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Diferença entre juros simples e compostos Fabiana Costa Marques Introdução Para começar, entenda “juro” como a remuneração do dinheiro que foi aplicado por determinado tempo. Na Matemática Financeira, temos dois regimes de juros: juros simples e juros compostos. É importante conhecer e identificar qual regime de juros está sendo aplicado em uma opera- ção financeira, pois os valores sofrem grandes diferenças e podem acarretar em prejuízo ao final. Quando um banco informa os valores das parcelas de um financiamento, sobre cada parcela está embutido o valor dos juros, e você deve saber como cada regime de juros altera esses cálculos. Veremos, portanto, o resultado de cada regime. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender a diferença entre juros simples e juros compostos; • identificar como a taxa é aplicada em juros simples e compostos. 1 Definição de juros simples Quando deixamos o dinheiro aplicado em alguma movimentação financeira durante deter- minado tempo, temos como resultado sua remuneração, que chamamos de juros. A Matemática Financeira trabalha com dois regimes de cálculo, que são o regime simples e o regime composto. Logo, temos duas formas de calcular juros, o sistema simples e o sistema composto. Todas as vezes que iniciarmos a resolução de uma questão, precisamos observar qual regime está sendo utilizado. Mas como funcionam os juros simples? No regime simples, a taxa de juros é aplicada sobre o capital, independente de quantos períodos existirem. Observe, na representação abaixo, a evolu- ção dos juros no regime simples. Tabela 1 – Evolução de juros simples Mês Valor Inicial Juros Valor Final 1 100,00 10,00 110,00 2 110,00 10,00 120,00 3 120,00 10,00 130,00 Fonte: elaborada pela autora, 2016. Na tabela, temos a aplicação de um capital pelo período de três meses. Veja que o valor dos juros é fixo, não se alterando com a evolução do tempo. Isso porque a taxa de juros é aplicada apenas sobre o valor inicial do capital. Logo, mesmo que tenhamos um período longo de aplicação de dinheiro, o valor dos juros permanecerá igual durante todo o tempo. EXEMPLO Uma cooperativa oferece aos seus cooperados empréstimos com juros mais aces- síveis, utilizando o regime simples de juros. Atualmente, ela utiliza a taxa de 5% ao mês. Assim, de um empréstimo de R$ 1.000,00, a ser pago em uma única parcela, em 3 meses, qual será o custo dos juros? Para realizar o cálculo, vamos multiplicar o valor do capital inicial pela taxa de juros. Logo, temos que: 1.000 x 5% = 50,00 de juros por mês. Como o empréstimo será pago somente em três meses, precisamos multiplicar o valor dos juros por três: 50 x 3 = 150,00 em juros simples, que tem o mesmo valor independente do período. Para saber o valor final que irá quitar o empréstimo, basta somar os juros com o valor inicial: 1.000 + 150 = R$ 1.150,00. Note que o valor encontrado de juros é o mesmo, sendo necessário o cálculo da taxa sobre o valor inicial apenas uma vez, somando depois o valor dos juros em cada período apurado. Neste exemplo, temos a taxa e o tempo na mesma unidade, caso contrário teríamos que fazer a equivalência de taxa. FIQUE ATENTO! Independente do regime trabalhado, a taxa e o tempo devem estar na mesma unidade. Logo, se tenho uma taxa mensal, o período deve estar descrito também em meses. Agora que já conhecemos o regime de juros simples, passaremos ao composto. Continue acompanhando! 2 Definição de juros compostos Quando usamos o regime composto, significa que a taxa de juros incide sobre o último valor do capital atualizado, ou seja, o capital mais os juros resultantes da operação anterior. Ao contrá- rio do regime simples, o valor dos juros não é fixo, sendo alterado a cada operação. Para Hoji e Masakazu (2009, p. 65) “Juros compostos são produzidos em um período de capitalização e não pagos são integrados ao capital constituído no início do período seguinte”. SAIBA MAIS! Os juros compostos compõem a maioria dos empréstimos e financiamentos. Daí a importância da educação financeira. No artigo “Educação financeira com idosos em um contexto popular”, o autor cita a preocupação com o aumento do endividamento da população idosa e a necessidade de uma educação financeira. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175- 62362015000100105&lang=pt>. Na representação abaixo, os juros compostos estão sendo aplicados sobre um determi- nado capital. Tabela 2 – Evolução dos juros compostos Mês Valor Inicial Juros Valor Final 1 100,00 10,00 110,00 2 110,00 11,00 121,00 3 121,00 12,10 133,10 Fonte: elaborada pela autora, 2016. Utilizamos o mesmo capital e a taxa da representação que empregamos em juros simples, mas desta vez no regime composto. Perceba que, a partir do segundo mês, o valor inicial passou a ser o capital inicial mais os juros que foram gerados na operação do mês anterior. EXEMPLO Temos um empréstimo de R$ 1.000,00, que é nosso valor inicial, com período de 3 meses e taxa de 5%, em juros compostos. O primeiro cálculo é idêntico ao de juros simples, isto é, multiplicamos o valor inicial pela taxa, encontrando o valor de R$ 50,00. Agora, a partir do segundo mês, a forma de calcular será feita a partir do valor inicial mais os juros do primeiro mês. Observe: 2° mês: (1.000 + 50) x 5 = 52,50. Somamos o valor inicial aos juros do primeiro mês e, depois, multiplicamos pela taxa. 3° mês (1.000 + 50 + 52,50) x 5%= 55,12. Somamos o valor inicial, mais os juros dos outros dois meses e, a partir do resultado, multiplicamos pela taxa. Outra forma de obter o mesmo resultado é multiplicar o valor final do segundo mês pela taxa. No final do empréstimo, o valor a ser pago será de R$ 1.157,62, porque as taxas de juros compostos incidem sobre o último valor atualizado sempre. Por isso, usual- mente falamos que juros compostos são juros sobre juros, posto que o valor princi- pal utilizado para cálculo já está incluso, com juros de operações anteriores. FIQUE ATENTO! Juros compostos sempre utilizam a regra de juros sobre juros, independente da operação e do período de apuração. Passamos agora à diferença entre os dois regimes de juros. 3 Comparação entre juros simples e compostos Os juros simples trabalham com a taxa aplicada apenas sobre o valor inicial; enquanto que os juros compostos são aplicados sobre o último valor, já acrescido dos juros da última operação. Em regra, nas operações comerciais, é trabalhado o regime composto de juros, seja em empréstimos ou aplicações financeiras. Para a mesma aplicação de dinheiro, considerando a mesma taxa e tempo, o que vai diferenciar o valor final é o regime de juros empregado. FIQUE ATENTO! Na matemática financeira, utilizamos o ano comercial (também chamado de ano ordinário), que considera 360 dias, e os meses como tendo 30 dias. Observe a figura abaixo. Figura 1 – Comportamento dos juros simples e compostos Juros compostos Juros simples Fonte: elaborada pela autora, 2016. Temos a representação do comportamento dos juros. No regime de juros simples, os juros se mantêm estáveis, pois o valor é o mesmo ao longo do tempo; já nos juros compostos, os juros têm um crescimento à medida que o tempo passa, pois os juros compostos são calculados a cada período, acumulando valores anteriores. Mas como identificar se os juros são compostos ou simples? Em regra, quando um exercício não cita o regime, quer dizer que estamos trabalhando no regime simples. Dependendo das informações fornecidas, conseguimos identificar o regime de juros trabalhado, mesmo que ele não seja informado. Veja que, para o entendimento da sistemática dos juros simples e compostos, ainda não utiliza- mos nenhuma fórmula. Elas serão importantes para problemas mais elaborados, em que queremosoutros resultados que não somente os juros. Entretanto, é importante entender como os regimes composto e simples funcionam, pois toda a Matemática Financeira é pautada por estes dois sistemas. Por exemplo, temos o desconto simples e o desconto composto, que resultam em valores bem diferentes no final. Se colocássemos em uma balança, os juros simples e compostos seriam representados conforme a figura a seguir. Figura 2 – Balança comparativa de juros Juros Simples Juros Compostos Valor único Valor único Valor 3 maior que o 2 Valor 2 maior que o 1 Valor 1 Fonte: elaborada pela autora, 2016. Como o valor dos juros compostos é maior que o dos juros simples, a balança pesa para o lado do regime composto. Veja que os “pesos” da balança são os juros, no lado esquerdo representando o simples, o valor de juros único, já no lado mais pesado, temos os juros compostos. Se represen- tarmos um período de tempo muito longo, com certeza a balança pesaria até o final para os juros compostos, pois estes sempre acumulam e são maiores que os do período anterior. Mas lembre-se de que para fins de comparação, o valor da taxa tem que ser o mesmo para ambos os regimes. Como você já deve ter percebido, somente em uma situação o regime de juros simples e composto será idêntico: quando temos apenas um período de aplicação. Quando aplicamos o mesmo capital por períodos de mesma duração, no primeiro intervalo, o valor sempre é o mesmo. Nas figuras em que mostramos a evolução de um capital de R$ 100,00, no primeiro mês o rendi- mento foi de R$ 10,00 em ambos os regimes. SAIBA MAIS! As taxas de juros no Brasil são criticadas por serem muito altas, encarecendo o acesso ao crédito. Saiba mais no artigo “O sistema financeiro atual trava o desenvolvimento econômico”. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142015000100263&lng=en&nrm=iso>. Fechamento Chegamos ao final desta aula, que abordou a diferença entre juros simples e compostos. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer os conceitos sobre regime de juros simples e regime de juros compostos; • entender como os juros são alterados ao longo do tempo utilizando juros simples e compostos. Referências CARVALHO, Sergio. Campos, Weber. Matemática financeira simplificada para concursos: teoria e questões com gabarito comentado. 1 ed. Rio de Janeiro, 2007. BUAES, Caroline Stumpf. Educação Financeira com Idosos em um Contexto Popular. Educ. Real., Porto Alegre, v. 40, n. 1, p. 105-127, mar. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?s- cript=sci_arttext&pid=S2175-62362015000100105&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 nov. 2016. DOWBOR, Ladislau. O sistema financeiro atual trava o desenvolvimento econômico. Estud. av., São Paulo, v. 29, n. 83, p. 263-278, abr. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?s- cript=sci_arttext&pid=S0103-40142015000100263&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 nov. 2016. HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada, estra- tégias financeiras, orçamento empresarial. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2009. VIEIRA SOBRINHO, José Dutra. Matemática Financeira. 6 ed. São Paulo: Atlas, 1997.
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