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APS TITULOS DE CREDITO

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UNIVERSIDADE PAULISTA
Carolina Soares Ferreira - RA: C60248-5
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA - APS
“Títulos de Crédito”
ARAÇATUBA
2016
Carolina Soares Ferreira - RA: C60248-5
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA - APS
“Títulos de Crédito”
		ARAÇATUBA
2016
INTRODUÇÃO 
CONCEITO DE “CHEQUE”
 Sabemos de antemão que o “cheque” é uma espécie de título de crédito, isto é, enquadra-se no conceito de título de crédito que, como já estudamos, é “documento que possui como características a “cartularidade”, a “literalidade”, a “autonomia” e a “legalidade”, tem natureza jurídica de título executivo extrajudicial , e possui “negociabilidade””. Analisemos tais características mais a fundo:
- é um documento. Valendo esclarecer que “documento é todo objeto do qual se extraem fatos em virtude da existência de símbolos, ou sinais gráficos, mecânicos, eletromagnéticos etc. É documento, portanto uma pedra sobre a qual estejam impressos caracteres, símbolos ou letras; é documento a fita magnética para reprodução por meio do aparelho próprio, o filme fotográfico etc”
- o direito subjetivo do credor de receber o seu crédito está diretamente relacionado à apresentação do documento (cartularidade)
- é formal, isto é, precisa conter forma determinada pela lei, sendo que a afronta à forma imposta por lei é capaz de levar à invalidade do título
- tem rol taxativo determinado por lei. Conforme o princípio da legalidade ou tipicidade, aplicado aos títulos de crédito, o artigo 887 do Código Civil, impossibilita a emissão de títulos de crédito que não estejam previamente definidos e disciplinados por lei. Não há, assim, como se cogitar da invenção de título de crédito não previsto legalmente.
- é literal, isto é, valem exatamente a medida neles declarada. Fran Martins, citado por Amador Paes de Almeida2 , afirma que “por literalidade entende-se o fato de só valer no título o que nele está escrito. Nem mais nem menos do mencionado no título constitui direito a ser exigido pelo portador”.
- o título de crédito ostenta o atributo da negociabilidade, ou seja, está sujeito a certa disciplina jurídica, que torna mais fácil a circulação do crédito, a negociação do direito nele mencionado.
- possui autonomia em relação ao negócio jurídico que lhe deu origem. A Autonomia é requisito fundamental para a circulação dos títulos de crédito. Por ele, o seu adquirente passa a ser titular de direito autônomo, independente da relação anterior entre os possuidores.
 Verdadeiro é, entretanto, que a simples afirmação de que o cheque é um título de crédito não realiza toda a sua conceituação, isto é, não nos possibilita distingui-la dos demais títulos de crédito para que possamos individualizá-la. Precisamos acrescentar ao conceito de “cheque” mais algumas características que lhe são próprias a fim de gerar a sua individualização conceitual.
 Fabio Ulhoa Coelho afirma que cheque é ordem de pagamento à vista, emitida contra um banco, em razão de provisão que o emitente possui junto ao sacado, proveniente essa de contrato de depósito bancário ou de abertura de crédito.
 Gladston Mamede, a seu turno, entende que o cheque é uma ordem de pagamento emanada de uma pessoa (emitente ou sacador) que mantém contrato com uma instituição bancária (sacado) para que esta pague, imediatamente (à vista), determinada importância ao beneficiário.
 Para Amador Paes de Almeida, o cheque é o título revestido de determinadas formalidades legais contendo uma ordem de pagamento à vista, passada em favor próprio ou de terceiro.
- Cheque é a espécie de título de crédito, classificado quanto à sua estrutura como “ordem de pagamento” e quanto à relação fundamental como “abstrato”, que se consubstancia numa declaração unilateral de vontade, através de formulário padronizado e produzido pelo Banco-Sacado, do Sacador (emitente) que manda que o Sacado (necessariamente banco ou instituição financeira) pagar, pura e simplesmente, ao Tomador determinado valor constante do documento que o corporifica.
CARACTERÍSTICAS DO CHEQUE NO BRASIL
 No Brasil, a legislação era confusa até a promulgação do Decreto no. 2.591, de 7 de agosto de 1912, que vigeu até ser substituída pela Lei 7.357, de 2 de setembro de 1985. Esta lei absorveu parte da legislação esparsa antes vigente, como, por exemplo, o Decreto no. 22.924, de 12-7-1933, que alterou os prazos de apresentação dos cheques para trinta das, para a mesma praça, e cento e vinte dias para outras praças. Manteve, contudo, em vigor as disposições especiais vigentes sobre os vales ou cheques postais, os cheques de poupança ou assemelhados, e os cheques de viagem (art. 66 da Lei 7.357/85) e ainda a legislação criminal referente a cheques sem fundo, falsidade, falsificação etc, basicamente representada pelo art. 171 do Código Penal. Temos que permaneceram em vigor, após a vigência da Lei 7.357/85: o Decreto no. 24.777, de 14-7-1934, que permitiu a emissão de cheques contra a própria caixa; o Decreto no. 22.393, de 25-1-1933, dispondo que somente o mês deve ser escrito por extenso; a Lei no. 4.728, de 14-7-1965, sobre o mercado de capitais, a Lei no. 4.595, de 31-12-1964, sobre a reforma bancária, além do grande número de circulares e portarias do Conselho Monetário Nacional.
 Vale mencionar que a Lei 7.357, de 2-9-1985 foi resultado de um Projeto oriundo do Executivo – mais precisamente do Banco Central do Brasil -, dando tratamento unitário à disciplina do cheque, por meio da integração das disposições da Lei Uniforme aceitas pelo Governo brasileiro, às normas que já vigiam entre nós, como as do Decreto no. 2.591/1912, do Decreto no. 22.924, de 12-7-1933, além de outras inovações introduzidas.
 Certamente a promulgação da Lei 7.357/85 representa um grande avanço, evitando a duplicidade antes existente, o que não era de molde a oferecer certeza e segurança em matéria jurídica tal relevante como a do cheque. A Lei 7.357/85 contém 71 artigos, sendo que foram vetados os artigos 5º e 436 .
 Ensina Amador Paes de Almeida que a adesão do Brasil à Lei Uniforme sobre cheques (através do Decreto no. 57.595, de 07 de janeiro de 1966) estabeleceu controvérsia entre a aplicação dos dispositivos da Convenção de Genebra (Lei Uniforme) e a aplicação da legislação interna à época vigente, que era o Decreto 2.591, de 7-8-1912. De forma que a Lei 7.357, de 2 de setembro de 1985, resolveu tal controvérsia, harmonizando-se com a Lei Uniforme.
A normatização na atualidade:
 Em razão da Lei 7.357/85 ter absorvido as regras contidas na Lei Uniforme sobre Cheques, hoje ela (Lei 7.357/85) é a principal fonte de normas jurídicas aplicáveis aos cheques. Junto com a Lei 7.357/85, também denominada “Lei do Cheque”, temos as Resoluções do Banco Central do Brasil, tomadas por deliberação do Conselho Monetário Nacional, e as Circulares do Banco Central do Brasil, como permitido pelo artigo 69 da Lei do Cheque:
Lei 7.357/85. Artigo 69. “Fica ressalvada a competência do Conselho Monetário Nacional, nos termos e nos limites da legislação específica, para expedir normas relativas à matéria bancária relacionada com o cheque.”
 Ressalte-se que as deliberações(decisões) do Conselho Monetário Nacional são veiculadas através de Resoluções do Banco Central do Brasil. Dentre as normas deliberadas pelo Conselho Monetário Nacional em relação ao regime jurídico do “cheque”, destacam-se: Resoluções 1.528/89, 1.631/89, 1.682/89, 2.025/93, 2.303/96, 2.537/98, 2.747/00 e Circulares 1.994/91, 2.655/96, 2.854/98 e 2.989/00 do BACEN.
 Também, o Código Civil traça normas gerais sobre títulos de crédito que, conforme artigo 903 do mesmo Código Civil, somente prevalecem na hipótese de inexistência de conflito com normas que especificamente tratem da letra de câmbio (Lei 7.357/85 e Normas do Conselho Monetário Nacional).
Requisitos do cheque:
 O artigo 1º da Lei do Cheque (Lei 7.357/85) impõe os seguintes requisitosessenciais ao Cheque:
- a denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido
- a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado)
- a indicação do lugar de pagamento;
- a indicação da data e do lugar de emissão
- a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais
 Acrescente-se que, para o atendimento completo das formalidades exigidas em lei, deve o sacado da letra de câmbio estar identificado pelo número da Cédula de Identidade, inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF), do Título de Eleitor ou da Carteira Profissional (Lei no. 6.268/75, art. 3º)
Quanto a tais requisitos, apresentemos alguns comentários:
- Requisito de inserção da palavra “cheque”: neste ponto não há muito o que se acrescentar. Normalmente consta do cheque a expressão “Pague por este cheque a quantia de..(estipulação da quantia)..... a ..(nome do beneficiário).... ou à sua ordem”.
- Requisito de ser uma ordem incondicional de pagar quantia determinada: é importante salientar que o cheque não se caracteriza na hipótese de ordem condicional de pagamento. O cumprimento da obrigação materializada no cheque não pode ficar sujeito, pelo saque, ao implemento de condição, suspensiva ou mesmo resolutiva. Não é cheque, portanto, um documento redigido da seguinte forma: “Pague por este cheque, desde que lhe sejam entregues as mercadorias solicitadas, a quantia de ......”.
- Requisito de constar o nome da pessoa que deve pagar (sacado): a pessoa a quem a ordem é endereçada deve ser identificada no texto do título. O sacado do cheque é necessariamente um Banco ou uma Instituição Financeira, como determina o artigo 3º da Lei 7.357/85, in verbis: “O cheque é emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja equiparada, sob pena de não valer como cheque”.
- Requisito de assinatura do sacador: trata-se da exigência da assinatura do sacador (emitente). Dessa assinatura decorre a constituição do crédito cambiário, porque o sacador torna-se, com o saque, co-devedor da letra.
- O requisito de “data” e “local” da emissão: ao final da cártula, tem-se espaço a ser preenchido pelo sacador (emitente), indicando o lugar no qual emite a cártula e a data que o faz, atendendo à exigência do art. 1º, V, da Lei 7.357/85. Esclarece o artigo 2º, II, que não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente. A data e o local da emissão são informações importantes especialmente para a verificação do prazo de apresentação.
- O requisito de “indicação do lugar de pagamento”: a folha de cheque deve indicar o lugar do pagamento, ou seja, a sede da instituição financeira sacada, da agência ou do posto de atendimento bancário no qual o legítimo portador poderá apresentar o cheque e obter o pagamento ali ordenado. No plano legal, estabelece o art. 2º, I, que, na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o designado junto ao nome do sacado e, se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles e, não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no local de sua emissão.
PRESSUPOSTOS DE EMISSÃO DO CHEQUE
 Consta da obra de Waldirio Bulgarelli8 que, entendido como uma ordem de pagamento a vista, sacada em favor próprio ou de terceiro, sobre que tenha fundos disponíveis, delineiam-se dois pressupostos do cheque, quais sejam:
a) o saque contra o banco 
b) a provisão de fundos
Quanto ao “saque contra o banco”, o artigo 3º da Lei 7.357/85 é taxativo ao impor que somente banco ou instituição financeira pode sacado do cheque. É exatamente nesse “saque” que se origina a “ordem incondicional de pagamento de determinada quantia”.
O segundo pressuposto é a necessidade de existência de provisão de fundos. Deve, portanto, o emitente (sacador) ter fundos disponíveis em poder do banqueiro, no momento da apresentação do cheque para pagamento, como determina o artigo 4º, da Lei 7.357/85, abaixo transcrito:
Lei 7.357/85. Art. 4º. “O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como cheque. §1º. A existência de fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para pagamento (...)”
Consideram-se, para esse fim, “fundos disponíveis” como:
- os créditos constantes de conta corrente bancária não subordinados a termo; 
- o saldo exigível de conta corrente contratual
– a soma proveniente de abertura de crédito (conforme art. 4, §2º, Lei 7.357/85)
 A conta corrente bancária de que trata o artigo 4º, §2º, da Lei do Cheque trata-se de conta de depósito, mantida pelos clientes dos bancos e que refletem a posição do saldo disponível, por meio de extratos do movimento levantados e remetidos periodicamente aos clientes. Nada impede, contudo, que a conta corrente bancária seja também a chamada conta corrente contratual, às quais alude a alínea b do §2º do artigo 4º da Lei 7.357/85, que é aquela que se alimenta de partidas a débito e a crédito e que periodicamente acusa o saldo.
 O contrato de abertura de crédito gera a obrigação ao banco de fornecer recursos ao cliente.
 Sobre a conta bancária e a condição do sacado, vale citar o magistério de Gladston Mamede9 no sentido de que, para que haja regular emissão do cheque, é requisito indispensável a existência de um contrato entre a instituição financeira sacada e o emitente, uma vez que o saque se faz sobre os depósitos havidos ou sobre o crédito disponível no âmbito do sacado. A especificidade do cheque, assim, fica clara mesmo consideradas as circunstâncias indispensáveis para sua criação. Observe-se, por exemplo, que nas letras de câmbio não há que falar em condição pessoal para ser sacado, excetuada a necessidade de capacidade civil (um dos requisitos de qualquer negócio jurídico). Na letra, há uma posição jurídica de sacado, não mais. No cheque, pelo contrário, o sacado não apenas ocupa a posição correspondente, como também manifesta uma qualidade pessoal específica, o que inclui autorização para o funcionamento (não negociável e instransferível), que deve permitir-lhe a participação em de determinadas atividades, sendo vedado atuar naquelas que não estejam previstas na autorização. Como se não bastasse a estrita autorização, deve-se destacar a necessária submissão da Instituição Financeira a um controle específico do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central do Brasil.
 Especificamente sobre a “provisão de fundos”, o mesmo Gladston Mamede10 afirma que não se emite um cheque para criar um crédito com vencimento futuro, mas para determinar um pagamento imediato (a vista), razão pela qual constitui pressuposto legal da emissão o fato de o emitente(sacador) ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito, como estipulado pelo art. 4º da Lei 7.357/85. A existência de tais fundos disponíveis que bastem ao pagamento é verificada no momento da apresentação do título para pagamento, por força do artigo 4º, §1º, da Lei do Cheque, que deverá se concretizar no prazo estipulado em lei.
DAS ESPÉCIES DE CHEQUE
 Da leitura da Lei do Cheque (Lei 7.357/85) extrai-se a existência de várias espécies de cheque, das quais destacamos as seguintes: cheque ao portador, cheque nominal, cheque à ordem, cheque não à ordem, cheque por conta de terceiro, cheque administrativo, cheque visado e cheque cruzado.
Analisemos cada uma dessas espécies: 
Cheque ao portador
 Se no ato de criação o sacador preenche o espaço destinado ao beneficiário com a expressão ao portador, ou equivalente, ou simplesmente deixa em branco o espaço, abrindo mão do direito de indicar que é o beneficiário da emissão, tem-se um título ao portador, de acordo com a previsão anotada no artigo 8º,III, e parágrafo único, da Lei 7.357/85, o que implica circulação por mera tradição.
Que se ressalte que, dentre os requisito do cheque constantes do artigo 1º da Lei do Cheque, não há a exigência da indicação do nome do beneficiário, de forma que esse não é um requisito imposto pela Lei 7.357/85. Aliás, o artigo 8º, III, da Lei do Cheque prevê a possibilidade do cheque ao portador:
Lei 7.357/85. Art. 8º. Pode-se estipular no cheque que seu pagamento seja feito: (...) III- ao portador
 No entanto, essa possibilidade de emissão de cheque ao portador sofre limitação em virtude da Lei 8.021/90, conforme consta de seus artigos 1º e 2o, abaixo transcritos:
Art. 1° A partir da vigência desta lei, fica vedado o pagamento ou resgate de qualquer título ou aplicação, bem como dos seus rendimentos ou ganhos, a beneficiário não identificado. Parágrafo único. O descumprimento do disposto neste artigo sujeitará o responsável pelo pagamento ou resgate a multa igual ao valor da operação, corrigido monetariamente a partir da data da operação até o dia do seu efetivo pagamento.
Art. 2° A partir da data de publicação desta lei fica vedada: I - a emissão de quotas ao portador ou nominativas-endossáveis, pelos fundos em condomínio; II - a emissão de títulos e a captação de depósitos ou aplicações ao portador ou nominativosendossáveis; Parágrafo único. Os cheques emitidos em desacordo com o estabelecido no inciso III deste artigo não serão compensáveis por meio do Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis.
 A Lei 9.069/95 alterou essa absoluta impossibilidade de saque de cheque ao portador imposta pela Lei 8.021/90. Em realidade, a Lei 9.069/95 impõe a proibição, tanto da emissão, quanto do pagamento, quanto de compensação, de cheque ao portador se superior a R$ 100,00 (cem reais), conforme dispõe o seu artigo 69, in verbis:
Lei 9.069/95. Art. 69. “Art. 69. A partir de 1º de julho de 1994, fica vedada a emissão, pagamento e compensação de cheque de valor superior a R$ 100,00 (cem REAIS), sem identificação do beneficiário. Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional regulamentará o disposto neste artigo.”
Cheque nominal 
 Cheque nominal, também chamado de cheque nominativo, é aquele que consigna expressamente o nome do beneficiário ou tomador, só a este podendo ser pago12 .
Cheque à ordem
 Também é possível emitir-se um título à ordem, ou seja, sacar o título explicitando seu beneficiário, com ou sem cláusula expressa à ordem, de acordo com o artigo 8º, I, da Lei 7.357/85, e, assim, submetido ao regime jurídico dos títulos à ordem.
Lei 7.357/85. Art. 8º. “Pode-se estipular no cheque que seu pagamento seja feito: I – a pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa “à ordem” (...)”
 Como se constata da própria leitura do artigo acima transcrito, não é necessário que a cártula contenha a cláusula à ordem, pressupondo-a na ausência de cláusula à ordem. Tem-se, portanto, a presunção relativa de que todo cheque em que é explicitado o seu beneficiário é transmissível através de endosso (isto é, o cheque é, via de regra, um título à ordem), sendo que tal presunção somente é afastada caso conste do título cláusula “não à ordem”.
Natureza Jurídica do Cheque pós-datado na doutrina e jurisprudência
 O assunto que trataremos agora possui grande relevância nas relações jurídicas cotidianas, bem como para os operadores do direito, sob o aspecto legal versus a praxe utilizada pela sociedade no tocante à utilização do cheque.
 Primeiramente, importante ressaltar que o cheque se trata de uma ordem de pagamento à vista emitida pelo sacador ao banco ou instituição financeira (sacado) para que este pague ao beneficiário que pode ser o próprio emitente ou de terceiro tomador a quantia expressa no título, mediante provisão de fundos em conta corrente, oriundo de contrato de depósito ou de abertura de crédito existente entre o sacador/emitente e o banco sacado.
 Como sabemos, a doutrina define o cheque como ordem de pagamento à vista. Entretanto, a praxe das relações econômico-financeiras vem sendo ao longo dos anos admitidos a pós-datação do cheque, ou como é mais conhecido a sua pré-datação.
 O termo pre, é oriundo do prefixo de origem latina que traz a ideia de anterioridade nesse sentido, a utilização do termo pré-datado não é a mais adequada para nos referirmos ao cheque com data de apresentação posterior a sua emissão. Por isso, a doutrina chama de cheque pós-datado, em que o emitente designa o dia da apresentação do cheque para data futura, posterior a sua emissão. Vejamos:
“Embora seja uma ordem de pagamento à vista, popularizou-se bastante no Brasil a emissão de cheque para ser pago e data futura. Nesse caso, costuma-se usar a expressão cheque pré-datado – expressão comum na prática comercial – ou cheque “pós-datado” – expressão preferida por alguns doutrinadores” (RAMOS, 2014).
 Podemos ter em mente que o cheque pós-datado é um instituto jurídico revestido de natureza cambiária (titulo de crédito), mantendo-se a sua principal característica de ordem de pagamento à vista e que pode ser apresentada e compensada em data diversa da pactuada, geralmente data posterior; revestindo-se também de uma segunda natureza sendo ela contratual; referente ao acordo de vontades por meio do qual se estabelece o modo de pagamento daquilo que foi contratado ou adquirido pelo sacador.
 A figura do cheque pós-datado é bastante discutida pela doutrina, no que se refere à sua validade, pois de um lado temos que se é uma ordem de pagamento à vista, como pode ser datada para apresentação posterior a sua emissão? Por outro lado, temos a grande indagação: se é uma ordem de pagamento à vista, como alguém pode responder pelo dano moral se apresenta-lo antecipadamente?
Para a jurisprudência já pacificada em nossos tribunais, a emissão de cheque pós-datado não o desnatura como título de crédito. Vejamos:
 Processual Civil. Comercial. Recurso especial. Execução. Cheques pós-datados. Repasse à empresa de factoring. Negócio subjacente. Discussão. Possibilidade, em hipóteses excepcionais. - A emissão de cheque pós-datado, popularmente conhecido como cheque pré-datado, não o desnatura como título de crédito, e traz como única consequência a ampliação do prazo de apresentação. - Da autonomia e da independência emana a regra de que o cheque não se vincula ao negócio jurídico que lhe deu origem, pois o possuidor de boa-fé não pode ser restringido em virtude das relações entre anteriores possuidores e o emitente. - Comprovada, todavia, a ciência, pelo terceiro adquirente, sobre a mácula no negócio jurídico que deu origem à emissão do cheque, as exceções pessoais do devedor passam a ser oponíveis ao portador, ainda que se trate de empresa de factoring. - Nessa hipótese, os prejuízos decorrentes da impossibilidade de cobrança do crédito, pela faturizadora, do emitente do cheque, devem ser discutidos em ação própria, a ser proposta em face do faturizado. Recurso especial não conhecido. (STJ, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 01/06/2006, T3 - TERCEIRA TURMA). (BRASIL, 2014)
 Entretanto, para STJ esse entendimento só abrange o aspecto civil/comercial, deixando de fora o aspecto criminal, pois a referida Corte entende que a emissão de cheque pós-datado na esfera criminal descaracteriza esse título como ordem de pagamento à vista e o transforma em garantia de dívida.
DIREITO CAMBIÁRIO E RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃODE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CHEQUE PÓS-DATADO. PACTUAÇÃOEXTRACARTULAR. COSTUME CONTRA LEGEM. BENEFICIÁRIO DO CHEQUE QUE OFAZ CIRCULAR, ANTES DA DATA AVENÇADA PARA APRESENTAÇÃO. TERCEIRO DEBOA-FÉ, ESTRANHO AO PACTUADO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. APLICAÇÃO DOPRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS CONTRATUAIS. 1. O cheque é ordem de pagamento à vista e submete-se aos princípios, caros ao direito cambiário, da literalidade, abstração, autonomia das obrigações cambiais e inoponibilidade das exceções pessoaisa terceiros de boa-fé. 2. Com a decisão contida no REsp. 1.068.513-DF, relatado pela Ministra Nancy Andrighi, ficou pacificado na jurisprudência desta Corte a ineficácia, no que tange ao direito cambiário, da pactuação extracartular da pós-datação do cheque, pois descaracteriza referido título de crédito como ordem de pagamento à vista e viola os princípios cambiários da abstração e da literalidade. 3. O contrato confere validade à obrigação entre as partes da relação jurídica original, não vinculando ou criando obrigações para terceiros estranhos ao pacto. Por isso, a avença da pós-datação extracartular, embora não tenha eficácia, traz consequências jurídicas apenas para os contraentes. 4. Com efeito, em não havendo ilicitude no ato do réu, e não constando na data de emissão do cheque a pactuação, tendo em vista o princípio da relatividade dos efeitos contratuais e os princípios inerentes aos títulos de crédito, não devem os danos ocasionados em decorrência da apresentação antecipada do cheque ser compensados pelo réu, que não tem legitimidade passiva por ser terceiro de boa-fé, mas sim pelo contraente que não observou a alegada data convencionada para apresentação da cártula. 5. Recurso especial provido. (STJ, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 06/10/2011, T4 - QUARTA TURMA). (BRASIL, 2014)
Para STJ, consumidor deve ser indenizado se cheque pré-datado for depositado antes da data
 O conteúdo do documento concretiza um entendimento que sempre foi defendido pelo Idec, e está de acordo com o que prevê o artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor.
 O Superior Tribunal de Justiça (STJ) editou, nesta terça-feira (17/02), uma súmula que pacifica o entendimento de que o consumidor tem o direito de ser indenizado por danos morais quando um cheque pré-datado for apresentado ao banco antes da data combinada com o fornecedor. A questão foi decidida pela Segunda Seção do STJ, em votação unânime e gerou a súmula 370, a qual ficou com a seguinte redação: "caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-datado".
A súmula serve como uma espécie de "orientação" para os juízes de outras instâncias e demonstra um entendimento pacífico do STJ - que já vinha decidindo dessa forma há pelo menos 16 anos.
O conteúdo do documento concretiza um entendimento que sempre foi defendido pelo Idec, e está de acordo com o que prevê o artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor. O assessor jurídico do Idec, Marcos Diegues, explica que "o cheque pré-datado (embora a rigor não exista) é uma cláusula de um contrato, ainda que não escrito. Portanto, a apresentação antes da data combinada caracteriza descumprimento do contrato e da oferta. E agora, no entendimento do STJ, provoca danos morais".
Embora a súmula não exija que os juízes acompanhem o entendimento do tribunal, eles fatalmente terão suas sentenças mudadas se o caso for julgado pelo STJ.
Dicas para quando usar cheques pré-datados
1) preencha você mesmo o cheque, já colocando a data em que ele efetivamente deve ser descontado;
2) caso o preenchimento seja mecânico, com a data da compra, solicite que o lojista escreva "bom para" no próprio cheque;
3) quando não for possível fazer o que está dito acima, o consumidor pode solicitar que na nota fiscal venham registrados os números dos cheques, com as datas em que eles devem ser descontados;
4) se não conseguir nenhuma das alternativas anteriores, e caso tenha que procurar a Justiça para obter eventual indenização por danos morais, segundo o Código de Defesa do Consumidor (artigo 6º, VIII), a sua defesa é facilitada com a chamada inversão do ônus da prova, ou seja, havendo indícios de que houve acordo de parcelamento da compra, o lojista terá que provar que não permitiu o parcelamento; por isso, é interessante que o consumidor guarde a nota fiscal, ainda que sem a discriminação dos cheques pré-datados, e apresente, por exemplo, os canhotos do talão com registro das datas e dos valores. A prova, nestes casos, depende sempre do caso concreto para convencimento do juiz.
A apresentação do cheque pré-datado antes do prazo pode gerar dano moral
A súmula 370 do Superior Tribunal de Justiça, votada de forma unânime, que teve o projeto relatado pelo ministro Fernando Gonçalves, apresenta a seguinte redação: caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-datado.
O texto sumulado ratificou o entendimento que já era adotado, sendo que se colocando na posição do emitente do cheque a linha de raciocínio abordada é justa, uma vez que este se prepara financeiramente para levantar fundos na data combinada para a apresentação do título.
De outro norte, faz-se importante dizer que o cheque é uma ordem de pagamento à vista para o direito cambiário, contudo é de conhecimento notório que no Brasil os correntistas fazem uso do cheque de forma pré-datada, mesmo não existindo uma norma legal que discipline essa ação.
Portanto, resta nítido que o texto sumulado não é uma ofensa ao direito cambiário, mas sim um arrimo para o instituto da responsabilidade civil, pois ao emitir cheques pré-datados o indivíduo está certo de que realizou um negócio com condições, mesmo que tal negócio não esteja devidamente formalizado.
Nesse sentido, verifica-se que está sendo amadurecido o entendimento de que quando o comerciante aceita um cheque pré-datado, este se compromete em não apresentar o título à instituição financeira antes do prazo acordado, portanto caso seja descumprido o pacto insurge o dever de indenizar o emitente.
Por mais que seja lógico, vale destacar que o fato de ter um cheque apresentado antes do prazo combinado pode causar danos à vida financeira do emitente, considerando que este se organiza devidamente para que não seja surpreendido de forma negativa.
É válido afirmar que o cheque circula, desta forma o título pode parar nas de um terceiro de boa-fé, ou seja, um sujeito que não possui relação ao negócio realizado entre o emitente do título e o comerciante pode receber o título.
Assim, muitas vezes o terceiro que recebe o cheque não possui conhecimento sobre o negócio entabulado, desta forma este não pode ser prejudicado.
Portanto, a aplicação da súmula em comento não é uma regra geral, pois deve ser considerado que o terceiro de boa-fé que vier a receber um cheque pré-datado pode não estar ciente desta condição do título.
Com efeito, o terceiro de boa-fé resta desprotegido pela súmula em questão, porém a sistemática cambial lhe ampara.
A matéria exposta é muito delicada, pois o entendimento sumulado visa de forma louvável proteger o emitente do título, porém o cheque para o direito cambial é um título autônomo, entretanto o terceiro de boa-fé deve ser considerado, eis que este não possui relação com o negócio anteriormente firmado, onde inclusive não figura como parte. E, para completar o imbróglio não há disposições que orientem as instituições financeiras a aceitarem ou não um cheque com uma data futura.
Desta forma, cada caso deve ser analisado de forma isolada, já que a aplicação da súmula 370, do Superior Tribunal de Justiça, não é uma regra geral, porém esta protege o emitente que programa os seus pagamentos e acredita que ao emitir um cheque pré-datado realizou um negócio.
Por fim, somente a título de curiosidade a usual expressão cheque pré-datado encontra-se equivocada juridicamente, sendo correta a expressão pós-datada,que provem do latim post que faz referência a um fato futuro, de acordo com a doutrina de José Maria Othon Sidou ("Do Cheque", 4a Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2000).
Cheque Pós-datado: responsabilidade do credor que apresenta o cheque antes do acordado
Dentre os diversos tipos ou espécies de títulos de crédito existentes no mercado, temos o cheque que é bastante utilizado nas relações consumeristas de nosso cotidiano.
Este documento pode ser definido como uma ordem de pagamento à vista (independentemente da data preenchida na cártula) e é regularizado pela Lei 7.357/85.
Nos dias de hoje,tornou-se prática usual a emissão de cheques nos quais o emitente insere na cártula uma data diversa de emissão, muitas vezes, inclusive, acompanhado da expressão “bom para”, no intuito de que o credor apresente o referido título para pagamento apenas na data preenchida.
Esta operação é popularmente conhecida como emissão de “cheques pré-datados”, termo este utilizado incorretamente, já que o certo seria emissão de cheque pós-datado.
Tal prática, porém, não é regulamentada por lei e, justamente por isso, o emitente de cheques pós-datados não possui nenhuma garantia legal de que o credor honrará as datas acordadas para desconto do referido título.
Este tipo de situação passou a ocorrer com frequência, o que gerou diversos ajuizamentos de ações de emitentes que tiveram seus cheques descontados antes do acordado e, sem fundos para pagar, não puderam arcar com a obrigação.
Em determinadas situações, os credores, inclusive, registram o nome dos emitentes nos cadastros de restrição ao crédito, o que torna a situação ainda pior.
Frente a todo exposto, pergunta-se: quem tem a razão? O credor que desconta o cheque pós-datado antes da data aposta pelo emitente, ou o próprio emitente que, mesmo não havendo regulamentação para tal, preenche uma cártula com data posterior?
Para responder a esta pergunta é necessário que toda a situação seja analisada como um todo.
Um dos princípios fundamentais do direito privado é o da boa-fé objetiva, cuja função é estabelecer um padrão ético de conduta para as partes nas relações obrigacionais.
Em toda relação contratual, seja um negócio jurídico cível ou uma relação consumerista, vigora o princípio da boa-fé objetiva.
No caso dos cheques pós-datados, tem-se que o credor, ao receber do emitente tal cártula, celebra um acordo (compromisso) de que não apresentará o referido documento antes da data determinada, ou seja, assume uma obrigação de não fazer, perante o emitente de boa-fé.
Sobre a obrigação de não fazer, destaca-se o que rege o Código Civil Pátrio, em seu art. 251, ao tratar do tema:
“Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.” (grifos meus)
Ou seja, a partir do momento em que o credor apresenta o cheque perante a instituição bancária da parte credora, antes da data acordada, a fim de compensá-lo, ele descumpre com a obrigação de não fazer, acima descrita, agindo de má-fé, devendo responder, desta forma, pelas perdas e danos suportados por aquele credor.
Neste ínterim, merece destaque a fala de Fábio Ulhoa Coelho, ao tratar do tema em questão:
“... Está se desenvolvendo o entendimento de que o comerciante, ao aceitar pagamento com cheque pós-datado, assume obrigação de não fazer, consitente em abster-se de apresentar o título ao sacado antes da data avençada com o consumidor. De modo que o descumprimento dessa obrigação acarretaria o dever de indenizar o emitente. Neste contexto, no julgamento da Apelação Cível n. 23891, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro confirmou a decisão de primeiro grau (18ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro), na parte relativa ao reconhecimento do dever de indenizar do comerciante que anunciou a aceitação de cheques pós-datados e apresentou-os antes do prazo combinado com o consumidor.” (Código Comercial e Legislação Complementar Anotados, 2ª ed., Saraiva, p. 534). (grifos meus)
Também é neste sentido que vêm decidindo os Tribunais Pátrios, conforme algumas decisões abaixo transcritas:
“EMENTA: APELAÇÃO. RECURSO PRINCIPAL E ADESIVO. PERTINÊNCIA DE MATÉRIA. DESNECESSIDADE. CHEQUE PÓS-DATADO. DEPOSITO ANTECIPADO. DEVOLUÇÃO. INSCRIÇÃO CCF. DANO MORAL. CARACTERIZAÇÃO. FIXAÇÃO DO VALOR DO DANO. CARÁTER PEDAGÓGICO DA CONDENAÇÃO. VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. VOTO VENCIDO. A matéria tratada no apelo adesivo não precisa guardar pertinência com a tratada no principal. O cheque pós-datado apresentado para compensação antes da data aprazada que restou devolvido por insuficiência de fundos, implicando na inscrição do nome do emitente no CCF, caracteriza dano de cunho moral. A fixação do dano deve ser feita em medida capaz de incutir ao agente do ato ilícito lição de cunho pedagógico, mas sem propiciar o enriquecimento ilícito da vítima e com fulcro nas especificidades de cada caso. Preliminar instalada de ofício rejeitada, recurso principal provido e adesivo não provido. VV.: O ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito, nos termos do artigo 333, I, do CPC. Não se desincumbindo o Autor do ônus probante, impõe-se a improcedência do pedido inicial. À inteligência do artigo 500 do CPC, o recurso adesivo não pode tratar de matéria que não constitui objeto de insurgência do recurso principal. (TJMG – Número do processo: 1.0012.07.007110-0/001 – Relator: CABRAL DA SILVA – Data do acórdão: 02/12/2008 – Data da publicação: 09/01/2009)” (grifos meus)
“EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES - CHEQUE - APRESENTAÇÃO FUTURA - CONVENÇÃO - DATA APOSTA NO RODAPÉ. Mesmo se considerado o cheque como um título de crédito, com a cláusula de ordem de pagamento à vista, é fato que, modernamente, o referido título tornou-se um importante instrumento de concessão de crédito ao consumidor no mercado, tendo em vista a praxe da utilização do chamado cheque "pós-datado". Esta prática constitui um acordo firmado entre as partes para cumprimento da obrigação nele consignada em data diferente da sua emissão, cabendo ao credor respeitar a data convencionada, inscrita no rodapé do mesmo, o que vale, também, para o prazo prescricional. (TJMG – Número do processo: 1.0313.06.197066-8/002 – Relator: ANTÔNIO BISPO – Data do acórdão: 28/05/2009 – Data da publicação: 18/06/2009)” (grifos meus)
“EMENTA: CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CHEQUE PRÉ-DATADO. APRESENTAÇÃO ANTES DO PRAZO. COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS - Não ataca o fundamento do acórdão o recurso especial que discute apenas a natureza jurídica do título cambial emitido e desconsidera o posicionamento do acórdão a respeito da existência de má-fé na conduta de um dos contratantes. - A apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado gera o dever de indenizar, presente, como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de fundos. Recurso especial não conhecido." (REsp 707272/PB, Min. Nancy Andrighi, j.03/03/2005)” (grifos meus)
Desta feita, conclui-se que aquele credor que apresenta cheque pós-datado, antes da data acordada entre o mesmo e o emitente, age de forma ardilosa, faz uso indevido da boa-fé daquele emitente, comportando-se contrariamente aos preceitos morais e aos usos e costumes do comércio.
Cabe àquele que se sentir lesado, procurar o seu advogado para ajuizar a competente ação para ser ressarcido de eventuais perdas e danos que lhe tiverem sido causados.

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