a suas necessidades.
Barroso (1996, p. 186 apud NOLÊTO, 2013, p. 5) ainda considera: 
A autonomia da escola não é a autonomia dos professores, ou a autonomia dos pais, ou a autonomia dos gestores. A autonomia, neste caso, é o resultado do equilíbrio de forças, numa determinada escola, entre diferentes detentores de influência (externa ou interna), dos quais se destacam: o governo os seus representantes, os professores, os alunos, os pais e outros membros da sociedade local.
 
Percebe-se aqui a importância da soma de esforços. É preciso união, parceria e harmonia para que a gestão escolar seja completa, um misto de conhecimentos agindo para o mesmo fim.
4 A GESTÃO NO ENSINO MÉDIO
O homem é um ser social, e essa é habilidade pode ser desenvolvida pela escola. Segundo Vygostski (1984 apud LIMA 2013, p. 3), 
O homem é uma construção histórica e social de outros homens e essa construção se dá por meio da interação social. Tal recurso permite ao indivíduo apropriar-se da cultura, dos saberes acumulados historicamente pela sociedade a que pertence e tornar-se capaz de encaixar-se no estágio de desenvolvimento da sua civilização, contribuindo para a evolução dela.
	A gestão compartilhada pode auxiliar no desenvolvimento da interação social dos alunos do ensino médio, pois é nesse período da juventude que o sujeito está sendo formado, apresentando pensamentos críticos e posições políticas.
	Conforme Ferreira (2013, p. 2):
Nos últimos séculos as crianças foram excluídas das esferas sociais de influência (trabalho, convívio social com adultos fora do meio familiar, entre outros) o que gerou a separação entre os mundos da infância e do adulto de forma que as atividades ficaram restritas ao mundo adulto, e as crianças colocadas sob a proteção destes. Consequentemente, as crianças estão “naturalmente” privadas do exercício de atividades políticas e, portanto, por mais que lhe sejam reconhecidos direitos políticos de participação, estes muitas vezes ficam apenas no papel, ou exercidos de forma “superficial”.
	Não somente as crianças, mas isso também ocorreu com os jovens na escola; sem voz e vez, os alunos sentiram a necessidade de participar cada dia mais de seu processo de aprendizagem. Aprendeu a lutar por ideais comuns e vem conquistando seu espaço na gestão. 
A teoria da gestão compartilhada serve para toda Educação como apresenta Sarmento, (2005, apud FERREIRA 2013, p. 4),
A categoria adolescente aqui é definida a partir de uma redefinição das relações intra e intergeracionais, sendo a “geração” um construto sociológico que engloba as relações entre seus membros e destes com a história, sendo este o enfoque aqui adotado.
As gerações sempre sofreram alterações e na atualidade isso não é diferente, porém, a geração de hoje está focada, tem objetivos políticos, mostra-se mais amadurecida, tratam e são tratados como adultos, por isso participam ativamente na gestão.
É importante considerar que nesse momento, os alunos do ensino médio passam por provas externas, tal como o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e vestibulares. Nota-se então uma tensão, os jovens sentem-se responsáveis por seu processo de aprendizagem e incumbem-se sobre seu futuro. 
	Além da tensão das provas, existem alguns limites na participação dos alunos de ensino médio, como descreve Carbinatto et al. (2013, p. 3):
[...] na escola as decisões, o poder real, ainda em grande parte encontram-se centralizados na direção e na sala de aula por meio da atuação dos professores. Notamos que esses entraves prejudicam o funcionamento do grêmio estudantil e a participação em geral dos estudantes na organização escolar rumo à gestão democrática.
	Entretanto, o maior entrave é a possessão do gestor frente à administração, por motivos diversos. A postura do gestor deveria ser o de mediação para o bem comum.
	Ferreira (2013, p. 5) notou diferença em seus estudos no que se refere ao tratamento dos alunos do ensino fundamental e ensino médio: “Parece-nos que a direção se comporta de maneira mais severa com os alunos do 6º ano, e mais dialogal com os alunos do 3º ano do EM”.
	Isto parece ocorrer, pois, muitas vezes a gestão só está preparada para o trabalho com jovens/adultos, por acreditarem na facilidade de comunicação, ou até mesmo porque assumem um papel mais participativo no processo de gestão, dependendo menos dos pais e comunidade.
Lima (2013, p. 3) explicita sobre o processo de formação dos membros envolvidos na gestão compartilhada:
Ora, a escola é, por excelência, o espaço de interação no qual o indivíduo em formação trava conhecimento com os tais saberes acumulados por sua sociedade e os internaliza. Dito dessa forma, o processo de apreensão de conhecimentos ou de apreensão da realidade social parece um ato mecânico e homogêneo, uma experiência igual para todos.
 
	É evidente que os métodos pedagógicos e de gestão de anos atrás não se enquadrariam hoje, por toda modificação biopsicossocial que transformou a educação. Todavia, é possível perceber a transformação do processo pedagógico e de gestão na atualidade. 
O gestor necessita buscar outros métodos que possam ser atrativos para os alunos do ensino médio. Buscar o jovem para aquilo que realmente interessa, sendo que atualmente o aluno do ensino médio é bombardeado por uma quantidade de informação e outros atrativos, seduzidos pela mídia e objetos eletrônicos. 
	Entretanto, somente o gestor agindo como mediador não resolve, como aponta Sant’Ana & Andrade (2008, p. 4 apud Ferreira 2013, p. 4.): “[...] o ‘estatuto’ social do adolescente é diferente do da criança, o que implica em maiores possibilidades de posicionamento crítico diante da autoridade adulta e, portanto, de uma participação consciente.”
	Os alunos de ensino médioconhecem que sua participação pode somar benefícios à comunidade escolar. Geralmente são criados grêmios estudantis para a representação da maioria. Isso é democracia, isso é compartilhar saberes, experiências e acima de tudo responsabilidade, coerência.
Assim, é possível que essa responsabilidade seja desenvolvida logo no início do ensino médio, fazendo com que os alunos participem da gestão e da escola, ou seja, do futuro de todos os alunos e da educação.
É preciso que o gestor, junto aos professores e comunidade elaborem ações e busquem ferramentas para transformar a escola e o método de ensino atrativos. Deste modo, muitas vezes a gestão de uma escola se torna peculiar, pois atende as necessidades e anseios de seus alunos e comunidade em particular.
	O aluno de ensino médio mediado pelo gestor pode e deve participar de maneira consciente, responsável por si e pelos demais que são favorecidos na escola, contribuindo com toda a escola e demais membros participantes desta.
 	E para atrair os jovens alunos o gestor deve buscar mecanismos, como a formação de grêmios estudantis, reuniões periódicas, representantes de classes, e outros métodos que atenda a particularidade da escola e salas de aula.
 	Importante que as opiniões, as críticas e ideias trazidas pelos alunos sejam respeitadas e sempre que possível utilizada, para que o estudante percebe que sua participação na gerencia da instituição é real, e importante e que este tem poder de melhorar sua educação. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com essa pesquisa buscou-se uma compreensão dos elementos determinantes da gestão participativa e sua contribuição no ensino médio e formação de alunos cidadãos. 
No decorrer de uma revisão dos principais achados bibliográficos acerca do tema em questão, definiu-se gestão como o ato de fazer, executar, administrar, gerir projetos e, gestão participativa na educação como a ação do gestor/diretor de administrar a escola juntamente aos alunos, pais, professores e comunidade. 
Pode-se perceber que a gestão compartilhada é mais uma forma de contemplar a educação com uma administração de qualidade e vale ressaltar que a gestão educacional é um processo coletivo, todos os envolvidos têm responsabilidades legais em relação à educação, e esta deve ocorrer tanto dentro como fora da escola.
A descentralização do poder estatal para as unidades escolares é essencial para o bom funcionamento da escola em geral. Essa autonomia propicia que o gestor juntamente com os demais envolvidos: alunos, professores, pais e comunidade criem seu projeto político pedagógico e ações que beneficiem todos.
Embora esse modelo de gestão seja regido pela legislação desde 1996, notou-se que os gestores ainda estão despreparados para atuar de forma conjunta com a comunidade escolar. A solução encontrada pelo Estado é a formação que oferecem aos profissionais da área, preocupando-se mais com as pessoas envolvidas do que com questões burocráticas.
É certo que a gestão compartilhada pode e deve ser aplicada em todos os níveis da educação, ou seja, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior. Entretanto, é no ensino médio que a participação mostra-se mais efetiva no que se refere ao desempenho dos alunos. Os jovens demonstram-se mais receptivos e interessados pela administração escolar. 
Os benefícios de se trabalhar com este tipo de gestão, são o auxílio na formação pessoal; a produção de pensamentos críticos e desenvolvimento da interação social. Atualmente vê-se um cenário de jovens amadurecidos e envolvidos politicamente somando esforços na participação da gestão escolar.
	 As contribuições deste artigo manifestam-se tanto no âmbito pessoal, quanto acadêmico, profissional e ainda científico.
 Considerando-se que esta pesquisa levanta apenas alguns aspectos pertinentes à gestão compartilhada no ensino médio, uma nova pesquisa poderá ser realizada de forma a detalhar a importância desta gestão em relação específica aos anos finais no ensino.
REFERÊNCIAS
AMÊNDOLA, Mônica Rodrigues; GONÇALVES, Neida Maria Souza; CORDEIRO, Raimunda Das Graças Da Silva; DINIZ, Tânia Elizabeth Ferreira; COSTA, Virginia Cléia Carvalho. Gestão participativa no contexto escolar.. Disponível em: http://www.slideshare.net/gcordeiro42/gesto-participativa-no-contexto-escolar. Acesso em: 27 Set 2018.
ANDRADE, Edson Francisco. Gestão compartilhada da educação: o discurso e às práticas cotidianas no sistema de ensino do Recife.. Disponível em: http://www.anpae.org.br/congressos_antigos/simposio2007/126.pdf. Acesso em: 27 Set 2018.
BERALDO, Fernando; PELOZO, Rita de Cássia Borguetti. A gestão participativa na escola pública: tendências e perspectivas. Revista Científica Eletônica de Pedagogia. Disponível em: http://www.revista.inf.br/pedagogia10/pages/artigos/edic10-anov-art08.pdf. Acesso em: 28 Set 2018.
	
BLASI, Jacqueline de; FALCÃO, Sandra. Gestão participativa na escola. Revista Sinergia. V 9. - n 1. p. 70-76. Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/prp/sinergia/complemento/ sinergia_2008_n1/pdf_s/ segmentos/ artigo_09_v9_n1.pdf. Acesso em: 29 Set 2018.
BRASIL. LDB. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O.U. de 23 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf. Acesso em: 29 Set 2018.
CARBINATTO, Tatiane; LIMA, Fernanda C. D. A.; SENNE, Carolina A.; OLIVEIRA, Elizângela Siqueira; DAL RI, Neusa Maria. Grêmio estudantil: alunos na gestão democrática e organização escolar da escola pública de marília. Disponível em: http://prope.unesp.br/xxi_cic/27_37178181800.pdf. Acesso em: 29 Set 2018.
CARDOSO, Jarbas José. Gestão Compartilhada da Educação: a experiência Catarinense. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília. v.76, n 182/183, p. 139-170. Disponível em: http://emaberto.inep. gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/294/296. Acesso em: 29 Set 2018.
	
FERREIRA, Adriana Moreira dos Santos. Participação do aluno na escola: possibilidades e entraves. Disponível em: http://www.abrapso.org.br/site-principal/images/Anais_XVENABRAPSO/491.%20participa%C7%C3o%20do%20aluno%20na%20escola.pdf. Acesso em: 29 Set 2018.
FREITAS, Katia Siqueira. Força da equipe: gestão compartilhada como um diferencial de qualidade. Revista GERIR. Salvador, v.7, n.21, p.19-50. Disponível em: http://www.liderisp.ufba.br/modulos/a%20for%C3%A7a %20 equipe%20I.pdf. Acesso em: 27 Set 2018.
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�Aluno graduado em Tecnologia em WebDesig pela UNITAU Universidade de Taubaté, Licenciatura em Matemática pela UNINTER, Especialista em Gestão de Projetos e Gestão Estratégica de Negócios pela Faculdade Anhanguera de Taubaté Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior, Formação de Docente e Orientador Acadêmico em EAD, Engenharia de Produção, Administração e Marketing, Administração e Logística pela UNINTER, Especializando em Administração Escolar, Supervisão e Orientação eEducação Especial com Ênfase em Deficiência Intelectual pela Universidade Candido Mendes.
²Orientadora de trabalhos acadêmicos do Grupo EducaMais.

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