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A pele é muito generosa nos caso de neoplasias, mais de 50 condições dermatológicas são conhecidas como marcadores de malignidade. Os acometimentos podem ser diretos, por metástases, ou indiretos (causados por fatores inflamatórios, proliferativos ou metabólicos), as paraneoplasias dermatológicas. Para avaliar a relação causal entre alterações cutâneas e potencial de malignidade dispomos dos critérios de Curth, sendo essencial 1, 2 e 6: 1, 2, 3 RIVITTI, 2018 (Modificado) Abaixo temos um quadrinho que relaciona algumas sinais dermatológicas e as neoplasias que mais comumente a causam: SILVA & CO, 2013 Destacarei aqui três tipos, todos de pesquisa obrigatória, ao contrário da provável dermatomiosite do senhor Onofre. A acanthosis nigricans maligna ocorre de forma igualitária em ambos os sexos e não há predileção racial apenas etária, por volta da quinta década de vida.2, 3 Tem início súbito atingindo grandes extensões e simétricas (especialmente axilas, fossa cubital, submamária, e região inguinal), segue atingindo áreas atípicas como interdigitais, articulares, pálpebras, periorais. As lesões tornam-se levemente infiltradas, com placas hiperqueratóticas aveludadas. Podem ser acompanhadas de prurido generalizado, pachydermatoglifia adquirida (acometimento da região palmoplantar) e/ou sinal de Leser-Trélat (queratose seborreica). A acanthosis nigricans maligna está associada a 90% de todos os cânceres abdominais, nas neoplasias de pulmão costuma ser mais branda.1, 3 CACCAVALE, 2018 O eritema gyratum repens é raro, mas está entre as mais “claras” que nós possamos ver entre estas síndromes paraneoplásicas. É mais comum entre 60 e 70 anos e entre homens. É disseminado e ondulado, aumenta muito rápido, causa prurido e descamação. Ao contrário da dermatomiosite costuma poupar mãos, pés e rosto. Nunca, em hipótese alguma, devemos ignorar um paciente com este quadro, 82% deles estão associados a neoplasia, a maior parte deles câncer de pulmão.1, 3 SILVA & CO, 2013 Por último, temos o eritema acantolítico migratório que pode ser confundido com os achados do senhor Onofre a olhos não treinados. É comumente associado a intolerância à glicose e hiperglucagonemia, devido a um tumor de células alfa pancreáticas. É mais comum em mulheres após os 45 anos e costuma se adiantar uma média de três anos até a detecção do tumor. Inicia-se com rash maculopapular rosado, irregular e proeminente em áreas de contato. Podem ser pruriginosas, dolorosas e associadas a sintomas neuropsiquiátricos, além disso a perda de peso é muito prevalente. Algumas vezes formam bolhas que rompem e podem ser complicadas por Staphylococcus aureus.1, 2, 3 SILVA & CO, 2013 Referências: 1. SILVA, Josenilson Antônio da et al. Paraneoplastic Cutaneous Manifestations: Concepts and Updates. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 88, n. 01, p. 09-22, 2013. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3699944/>. Acesso em: 18 set 2018. (Fator de impacto 0,63 em 2015, semelhante ao Qualis B2). 2. RIVITTI, Evandro A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4ª ed. São Paulo: Artes Médicas, 2018. Cap. 81. 3. CACCAVALE, Stefano et al. Obligate and Facultative Paraneoplastic Dermatoses: an Overview. Dermatology Practical & Conceptual, [S.I.], v. 08, n. 03, p. 191-197, 2018. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6092071/>. Acesso em: 18 set 2018. (Revista não avaliada com fator de impacto, o que não impede o artigo de ser muito coerente, bem escrito, com excelente metodologia).