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Kinley MacGregor Os Senhores de Avalon I A ESPADA ESCURA

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RESUMO
O novo rei de Camelot não tem uma brilhante armadura: Artur e seus cavalheiros estão cansados e um novo rei está ao comando.
No mais escuro bosque…
Um temeroso e esquecido menino se converteu no mais poderoso e temido homem no mundo. Desumano e desenfreado, Kerrigan deixou que fosse humano e se converteu em um ser completamente diferente.
No centro de Londres…
Uma camponesa despretensiosa, Seren sonha em converter-se em dona de si mesma. Tudo o que quer é deixar atrás sua penúria. Mas nunca esperou que seu destino a pusesse no caminho do mesmo destino dele. 
Seus mundos mudaram para sempre…
A meta do Kerrigan é simples: Trocar ou matar a Seren para reclamar a sagrada Mesa Redonda do Artur. Mas o que é simples não o é, pois ela é a única pessoa que não lhe teme, uma mulher com uma honestidade que estranha a ele. Mas em seu reino infernal, a bondade é uma debilidade e um rei que abriga qualquer tipo de compaixão perde seu trono.
Por inumeráveis séculos, Kerrigan viveu sozinho nas sombras até o dia em que a coragem de uma mulher o obriga a entrar na luz que pode ser a salvação de ambos, ou a morte para os dois.
ESTIMADO LEITOR,
Comecei Os Senhores do Avalon desde que estava na universidade e trabalhava em um escrito sobre as origens celtas das lendas artúricas e como foram tecidas no movimento do Amor Cortês. Mais tarde, o escrito se converteu em uma tese de como o conhecimento popular celta foi à base do movimento do Amor Cortês e não da poesia árabe que se sugeriu.
Esses anos de investigação prenderam minha imaginação. Conforme avançava meu trabalho, comecei a me perguntar o que aconteceu depois da morte do Artur. De seguro tal magia não pôde ter morrido… De seguro tal maldade não o fez. Não, teve que ter vivido, e com essa semente de idéia, o mundo explorou.
Desde a minha série de Caçadores Escuros, não estive tão cativada pela vivacidade de meus personagens. Cativaram por completo minha imaginação, e espero que também cativem a tua.
Obrigado por me acompanhar nesta viagem,
Kinley MacGregor
NOTA DAS TRADUTORAS:
Com todo respeito a vocês leitoras, quão únicas queremos lhes pedir é não alterar o formato do livro. Tomou muito esforço e dedicação prepará-lo para vocês. Esperamos que o desfrutem tanto como desfrutamos traduzindo-o para vocês.
Se quiserem mais informação sobre esta série, seus personagens e próximas estréias, visitem nosso foro: http://www.soandodespierta.ipbfree.net/
Obrigado,
Caqfss e Caroline Finn.
Distribuição e Tradução: Maria Madalena Jorge
Revisão: Loreley
Formatação: Sereia Iara
PREFACIO
Faz muito tempo, em uma terra perdida em confusão, havia uma espada encantada que tinha sido forjada por mãos dos feys. Saturada com seu poder e alimentada pela alma da deusa Britannia, dizia-se que a espada lhe concederia a imortalidade e força sobrenatural a qualquer que a utilizasse. Até a vagem que protegia a espada era especial. Sempre e quando um homem a usasse amarrada em seu quadril, jamais sangraria. Era uma espada que nunca poderia quebrar-se. Nem jamais ser derrotada. Mas com todas aquelas coisas de grande poder, existiam aqueles que lhe temiam. Aqueles que procuravam destruir esta espada para tão somente inteirar-se que algo forjado pelos feys jamais poderia ser destruída por meras mãos mortais. 
Temeroso daquele que algum dia possuísse sua magia, seu dono a enviou ao mundo com um único guardião quem a enterrou profundamente em uma rocha. Por anos esteve descansando no coração do bosque mais escuro da Britannia, sem ser vista e desconhecida. Protegida por um encantamento que tão somente permitiria a uma pessoa especial, de nobre berço retira-la de seu lugar de descanso. Esconderam-na bem, esperando que estivesse para sempre perdida para o mundo do homem. E assim foi até que um jovem moço por pura casualidade se encontrou com ela.
Nascido de uma mãe camponesa que era conhecida por odiá-lo e ressenti-lo, não era nada especial. Tão somente era um moço em sua juventude, tratando de sobreviver à dureza de sua vida. Um que necessitava uma espada para proteger-se a si mesmo daqueles que queriam lhe fazer dano, e hei que neste profundo, escuro e frondoso bosque a espada que ele teria que usar.
Sustentando o corroído punho, devorou, rezando com todo seu coração que saísse livre para que assim pudesse lutar contra aqueles que o perseguiam. A espada se recusava a mover-se. O jovem podia escutar o tremor dos cascos dos cavalos que pisoteavam tudo a seu redor enquanto seus inimigos cada vez estavam mais perto. Estariam sobre ele em qualquer momento e então seria golpeado ou algo muito pior. Matariam-no.
Aterrorizado, o suado, jovem sem fôlego vestido em sujos farrapos, pôs suas mãos sobre o áspero punho e rezou com todo seu ser. De repente uma onda de doloroso poder correu por todo seu corpo. Sentiu como se suas mãos estivessem unidas e forjadas ao corroído punho da espada, que se voltou ser de ouro puro sob suas próprias mãos. O poder da espada subiu por todo seu corpo, invadindo-o. O ouro no punho se correu lentamente para rebelar lentamente o olho vermelho de um dragão. Olhou-o durante todo um batimento de seu coração como se medisse quanto valia a pena este moço.
Logo, com um ressonante estalo de metal que ecoou através do escuro e maldito bosque, a espada foi liberada. O moço gritou de uma vez que a dor agridoce se apoderava de seu coração.
 A folha da espada brilhou com uma cor vermelha, logo se convertendo em fogo. Lançou sua luz fey naqueles que perseguiam o menino, fazendo-os cair instantaneamente onde se encontravam. Os homens que estiveram ante a luz da espada, converteram-se em não mais que ardentes montões de cinza. O fogo desapareceu da espada que ainda brilhava como se fora uma criatura viva. Com sua luz vermelha brilhando sobre a escura folhagem, a espada parecia cantar como um dragão arrulhando a seus bebês. O moço sustentava a espada com sua palma suada de uma vez que sentia seu poder correr por seu corpo como se fora um veio quente. Era quente, embriagador e lhe intoxiquem. Sedutor, lhe apaixonou. E sabia que jamais voltaria a ser o mesmo de antes.
–É o indicado…– a despreocupada, inesquecível voz sussurrava inquietantemente através das árvores, assustando ao menino muito mais do que a luz o tinha feito.
Mas esta não é a história do Rei Artur.
E esta não é a espada Excalibur.
Esta é a história do Kerrigan, o campeão de todas as coisas malignas.
Como o Arturo das lendas, seu destino era governar Camelot, só que seu Camelot era totalmente diferente daquilo que havia escutado.…
CAPITULO 1
Seren estava de pé ante os mais anciões professores do grêmio, com todas suas esperanças postas alegremente em seu rosto enquanto examinavam o trabalho de seu precioso tecido escarlate. Eles recordavam a um grupo de corvos, envoltos em negro, voando sobre sua última vítima. Mas nem sequer esse pensamento podia amassar suas esperanças que cada um deles sustentava em suas torcidas mãos.
Durante os três últimos anos, tinha trabalhado diligentemente no tecido escarlate que eles examinavam, usando cada moeda que lhe sobrava, cada momento livre para prepará-la. Como uma mulher possuída, tinha tirado de noite o velho tear de madeira de sua mãe e tinha trabalhado com apenas a luz da chaminé para que a guiasse. Com cada escovar de seu pente, com cada fio, havia sentido o poder de sua criação. Era perfeito! Não havia nenhuma discrepância na tintura ou nos pontos. Na verdade, era uma obra professora, e se a aceitavam, finalmente seria uma artesã e membro do grêmio. Por fim, seria proprietária de se mesma! Todos seus sonhos de liberdade e de ser paga com moedas por seu difícil trabalho se realizariam. Não haveria mais dias de trabalho do amanhecer até o entardecer, comida e alojamento por parte do Professor Rufus e de lavar a roupa bem entrada a noite para a Senhora Maude para assim pagar por suas provisões. Poderia vender seu próprio tecido... Poderia…–Não é o bastante bom.
Seren piscou ante a severa declaração ao contemplar aos quatro homens em frente dele. 
–P–perdão?
–Não é o bastante boa – disse o professor dos artesãos com uma careta em seus lábios enquanto olhava seu precioso tecido.
–Não a usaria nem como manta para cobrir a um cavalo.
 Seren não podia respirar. Não! Estava equivocado. Tinha que está-lo. 
–Mas eu…
–Tomem - disse ele, lhe lançando o tecido em direção dela. –Volte quando tiver algo digno de intercambiar.
O tecido vermelho golpeou seu rosto pela força com a que foi lançado. Incapaz de mover-se esteve de pé ali com o tecido caindo de sua cabeça a seus braços. Por instinto, sujeitou-a embora não soubesse por que se incomodava em protegê-la. Sua alma gritava desiludida ao ver como todos seus sonhos se murchavam e morriam naquele frio quarto. Como podiam dizer tal coisa sobre seu trabalho? Era mentira. Sabia... Seu tecido era perfeito. Perfeito!
Queria gritar essa palavra bem alto, mas toda essa amarga desilusão estava em sua garganta apertando-a e ameaçando afogando-a. Isto não podia estar passando. Não era certo.
Alguém avançou e a separou dos professores enviando-a a porta traseira. Descontroladas lágrimas caíram por seu rosto de uma vez que as ásperas palavras se repetiam uma e outra vez em sua cabeça.
Como podia seu tecido não ser o bastante bom?
–Gastei todo meu tempo nisto– sussurrou ela, seu coração rompendo-se. –Todas minhas apreciadas moedas. – Vestia farrapos de modo que pudesse economizar para comprar quão materiais tinha necessitado para produzir o tecido. Tinha passado todo o inverno com buracos em seus sapatos tão somente para escutar agora que todos seus sacrifícios tinham sido em vão. Como poderia estar acontecendo isto?
–Não é seu tecido – o homem lhe sussurrou enquanto a tirava do salão. –Aqui há muitos tecedores. Não admitirão a ninguém mais no grêmio até que alguém parta ou mora.
Supunha-se que isso devia consolá-la? Dar-lhe esperanças? Ao diabo com todos eles por isso!
–Asseguro-lhes isso, menina, irá melhor estando por fora do grêmio. 
–De que maneira?
Ele pôs uma mão sobre seu tecido. –Tem problemas maiores que ser uma aprendiz. Acredite-me.
Antes que pudesse lhe perguntar o que quis dizer, o homem a empurrou para a rua e ouviu como jogava o ferrolho sobre a porta detrás dela.
 Seren esteve de pé ali, na entrada do salão do grêmio com todos seus sonhos quebrados. Ainda era um aprendiz e enquanto tivesse aquele título, não podia cobrar honorários por seu trabalho. Não podia casar-se. Não podia fazer nada mais que o que o Professor Rufus ou a Senhora Maude lhe mandassem fazer. Não tinha vida própria. E como se viam as coisas, jamais a teria. Uma amarga cólera se apoderou dela enquanto contemplava sua perfeita, mas inútil tecido.
–De que servem vocês!– soluçou. Segundo a lei, nem sequer podia usar o tecido para fazer um vestido. Só aquele de nobre berço podia usá-la. Não podia vendê-la. Não servia para nada, salvo para queimá-la. Tudo estava perdido.
–Perdão?
Seren limpou as lágrimas de seu rosto enquanto se volteava para encontrar-se com um alto e bem vestido cavalheiro detrás dela. Seu cabelo loiro tocava seus incríveis amplos ombros. Levava posta uma cota de malha coberta por uma sobreveste de cor verde escura com um veado de prata desenfreado... A malha de dita roupa não era tão fino como o de seu tecido escarlate e ainda assim não tinha dúvida que tinha sido feita por alguma daquelas bestas que lhe tinham negado a entrada ao grêmio. Detenha Seren.
O tecido que ele levava posto não era importante. O fato de que um homem de sua classe lhe falasse com ela sim. Não podia imaginá-lo que ele pudesse querer com ela. Assegurando-se de que não o fora a ofender ao olhá-lo aos olhos, falou em um tom tranqüilo 
– Há algo que possa fazer por você, meu senhor?
Ele jogou uma olhada detrás dele para outro arrumado cavalheiro que tinha uns rasgos tão parecidos, que de seguro estavam relacionados de algum jeito. Só que aquele outro cavalheiro tinha seu cabelo loiro mais curto e levava uma barba bem recortada.
–É você Seren? O aprendiz do tecedor?
Ela inclinou sua cabeça com receio perguntando-se como estes nobres tinham aprendido seu nome e por que teriam que sabê-lo. 
– Por que pergunta tal coisa, meu senhor?
–Sou Gawain – disse ele com um entusiasta suave sorriso, – Este é meu irmão Agravain.
Os nomes a surpreenderam. Só os tinha ouvido em um lugar. 
– Como nos contos do Rei Arturo?
Seu rosto se iluminou imediatamente. –Conhece-nos?
–Não, meu senhor não os conheço, só sei das histórias que os anciões e os histriões dizem de noite para que lhes dêem comida e alojamento, ou na rua quando pedem moedas.
Franziu-lhe o cenho. –Mas sim tem que saber dos Cavalheiros da Mesa Redonda do Rei Artur, não é certo?
 –Sim, meu senhor. Há acaso alguém que não o conheça?
Seu sorriso voltou a aparecer. –Então nos conhece. Somos os mesmos. Meu irmão e eu fomos enviados para te buscar. Será a mãe do próximo Merlín e deve vir conosco para que lhes possamos proteger.
Seren ficou gelada ao escutar suas palavras. Mãe do próximo Merlín? Que brincadeira era esta que lhe jogavam? Mas então ela temeu sabê-lo. Era mais que comum para um nobre lhe emprestar atenção a uma jovem camponesa para obter seu prazer. Não havia nada que ela pudesse fazer para evitá-lo. Os camponeses não tinham nenhum direito ante os nobres. Ainda assim, se ela fosse com eles e o Professor Rufus se inteirasse disso, jogaria-a. Tanto ele como sua esposa requeriam a castidade de todos seus aprendizes. Gilda tinha sido expulsa o ano passado quando se inteiraram que tinha dado nada mais que um passeio da missa até sua casa na companhia de um jovem.
–Por favor, meu senhor, não me peça isso. Sou uma boa e decente mulher. Não tenho nada neste mundo exceto minha imaculada reputação. Estou segura que há suficiente bondade em você como para não permitir que uma mulher inocente sofra por sua luxúria.
Ele pareceu aturdido por suas palavras.
–Está-o arruinando, Wain– disse o outro cavalheiro. Ele se moveu para diante e se inclinou ante ela. –Minha senhora, por favor. Não lhe queremos fazer nenhum dano. Estamos aqui somente para protegê-la.
Foi toda uma proeza o não olhá-los ao rosto. –me proteger do que, meu senhor?
A única coisa da que necessitava amparo era de homens como eles.
Foi Gawain o que lhe respondeu. –De cair nas garras do Morgen. Seu lugar é conosco e será uma noiva do Avalon e como tal, necessitamos que venha conosco antes que os mods lhes encontrem e lhes levem ao Camelot.
Mods? Que demônios é um MODS? Estavam loucos! Ambos. Seren deu um passo atrás, com seu coração golpeando fortemente. O que podia fazer? Se chamar pedindo ajuda, eles podiam reclamá-la como uma de seus serva. Nem sequer estava segura de se o Professor Rufus a ajudaria. Ele não se atreveria a contradizer a um nobre. Que Deus a salvasse! Não havia nada que ela pudesse fazer a respeito. Teria que correr e rezar para que pudesse escapar deles. Sustentando fortemente seu tecido, pôs-se a correr pela rua longe deles, correndo com toda sua força. Ouviu os homens lhe gritar que se detivesse. Mas de maneira nenhuma lhes permitiria que a agarrassem.
Lançando-se por um beco, tropeçou-se com um pedaço de paralelepípedo quebrado, logo se levantou. Olhou a seu redor procurando uma via de escapamento. Havia uma pequena abertura entre dois edifícios pelo que logo que poderia meter-se. Os homens seriam muito grandes para caber por esse oco. Seren correu para o oco e se pegou contra a parede antes que começasse a avançar. Havia um aroma horrível e era toda uma proeza o não respirar por seu nariz. Inclusive, fedorento ou não, era melhor que a alternativa. Melhor que fora agredida seu nariz que seu corpo. Ouviu como os homens entravam no beco e lançavam uma maldição.
–Onde está?
–Merlin nos matará se não voltarmos com ela.
–Você e suas idéias brilhantes. Juro, Gawain, que devia te haver estranguladoquando nasceu – Ele trocou seu tom a um de brincadeira aguda. –Tão somente lhe diremos quem somos e ela virá conosco. Sem nenhum problema. Maldito seja por essa estupidez.
–E qual era sua idéia? Né!? Não tinha nenhuma absolutamente, ou se irmão intelectual?
Enquanto eles brigavam e se recriminavam o um ao outro, ela continuou com seu caminho para o final pelo estreito passadiço
–Ali está!
Ela girou sua cabeça para ver os dois cavalheiros na abertura detrás dela. Eles trataram de segui-la e não puderam, então retrocederam para rodear o edifício. Seren chegou ao final, logo se dirigiu precipitadamente pela estreita rua de paralelepípedo. Havia gente por toda parte, indo ao mercado e a seus negócios. Com um pouco de sorte, os cavalheiros a perderiam de vista entre a multidão. Ou ao menos isso foi o que pensou até que dobrou sobre uma esquina e se encontrou cara a cara com o Gawain outra vez. Como tinha chegado aqui tão rápido?
–Não te pode esconder de nós, Seren.– disse sujeitando-a pelo braço.
Seren se soltou dele e se lançou uma vez mais entre a multidão. A gente blasfemava e a empurrava ao chocar-se contra eles por seu afã. Seu coração parecia como se fora a explorar por seu medo e pânico. O que ia fazer? Olhando para trás pôde vê-los ainda persistindo em sua busca, laçou-se como uma flecha sobre a rua, logo patinou ao deter-se bruscamente para ouvir o chiado de um cavalo. Seren levantou o olhar até ver um enorme cavalo negro de guerra encabritar-se ante ela. Seus enormes cascos brilhantes se moviam rapidamente no ar como se não quisesse nada mais que esmurrá-la com eles. Ela levantou suas mãos para proteger-se e rezou para que o animal se detivesse antes de esmagá-la com suas patas. O cavalheiro lhe falou com cavalo em uma língua que ela não entendeu enquanto recuperava o controle da enorme besta. 
–Estão tratando de te matar, mulher?– grunhiu-lhe.
Mas a cólera em sua cara se desvaneceu quando ele a olhou e seus rasgos se abrandaram há um pouco menos severo. 
–Desculpe minha grosseria, boa mulher. Espero não havê-la assustado muito. Foi o brusco movimento de meu cavalo o que provocou que lhes gritasse.
 Seren tão solo podia olhar ao arrumado homem a cavalo com a boca aberta. Seu cabelo negro como um corvo caía em ondas ao redor dos rasgos perfeitos de seu rosto bem barbeado. Olhos tão negros que nem pareciam ter pupila a contemplaram com tal intensidade que a deixaram até, mas sem fôlego que sua carreira pelas ruas. Ela ouviu os outros dois homens detrás de se lançar maldições. O homem a cavalo olhou por cima dela para vê-los correr para eles
– Necessita que a ajude, boa mulher?
–Sim, meu senhor– respirou ela. –Tenho que escapar antes que eles me agarrem.
–Então como cavalheiro e campeão, ofereço-lhe meus mais humildes serviços. Venham, e me assegurarei chegue a casa sem dano algum– Ofereceu estendendo sua mão.
–Não!– o cavalheiro chamado Gawain gritou enquanto corriam para ela.
Antes que pudesse pensá-lo melhor, Seren lhe deu sua mão ao cavalheiro. O cavalheiro a subiu escarranchado sobre sua cadeira de montar ficando diante dele, e esporeou seu cavalo. Cavalgaram entre a multidão a uma velocidade que a assombrou. Era como se seu grande corcel negro tivesse asas. Pela primeira vez desde que se levantou essa manhã, Seren respirou fundo com o alívio fluindo dentro de se.
–Obrigado, meu senhor, – disse ao cavalheiro que a sustentava. –Se que salvou minha vida este dia. Jamais poderei lhe pagar por sua bondade.
A perseguição não pareceu afetá-lo absolutamente enquanto dirigia seu cavalo com mão perita pela cidade. 
–E como é isso de que salvei sua vida?
–Aqueles homens que andavam detrás de mim. Estavam loucos.
–Como é isso? 
–Afirmaram que teria que ser a mãe do mago Merlín. Possivelmente tão somente estivessem bêbados, mas... – Ela tremeu enquanto considerou o que quase lhe tinha acontecido. –Agradeço ao Senhor e a todos seu Santos que você chegasse quando o fez. Estremeço-me de pensar o que eles me teriam feito.Deu-lhe um olhar de entendimento. 
–Sim, havia um poder superior o que me trouxe para você. Disto não tenho dúvida.
Seren começava a relaxar-se quando escutou o som de cascos detrás deles. O cavalheiro deu volta para olhar.
–São eles!– ofegou, seu pânico retornando ao ver os dois cavalheiros outra vez perseguindo-a. - por que não me deixam ir?
–Não tenham medo algum. Não deixarei que lhes levem. 
Suas palavras a comoveram. Quem teria acreditado que um tão arrumado cavalheiro defenderia a uma simples camponesa? 
–Você é realmente um amável e nobre cavalheiro, senhor.
Mas quando baixou o olhar para vê-la, Seren teria jurado que seus olhos cintilaram de cor vermelha antes que esporeasse seu cavalo a uma velocidade ainda maior. Os outros dois cavalheiros continuaram perseguindo-os. Atravessaram a cidade até que cavalgaram sobre a ponte que levava aos subúrbios da cidade. Seren se encolheu. 
–Não devo deixar a cidade– disse-lhe ao cavalheiro. –Meu professor fará que me golpeiem por partir sem sua permissão.
–Não há nada que possa fazer. Se voltarmos, eles a levarão. É isso o que querem?
–Não.
–Então vos sujeita bem forte até que os percamos.
Seren fez o que lhe disse. Apertou seus braços sobre sua cintura e inalou o aroma de couro, homem e besta. Seu cavalo voou sobre a ampla pradaria, galopando para os densos bosques que estavam diante. De repente, algo pareceu explorar a seu lado. 
–Accero, accero domini doyan– disse o cavalheiro com sua profunda e ressonante voz.
Seren ofegou de terror quando as decorações em forma de gárgula sobre a brida do cavalo se levantaram e tomaram vôo. Chiaram como banshees antes de dirigir-se para os homens que os perseguiam.
–O que acontece?– perguntou ela.
–Estou perdida em um sonho. – Sua voz soava dentro de sua cabeça. –Durma, pequena. Durma– Seren piscou seus olhos quando o esgotamento a alcançou. Tratou desesperadamente de permanecer acordada, mas não podia. Antes que soubesse o que estava passando, consumiu-a a escuridão.
Kerrigan aproximou da mulher até mais para se quando a sentiu ficar sem forças devido a seu feitiço. Era completamente suave e flexível em seus braços. Satisfeito de que não pudesse lutar contra ele, reduziu a velocidade de seu cavalo de modo que pudesse voltear-se e ver o Gawain e Agravain enfrentar-se a suas gárgulas. 
Deixou ressonar sua risada malévola. –É nossa– gritou-lhes.
Gawain lhe lançou uma rajada de fogo mágica. Kerrigan a dissolveu antes que chegasse a ele.
–Sabem o que queremos Gawain. Digam-lhe ao Merlín que me dê isso ou esta mulher morrerá.– Com suas palavras sortes, Kerrigan disse as palavras sagradas que o levaram do mundo dos homens, ao reino do Camelot. Em uma misteriosa névoa negra, o mundo do homem se desvaneceu na escuridão. O véu que separava os dois reinos se mesclou até que se encontraram uma vez mais no negro chão do Camelot. Aqui Kerrigan era mais que um cavalheiro. Aqui ele era o rei. Rendo-se por seu triunfo, Kerrigan galopou sobre a estendida ponte negra levadiça passando pela muralha exterior e logo pela interior. De uma vez que detinha seu cavalo ante o torreão um macho disforme avançou para tomar a seu cavalo. Kerrigan agarrou à mulher fortemente em seus braços antes de baixar-se com seu prezado vulto.
– Lhe dêem advenha extra– Disse-lhe ao grayling fey.
–Sim, meu senhor.
Kerrigan trocou o peso leve da mulher antes que se dirigisse para as portas enegrecidas do alguma vez famoso castelo. Comporta-as se abriram sozinhas quando ele se aproximou, lhe permitindo entrar com as esporas de seus talões soando surpreendentemente contra o chão de pedra. Enquanto caminhava pelo vestíbulo perfumado por noz moscada e macis, as tochas se acenderam para iluminar o caminho à escada da torrecilla. Dirigia-se a um quarto no mais alto da torre. Um que garantiria que esta mulher não tivesse mais opção exceto ficar aqui até que eles a assassinassem. Este era um quarto situado na torre mais para o norteonde ninguém poderia ouvir seus gritos. Não que importasse muito. Não havia ninguém aqui, incluindo-o a ele, que alguma vez ofereceria ajuda a alguém mais. Como o resto do castelo, o quarto estava decorado em negro e cinza. As únicas cores permitidas nesta terra que Morgen dominava. Rainha fey não queria que nada tirasse o mérito da sua beleza ou a sua presença. Kerrigan deixou à mulher sobre a cama negra e retirou as mantas por ela. Era pálida e frágil contra a escuridão. Seu cabelo comprido, liso e tão claro que parecia quase branco. Para sua surpresa, não era uma mulher formosa. Na verdade, seus traços se inclinavam mais para o comum, exceto por seus olhos. De um verde claro como o cristal, eram grandes e de forma de amêndoa como os de um gato. Seu nariz era de tamanho e forma médios e seus lábios eram cheios. Seu corpo estava desnutrido e magro, sem quase curva femininas para amortecer a qualquer homem que fora a tomá-la.
Não havia nada notável nela. Nada que a marcasse como a futura mãe de um Merlín. 
Recordava a um simples camundongo. E até inconsciente, ainda agarrava o vibrante tecido vermelho em suas mãos. Franziu o cenho ante suas ações, perguntando-se por que se incomodava com esse tecido. Começou a tirar-lhe mas logo fez uma pausa por motivos desconhecidos.
–Tola confiada– grunhiu-lhe. Jamais poderia imaginar o estender sua mão para emprestar ajuda a alguém. E há onde a tinha levado? Nada mais que a sua própria perdição. 
Uma sombra se deslizou no quarto através do olho da fechadura da porta. – Ama Morgen quer falar com você, meu senhor.
–Lhe digam que irei quando me der vontade. – Nunca foi de bom agouro fazê-la esperar. Morgen possuía um repugnante temperamento que só era igualado pelo seu. Mas Kerrigan rechaçava deixar que alguém, incluída Morgen lhe ordenasse. Além disso, não havia nada mais que a reina fey pudesse lhe fazer. Já estava condenado por suas próprias ações e ninguém, incluindo-a, poderia matá-lo.
O sharoc, ou fey das sombras, continuou em cima dele como se tratasse de apressá-lo. 
–me deixem– grunhiu Kerrigan. 
O sharoc se retirou imediatamente. Outra vez a sós com a mulher desconhecida, Kerrigan se encontrou estudando-a com curiosidade. Era diferente a todas as mulheres que viviam aqui no Camelot. Claro, todas elas, devido a sua magia, eram todas formosas para contemplar, mas nenhuma delas possuía a faísca que parecia brilhar desde dentro desta.
Sua pele parecia de algum jeito mais suave, mais atrativa. Incitadora. Estas sendo um parvo. Não é mais que uma estúpida mortal. Sim. E não valia a pena esbanjar seu tempo com ela.
–Anir!– chamou a seu criado gárgula. 
A besta voou pela janela aberta e se abateu sobre a cama onde a mulher descansava. Os duros olhos amarelados do Anir brilhavam contra sua escura pele de pedra cinza. 
– Sim, meu senhor?
–Vigiem e me façam saber o exato momento em que desperte. 
A gárgula assentiu com a cabeça, logo se justapôs a cama. Ficou em cuclillas ali em uma postura pequena, vigilante, logo se endureceu tomando sua verdadeira forma de pedra. Kerrigan se deteve um momento para lhe lançar um último olhar à mulher que o tinha cativado. Ainda não entendia seu atrativo. Nem que importasse. O tempo que ficava de vida era extremamente finito. Inclusive se aqueles do Avalon lhe entregassem a mesa que ele procurava, ela seria assassinada. Ela devia ser a mãe de um Merlín. Só isso já o fazia merecedora da pena de morte.
–A que te refere com que escapou?
Gawain se encolheu ante a pergunta do Merlín. Olhou ao Agravain para que o salvasse, mas foi em vão.
–O Senhor Afável– Agravain disse maliciosamente, – disse-lhe que teria que ser a mãe do próximo Merlin, assustou-se e correu.
Merlín pressionou sua mão contra sua cabeça como se tivesse uma gigantesca dor sobre seu cenho. Uma mulher alta e esbelta, Merlín era a personificação da beleza mesma. Tinha o cabelo comprido, sedoso e loiro que caía ao redor de seu corpo ágil que se encontrava talher por um comprido vestido branco adornado em ouro. Na verdade, não havia mulher mais formosa. Ou mas zangada que ela no momento. Deu-lhes um olhar enfurecido a ambos enquanto fez aparecer um livro à frente dele, flutuando, sem ser sustenido por objeto algum. As páginas do livro se moveram até chegar a uma passagem.
 –me deixe ver se isto está correto. Leu do livro. –Gawain, o cavalheiresco e nobre cavalheiro do Artur. O campeão do rei, sua proeza com as mulheres não tinha igual– Levantou o olhar para lhe lançar um triste olhar. –Este é você, ou não?
Gawain estava molesto por estar sob seu irado escrutínio. As páginas do livro voltaram a mover-se para que assim fora ele o que lesse. –E segundo esse livro, Merlín, é um velho e calvo homem. Os olhos do Merlin se alargaram de uma vez que o livro explorou em chamas. 
–Quer morrer?
–Não posso. Sou imortal.
Agravain respirou de maneira aguda por seus apertados dentes. 
–Cuidado, irmão. O último homem que incomodou ao Merlín encontra-se neste momento encerrado em uma cela debaixo de nosso precioso lar.
Isso era certo. Merlín tinha jurado jamais perdoar ao Sir Thomas Malory pelo que tinha escrito sobre eles.
–Sinto muito, Merlín,– Gawain disse, tratando de acalmá-los a todos. –me acreditem, não estão mas molesta com isto do que o estou eu. Como ia eu saber que O Kerrigan estaria ali? – Merlín suspirou. –Seus poderes aumentaram com o passar dos séculos. Se não o detivermos logo, serão ainda mais capitalistas que meus.
Gawain intercambiou um olhar nervoso com seu irmão. Ninguém tinha que lhes dizer o que aconteceria isso chegasse a acontecer. O Kerrigan não tinha coração, não tinha compaixão alguma. Era o homólogo masculino do Morgen e ele era seu campeão. Voltava-se mais capitalista que Merlín, não haveria quem os detivera de apoderar do mundo e os escravizasse a todos. Gawain esfregou seu queixo pensativamente. 
–Direi ao Percival que o investigue. Talvez haja algo escrito que mostre alguma debilidade…
–Não– Merlín disse. –Morgen é mais ardilosa que isso. A diferença de nós parece ser capaz de manter a seus secuaces por fora de lendas escritas.
Agravain soprou. –Não é culpa nossa que Thom se embebedasse e começasse a falar. Ainda acredito que devemos havê-lo matado.
–Não foi o que falou o que nos prejudicou, – Gawain disse malicioso. –Foi o que escreveu.
Merlín se endireitou bruscamente. –Abrigado por me recordar isso –Lo siento, Merlín. – dijeron al mismo tiempo. –Então que fazemos agora? – Agravain perguntou a Merlin.
–Sinto muito, Merlin. – disseram ao mesmo tempo. –Então que fazemos agora?– Agravain perguntou ao Merlín.
Merlin suspirou. – Esperamos a ver que faz Kerrigan. Não lhe podemos entregar a Mesa… ao menos sem um carrinho de mão e um cubo. E ainda se o fizéssemos, estou segura de que matará ao Seren terminando assim com sua descendência. – Merlín começou a caminhar pelo salão. –De alguma forma devemos encontrar a maneira de tirar o Seren do Camelot.
Gawain levantou o olhar para o selo dos Pendragon que estava pendurado no muro à frente deles. Uma brilhante pintura ao afresco tinha a imagem de um dragão com um leão dormindo a seus pés. Fogo corria ao redor da besta que tinha suas asas bem abertas. O dragão estava alerta e preparado para defender seu poder e seu território. Detrás daquele selo, dormindo em uma tumba, não se encontrava o rei de lenda. Era um dos filhos legítimos que ele tinha concebido com Genebra.
–Devemos levantar o Draig para isto?
–Não– Merlin disse. –Não é o momento de que desperte. Convoca aos outros. O que seja que façamos, não podemos permitir que a maldade ganhe. Se o fizer… Todo o bom morreria.
CAPITULO 2
Kerrigan entrou nos aposentos de Morgen com os braços cruzados sobre seu peito. Sua sala de espera estava aberta e iluminada, decorada em amarelo pálido e ouro. Seu cabelo loiro claro destacava contra sua pele escura. Parecia um anjo, mas Kerrigan sabia por experiência que era definitivamente uma aparência enganosa. Seu vestido era de umacor vermelha viva, pouco natural que se movia como sangue em seu corpo. Dançava no quarto com seu Adoni. A diferença dos graylings, os Adoni eram altos, de formas perfeitas e ágeis. Os humanos freqüentemente os chamavam elfos, mas nunca deveriam ser confundidos com seus primos Germânicos. Os Adoni eram uma raça viciosa que se alimentava da humanidade sempre que podiam. Era o que fazia que Morgen os quisesse. Ela fez uma pausa em seu baile quando o viu. 
–Assim finalmente decidiu vir.
Ele se encolheu de ombros despreocupadamente. 
–Para que me chamou?
–Quero que mantenha os olhos bem abertos ao redor de nossa convidada. Conheço bem a essa do Merlín, e sei que soltará seus cães para que venham e tentem liberá-la.
Ele se mofou da bruxa. 
–Não cometo tais enganos. Nem Merlín, nem seus cães bastardos serão capazes de transpassar estas muralhas.
Morgen riu desse comentário enquanto atravessava o quarto para ficar de pé ao lado dele. Estendeu sua mão para lhe acariciar o cabelo e apartar o de seu rosto. Seu toque era tão gelado como seu coração. –por que não vem mais a minha cama, Kerrigan?
Lançou-lhe um olhar feroz ao Adoni que os via com ciúmes e interesse. 
–Encontro sua cama muito lotada para meu gosto.
Morgen riu com frieza. –Houve um tempo em que não te importava o público. Mas é muito audaz, meu malvado coração. Não estou segura de por que permito que me fale assim.
–Então me mate, Morgen.
Ela suspirou enquanto seguia jogando com seu cabelo. 
–Nós dois sabemos que não posso fazê-lo enquanto leve a espada Caliburn e sua vagem. – Disse fazendo uma cara sedutora. – estiveste comigo há muitos séculos, Kerrigan. Sempre atento as minhas necessidades. Sempre matando e torturando a outros por meus caprichos. Recorda-me tanto a meu filho. Apenas. Mordred era uma marica adoentado comparado com ele. 
–Mas não sou Mordred.
Seus olhos jogaram faíscas ao recordar a seu filho, o qual dormia, esperando o momento justo em que ele devia despertar de novo para torturar aos homens de este mundo. 
–Não, não o é – Morgen aproximou sua cabeça ao Kerrigan para poder beijá-lo.
Kerrigan não respondeu. Cansou-se faz tempo de seus frios e exigentes toques…
Ela se separou dele com uma maldição, logo o empurrou atrás. – Vete daqui.
Inclinou-lhe sua cabeça e pela primeira vez, obedeceu.
Seren se esfregou os olhos ao sentir que despertava. Que sonho tão terrível tinha tido. Primeiro tinha pensado que os do grêmio lhe tinham dado as costas, logo que tinha sido perseguida por estranhos cavalheiros.
–Terei que lhe dizer…– sua voz se deteve de uma vez que abriu seus olhos e viu a horripilante antecâmara. Estava recostada sobre uma cama que era completamente negra. As savanas, a madeira, até as cortinas. As janelas estavam abertas o qual lhe mostrava um céu escuro e nublado com nuvens cinza e nenhum rastro do sol.
–Onde estou?– sentou-se lentamente, tratando de recordar como tinha chegado a tal lugar. Um movimento repentino chamou sua atenção ao pé de sua cama. Ela chiou ao ver a gárgula cobrar vida. Seus horripilantes olhos amarelos se enfocaram nela como se a atravessassem, uma cauda de pedra se movia detrás dele.
–Não tema, humana– disse com uma forte e rouca voz. –Não lhes comerei o coração. Ao menos não ainda.
–Estou sonhando.
–Não– disse com uma voz sinistra de uma vez que a olhava com malícia. –Nada de sonhos por aqui, pequena. Só pesadelos.
A gárgula se elevou de maneira muito rápida voando de um lado a outro enquanto a olhava. –Kerrigan, Kerrigan. – chamou. –Meu Senhor Escuro, é hora de que retornem. Uma pequena fumaça apareceu ao lado de sua cama.
Seren se arrastou ao lado oposto da cama e viu como a fumaça tomou a forma de um homem com brilhantes olhos vermelhos. A fumaça se solidificou tomando a forma do cavalheiro que a resgatou. As cinzas de seus olhos brilharam como chamas, logo se voltaram tão escuras e frite como o carvão.
Logo que apareceu, a gárgula voou pela janela e se desvaneceu no tenebroso céu. Ela sussurrou uma oração e se benzeu. 
–Que é?
–O mal encarnado.
Ela não queria acreditar isso. Ainda assim, como não? 
–Mas me ajudaram a escapar dos outros.
Seu olhar era vazio, fria. –Não, ajudei a mim mesmo.
–Não entendo. Por que me está acontecendo isto?
Olhou-a sem piedade e compaixão. –por que teria que lhe acontecer a alguém mais? Que tem de especial para que seja imune às duras maquinações do destino?
Ela passou saliva ante seu tom severo. –Nunca disse que devia ser imune a algo. Só quero saber por que está acontecendo isto. Onde estou?
–Esta no Camelot.
Ela olhou a seu redor, aos muros frios e sinistros que não tinham semelhança com o lugar de lenda.
–Camelot?
–Sim– ele disse. –Não pode ver sua beleza? A magia? Aqui é onde Artur uniu um reino e viu como todo seu mundo se derrubava ante seu próprio sobrinho quem o assassinou brutalmente no Camlann.
Ela conhecia muito bem a famosa lenda, mas nunca se imaginou que Camelot se veria desta maneira. 
–É um de seus cavalheiros? Os da Mesa Redonda?
O riu de maneira fria ante tal pergunta. 
–Pareço um? Não, mulher, sou seu açoite. Escapou de seus benditos cavalheiros da Mesa Redonda no povo quando lhe tivessem salvado.
–Fugia de que?
–De mim.
Seren se levantou rapidamente e se lançou para a porta. Antes que pudesse alcançá-la, o cavalheiro estava à frente dele, lhe impedindo o passo. 
–Não há saída alguma, ratinho.
–Por favor– ela implorou, aterrorizada do que lhe estava acontecendo. –Por favor, deixem ir. Sou sozinha, uma camponesa. Não sou para nada especial, nada fora do comum. Tão só quero ir a casa e me converter em uma artesã.
Um olhar longínquo apareceu em seus frios olhos. –Eu também era tão só um camponês. Um mentiroso e um ladrão, gastei toda minha juventude escapando daqueles que me golpeariam. Agora sou o rei do Camelot. A roda do destino está sempre se movendo. Hoje tão somente uma simples aprendiza sem futuro, mas nos dias por vir seu destino era o te casar e te procriar com um dos famosos cavalheiros do Arturo.
Mas isso não tinha sentido algum para ela. Não era possível. –Não entendo. Não posso me casar com um cavalheiro. Sou uma camponesa.
Seus olhos voltaram a brilhar essa cor vermelha de uma vez que passava seu olhar por todo seu corpo. Kerrigan sentiu que se excitava ao vê-la de pé tão valorosamente ante ele. Estava aterrorizada, podia cheirá-lo e ainda assim continuava brigando embora soubesse que não tinha esperança alguma. Não era para nada especial e ainda assim... Seu corpo reagia a sua cercania em uma forma que nunca antes tinha reagido ante alguém. Estava curioso por que me Dê Fortuna tinha escolhido a este manso e ratinho para dar a luz a um dos maiores poderes na terra. Que vasilha tão estranha para alimentar e criar a um Merlin.
–Alguma vez seu corpo tomou a algum homem, ratinho?
Seu rosto se ruborizou imediatamente.
–Assim é virgem.
Sua ratinha endireitou suas costas. –E assim penso está até o dia em que me case.
Uma esquina de sua boca se moveu ante sua provocação. 
– Não poderia me deter se decidisse te tomar.
–Não há satisfação em roubar a propriedade de outros, meu senhor. O verdadeiro valor só existe quando ganhamos ou o dono lhes dá isso por vontade própria.
Suas valentes palavras o fizeram pausar e as considerar. –Não sei nada de presentes.
–Então é uma pena. Possivelmente se pedisse, em vez de tomar, talvez os conhecesse.
Era uma ratinha brilhante. De fato, surpreendentemente inteligente. 
– Daria-me sua virgindade se lhe pedisse isso?
–Não!
–Então qual é o ponto em pedir quando a única forma de consegui-lo é tomando-o?
–Então tomem se quiser– disse valorosamente, seus olhos brilhando com uma intensa cor verde, –Mas tem que saber que se o fizerem, estará roubando a única coisa que de verdade é minha para dar. Espero lhes dê grande satisfação me deixar sem nada. – Levantou seu queixo como se preparasse para receber seu golpe.
Toma-a. A voz em sua cabeça era assustadora e normalmente, quando usava uma ordem, seguia-asem importar as conseqüências, e ainda assim não podia reunir o desejo de fazê-lo. Havia um estranho fogo em seus olhos verdes que queimavam a frieza dentro dele. Era sua dignidade, descobriu. Recordou uma época em que o também a teve. Mas esses dias estavam muito atrás. Tinham-lhe tirado sua dignidade capa por capa, até que o tinham deixado como uma casca de ovo vazio. Antes que pudesse pensá-lo melhor, levantou sua mão para tocar sua suave e delicada bochecha. Sua pele era cálida, tranqüilizadora. Doce. Baixou seu olhar para seus pequenos peitos que se acaso encheriam as Palmas de suas mãos, logo mais abaixo ao resto de seu corpo. Era uma mulher fraca que precisava cuidado e comida. Poderia quebrar seu pescoço com tão solo um pensamento. Embora tratasse de lutar contra o, não teria a força necessária.
–Qual é seu nome, moça?
Ela vacilou antes de responder. –Seren.
Seren. Em seu idioma significava estrela. –E que me dará, Seren, para preservar sua virgindade?
–Não entendo.
Deixou cair sua mão de seu rosto enquanto a via curiosamente tremer do perto que ele estava. 
–Falas de presentes que são tão valiosos. Mostre-me um que seja mas lhe gratificante do que obter o prazer com seu corpo e terei que saciar meu desejo com alguém mais.
Ela lançou um olhar por toda a habitação como se procurasse algo que lhe dar. Seus olhos se alargaram quando seus olhos caíram na cama onde estava seu tecido escarlate. 
– Tudo o que tenho é meu tecido escarlate.
Deu-lhe um sorriso sarcástico. –Não necessito tecidos.
Viu o temor em seu rosto e pela primeira vez não sentiu prazer em havê-lo causado.
–Não tenho nada mais– ela disse.
–Então me dê um beijo.
Seus olhos se alargaram como se a tivesse escandalizado. – Um beijo?
–Sim– o disse, desfrutando deste estranho jogo de incomodá-la sem malícia alguma. –Me deixe ver o benefício de ter algo que foi dado de forma voluntária e não arrebatado. Beije-me, Seren, e me deixe ver o valor de seu presente.
Seren tragou suas palavras, petrificada mas extremamente curiosa. Havia lago no cavalheiro que a atraía embora a assustasse até mais não poder. Por que teria que acalmar-se com um simples beijo?
–Nunca beijei a ninguém.
Franziu-lhe o cenho. 
–Nunca beijaste. Alguma vez provaste o corpo de um homem? Quantos anos têm?
–Vinte e quatro.
Estalou-lhe a língua enquanto negava com a cabeça. 
–Toda uma mulher. Como é que sobreviveste tão casta em um mundo de homens tão famintos?
–Por vontade própria, meu senhor, por vontade própria.
Ele soprou ante a resposta. 
–E agora lhes dou outra opção, ratinho. Um beijo ou seu corpo. Então, que será?
Seren tremeu enquanto se perguntava se seu beijo na verdade saciaria a este poderoso homem. –E se não vos beijo corretamente? Serão minhas ações para nada?
Seu olhar era vazio, fria. –Pergunta a um mentiroso pela verdade? É assim de confiada ou assim de tola?
–Então como sei que não tomará meu corpo depois que lhes beije?
–Não sabe.
Ela tragou saliva ante seus frite palavras. Ao menos estava sendo honesto. Mas então, não tinha na verdade uma opção neste caso. Estava ante sua própria mercê e ambos sabiam. –Então terei que confiar que é um homem de palavra. Vos rogo, não me decepcione, meu senhor. Tive mais de uma decepção o dia de hoje. Antes que Kerrigan pudesse lhe pedir algo mais, ela pôs um casto beijo em seus lábios. Seu corpo se acendeu ante a inocência que provava ao saber que nenhum outro homem tinha percorrido esta boca que estava em frente dele. Com seu coração palpitando, apartou seus lábios com os seus e introduziu sua língua dentro de sua doce e decadente boca para provar seu primeiro beijo inocente que jamais tinha conhecido. O desejo o invadiu fazendo que sua virilha se endurecesse e a necessitasse. Seren gemeu ao prová-lo. Sua pele era fria como o gelo, sua língua dançava através de sua boca, lambendo-a e jogando. Devorou-a bruscamente para seus braços e a sustentou perto enquanto seu beijo se voltava mais forte que antes. Ela o sentiu contra seu quadril e soube exatamente quanto queria possuí-la. Ele deixou sua boca para lhe dar beijos por sua bochecha, logo baixou a seu pescoço onde enterrou seus frios lábios contra sua garganta. Seus peitos se endureceram ao ver que o desejo se apoderava de seu corpo. Nunca antes tinha sentido o que era o desejo, mas agora sentia o calor apoderar-se dela. Uma longínqua, assustadora parte de se mesma não lhe importaria se a pressionava por algo mais…
–Sim, Seren– respirou contra sua orelha com um rouco tom que enviou calafrios por todo seu corpo. –Um beijo dado por vontade própria na verdade é bastante doce.
Seren sentiu a mão em suas costas levantar o bordo de sua túnica. Ficou rígida como uma vara com medo do que estava por lhe fazer. O corpo do Kerrigan estava totalmente derretido. Tudo no que podia pensar era em provar mais de seu virgem corpo. De apartar suas cremosas pernas e introduzir-se profundamente em seu quente corpo uma e outra vez até que estivesse totalmente satisfeito e esgotado. Mas ela tinha acreditado nele. Nunca ninguém tinha acreditado nele. Ninguém. E o tinha beijado por vontade própria. Seu corpo gritava em protesto, soltou-lhe sua túnica e lutou por apartar-se dela. Ainda assim, seus lábios ainda ardiam por havê-la provado. E o queria mais. Desejava-o com tanta ferocidade que o surpreendeu. Seren o olhou atentamente, meio assustada de que de todas as formas a violasse. Não o fez. Mas havia algo doloroso em seus olhos. Algo tão profundamente atormentado que trouxe para seu peito um pouco de dor por ele e ela não entendia por que.
O esclareceu sua garganta. –Tem fome, ratinha?
Ela assentiu com sua cabeça.
–Farei que lhes preparem algo de comer– Ele se deteve na porta e a olhou.
–Sim– disse silenciosamente de uma vez que a olhava de pés a cabeça. –muito melhor. Nunca pude suportar ver uma mulher em farrapos.
Não foi até que a deixou que se deu conta que seu esfarrapado vestido já não estava em seu corpo. Em troca, tinha um brilhante vestido de uma custosa seda cor azul pálida com uma bandagem de ouro e suaves sapatos de pele que faziam jogo. As pernas do Seren se afrouxaram. Era tudo o que podia fazer para manter-se de pé. Disto seguro era tão somente um sonho. Como podia ser real?
–Acordada, Seren.– Mas não era um sonho. De algum jeito, este lugar era real.
O cavalheiro negro era real. E algo dentro de se lhe advertia que onde não escapasse deste lugar logo, estaria condenada e maldita para sempre aqui.
CAPITULO 3
–Assim é a mãe do Penmerlin.
Seren se afastou da janela onde tinha estado olhando o feroz mar negro golpear contra as rochas do castelo do longe para ver uma velha bruxa entrar em sua habitação. A bruxa estava vestida de negro o qual parecia ser a cor de moda no castelo, e seu cabelo cinza estava amarrado em uma forte tranca. 
–Não sou a mãe de ninguém.
–Mas o será, se Deus o quiser.
Havia algo no tom esperançado da anciã que fez que Seren se detivesse. Um repentino instinto que lhe rogava o escutasse. A anciã lhe aproximou e olhou a seu redor nervosa como se tivesse medo que alguém a escutasse. Quando falou, seu tom não era mais que um sussurro.
 –Não há muito tempo, moça. Devem ir daqui antes que seja muito tarde.
–Muito tarde para que?
–Para lhe salvar. Neste momento o Kerrigan está concentrado em lhes trocar com o Merlín, mas uma vez isso não de certo, cortará-lhe a cabeça e beberá seu sangue.
Isso era algo que Seren definitivamente queria evitar. –Então como escapo deste lugar?
A anciã suspirou como se a resposta a perturbasse em grande forma. 
–Infelizmente só tem uma opção.
Seren esperou ansiosa, mas a mulher parecia perder o fio da conversação enquanto percorria penosamente a habitação, examinando as pedras. 
–E isso é?– Ela ofereceu.
A bruxa se deteve e a olhou. –O Kerrigan.
Seren franziu o cenho ante o nome desconhecido que a anciã seguia usando. 
–O Kerrigan?
–O cavalheiro negro que lhes capturou e lhes trouxe aqui. Devem seduzi-lo para que baixe sua guarda e lhes deixeescapar deste maldito lugar.
Como de fácil o punha a bruxa o levar a um homem a sua cama, mas não era fácil e ela sabia. Sem mencionar o pequeno detalhe de que era uma virgem a qual em certa forma preferia seu estado inocente. A última coisa que queria era trocar sua virgindade com um demônio por sua liberdade da qual estava segura seria temporária. Se teria que fugir, o cavalheiro negro de seguro viria atrás dela, e então que teria para trocar?
–Não posso fazer isso. Não sei nada de seduzir a um homem.
–Não tem opção, moça– a bruxa insistiu em um baixo, mas dominante tom. –Tão solo há duas pessoas que podem ir e vir livremente a este reino. Morgen, a qual, sem ofender, nunca te ajudará, e o Kerrigan.
Ainda assim se recusava a lhe acreditar. –Deve haver outra forma de escapar.
–Não a há. Confiem em mim, os homens são suscetíveis a sua luxúria. Já se sente atraído a você. Usem esta luxúria para ganhar sua liberdade.
Seren se rebelava ante a idéia. –Está mal o utilizar às pessoas de tal forma.
A mulher soprou. –Também está mal em matá-los, e eles vão matar lhes. Não me entende, pequena? O Kerrigan é malvado até o mas profundo de seu ser.
–O foi bom comigo.
Ela lhe burlou ante isto. –O não conhece a bondade. Confie em mim. Vi-o cortar os pescoços de seus próprios homens por não mais que o olhar. Não sente compaixão por ninguém, e será por sua própria mão que será assassinada quando à hora chegue.
O coração do Seren palpitava loucamente ante sua grave predição. 
–E por que teria que confiar em você?
–Por que sou a única esperança que tem. Estive aqui da época em que Artur era rei. Estava aqui quando este poderoso castelo caiu em mãos do Morgen e estava aqui quando trouxeram para o Kerrigan. Não mais que um pequeno, tinha uma boa alma e a destruíram, pedaço por pedaço, até que aprendeu a ser um deles. E também destruirão a tua. Recordem minhas palavras. Tratei de lhe advertir da mesma forma que lhes advirto isso a você, ele falhou em escutar. Permitiu ao Morgen seduzi-lo a sua causa, e agora está por sempre condenado– Seu olhar era frágil e triste até que voltou a olhar ao Seren. –Por favor, não seja tão tola. Rogo-lhe isso.
Seren assentiu estando de acordo. Não queria perder sua alma ou sua vida. Honestamente, estava apegada a ambas com igual ardor. 
–Muito bem. Que faço?
–Seja boa, o seduza, para que assim possa lhe tirar o amuleto de estrela que tem ao redor de seu pescoço. Tem o símbolo do dragão. Tire e corra para as muralhas exteriores, para a ponte levadiça. Se cruzar a ponte levadiça com ele, voltará para mundo do homem ao mesmo lugar e ao mesmo tempo em que te tirou dele.
–E se sair sem o amuleto?
–Estará por sempre perdida no Valha Sãs Retour.
Os olhos do Seren se alargaram. O Vale sem Volta. –Esse é o vale aonde Morgen desterra a todos seus amantes que não a agradam mais.– ela sussurrou.
–Conhece-o?
Ela assentiu. Ao passar dos anos, tinha escutado grande quantidade de historias contadas de Morgen a Fey e seu malvado Valha Sãs Retour. Dizia-se era o lugar mais horrível que jamais tinha existido. Pior que até o mesmo inferno. Se esse lugar era real, que mais poderia sê-lo?
–Tem um nome?– Perguntou-lhe à anciã.
–Magda.
–Me diga Magda, quantas das histórias de Artur e Camelot são certas?
Magda lhe esfregou a mão para consolá-la. –Não há tempo para todo isso, menina. Mas saiba isto. Camelot tem cansado em mãos malvadas, e a maldade que vive aqui não quer mais que fazer ao mundo uma cópia exata deste lugar. Nesta terre derrière o voile há dois grandes poderes. Morgen, que é a rainha dos fey, e o Kerrigan, que é o Rei do Camelot. No lado do bem estão os Senhores do Avalon. Eles são os cavalheiros que sobreviveram à queda do Camelot. Com a ajuda da sucessora do Penmerlin, retrocederam durante a batalha do Camlann para o Avalon onde continuam brigando por tudo aquilo que é bom. Devemos fazer que chegue a eles para que possam lhes proteger. É muito importante nesta batalha para ficar aqui.
–Mas por que fui escolhida? Tão somente sou uma camponesa.
–Por que o céu está em cima de nossa cabeça… bom, aqui sempre está cinza ou negro, nunca azul, e na verdade não sei por que. De todas as formas, o fato é que foi escolhida pelo Damé Fortuna para ser um instrumento do bem. Aceite seu destino, menina. – Seus olhos brilharam com tal vida que ocultava seus anos de uma vez que sustentava suas mãos em punhos para ilustrar suas passionais palavras.
–Aceite. 
Magda lhe acariciou o braço de uma vez que baixava sua voz a não mais que um sussurro. 
–Existem treze Merlines que são importantes para o Avalon. Mas o mais importante de todos é o Penmerlin, que os governa a todos. O Penmerlin é o instrumento mais importante para o lado do bem. Por duzentos anos, o Penmerlin cuidou e guiou aos Senhores do Avalon. Depois, o ou ela, lhe é permitido aposentar-se e viver sua vida em paz e comodidade. O pequeno que tem que ter será o próximo Penmerlin. Por causa de sua magia escura, Morgen sabe, e é por isso que ao final terá que lhes matar uma vez Kerrigan obtenha o que quer. Se morrer, não haverá quem o repasse e quando o governo do atual Merlín termine, os Senhores do Avalon não terão quem os guie. Seus olhos se esgotaram para o Seren.
–Tem em suas mãos o futuro de tudo o que é bom e decente. Você e seu filho são quão únicos estão em meio do Morgen e o Kerrigan e o mundo do homem.
Seren ainda não entendia por que tinha sido escolhida para isto. Não estava lista para tal desafio. Era somente uma jovem de insignificante berço. –Tão somente quero meu próprio tear. Minha própria loja. Não quero viver em um lugar de fábula e ser casal reprodutivo de algum homem que ainda tenho que conhecer.
Magda lhe deu uns golpezinhos compassivos. –A vida é se acaso o que queremos que seja, menina. Mas pensa desta forma. A mãe do Penmerlin vive em um lugar de honra no Avalon. Seu marido não será um camponês ou mercado, será um nobre cavalheiro que lhes adorará. Terão uma vida de imensa riqueza e felicidade. Nunca carecerá de algo ou sentirá fome.
Era muito bom para ser verdade. Seren olhou suas mãos desgastadas pelo trabalho. Havia partes em suas mãos que estavam cortadas por usar o pente de seu tear. Suas unhas estavam destroçadas e descuidadas, sua pele áspera e ressecada. Se acaso tinha tido tão só uma noite em sua vida em que não tinha paralisado em seu pequeno no piso por puro esgotamento, em que suas mãos não estivessem palpitando ou sangrando, ou que suas costas e ombros não lhe doessem. Ainda com seus olhos abertos, podia ver claramente à Senhora Maude sentada em sua mesa cheia de suculenta comida. Seren e os outros aprendizes comiam o mais modesto da casa. Nunca lhes tinha permitido participar dos banquetes do grêmio. O comer até que estivessem cheios…
–Sim– Magda disse em seu ouvido. –Posso ver o desejo em seus olhos. Seduzam a esse tal Kerrigan e terá todo isso e mais. Pensa na suavidade do vestido que agora usa. Imagine todo um guarda-roupa cheio desses vestidos.
Seren passou sua mão pelo delicado tecido que não se enrugava ou desgastava. Pegava-se a sua pele como a suavidade da água. 
–Um camponês não deve aspirar a ter melhores tecidos. Nosso tipo…
–Nascera para melhores roupas, menina. Aceite.
Mas isso era mais fácil dizê-lo que fazê-lo. Como podia aceitar algo que ia contra tudo o que lhe tinham ensinado em sua vida?
Um golpe soou em sua porta. Magda se separou dela logo que o portal negro se abriu para mostrar a uma criatura disforme de cor cinza, vestido em uma túnica que fazia jogo com a cor de sua pele. Lançou- um olhar feroz a Magda, quem rapidamente se apartou, logo devolveu seu frio olhar ao Seren.
–O senhor deseja que o acompanhem no salão.
Seren olhou rapidamente a Magda quem se esfregou seu próprio pescoço para lhe recordar o amuleto. Tomando uma grande baforada de ar para recolher um pouco de coragem, Seren assentiu, logo se dirigiu para a criatura. Guiou-a por um sinistro corredor negro. Ofegou ao dar-se conta que as tochas só se prendiam a medida se aproximavamdelas. Justo depois que as passavam, a luz se extinguia. Assombrada por isso, Seren se deteve examinar uma. Era uma tocha peculiar. Parecia como se uma mão negra humana sustentara a tocha. Com seu coração palpitando, alargou a mão para tocá-la. A mão se moveu. Seren gritou alarmada e assustada enquanto saltava para trás. A criatura riu dela, logo a empurrou para a tocha.
–Adiante, pequena, deixem que lhes sinta de novo.
Ela gritou uma vez mais, tratando de retroceder.
–Drystan!– a poderosa voz se pulverizou como um trovão através do passadiço. A criatura a soltou imediatamente. Ela se volteou para ver o Kerrigan tomar grandes e rápidas pernadas para eles. Agarrou à criatura e o golpeou tão forte que a criatura ricocheteou na parede. 
–Não tem que assustá-la, – ele grunhiu.
Moveu-se para golpeá-lo uma vez mais, mas Seren deteve sua mão para deter o golpe. –Por favor, era somente uma brincadeira. Não me fez mal algum. A raiva em seu bonito rosto se dissipou. A criatura, quem agora tinha seus lábios sangrentos, olhou-a com um cenho de incredulidade. Kerrigan lhe lançou um olhar feroz à criatura enquanto seus olhos tinham esse vermelho brilhante. –lhes largue de minha vista, verme. Correu a toda pressa apartando-se deles até que se desvaneceu em uma das curvas do corredor. Seren estava horrorizada pela conduta do Kerrigan. 
–Por que o atacou?
A raiva se apoderou de todo seu corpo. –Não entende as regras daqui.
–Não, não se incluem castigar as pessoas por coisas tão corriqueiras. Sua reação foi extremamente forte e desnecessária por tão pequena ofensa.
O se burlou dela. 
–E se lhe permite sair-se com a sua por isso, fará-se mais valente e mais perigoso. Confie em mim, sei. A menos que seja sufocada imediatamente, a malícia tão somente aumenta.
–Não senti sua malícia.
–Então é uma parva.
Ela se endireitou ante seu insulto. 
–E me segue dizendo isso. Muito bem, levarei a minha tola pessoa de volta a minha habitação onde não lhes possa ofender ainda mais. – começou a apartar-se dele.
–Pensei que tinha fome.
–Perdi meu apetite.
Continuou caminhando pelo passadiço sem olhar atrás. Quando se aproximava da curva que a levaria a sua habitação, Kerrigan apareceu à frente dele. –Deve comer.
Ela pôs a um lado o medo que tinha ante seus profanos poderes. Não lhe faria bem entrar em pânico. Sua mãe a tinha criado para ser forte ante qualquer provocação… embora para ser honesta, duvidava que sua mãe tivesse pensado em uma provocação como este. 
–Se me negar golpear-me-á também?
Ele se viu desconcertado por ela.
 –Por que está tão zangada por como tratei a um grayling? Comeria-te o coração tão rápido como tem que te olhar. Quão único respeitam é há um pouco mais poderoso ou mais sinistro que eles mesmos.
–A força nunca fará o correto.
Parecia muito mais desconcertado. 
–Que?
–É algo que um histrião disse sobre o rei do Camelot. O propósito deste castelo era servir de amparo contra o mal. A meta dos cavalheiros da Mesa Redonda era proteger a aqueles que não podiam proteger-se…
–Não há cavalheiros aqui, Seren. Só demônios.
Suas palavras lhe deram que pensar.
 –Você incluído?
–Sim, assim mesmo.
–Então sinto por você, meu senhor. Todo mundo deveria conhecer a bondade e a compaixão.
Suas palavras pareceram zangá-lo uma vez mais.
–Ora, retorna a sua habitação. Não me importa se morrer de fome ou não. – E se separou dela e começou a afastar-se.
–Meu senhor?
Se deteve e se voltou para olhá-la.
–Têm um nome?
O olhou a um lado antes de lhe responder. 
–Não, não o tenho. Tão somente sou conhecido pelo título fey que lhe é dado a aquele que está ao mando dos demônios. Você pode me chamar tão só Kerrigan.
Kerrigan. Era um nome forte e de alguma forma lhe sentava para o papel que lhe tinham escolhido. De toda forma, não era o nome que ela queria. 
–Mas o nome que tinha antes de chegar aqui, Qual era?
Seus olhos brilharam como o mesmo fogo ante ela. 
–Chamavam-me moço, bastardo ou verme. Agora tão somente respondo a aqueles com a folha de minha espada.
Seu coração se apertou ante suas palavras. Que horrível para o nem sequer ter tido algo tão simples como um nome que fora dele. 
–Sinto muito, meu senhor. Nenhum homem deveria estar sem um nome.
O inclinou sua cabeça para estudá-la atentamente. 
–Não me tem medo, não é assim, ratinho?
– Deveria ter?
–Todo mundo tem. – seu tom era frio e agudo.
–Mas deveria lhes ter medo?
Kerrigan alargou sua mão para passá-la sobre seu cabelo. Se, deveria está-lo. Não tinha respeito por nada ou ninguém. A vida, assim fosse a sua ou a de alguém mais, não tinha valor no que ao respeitava. Ainda assim não queria que esta pequena mulher lhe temesse. 
–Não, Seren. Não tem nada que me temer. – Trouxe a mecha de cabelo a seus lábios, cheirou o fraco mas doce aroma das rosas nela.
Seren tremia ante a visão de um homem tão escuro, tão feroz, sendo carinhoso. Era incongruente e confuso. Soltou-lhe o cabelo e logo o acomodou. 
–Vêem e come, moça. Precisa repor sua força.
Ia recordar lhe o que disse sobre não lhe importar, mas decidiu ficar calada. Ela estava, de fato, faminta. Ofereceu-lhe seu braço. Seren tomou, logo o retirou vaiando. Sua armadura negra era tão fria que lhe queimava a pele. 
–Me perdoem,– o disse, apartando-se de seu lado. –Esqueci esse detalhe.
–Por que é tão frio?
–É a natureza de minha existência. Minha armadura só conhece o calor sob um sol humano, de outra forma é a mesma temperatura que minha pele.
Ela franziu o cenho de uma vez que se esfregava as mãos para as esquentar. 
–Sempre esta tão frio?
Um tic apareceu em sua queixada. –Sim, ratinho. Sempre.
Sem dizer outra palavra, guiou-a pelo corredor até o final onde dois comporta se abriram no que alguma vez deveu ser um grande salão. Estava limpo, mas um escuro cinza o adornava como o resto do castelo. Uma larga, brilhante e negra mesa redonda estava se localizada no meio do salão onde tinha prioridade. Cadeiras bem esculpidas estavam se localizadas a seu redor. Como Kerrigan, era formosa e sinistra. Olhando-a, perguntou-se se era a mesa de lenda. 
–É essa…?
–Não– Kerrigan a interrompeu rapidamente. Este é o Cercle du Damné. Similar à Mesa Redonda do Arturo, mas muito diferente.
–De que maneira?
Apartou-lhe uma cadeira à frente de onde já havia um prato com comida, talheres e um cálice dourado. 
–Tomem assento, Seren.
Ela fez o que lhe pediu.
–Tomem.
–Mas meu cálice está vazio. – As palavras logo que tinham saído de sua boca quando veio apareceu no cálice. Ela o olhou espantada. Uma divertida luz pareceu dançar nos olhos de meia-noite do Kerrigan. 
–Não há nenhum encantamento em sua comida, ratinho. Pode comer e beber em paz.
Ainda assim, ela duvidou ao cheirar o aroma do vinho. 
–Posso confiar em que será honesto comigo?
–Não, não pode. Nunca. Mas nisto não minto. Come sem medo.
Havia muita comida para somente uma pessoa. 
–Importar-te-ia compartilhá-la comigo?
Kerrigan olhou com nostalgia a comida antes de negar com a cabeça. Como desejava poder provar essa comida, mas não o tinha feito em inumeráveis séculos. O se moveu ao outro lado da mesa enquanto ela começava a comer. Era extremamente formosa enquanto cortava seu cordeiro assado com graça e o trazia para seus lábios. Fechou os olhos como se saboreasse seu sabor. Suas maneiras, a diferença dos seus eram impecáveis. A primeira vez que veio aqui, tinha comido com suas mãos como um selvagem. Morgen tinha sentido repulsão e era por isso que a comida já não o podia sustentar.
–Teremos que encontrar algo que lhes alimente e que possam digerir sem que me causem asco.
Morgen fazia muito por trocá-lo do homem que tinha sido. Claro, o já nem sequer recordava o que era ser humano. Ao menos não o tinha feito até que tinha visto a parva e confiada diante dele. Ela se deteve em comer para olhá-lo. 
–Estou fazendo algo mau?
–Não, por que lhes perguntam isso?
–Olham-me tão intensamente que me põem nervosa.
O negou com a cabeça ante suas inocentes palavras. 
–Nunca deve lhe dizer a alguém que lhes põenervosa, ratinho.
–Por que não teria que fazê-lo?
–Fará-lhes aproveitar-se de ti pois sabem que ficam incômodas.
–Ou os faz parar a conduta que causa o desconforto.
E se burlou dela. –É eternamente ingênua, não é assim?
–Não acredito. Somente acredito que a maioria da gente fará o correto quando puderem fazê-lo.
Sim, é uma ingênua mulherzinha. 
–Pois penso o contrário. Tão somente acredito em que a gente se aproveitará de qualquer situação sempre e quando servir a seus propósitos.
–E que vantagem têm ao me ter aqui, comendo sua comida e vestida com seu vestido?
–É minha prisioneira. Minha vantagem é a ter aqui. Estou-lhes usando para obter o que quero.
–E que é o que buscas?
–A Mesa Redonda do Artur.
Seren franziu o cenho ante sua busca. 
–E por que a querem?
Não tinha nada que fazer respondendo sua pergunta, mas que dano poderia haver? Não é como se ela pudesse fazer algo para detê-lo e não era como se Merlín não soubesse exatamente por que a Mesa era importante para eles. 
–Em seu centro possui uma grande magia. Uma que quando é combinada com os outros objetos sagrados é capaz de fazer ao que a possui invencível. Com ela aqui, não haveria ninguém que nos detivera de controlar o mundo.
Podia ver que em seu inocente rosto só esse conceito a desconcertava. 
–Por que quereria controlar o mundo, meu senhor? Que ponto pode haver nisso?
–Se deve fazer essa pergunta, então não pode de nenhuma forma envolver sua pequena inteligência ao redor do conceito para entender a resposta. Sou um bastardo egoísta e egocêntrico. Somente quero seguir minhas próprias regras. Como um grande homem alguma vez disse, é bom ser rei.
Seus olhos lhe responderam bruscamente. 
–Obrigado, meu senhor, pelo insulto a meu intelecto. Mas terei que devolver-lhe ao dizer que é certamente um homem com uma mente muito pequena o que não lhe pode permitir a outros ter seu próprio pedaço do mundo. É um lugar extremamente amplo com suficiente lugar para todos.
Kerrigan se surpreendeu ante sua reposta zangada. 
–É o suficientemente parva para me insultar?
Levantou-lhe o queixo para penetrá-lo com um olhar malicioso. 
–Insultou-me primeiro.
Kerrigan sentiu algo que não tinha sentido em séculos. Humor. Na verdade riu de sua audácia. Surpreendia-o. Qualquer outro que se atrevesse a lhe insultar estaria já morto no piso. Mas esta mulher… Assombrava-o.
–É uma mulher valente.
–Em realidade não. Tão somente sou honesta.
–Pois encontro sua honestidade refrescante.
Seren continuou comendo, mas seguia inquieta pela forma em que Kerrigan a seguia olhando, como se fora um festim e o estivesse faminto. Ao terminar sua comida, começou a levantar-se. Kerrigan desapareceu de seu assento para aparecer diretamente detrás de sua cadeira para que pudesse apartar a da mesa para ela. Ela saltou ante sua repentina aparição.
–Me perdoem por lhes assustar.
–Como faz isso?
Encolheu os ombros enquanto lhe corria a cadeira. 
–Penso-o e acontece.
Ela se deu a bênção. –É o demônio, não é assim?
–Sim, minha Senhora sou. Maldito e condenado. 
E ainda assim havia algo nele que recordava a uma alma perdida que queria ser encontrada uma vez mais. Era estúpida ao pensar nisso. Não tinha idéia nem de por que o pensava quando lhe parecia prazenteiro ser mau. E se inclinou para ela ligeiramente, sua presença assustadora de uma vez que parecia cheirar o ar a seu redor. As esquinas de sua boca se levantaram. Suavizava a dureza de seus rasgos e o frio em seu olhar. 
–É melhor que retornem a sua habitação agora.
–Por quê?
–Sou um homem com uma paciência bastante finita, minha Seren. Não estou acostumado a me negar os pequenos prazeres que posso ter. E você… você põe a prova os limites do pouco autocontrole que possuo – Alargou uma de seus frite mãos para passá-la por sua bochecha.
Seren podia sentir como o calor se ia de suas bochechas. Ao estar frente a ele, seu olhar caiu a seu pescoço, e aí viu o amuleto de estrela que Magda lhe tinha mencionado. Com seu coração palpitando, ela tentou tocá-lo. Kerrigan lhe capturou sua mão imediatamente. 
–Que é o que faz?
–É… é formoso.
Apartou-lhe sua mão e retrocedeu. 
–Vá, Seren. Antes que seja muito tarde para ti.
Em um instante estava frente a ele, no outro já estava em sua habitação. Só que agora já não havia porta alguma. Ela passou saliva com dificuldade agora com mais terror que o de antes. Que ia fazer agora? Kerrigan era tão poderoso, tão sinistro. Como poderia ela escapar dele? Não tem alternativa. Não, não a tinha. De alguma forma tinha que escapar deste maldito lugar e voltar para seu lar.
CAPITULO 4
Kerrigan se reclinou no assento coberto de almofadas de seu grande trono negro, enquanto ele olhava ao Morgen “entreter” aos outros membros de seu Cercle du Damné. Ao igual a ele, os outros cento e quarenta e nove homens e mulheres de sua irmandade alguma vez haviam sido humano. Alguns deles até se sentaram na Mesa Redonda com o Arturo e tinham prometido usar suas espadas para a bondade. Mas já não havia bondade ou humanidade no Camelot. Da mesma forma que seu famoso rei, faz tempo se tinha ido e era mais que provável que nunca retornasse outra vez. Com uma mão descansando sobre a cabeça do dragão esculpida no braço de seu trono, Kerrigan inclinou sua taça para beber um profundo gole de um vinho que nunca lhe poderia alimentar. Nem lhe podia embebedar.
–Venha, meu rei– Uma formosa fêmea Adoni lhe rogou enquanto se aproximava de seu estrado. Seu traje de noite negro tinha um decote que descendia até o final de seu umbigo, deixando ao descoberto a maior parte de seu abdômen e peitos, dos quais as pontas estavam pintadas de um vermelho vivo que destacavam de maneira tentadora contra o material de seu vestido. Era uma mulher amplamente dotada, que de seguro o agradaria por um momento ou dois. 
–Não se unirá a nós para um baile?
Kerrigan deslizou seu escuro olhar para onde seus cavalheiros demoníacos estavam reunidos dançando com os fey. Alguns deles já se tombavam desavergonhadamente nus nas esquinas, desinteressados de quem pudesse observá-los ao tratar de saciar seus corpos. A forte música de baile que se escutava através do quarto vinha dos CDs que Morgen havia trazido de suas viagens no futuro –ao igual a muitos dos residentes daqui, amava a graça e o estilo do medieval, mas preferia as conveniências e brinquedos das sociedades futuras. E uma de suas inclinações era para um estilo de música de princípios do século vinte e um conhecido como Dark Wave ou Onda Escura. Caía-lhe como anel ao dedo, considerando todas as coisas. Pessoalmente, poderia tomar ou deixar a música. Em realidade, poderia tomar ou abandonar aos habitantes do Camelot. Fazia muito tempo que se cansou deste lugar e das criaturas que chamavam a este sítio seu lar. Queria mais que a fria paixão fey que davam descuidadamente seus beijos e corpos. Um apito era tão bom para eles como qualquer outro.
–Saia de minha vista– respondeu-lhe bruscamente.
Os olhos vermelhos da Adoni cintilaram. Atacaria se não fora por que sabia a loucura de tal ação. Franzindo os lábios, deixou-lhe para procurar a outro dos cavalheiros.
–O que diz, meu senhor? Esta doente?
Kerrigan se esticou ao escutar a voz que chegou do encosto de seu trono. 
–Não ponha detrás de mim Blaise. Não se desejas seguir vivendo em seu estado atual.
A alta e ágil mandrágora, apareceu à esquerda do trono do Kerrigan. Nascido com albinismo, Blaise tinha sido expulso por sua gente supersticiosa quando não era mais que um bebê. Seus olhos eram de um pálido violeta mas implacáveis. Levava seu cabelo branco como à neve em uma larga trança sobre um ombro, e caía até sua cintura. Sua pele era de um tom escuro bronzeado dourado, algo que muitos não concebiam devido a sua condição. Era uma idéia falsa o que todos os albinos carecessem completamente de cor. Desde não ser pelo fato de que sabia que a mandrágora se orgulhava de suas diferenças físicas, Kerrigan teria suspeitado que a escuridão da pele do Blaise era devida a sua magia. Em sua forma humana,Blaise se acaso podia ver algo. Usava sua magia para sentir onde estava situada a gente e os objetos a seu redor. Mas em forma de dragão… sua vista era bem clara e aguda. Era sem uma dúvida uma das mandrágoras mais capitalistas ao serviço do Kerrigan e a coisa mais próxima a um amigo que ele tivesse tido em toda se vida. Embora sendo sincero, Kerrigan não entendia por que a mandrágora escolhia sua companhia. Se não soubesse bem, poderia até pensar que lhe caía bem à mandrágora. Kerrigan tomou outro sorvo de sua bebida.
–Por que não participa da orgia, meu rei?– Perguntou Blaise silenciosamente.
–Por que não o faz você?
Blaise se encolheu de ombros. 
–Senti seu desconforto. Sua inquietação. Esperava encontrar a maneira de lhe divertir, meu senhor. Deseja que tome forma de dragão?
–Não. Um passeio não fará nada para melhorar meu estado de ânimo– Nem sequer o derramamento de sangue aliviaria o fogo que atualmente fervia de maneira intensa mas lenta por suas costas. Só Seren poderia saciar seu humor. Mas ela tinha acreditado nele, e por alguma amalucada razão que não podia nomear, não queria violar essa confiança.
Repentinamente a música da sala trocou. Kerrigan fez uma careta quando ouviu a canção favorita do Morgen de um século muito adiantado ao do qual ele tinha nascido. Em momentos como este, odiava que pudessem viajar no tempo. Morgen dançou ao som da música, enquanto seus consortes masculinos Adoni a rodearam. Ele gemeu.
–Você não gosta de INXS, meu rei?– A expressão do Blaise permaneceu estóica
–Eu gostava até que sua senhora decidisse escutá-los até causar náuseas –Se nunca mais escutasse Need You Tonight3 seria muito bom.
Morgen se balançava ao som da música. Ela se volteou, olhou-lhe, e fez um gesto com seu dedo para que ele se unisse a ela. Kerrigan negou com a cabeça. Sentiu seus poderes lhe invadindo, atirando dele. Mas o se recusou a deixar que o controlasse. Aqueles dias tinham ficado muito atrás. Fechando seus olhos, convocou sua própria canção, Dou or Die de Batata Roach. Os olhos do Morgen flamejaram quando lhe devolveu um sorriso zombador. A música imediatamente retornou ao INXS com o Devil Inside.
–É o homem mais valente do mundo, meu rei, ou o mais tolo, – Murmurou Blaise a seu lado.
– Possivelmente sou ambas as coisas– disse antes de beber.
–Parece que nosso rei está possuído por algum mal-estar– Disse Morgen ao grupo enquanto se aproximava de seu trono. –O que pensam que deveríamos fazer para animá-lo?
Um de seus machos Adoni se adiantou para murmurar em seu ouvido.
Morgen sorriu com maldade. –Sim, meu mascote. Penso que essa seria uma idéia maravilhosa.
Kerrigan bocejou. Conhecendo o Adoni, qual fosse a idéia, estava garantida a aborrecê-lo ainda mais. Dois pulsados de coração mais tarde, Seren apareceu ante o Morgen. Endireitou-se imediatamente e deu seu cálice ao Blaise. 
–O que faz Morgen?– Exigiu.
Seren olhou a seu redor com pânico em seu coração. Tinha estado sozinha em seu quarto, tratando de encontrar a maneira de escapar. Quão seguinte soube, é que se encontrava em um salão dourado com uma horrível música que soava como se fossem pulsados de coração em frenesi. A voz do cantor era terrivelmente Lisa, mas as palavras eram ininteligíveis para ela. Havia formosos homens e formosas mulheres rodeando-a, mesclados com horríveis graylings e outras coisas que pareciam ser demônios de algum tipo. Mas a mulher que mais atraiu sua atenção, foi a que estava a seu lado, tendo posto um vestido tão vermelho que não se via natural. Parecia como se o material mesmo sangrasse. O cabelo comprido e loiro da mulher estava penteado em tranças diminutas que se sujeitavam em um desenho intrincado ao redor da coroa em sua cabeça com forquilhas de jóias. Esta se aproximou do Seren com uma careta sinistra em seus lábios. A mulher agarrou a manga do vestido azul do Seren e atirou dela colericamente.
 – Quem lhe pôs isto?
Kerrigan ficou de pé imediatamente, enquanto seus olhos se voltavam de um vermelho tão vibrante que correspondia com o vestido da mulher. 
–Eu o fiz.
A mulher vaiou. –Conhece as leis daqui, Kerrigan. Sou a rainha fey e ninguém usa esta cor em meu mundo. Ninguém!
–E eu sou a lei aqui, Morgen. Vai com minha coroa. Quer dizer, a menos que deseje me desafiar para obtê-la.
Seren tragou ante suas palavras quando novamente olhou os olhos da mulher que sujeitava sua manga. Poderia ser verdadeiramente a famosa Morgen O Fey? A irmã do Arturo e mãe do Mordred? Se fosse, então esta bruxa tinha malvados poderes que a permitiam converter-se em distintas bestas e encantar a qualquer que ela escolhesse. Não havia nada que não pudesse lhes fazer. Era um pensamento embriagador.
–Desafiarei-lhe por você, minha senhora – Propôs um dos cavalheiros de aparência agradável enquanto avançava entre a multidão.
Morgen arqueou uma sobrancelha ante tal idéia enquanto um sorriso lento aparecia em seus sedutores lábios. 
–Um desafiador. Mas olhe nada mais, Kerrigan, ao parecer seu reinado chegou a seu fim– Agarrou ao Seren e a empurrou para uma porta. Kerrigan se moveu zangado para elas com largas pernadas. 
–Soltem Morgen. Agora!
Seren lutou contra agarra daquela mulher. Quando Morgen se recusou a soltá-la, Seren a mordeu. Morgen gritou e a soltou instantaneamente. Sem nenhum outro sitio aonde escapar, Seren correu para o Kerrigan. Ele a encontrou e se colocou entre ela e a outra mulher. Ouviu-se o ruído do aço raspando-se quando ele desenbaiou sua espada para enfrentá-los. Seren tremeu olhando ao redor em busca de algum sitio aonde escapulir-se, mas a multidão que a rodeava lhe impediu de fazer algo semelhante. Kerrigan e ela estavam completamente rodeados. Sem dúvida alguma a levariam de volta ao Morgen se se atrevia a correr. Por conseguinte, sua decisão mais segura era dar apoio ao Kerrigan. Morgen arqueou uma sobrancelha ante a espada levantada do Kerrigan. 
–Bom, não está isto interessante? Não vi fogo em suas bochechas há séculos, Kerrigan. Me diga que tem esta patética e pequena humana, até o ponto de te atrever a levantar sua espada contra mim para protegê-la?
–Você me deu isso, Morgen. Recorda? Disse que seria minha para fazer com ela o que quisesse até que ela já não fosse útil. E protejo o que é o meu, assim seja este trono, minha espada… ou ela.
–Isso não soa nada consolador– Disse Seren em um tom que estava segura Morgen e outros não poderiam ouvir.
Kerrigan lhe lançou rapidamente um olhar irritado.
Devolveu-lhe seu próprio olhar irado. 
–Bom, não sou seus sapatos– murmurou. –Sou uma pessoa… com valor.
O olhar desdenhoso em sua cara lhe disse que ele talvez não compartilhasse seu ponto de vista.
–Está-te rebelando?– Perguntou Morgen.
Ele devolveu um irado olhar à rainha fey. 
–Fá-lo você?
Sua risada insidiosa se ouviu sobre a música e ecoou no vestíbulo. Morgen cruzou a distância entre eles. Com um atrevimento incomparável, apartou sua espada com sua mão aproximando-se até que as pontas de seus pés se tocaram.
–Cuidado, meu senhor– disse em um tom quase doce. –Recorda quem foi quem te deu todos seus poderes. Damé Fortuna é inconstante. Um dia um camponês, ao seguinte um rei, e ao outro dia, um camponês outra vez.
Não se sobressaltou. –Um dia uma bruxa, ao seguinte uma má lembrança.
Seren ofegou ao ver como os olhos do Morgen mudou entre amarelo e laranja.
–Tostig,– respondeu bruscamente ao cavalheiro que se ofereceu a opor-se ao Kerrigan.
 –Vistam sua armadura. Matem ao rei e tomarão seu lugar.
Seren aspirou bruscamente ante essas palavras. Estava bastante segura de que se o cavalheiro negro era destronado, então não iria nada bem. Kerrigan negou com a cabeça. 
–Pare Tostig. Não tenho desejos de diminuir meu exército sem necessidade.
Uma lustrosa armadura negra, que não se parecia com nada que Seren tivesse visto antes, apareceu no corpo do cavalheiro antes que ele empunhasse uma espada negra com a folha mais estranha que ela tivesse contemplado em toda sua vida. Em lugar

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