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Administração de Recursos Humanos Márcio Rodrigues Zenker Adaptada/Revisada por Sandra Vilela Sequeira (janeiro/2013) APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Administração de Recursos Humanos, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ................................................................... 7 1.1 Introdução ..........................................................................................................................................................................7 1.2 Coceituações .....................................................................................................................................................................8 1.3 Desenvolvimento Histórico de Recursos Humanos ...........................................................................................9 1.4 Contexto Atual de Recursos Humanos ................................................................................................................12 1.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................14 1.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................15 2 MODELOS DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS ...................................................... 17 2.1 Conceituação .................................................................................................................................................................17 2.2 Fatores Condicionantes do Modelo de Gestão de Recursos Humanos ...................................................18 2.3 Elementos Componentes do Modelo de Recursos Humanos ....................................................................20 2.4 Resgate Histórico dos Modelos de Gestão de Recursos Humanos ...........................................................21 2.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................23 2.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................23 3 PROCESSOS DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS .......................... 25 3.1 Abordagem Orientada para Processos Operacionais .....................................................................................25 3.2 Processos de Gestão de Pessoas na Visão de Dutra ........................................................................................26 3.3 Processos de Gestão de Pessoas na Visão de Chiavenato .............................................................................29 3.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30 3.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................31 4 INDICADORES DE RECURSOS HUMANOS ......................................................................... 33 4.1 Noções Básicas...............................................................................................................................................................33 4.2 Avaliação dos Macroprocessos de Recursos Humanos .................................................................................34 4.3 Medição da Produtividade em Recursos Humanos ........................................................................................37 4.4 Abordagem Orientada para o Clima Organizacional .....................................................................................38 4.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................43 4.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................44 5 TENDÊNCIAS EM RECURSOS HUMANOS ........................................................................... 45 5.1 Consultoria Interna de Recursos Humanos ........................................................................................................45 5.2 Coaching e Metoring ....................................................................................................................................................47 5.3 Qualidade de Vida no Trabalho ...............................................................................................................................48 5.4 Avaliação e Desenvolvimento de Competências .............................................................................................50 5.5 Endomarketing ..............................................................................................................................................................52 5.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................53 5.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................54 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 55 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 57 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 61 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), A forma como as organizações praticam a Administração de Recursos Humanos (RH), ou Gestão de Pessoas, tem passado por grandes transformações nas últimas décadas. Essas transformações vêm sen- do causadas por mudanças que ocorrem no ambiente no qual as organizações estão inseridas e no seu próprio ambiente interno. Como exemplo, podemos citar: globalização, avanço da tecnologia, clientes cada vez mais exigentes, mudanças organizacionais contínuas, necessidade de constante atualização do conhecimento, mão de obra diversificada e com demandas de desenvolvimento profissional, emprega- bilidade e qualidade de vida. Além dessas pressões, há cada vezmais a consciência de que o maior diferencial competitivo que as organizações podem ter é as pessoas. Sendo assim, é preciso rever conceitos, premissas, técnicas e ferramentas para a gestão de pessoas e repensar o papel das posições de liderança e de suas equipes, e o próprio RH. A imagem do RH como uma área encarregada de tarefas burocráticas como pagamentos, fluxo de papelada e cálculos de férias e como um centro de custos fica para trás e o RH vai se transformado em uma área estratégica nas organizações. O RH deixa de ser visto como uma área preocupada em cuidar dos problemas das pessoas e passa a ser visto como um gestor de negócios, que administra um dos “re- cursos” mais importantes e complexos de uma organização: as pessoas. Nesta disciplina, abordaremos a evolução histórica da Administração de Recursos Humanos, a si- tuação atual e as tendências, aprofundando temas como: processos de recursos humanos, indicadores de RH, clima organizacional, avaliação e desenvolvimento de competências, endomarketing, consultoria interna de RH, coaching e mentoring. Dessa forma, a disciplina visa a introduzir o tema de Recursos Humanos e fornecer uma visão sistê- mica de RH, além de clarificar conceitos e formas de aplicação, proporcionando melhor compreensão da área e facilitando o administrador a atuar nesse campo. Será um prazer acompanhá-lo(la) ao longo desta jornada. Profa. Sandra Sequeira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS1 Caro(a) aluno(a), Neste nosso primeiro capítulo, abordare- mos os conceitos de Administração de Recursos Humanos (ARH), ou Gestão de Pessoas, e a evolu- ção histórica da área de RH. O estudo deste tema é muito importante, para que você possa ter um adequado quadro histórico do papel desempenhado e da impor- tância do RH. Convido você a ler, analisar e refletir sobre a evolução da ARH no mundo e no Brasil e iden- tificar o atual estágio das nossas organizações no que se refere ao tema. Historicamente, no Brasil e no mundo, a ARH esteve mais ligada às funções da área orga- nizacional conhecida por Recursos Humanos. Por funções tradicionais da área, podemos entender Recrutamento, Seleção, Admissão, Treinamento e Desenvolvimento, Cargos e Salários, Benefícios, Avaliação de Desempenho e Potencial, Pesquisa de Clima Organizacional, Planejamento de Re- cursos Humanos etc. Essas funções eram pratica- das por profissionais alocados no departamento de RH. A partir da década de 1990, as organiza- ções começaram a descobrir que seus gestores deveriam praticar recursos humanos, implican- do, então, uma mudança na área, que passou de operacional para apoio. Assim, gerentes foram preparados por muitas organizações para assu- mir o papel de Gestores de Recursos Humanos. Como você verá neste capítulo, o termo ‘Gestão de Pessoas’ passou a substituir, em parte, o termo ‘Administração de Recursos Humanos’. Nesta disciplina, usaremos os termos como sinônimos, pois as organizações e a literatura ora usam um termo ora outro. 1.1 Introdução Ao fazermos referência à ARH ou Gestão de Pessoas, estamos levando em conta algumas li- nhas mestras: Saiba maisSaiba mais De acordo com Lacombe (2005, p. 19-20), os adminis- tradores dos recursos humanos são os chefes, os ge- rentes de cada unidade da empresa. A área de RH ou Gestão de Pessoas deve, por exemplo: • sensibilizar os gerentes sobre a importância da equipe para o alcance de resultados; • “educar” os gerentes para que eles atuem como educadores de sua equipe; • orientar e apoiar os gerentes e prestar-lhes servi- ços, mas a cada gerente cabe a administração dos recursos humanos da empresa; • manter-se informada sobre o “estado da arte” nos assuntos de recursos humanos, trazendo esses conhecimentos para a organização; • administrar as atividades, que devem ser executa- das de forma centralizada, e atuar como elemen- to aglutinador de pessoas; • zelar pelo tratamento ético e justo de cada pes- soa da organização, orientando os gerentes. Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 fazendo referência a essa área específi- ca da estrutura organizacional do ponto de vista interno e de suas relações com a organização, mercado e sociedade; fazendo referência ao papel do admi- nistrador como líder de pessoas que necessita conhecer princípios e práticas de recursos humanos; fazendo referência a projetos e progra- mas desenvolvidos pelas organizações com destaque nas pessoas e grupos. Para Dutra (2002, p. 17), Gestão de Pessoas significa “um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo“. Conjunto de políticas e práticas diz respeito a políticas como princípios e diretrizes que bali- zam decisões e comportamentos da organização e das pessoas em sua relação com a organização. Prática é os diversos tipos de procedimentos, mé- todos e técnicas utilizados para a implementação de decisões e para nortear as ações no âmbito da organização e em sua relação com o ambiente ex- terno (DUTRA, 2002). Afirma Dutra (2002) que a conciliação de ex- pectativas está relacionada ao compartilhamento de responsabilidades entre a empresa e a pessoa. Nessa abordagem, a pessoa tem papel ativo no dimensionamento de sua relação com a empresa. Fidelis e Banov (2007) ressaltam, assim como Dutra (2002), a questão das políticas e prá- ticas, afirmando que a ARH é uma área focada nas políticas e práticas empresariais para administrar as pessoas em seu ambiente de trabalho. Ainda segundo os autores, a estrutura de RH varia de uma organização para a outra, conforme históri- co e necessidades. Para Chiavenato (1999, p. 6), a ARH é constituída de subsistemas interdepen- dentes [...] que formam um processo através do qual os recursos humanos são captados e atraídos, aplicados, mantidos, desenvolvidos e controlados pela orga- nização. Contudo, esses subsistemas não 1.2 Coceituações são estabelecidos de uma única maneira. São contingências ou situacionais: variam conforme a organização e dependem de fatores ambientais, organizacionais, hu- manos, tecnológicos, etc. Xavier (2006), na sua definição de ARH, res- salta a característica de assessoria que a ARH ou Gestão de Pessoas deve ter, assim como sua im- portância em relação à conciliação de expectati- vas e em relação à comunicação organizacional. De acordo com o autor, a área de RH deve “asses- sorar o gestor em suas necessidades e prover trei- namento, comunicação institucional e programas e políticas que levem o quadro de funcionários a entrar em real sintonia com as demandas estraté- gicas da organização.” (p. 21). AtençãoAtenção Importância atual da ARH ou Gestão de Pessoas Milione (2002) traz para a definição de Gestão de Pessoas importantes aspectos do foco atual da área. De acordo com o autor, a Gestão de Pesso- as é um “conjunto de estratégias, técnicas e pro- cedimentos focado na mobilização de talentos, potenciais, experiências e competências do qua- dro de colaboradores de uma organização, bem como a gestão e a operacionalização das normas internas e legais incidentes.” (p. 317). Nessa de- finição, podemos perceber a importância atual das pessoas para as organizações, assim como a questão das políticas e práticas levantada por Dutra (2002), Fidelis e Banov (2007). Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Gil (2001) também reforça a ideia de que a Gestão de Pessoas é uma responsabilidade ou função gerencial e não especificamente da área de RH. De acordo com o autor: Gestão de Pessoas é a função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuamnas organizações para o alcan- ce dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais. Constitui, a rigor, uma evolução das áreas designadas no passado como Administração de Pessoal, Relações Industriais e Administração de Recursos Humanos. Essa expressão surge no final do século XX e guarda similarida- de com outras que também vêm popula- rizando-se, tais como Gestão de Talentos, Gestão de Parceiros e Gestão do Capital Humano. A expressão Gestão de Pessoas visa subs- tituir Administração de Recursos, que, ainda mais, é a mais comum entre to- das as expressões utilizadas nos tempos atuais para designar os modelos de lidar com as pessoas nas organizações. (GIL, 2001, p. 17). ARH Multidisciplinar Por ser multidisciplinar, a ARH congrega a Sociologia Organizacional, Psicologia do Trabalho, Legislação Trabalhista e Previden- ciária, Medicina do Trabalho, Higiene, Saú- de e Segurança no Trabalho, Serviço Social etc. (FIDELIS; BANOV, 2007). CuriosidadeCuriosidade Pelo que você leu até o momento, já deve ter percebido que a ARH, ou a Gestão de Pessoas, passou por um processo evolutivo no decorrer de sua existência. A ARH passou de um departa- mento puramente operacional, preocupado com a aplicação da legislação e em aparar arestas da relação capital-trabalho, para uma atuação estra- tégica. Caldas, Tonelli e Lacombe (2002) apresen- tam uma descrição da evolução histórica do que entendemos por ARH/Gestão de Pessoas. Caro(a) aluno(a), vale a pena você observar esse resumo da evolução, para que possa ter um quadro mais significativo de como começou a ARH e de como se encontra atualmente. Sendo assim, a seguir você tem o resumo dos principais pontos aborda- dos pelos autores, no que diz respeito à evolução do RH no mundo e no Brasil. De acordo com Caldas, Tonelli e Lacombe (2002), a evolução histórica da ARH/Gestão de Pessoas pode ser dividida em quatro períodos. 1.3 Desenvolvimento Histórico de Recursos Humanos Do Final do século XIX à Primeira Guerra Mundial No mundo: Gestão de Pessoal não é siste- matizada; Concepção e execução do trabalho descentralizado; Remuneração por peças; Con- trole e gestão pessoal exercidos pelo capataz. Nesta fase, também havia divisão do tra- balho e das responsabilidades entre gerentes e trabalhadores, cada qual fazendo aquilo que era mais apropriado. Saiba maisSaiba mais Primórdios da Gestão de RH A figura do capataz é, no primeiro período da evolução do RH, a mais representativa do que se poderiam considerar os primórdios de um modelo de gestão de recursos humanos. Ele era o responsável pela contratação e demissão de funcionários para uma fábrica que centralizava a produção e a organização do trabalho, mas que ainda guardava um modo de produção próximo do artesanal (CALDAS; TONELLI; LACOMBE, 2002, p. 64-65). Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 No Brasil, a mão de obra quase escravocra- ta, vamos encontrar que, nesse período, a indus- trialização no Brasil ainda era incipiente. Além disso, a economia era predominantemente agrí- cola. Esses fatores promoviam a manutenção de um modelo de relações de trabalho mais próxi- mo do sistema escravocrata. Você pode, então, imaginar que, nesta fase, a gestão de recursos humanos não era um tema de interesse. O Período entre Guerras No mundo, o Departamento de Pessoal com funções de recrutamento, seleção, treinamento e remuneração. Surgimento dos departamentos de Relações Industriais e Relações Humanas. Este período marcou a preocupação com a gestão de pessoas nas organizações, mas ainda de forma segregada da administração de outros tipos de “recursos”, como os materiais e financei- ros. “As empresas passaram a estruturar a gestão dos recursos humanos em torno do Departa- mento de Pessoal (DP), responsável por recrutar, selecionar, remunerar e demitir funcionários fun- damentalmente com base nas idéias tayloristas.” (CALDAS; TONELLI; LACOMBE, 2002, p. 64-65). Na década de 1920, o foco da ARH nas or- ganizações era tipicamente a seleção científica de pessoal – a colocação da pessoa certa no lugar certo – prescrita por Taylor. No Brasil, o Departamento de Pessoas (con- tratação, remuneração e demissões de funcioná- rios, responsabilidades legais); Manutenção dos padrões agrícolas nas relações de trabalho; Pater- nalismo. Apesar de haver certo grau de estruturação nas relações de trabalho e em algumas das fun- ções do processo que hoje atribuímos a Recursos Humanos, como recrutamento e remuneração, o modelo adotado, em geral, reproduzia as relações da economia agrícola, essencialmente paternalis- ta e quase escravocrata, com péssimas condições de trabalho, baixa remuneração e quase nenhu- ma atividade de treinamento e gestão estrutu- rada de pessoas (CALDAS; TONELLI; LACOMBE, 2002). Neste período, houve o surgimento do De- partamento de Pessoal (DP) no Brasil, com papel limitado e burocrático. Esse DP permitiu o início da segregação e da centralização das atividades de recrutamento, seleção, remuneração e demis- são. É importante ressaltar que o DP era estrutu- rado para fazer as tarefas e requisitos legais que começavam a ser exigidos por legislação ou por práticas regulamentadas da gestão do trabalho. Assim, neste período, o DP não era uma área valo- rizada na empresa brasileira típica. AtençãoAtenção A partir da divulgação dos experimentos de Ha- wthorne, no início dos anos 1930, o modelo pres- critivo da incipiente atividade de recursos hu- manos ampliou-se e passou a tratar de questões mais complexas, que envolviam as chamadas ”re- lações humanas” ou “relações industriais”, como, por exemplo, grupos, liderança, motivação, ati- tude, comunicação, variáveis que passaram a ser consideradas na análise da produtividade e da satisfação das pessoas no trabalho (CALDAS; TO- NELLI; LACOMBE, 2002, p. 66). A depressão de 1929 provocou, no Brasil, a crise do café e acelerou o processo de in- dustrialização, especialmente no eixo Rio- -São Paulo. Nessas indústrias, até existia certo grau de estruturação nas relações de trabalho e em algumas das funções do processo que hoje atribuímos a recursos humanos, como recrutamento e remune- ração. Nessa época, começou-se a observar a necessidade de mão de obra mais espe- cializada e houve a criação, em São Paulo, do Liceu de Artes e Ofícios, com o objetivo de treinar e formar pessoas com habilida- des específicas demandadas pela indústria (CALDAS; TONELLI; LACOMBE, 2002). CuriosidadeCuriosidade Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Da Segunda Guerra Mundial aos Anos 1980 No mundo: Transformações do DP em De- partamento de Recursos Humanos (engloba as áreas de DP e Relações Industriais (RI), além de haver preocupações com motivação, liderança e retenção de funcionários); Carreiras hierarqui- zadas; Surgimento de modelos de gestão de RH orientados para a “organização flexível”. Neste período, a velocidade das mudanças que ocorriam no ambiente organizacional au- mentou, gerando para as organizações a necessi- dade de retenção de pessoas cada vez mais capa- citadas para trabalhar em ambientes de incerteza e de tecnologias sofisticadas. O gerente assumiu seu lugar e passou a ser o responsável por controlar os empregados e conseguir os resultados esperados. Aí que se iniciou a “descentralização” da gestão de recursos humanos, que começou a ser entendida como uma atividade que deveria estar parcialmente na função de RH, por um lado, e na atuação cotidia- na de cada gestor de pessoas, por outro. A administração de recursos humanos dos anos de 1960 e 1970 reflete a tendên- cia à mudança, as incertezas políticas e econômicas e a multiplicação de teorias e abordagens de gestãode organizações. Observa-se, especialmente, a ênfase na necessidade de ampliação do papel da área da gestão de pessoas dentro das or- ganizações. (CALDAS; TONELLI; LACOM- BE, 2002, p. 73). Nesse período, também surgiram concei- tos mais sofisticados de organização do trabalho, como os grupos semiautônomos, compostos de trabalhadores que se responsabilizavam pelo pla- nejamento da produção, sob a orientação de um líder que tinha postura mais de consultor e men- tor. No Brasil: DP voltado essencialmente para o cumprimento de legislação trabalhista. Sur- gimento de experiências isoladas em Recursos Humanos derivadas ou copiadas de empresas multinacionais que se instalaram no Brasil, espe- cialmente nos anos pós-JK. Nesse período, houve a instalação de in- dústrias multinacionais, crescimento das estatais, realização de grandes obras civis de infraestrutu- ra e aparecimento de grandes empresas privadas nacionais. Nessa fase, a mola mestra do gerencia- mento dos DPs era o cumprimento da legislação trabalhista. O cerne das práticas de recursos hu- manos era a criação da administração de salários, as descrições de cargos e o estabelecimento das linhas de carreira. Ênfase foi dada ao desenvolvimento ge- rencial, como você pode verificar na citação a seguir: A abundância de mão-de-obra, o fim da estabilidade e a criação do FGTS, que possibilitava a demissão, faziam com que os empresários apostassem mais em po- líticas de baixos salários e na alta rotativi- dade de pessoal. Alguma ênfase foi dada, entretanto, ao desenvolvimento das fun- ções gerenciais, não só como imitação dos modelos importados mas também como fruto da necessidade de uma che- fia competente para uma mão-de-obra de baixa qualificação. (CALDAS; TONELLI; LACOMBE, 2002, p. 76). De 1990 até Hoje No mundo: Administração estratégica de Recursos Humanos, com ênfase na retenção de talentos; Descentralização das responsabilidades na gestão de pessoas, isto é, todos os gerentes são responsáveis pela gestão de RH; Terceirização de atividades como seleção e treinamento; Car- reiras laterais e diagonais. A partir dos anos 1990, a área de RH passou a ter várias denominações, como Gestão de Pes- soas, Gestão de Talentos, Gestão de Gente, Gestão Estratégica de Recursos Humanos. A área de RH passou a ter papel cada vez mais de apoio para a alta administração e para a gerência. O objetivo de RH passou a ser asses- sorar outras áreas na atração e na retenção de pessoas que reunissem qualificações necessárias Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 a um ambiente em constante mudança (FLEURY; FLEURY, 2001). Houve a incorporação do conceito de com- petências à prática organizacional. Competên- cia passou a ser a base para o gerenciamento de pessoas. Maior ênfase foi dada ao princípio de gestão marcado por incentivos e valorização ao desenvolvimento e comprometimento das pes- soas, com a contrapartida de exigência crescente de resultados (FLEURY; FLEURY, 2001). “O recru- tamento, a seleção e a remuneração começam a basear-se no desempenho individual em vez de se estabelecerem políticas gerais para todos na empresa.” (CALDAS; TONELLI; LACOMBE, 2002, p. 78). No Brasil: Discurso sobre administração es- tratégica de recursos humanos, em oposição à prática que ainda remonta ao DP. As empresas brasileiras passaram a ser mais expostas à concorrência internacional e a buscar mudanças que lhes permitissem condições míni- mas de competitividade. O RH, se não na prática, ao menos no discur- so do modelo idealizado, terminou, nas últimas décadas, evoluindo para a “gestão estratégica de pessoas”, em linha com o que aconteceu pouco antes em outros países (CALDAS; TONELLI; LA- COMBE, 2002). DicionárioDicionário Competências: conjuntos de conhecimentos, habilida- des e atitudes que, quando integrados e utilizados es- trategicamente pela pessoa, permitem-lhe atingir com sucesso os resultados que dela são esperados pela or- ganização (MILONI, 2002, p. 322). 1.4 Contexto Atual de Recursos Humanos Chiavenato (1999) analisa e apresenta uma caracterização dos valores presentes no am- biente organizacional, nos séculos XX e XXI. Essa síntese permite que você tenha uma percepção mais clara das implicações da mudança dos valo- res, nas práticas de ARH. Aspectos como colabo- ração e foco em resultados estimulam uma ARH que considera, em suas estratégias e operações, o planejamento estratégico, estrutura organiza- cional, processos e sistemas, tecnologia e pes- soas. Assim, você pode entender por que a ARH ou Gestão de Pessoas passou a ter uma ação mais estratégica nas organizações. Observe, a seguir, os valores presentes nos séculos XX e XXI. Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Tabela 1 – Caracterização dos valores presentes nos séculos XX e XXI. Século XX Estabilidade, previsibilidade Porte e escala de produção Comando e controle de cima para baixo Rigidez organizacional Controle por meio de regras hierárquicas Informações em segredo Racionalidade e análise quantitativa Necessidade de certeza Reativo e avesso ao risco Orientado para o processo Autonomia e independência corporativa Integração vertical Foco na organização inteira Busca de consenso Orientação para mercado nacional Vantagem competitiva sustentável Século XXI Melhoria contínua, descontinuidade da mudança Velocidade e responsividade Empowerment e liderança de todos Organizações virtuais e flexibilidade permanente Controle por meio da visão e dos valores Informações compartilhadas Tolerância à ambiguidade Proativo e empreendedor Orientado para os resultados Interdependência e alianças estratégicas Integração virtual Foco no ambiente competitivo Contenção construtiva Foco internacional Vantagem colaborativa e reinvenção da vantagem Fonte: Chiavenato (1999, p. 32). Analisando a caracterização dos valores apresentada por Chiavenato (1999), você pode perceber que uma das mudanças no ambiente or- ganizacional refere-se à elevação na velocidade, complexidade e imprevisibilidade da mudança. Nesse cenário, o papel e a importância das pes- soas sofreram alteração, assim como a atuação e importância do RH. As pessoas, com seus conhecimentos e ha- bilidades, passaram a ser a principal base para a organização. A Antiga ARH cedeu lugar para uma nova abordagem: a Gestão de Pessoas. Nessa nova concepção, as pessoas dei- xam de ser simples recursos (humanos) organizacionais para serem abordadas como seres dotados de inteligência, per- sonalidade, conhecimentos, habilidades, competências, aspirações e percepções singulares. São os novos parceiros da organização. A cultura organizacional recebe forte impacto do mundo exterior e passa a privilegiar a mudança e inova- ção com foco no futuro e no destino da organização. As mudanças tornam-se mais rápidas, velozes, sem continuidade com o passado e trazendo um contexto ambiental impregnado de turbulência e imprevisibilidade. (CHIAVENATO, 1999, p. 31). Observe que, nessa nova concepção de ARH ou Gestão de Pessoas, as pessoas que compõem a organização podem ampliar ou limitar as forças e as fraquezas da organização, dependendo da for- ma como são tratadas. Para que os objetivos da Gestão de Pessoas sejam alcançados, é necessário que os gerentes tratem as pessoas como elemen- tos básicos para a eficácia organizacional (CHIA- VENATO, 1999). A ARH ou Gestão de Pessoas deve contribuir para a eficácia organizacional através dos seguin- tes meios (CHIAVENATO, 1999, p. 9-10): ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão: passa- -se a ter a preocupação com a eficácia e não somente com a eficiência. O salto para a eficácia veio com a preocupaçãoem atingir objetivos e resultados. O RH tem que conhecer os negócios da orga- nização, pois cada negócio tem diferen- tes implicações na ARH; proporcionar competitividade à orga- nização: significa saber empregar as habilidades e capacidades da força de trabalho. “A função de gestão de pes- soas é fazer com que as forças das pes- soas sejam mais produtivas para bene- Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 ficiar clientes, parceiros e empregados.” (CHIAVENATO, 1999, p. 9); proporcionar à organização pessoas bem treinadas e bem motivadas: para isso, é importante recompensar bons resultados e não pessoas que têm baixo desempenho. Outro ponto importante é tornar os objetivos claros, explicitar como são medidos e quais as decorrên- cias de seu alcance; aumentar a autoatualização e a satisfa- ção das pessoas no trabalho: as pessoas devem sentir que o trabalho é adequa- do às suas capacidades e que estão sendo tratadas equitativamente. A feli- cidade na organização e a satisfação no trabalho são fortes determinantes do sucesso organizacional; desenvolver e manter a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): um programa de QVT procura estruturar o trabalho e o ambiente de trabalho no sentido de satisfazer a maioria das necessidades individuais do empregado e tornar a or- ganização um local desejável e atraente (CHIAVENATO, 1999); administrar e impulsionar a mudança: os profissionais de RH devem saber li- dar com mudanças e conseguir propor soluções que impliquem novas estraté- gias, programas e procedimentos. Essas linhas de objetivos facilitam a elabo- ração de modelos de gestão de pessoas, assunto que veremos no próximo capítulo. Prezado(a) aluno(a), Neste capítulo, estudamos conceitos e histórico da ARH ou Gestão de Pessoas. Primeiramente, foi apresentada uma introdução, visando a fornecer uma visão geral do desenvol- vimento da área para facilitar seu entendimento dos conceitos apresentados e da evolução histórica da ARH. No tópico relacionado à conceituação da ARH, apresentamos os conceitos de diferentes autores e ressaltamos pontos convergentes ou similares das definições apresentadas. Em relação ao desenvolvimento histórico dos Recursos Humanos, você pode acompanhar a abor- dagem dos autores Caldas, Tonelli e Lacombe (2002), com uma síntese de cada um dos quatro períodos históricos. 1.5 Resumo do Capítulo “A empresa que quiser conquistar perenidade, crescer, ou até mesmo somente conti- nuar no seu mercado de atuação precisará rever a forma como gerencia seus talentos. É uma evolução absolutamente necessária: soltar-se das amarras, quebrar paradigmas, romper barreiras, mudar sua cultura e adaptar-se a essa constante e inevitável mudança. A empresa precisará encontrar formas de gestão para que seus colaboradores possam ser contributivos com os resultados organizacionais.” (ORLICKAS, 2010, p. 178). CuriosidadeCuriosidade Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Por último, você teve a oportunidade de obter um contexto atual da ARH, o que irá auxiliá-lo(la) no entendimento dos próximos temas: os modelos de gestão e os processos de recursos humanos. Vamos, agora, avaliar sua apreensão do primeiro capítulo. 1.6 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), Reflita sobre o conteúdo apresentado e responda às questões a seguir. As respostas comentadas, você encontrará no final da apostila. 1. Leia as afirmações a seguir e assinale se são verdadeiras ou falsas: a) A partir da década de 1990, as organizações passaram a preparar seus gerentes para assu- mir o papel de gestores de pessoas. Assim, os gerentes passaram a ser responsáveis pela gestão de pessoas e a área de RH ficou responsável pelas funções operacionais de recruta- mento, seleção, treinamento etc. ( ) verdadeira ( ) falsa b) Um fator importante ressaltado pelos teóricos é que a área de Gestão de Pessoas/ARH pode variar de uma organização para outra. ( ) verdadeira ( ) falsa 2. Assinale a alternativa correta. De acordo com Caldas, Tonelli e Lacombe (2002), a evolução histórica da ARH pode ser dividida em quatro períodos. É correto afirmar que: I - Já no primeiro período podemos notar que a responsabilidade pela gestão de pessoas é compartilhada pelos gestores, uma vez que o capataz é responsável pela contratação e de- missão de funcionários. II – No período da Segunda Guerra Mundial aos anos 1980, no Brasil, foi dada atenção ao de- senvolvimento das funções gerenciais. Caso você queira ter mais informações sobre a evolução da ARH, com carac- terísticas mais detalhadas de cada período e com a conexão com as Teorias da Administração Científica e Administração das Relações Humanas, uma fonte interessante é o livro de Chiavenato (2005): Gestão de pessoas. MultimídiaMultimídia Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 III – Apesar de iniciativas anteriores, no Brasil, o papel estratégico da gestão de pessoas teve início a partir da década de 1990. a) Todas as afirmações estão corretas. b) As afirmações I e II estão corretas. c) As afirmações I e III estão corretas. d) As afirmações II e III estão corretas. e) Todas as afirmações estão erradas. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Prezado(a) aluno(a), Neste capítulo, trataremos da compreensão do conceito de modelo de gestão de pessoas e dos fatores que determinam sua configuração específica em uma organização. Para apresentar MODELOS DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS2 esse assunto, utilizaremos a abordagem de Fis- cher (2002), que faz um resgate conceitual e his- tórico dos modelos de gestão de pessoas. Vamos, então, começar nossa abordagem. Fischer (2002) faz um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de pessoas. De acordo com o autor, toda e qualquer organização depende, em certo grau, do desempenho huma- 2.1 Conceituação no para seu sucesso. Por isso, é importante que a organização desenvolva e implemente uma for- ma de atuação sobre o comportamento humano, que é denominada modelo de gestão de pessoas. Importância do comportamento humano no contexto atual Poder-se-ia pensar que, no mundo da informação, da eletrônica, da intangibilidade e da competi- tividade exacerbada, o comportamento humano perderia espaço e relevância. No entanto, o que temos é exatamente o contrário, pois os negócios mais próximos desse mundo são aqueles que se tornam mais dependentes do comportamento humano. Quanto mais a empresa concentra-se no chamado ativo intangível (marcas, performance, inovação tecnológica e de produto, atendimento diferenciado etc.), mais forte torna-se a dependência dos negócios ao desempenho humano. A concorrência mais ampla é também um fator valorizador do comportamento humano. Quanto maiores forem as opções de aquisição de serviços, a transparência dos mercados e o acesso aos meios de comunicação, mais definitivo será o impacto do comportamento das pessoas nas deci- sões do consumidor (FISCHER, 2002). CuriosidadeCuriosidade Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Fischer (2002, p. 12) define modelos de ges- tão de pessoas como “a maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho.” Esse posi- cionamento faz com que a empresa organize-se estabelecendo princípios, estratégias, política, processos e práticas de gestão. Esses mecanismos possibilitam a implantação de diretrizes e orien- tam os estilos de atuação dos gestores. O autor afirma, também, que o comporta- mento humano vem assumindo valor cada vez maior nas organizações e isso tem implicações na formulação do modelo de gestão de recursos humanos. Saiba maisSaiba maisElementos componentes do modelo de gestão de pessoas Tudo aquilo que interfere de alguma forma nas re- lações organizacionais pode ser considerado um componente do modelo de gestão de pessoas. O comportamento organizacional não é produto direto de um processo de gestão, mas o resultado das relações pessoais, interpessoais e sociais que ocorrem na empresa. Gestão de Pessoas significa orientação e direcionamento desse agregado de interações humanas (FISCHER, 2002, p. 12). O modelo de gestão de pessoas caracteri- za-se como uma variável dependente das condi- ções em que ocorrem os negócios. É importante, então, obter um adequado entendimento dos fa- tores que determinam essas condições, para que se torne possível delinear um modelo coerente com as necessidades da empresa. Veja, a seguir, o detalhamento dos fatores condicionantes do modelo de gestão de recursos humanos, de acordo com Fischer (2002). 2.2 Fatores Condicionantes do Modelo de Gestão de Recursos Humanos Fatores Internos Tecnologia Adotada Máquinas utilizadas nas organizações de- terminam em parte o comportamento dos cola- boradores. Por exemplo, operários que trabalham numa linha de produção não automatizada pre- cisam seguir os padrões estabelecidos (formas padronizadas de fazer algo, ritmo etc.). Isso tem implicações no comportamento das pessoas. Não se espera delas iniciativa, mas respostas adequa- das ao fluxo de atividades. Essa regularidade pela qual é regido o trabalho de produção implica comportamentos regulares dos funcionários. Caso a organização seja automatizada, es- pera-se dos colaboradores o monitoramento do trabalho, de painéis de controle etc. No primeiro caso, o modelo de gestão exige mais o saber fazer com o suporte operacional das máquinas, enquanto, no segundo, a exigência por saber o que se passa através de monitores é maior. Você pode perceber, pelos exemplos ante- riores, que a tecnologia utilizada demanda certo comportamento e, por decorrência, um modelo diferenciado. AtençãoAtenção O desempenho que se espera das pessoas no tra- balho e o modelo de gestão correspondente são determinados por fatores internos e externos ao contexto organizacional. Como fatores internos, temos: produto ou serviço oferecido, tecnologia adotada, estratégia de organização, cultura e es- trutura organizacional. “Quanto aos fatores exter- nos, a cultura de trabalho de dada sociedade, sua legislação trabalhista e o papel conferido ao Esta- do e aos demais agentes que atuam nas relações de trabalho vão esclarecer os limites nos quais o modelo de gestão de pessoas poderá atuar.” (FIS- CHER, 2002, p. 13). Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Estratégia de Organização do Trabalho Diferentes formas de organizar o trabalho têm implicações no comportamento das pessoas. Por exemplo, grupos semiautônomos, operado- res funcionais, células de trabalho são estrutura- dos em conjunto com políticas e práticas de ges- tão de pessoas, para que haja adequação entre os dois modelos, ou seja, gestão de trabalho e ges- tão de pessoas. Cultura Organizacional Refere-se a um conjunto de valores, cren- ças, costumes, expectativas e formas de compor- tamento de uma organização. O modelo de gestão de recursos humanos precisa considerar essas características na sua construção e disseminação. Além disso, um dos principais papéis do modelo de gestão é reforçar e reproduzir esses pressupostos na cultura organi- zacional vigente, diferenciando e moldando pa- drões de comporta- mento. Assim, você pode perceber que as práticas de gestão de pessoas refletem, reproduzem e legi- timam as caracte- rísticas culturais das organizações (FIS- CHER, 2002). Estrutura Organizacional Algumas empresas possuem uma estrutura por departamentos em que fica clara a cadeia de comando e controle. Outras possuem uma estru- tura matricial, organizada por unidades de negó- cios ou redes. Algumas estruturas são mais rígidas e ou- tras, mais flexíveis em relação ao poder, ou seja, algumas possuem poder centralizado e outras, distribuído. Essas formas interferem no comportamen- to humano pelo fato de exigirem mais ou menos participação nas decisões do dia a dia. Algumas organizações estimulam o controle e avaliação, enquanto outras delegam, estimulando a inicia- tiva e competências dos envolvidos. Fatores Externos Podem ser divididos em fatores advindos do mercado e da sociedade. As organizações es- tão inseridas em vários contextos macros (nação) e micros (a empresa), que fazem restrições a ela, assim como abrem oportunidades de negócios. De acordo com Fischer (2002, p. 15), o mercado deve ser considerado o fator preponderante na constitui- ção do modelo de gestão de recur- sos humanos, pois define o perfil de competências organizacionais exigido pelo negócio do setor de atividade. [...] A determinado pa- drão de competências organizacio- nais correspondem competências humanos particulares – compor- tamentos organizacionais que lhes são específicos e contribuintes. Saiba maisSaiba mais Modelo de Gestão de Pessoas x Modelo de Ges- tão do Trabalho É quase impossível separar o modelo de gestão de pessoas do modelo de gestão do trabalho. São dois conjuntos de práticas que incidem sobre as mesmas instâncias organizacionais – as relações humanas na empresa – e que pretendem alcan- çar o mesmo objetivo: determinado padrão de desempenho no trabalho (FISCHER, 2002, p. 14). DicionárioDicionário Cultura organizacional: para Schein (1986 apud FLEURY; FISCHER, 1990, p. 20), é “o conjunto de pressupostos básicos (basic assumptions) que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adap- tação externa e integração interna e que funciona- ram bem o suficiente para serem considerados vá- lidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas.” DicionárioDicionário Cadeia de comando: pode ser entendida como a linha de autoridade formal em uma organização. Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 É esperado que as organizações tenham um modelo de negócios que basicamente diga respeito a como deve operar para os fins a que se propõe. Definições sobre visão (o que queremos ser? onde queremos chegar?), missão (formas de atuação), valores (norteadores do trabalho) e planos de ação devem considerar os contextos externo e interno. O modelo de recursos huma- nos deve estar alinhado e reforçar os modelos de negócios. Agora que você já compreendeu os con- dicionantes do modelo de gestão de pessoas, veja como Fischer (2002) apresenta os elementos componentes do modelo de gestão de pessoas. Gestão de pessoas significa orientação e direcionamento das relações pessoais, interpes- soais e sociais. O comportamento organizacional não é produto direto de um processo de gestão, diz o autor, mas o resultado dessas relações. Os componentes do modelo dizem respeito a princípios, políticas e processos. Esses compo- nentes interferem nas relações entre pessoas no interior das organizações. Princípios De acordo com Fischer (2002), princípios são orientações de valor e crenças básicas que determinam o modelo e são adotadas pela em- presa. Há uma relação direta entre princípios e a cultura organizacional. Veja o exemplo das em- presas Unibanco e Disney. Um exemplo de princípio de uma organiza- ção bancária – Unibanco: “É nossa diretriz estraté- gica atender de forma equilibrada aos interesses de clientes, acionistas e funcionários.” (FISCHER, 2002, 17). Com isso, a empresa torna pública sua defesa a esses três agentes e de forma igual. A Disney define como seus valoresa “ho- nestidade, integridade, respeito, determinação e diversidade.” (FISCHER, 2002, 17). A explicitação dos valores estabelece referências de relaciona- mento entre as pessoas e das pessoas com a or- ganização. O modelo de gestão da empresa precisa seguir e reforçar os valores adotados pela orga- nização. Políticas Estabelecem diretrizes de atuação que bus- cam objetivos de médio e longo prazo para as re- lações organizacionais. A Xerox, por exemplo, fazia a seguinte afir- mação: “A Xerox deve ser capaz de atrair e reter profissionais qualificados para diversas funções do negócio. Para isso, o mercado é acompanhado continuamente, visando alinhar nossa estrutura de salários e conjunto de benefícios às empresas mais modernas do mercado.” (FISCHER, 2002, p. 17). Perceba que, nesse exemplo, mais uma vez, estabelecem-se publicamente parâmetros que orientam as práticas de gestão. Processos São os elementos mais visíveis do modelo e boa parte da literatura sobre recursos humanos tem-se dedicado exclusivamente a eles, de acor- do com Fischer (2002). “Processos são cursos de ação previamente determinados, não podem ultrapassar os limites dos princípios de gestão e visam alcançar os ob- jetivos traçados, orientados por políticas específi- cas.” (FISCHER, 2002, p. 17). 2.3 Elementos Componentes do Modelo de Recursos Humanos Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Exemplos de alguns processos de gestão em recursos humanos: planos de cargos e salá- rios, de capacitação e de sucessão, a administra- ção de carreiras e as avaliações de desempenho, de performance e de pessoal. Estilo de Gestão dos Gerentes É a maneira pela qual o gestor atua ao es- tabelecer limites ou estimular determinados pa- drões de comportamento. A organização pode intervir no estilo de gestão praticado por seus líderes, dando coerên- cia ao seu modelo, por meio da orientação dos processos de capacitação gerencial ou da divul- gação dos perfis de comportamento desejados. Como exemplo, podemos citar a Rhodia, em seu processo de mudança organizacional, na década de 1980. Para consolidar o novo per- fil funcional desejado, a empresa definiu e divul- gou o estilo gerencial perseguido. Os gerentes da Rhodia deveriam adotar os seguintes princípios: visão sistêmica, foco em processos, organização que aprende, valorização das pessoas e gerencia- mento interfuncional. Fischer (2002) argumenta que, entre todos os componentes do modelo de gestão de pes- soas, o estilo de gestão dos gerentes talvez seja o mais crítico. Isso porque conflui para o gerente todo o processo de gestão; é ele que dá vida às ferramentas e sua inadequação põe em risco toda a composição do modelo. Você pôde observar, até aqui, o quanto as organizações dependem de uma atuação estru- turada sobre o comportamento humano. Viu, também, que tal ação é determinada por fatores internos e externos à própria organização. Você pode, então, imaginar que, para diferentes con- textos históricos ou setoriais, encontram-se dife- rentes modalidades de gestão. Fischer (2002) faz um resgate histórico dos modelos de gestão de pessoas e apresenta uma classificação das grandes correntes sobre gestão de pessoas em quatro categorias principais, que correspondem a períodos históricos distintos. Analise, a seguir, as principais característi- cas de cada uma dessas categorias. Modelo de Gestão de Pessoas como Departamento de Pessoal A origem da gestão de recursos humanos, nos Estados Unidos, pode ser datada de 1890, quando a NCR Corporation criou o “personnel Of- fice” (gerente de pessoal). No início do século XX, o modelo de gestão de pessoas para grandes em- presas americanas tinha como foco as transações, os procedimentos e os processos que fizessem o homem trabalhar de forma mais produtiva, com recompensas e eficiência nos custos com o traba- lho. A ideologia dominante no início do século XX, a administração científica, influenciava as ca- racterísticas desse modelo, pois a ênfase era na eficiência dos custos e na busca de trabalhadores adequados às tarefas sistematicamente ordena- das. Portanto, essa fase estava voltada, em par- te, para as transações processuais e trâmites bu- rocráticos. Modelo de Gestão de Pessoas como Comportamento Humano A utilização da psicologia passou a apoiar a compreensão e interferência na vida organizacio- nal, provando nova orientação do foco de ação da gestão de recursos humanos. 2.4 Resgate Histórico dos Modelos de Gestão de Recursos Humanos Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 A gestão de recursos humanos deixou de se concentrar essencialmente na tarefa, nos custos e no resultado produtivo imediato e passou a atuar sobre o comportamento humano. Nos anos 1930 e 1940, predominava a linha behaviorista com foco em medição, com métodos de avaliação e de desenvolvimento das pessoas. Ainda nos anos 1930, Abraham Maslow rompeu com a escola behaviorista e iniciou um período em que a psicologia humanista passou a interferir na teoria organizacional. Nos anos 1960, desenvolveram-se teorias que buscavam dar importância ao papel do ele- mento humano no sucesso das empresas. Reconhecer a importância e levar o gerente de linha a exercer seu papel adequadamente era algo valorizado, sendo a principal preocupação da gestão de recursos humanos. Como focos de atuação, tinham-se o treinamento gerencial, as relações interpessoais e os processos de avaliação de desempenho e de desenvolvimento de perfis gerenciais alinhados com o processo de gestão de pessoas. O modelo de recursos humanos correspon- dia, nesse período, a uma nova fase do processo de gerenciamento de pessoas, na qual a diferen- ça fundamental estaria na postura do gerente na condução das equipes de trabalho. Modelo Estratégico de Gestão de Pessoas Nas décadas de 1970 e 1980, um novo des- taque foi dado ao modelo de gestão de pessoas: seu caráter estratégico. A necessidade de vincular a gestão de pessoas às estratégias da organização foi enfatizada. No Brasil, a perspectiva estratégica de ges- tão de recursos humanos influenciou as orga- nizações na década de 1980. Para exemplificar, Fischer (2002, p. 25) cita a pesquisa realizada por Albuquerque em empresas brasileiras. Afirma o autor que, embora os resultados da pesquisa não evidenciassem uma ligação forte entre planeja- mento estratégico de recursos humanos e plane- jamento estratégico, já se configurava uma ten- dência de aceitação do planejamento estratégico de recursos humanos por parte da alta adminis- tração das empresas da amostra. Pelo descrito anteriormente, você pode perceber que há um novo conceito articulador do modelo de gestão: a busca de orientação es- tratégica para as políticas e práticas de RH. “As verdades sobre a gestão do comportamento hu- mano deixaram de ser gerais para se tornar um problema do negócio e de sua estratégia. O mo- delo tornava-se assim cada vez menos prescritível e genérico para ocupar a função de elemento de diferenciação.” (FISCHER, 2002, p. 25). Modelo de Gestão de Pessoas Articulado por Competências O desejo de estabelecer vínculos mais es- treitos entre o desempenho humano e os resulta- dos do negócio da empresa, que estava presente no modelo anterior, intensificou-se a ponto de implicar nova definição conceitual do modelo. Além disso, a ênfase na competição direcionou de forma decisiva toda a teoria organizacional e criou as bases do surgimento de um modelo de gestão de pessoas baseado em competências. A principal tarefa do modelo competitivo de gestão de pessoas seria desenvolver e estimu- lar as competências humanas necessárias para que as competências organizacionais daempresa viabilizem-se. Nesse sentido, as pessoas passaram a ser estratégicas nas situações em que o ser hu- mano era considerado e tratado como uma fonte de vantagem competitiva. As pessoas precisavam ser vistas pela organização como um “recurso es- tratégico”, ou seja, um recurso com as competên- cias necessárias para atingir um posicionamento diferenciado (FISCHER, 2002, p. 31). O modelo competitivo de gestão de pesso- as possui as seguintes características: continua tendo o comportamento hu- mano como núcleo; deve alinhar esse comportamento às estratégias da organização; Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 precisa lidar com um ambiente turbu- lento, de permanente transformação e mudança; tem que, principalmente, demonstrar sua capacidade de gerar, por meio das pessoas, maior competitividade para a empresa. O modelo competitivo de gestão de pes- soas “é qualificado como competitivo por dois motivos principais: porque deve ser condizente com o ambiente de competitividade que carac- teriza as organizações contemporâneas e porque privilegia e se articula em torno de competências.” (FISCHER, 2002, p. 31). Caro(a) aluno(a), Este capítulo tratou dos modelos de gestão de pessoas. Para abordar esse tema, utilizamos a teoria de Fischer (2002), que faz um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão. Primeiramente, vimos a importância das pessoas no contexto atual das organizações e o conceito de modelo de gestão de pessoas, que pode ser entendido como a forma pela qual uma organização ge- rencia e orienta o comportamento humano no trabalho. A seguir, você teve conhecimento dos fatores condicionantes dos modelos de gestão de pessoas: internos (tecnologia adotada, estratégia de organização do trabalho, cultura organizacional e estrutura organizacional) e externos. Vimos que o comportamento organizacional é o resultado das relações pessoais, interpessoais e sociais, e que os componentes do modelo de gestão de pessoas interfere nessas relações. Tais compo- nentes são: princípios, políticas, processos e estilo de gestão dos gerentes. Finalizando o tema, abordamos a caracterização das grandes correntes sobre gestão de pessoas, em quatro categorias principais, que correspondem a períodos históricos distintos. Agora, vamos fixar os conteúdos deste capítulo, fazendo as atividades propostas, e depois vamos partir para uma reflexão sobre os processos de ARH. 2.5 Resumo do Capítulo 2.6 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), Vamos às nossas atividades. Procure responder às perguntas com calma, refletindo sobre o conteú- do. Lembre que, as respostas comentadas, você encontrará no final da apostila. 1. Assinale a alternativa correta. Fischer (2002) faz um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de pessoas. De acordo com o autor, podemos afirmar que: I – O desempenho que se espera das pessoas no trabalho e o modelo de gestão correspon- dente são determinados por fatores internos e externos ao contexto organizacional. II – A valorização do comportamento humano nas organizações e a formulação do modelo de gestão são fatores independentes. Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 III – É papel do modelo de gestão de pessoas reforçar e reproduzir os pressupostos da cultura organizacional vigente. a) Todas as afirmações estão corretas. b) As afirmações I e II estão corretas. c) As afirmações I e III estão corretas. d) As afirmações II e III estão corretas. e) Todas as afirmações estão erradas. 2. Fischer (2002) apresenta uma classificação das grandes correntes sobre gestão de pessoas em quatro categorias principais, que correspondem a períodos históricos distintos. Assinale a afir- mação incorreta em relação a essa classificação. a) O modelo de gestão de pessoas como DP dá ênfase aos procedimentos e processos que fazem com que o homem trabalhe de forma mais produtiva. b) O modelo de gestão de pessoas como comportamento humano tem como característica a capacitação gerencial para a adequada condução das equipes de trabalho. c) O modelo estratégico de gestão de pessoas busca a orientação estratégica para as políticas e práticas de Recursos Humanos. d) O modelo de gestão de pessoas articulado por competências reduz a importância do as- pecto estratégico de RH e enfatiza o desenvolvimento e estímulo das competências huma- nas necessárias para que as competências organizacionais da empresa viabilizem-se. e) O modelo de gestão de pessoas articulado por competências precisa lidar com um ambien- te competitivo, turbulento, com mudanças e transformações, que caracteriza as organiza- ções. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, nós trataremos dos proces- sos de ARH ou de Gestão de Pessoas. Primeira- mente, relembraremos o conceito de processo. Depois, abordaremos os processos de ARH na visão de dois autores: Dutra (2008), que descreve PROCESSOS DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS3 três processos de Gestão de Pessoas, e Chiavena- to (1999), que apresenta seis processos de Gestão de Pessoas. Espero que você consiga fazer uma corres- pondência entre o que veremos na teoria e a sua vivência profissional. Processos dizem respeito a um conjunto de atividades estruturadas e definidas para resultar em um produto especificado para um determina- do cliente. Constituem uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, meio e fim. Clientes do processo podem ser os próprios funcionários (clientes in- ternos). A ARH ou Gestão de Pessoas possui proces- sos que estão relacionados aos seus objetivos. A maioria dos autores do tema concebe os proces- sos em um ciclo, que vai da captação e entrada de funcionários até a saída destes. Vamos apresentar, a seguir, a classificação de dois autores em rela- ção aos processos de gestão de pessoas. É impor- tante que você perceba a existência de ciclo, nos processos de gestão de pessoas. “Processo é um termo emprestado da Biologia e pode significar a transição ou uma série de transições de uma condição para outra. Quando adapta- do para a Sociologia, agrega a ideia de interação entre elementos diferen- tes associados à ideia de movimento, mudança e fluxo. Esses processos podem repetir-se dentro de padrões e são passíveis de interferência para induzi-los, aprimorá-los, inibi-los etc. Processos de gestão são interações entre partes com um objetivo e dentro de parâmetros previamente defini- dos.” (DUTRA, 2008, p. 41). CuriosidadeCuriosidade 3.1 Abordagem Orientada para Processos Operacionais Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Primeiramente, leia a abordagem de Dutra (2008), que descreve os processos de gestão de pessoas: movimentação, desenvolvimento e valo- rização. De acordo com o autor, esses processos influenciam-se mutuamente. Movimentação das Pessoas De acordo com Dutra (2008), o processo de movimentação de pessoas significa os movimen- tos efetuados por elas na empresa ou no merca- do. É um movimento de natureza física, ocorren- do quando a pessoa muda de local de trabalho, de posição profissional, de empresa e de vínculo empregatício. A seguir, você tem uma breve descrição dos principais tópicos da movimentação, de acordo com o autor. Quando olhamos o processo de movimen- tação da perspectiva da empresa, podemos per- ceber que o processo está ligado a decisões como (DUTRA, 2008): Planejamento de Pessoas: quantidade e qualidade de pessoas necessárias para cada uma das operações e/ou negócios da organização; Atração das pessoas: capacidade da or- ganização em atrair pessoas para efe- tuar os trabalhos demandados; Socializaçãoe aclimatação das pessoas: capacidade da organização em fazer com que a pessoa sinta-se à vontade e possa oferecer o melhor de si para o trabalho; Reposicionamento das pessoas: po- líticas e práticas para transferências, promoções etc., de forma a adequar as pessoas às necessidades da empresa e atender às expectativas das pessoas; Recolocação das pessoas: capacidade da empresa em recolocar as pessoas no mercado de trabalho quando a manu- tenção do vínculo não é mais possível. Também é possível olhar o processo de mo- vimentação da perspectiva das pessoas. Nesse caso, esse processo diz respeito a decisões como (DUTRA, 2008): Inserção no mercado de trabalho: as pessoas estão decidindo sobre suas carreiras, ou por estarem iniciando, ou porque desejam mudar seu rumo, ou porque estão movimentando-se geo- graficamente; Melhores oportunidades de traba- lho: as pessoas procuram por melhores condições de recompensa, novos desa- fios profissionais ou locais onde possam sentir-se melhor; Retirada do mercado de trabalho: as pessoas estão saindo de forma definiti- va ou temporariamente para se dedicar a outros projetos em sua vida. Pela descrição apresentada, você pode per- ceber que o processo de movimentação das pes- soas tem grande influência na vida das organiza- ções e das pessoas. Aprofundando um pouco mais o conheci- mento desse processo de gestão de pessoas, po- demos classificar a movimentação nas seguintes categorias, em função de sua natureza: Captação: ações da organização na busca e seleção de pessoas para traba- lhar com a empresa ou negócio, inde- pendentemente de qual seja o vínculo contratual; 3.2 Processos de Gestão de Pessoas na Visão de Dutra Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Internalização: ações que permitem à pessoa atuar na organização – sociali- zação na cultura organizacional, condi- ções para assumir atribuições e respon- sabilidades, suporte para adaptação ao trabalho etc.; Transferência: movimentos das pes- soas no interior da organização que en- volvam mudança de local de trabalho e/ou mudança de trabalho; Expatriação: transferências que envol- vam mudança de país, ou seja, a pessoa terá que atuar por um período ou de forma definitiva em um país diferente daquele no qual ela foi contratada para trabalhar; Recolocação: movimentos das pessoas para fora da organização, que podem ser decorrentes da decisão da empresa e/ou da pessoa de não manter mais a relação de trabalho. Desenvolvimento de Pessoas O segundo processo de gestão de pessoas é o Desenvolvimento de Pessoas. Dutra (2008, p. 101) define desenvolvimento da pessoa como “capacidade para assumir atribuições e responsa- bilidades em níveis crescentes de complexidade.” A construção de um sistema de gestão do desenvolvimento possui os seguintes desdobra- mentos, de acordo com Dutra (2008): Análise das pessoas em sua indivi- dualidade: as pessoas deixam de ser olhadas segundo o cargo que ocupam ou um perfil ao qual devem ser enqua- dradas. A pessoa é observada com base em sua entrega, ou seja, sua contribui- ção para a organização; Análise das deficiências individuais: ao olhar a capacidade de entrega da pessoa, é possível descobrir os motivos pelos quais não consegue entregar o que era esperado. Sabendo as possíveis razões da não entrega, é possível esta- belecer com a pessoa um plano de ação para seu desenvolvimento; Saiba maisSaiba mais Expatriação Um movimento que vem crescendo nas empre- sas é o de expatriação. A presença das empresas em vários países torna necessário pensar a expa- triação de forma estruturada. Na expatriação, as pessoas estão sendo movimentadas para outros países acompanhadas, geralmente, de suas famí- lias. Esse movimento pode implicar a mudança para um local com idioma e costumes diferentes, demandando um processo de adaptação e uma predisposição da pessoa e de sua família para fle- xibilizar sua forma de enxergar o mundo (DUTRA, 2008). AtençãoAtenção Dutra (2008, p. 130) afirma que “o desenvolvi- mento profissional pode ser entendido como o aumento da capacidade da pessoa em agregar valor para a organização. A maior capacidade das pessoas em agregar valor está ligada à capacida- de da pessoa em lidar com atribuições e respon- sabilidades de maior complexidade.” Saiba maisSaiba mais CHA x Capacidade de Entrega Nos anos 1990, houve um grande questionamen- to sobre a mensuração do desenvolvimento com base no CHA (Conhecimentos, Habilidades e Ati- tudes), devido ao fato de que uma pessoa possuir determinados conhecimentos e habilidades não é garantia de sua entrega e agregação de valor para a organização. Outro fato é que as pessoas entregam o que a organização espera de diferen- tes formas, pois são diferentes e têm diferentes formas de articular seus conhecimentos e habili- dades em relação às demandas do contexto (DU- TRA, 2008). Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Análise da efetividade das ações de desenvolvimento: ao estabelecer com a pessoa um plano de ação de desen- volvimento, é criada uma cumplicidade entre a pessoa e sua chefia, aumentan- do as chances de sucesso efetivo. É pos- sível medir os resultados, analisando-se mudanças ou não na entrega da pessoa após as ações de desenvolvimento; Adequação das ações de desenvolvi- mento: as pessoas desenvolvem-se usando, de forma cada vez mais elabo- rada e sofisticada, seus pontos fortes. As ações de desenvolvimento devem ser centradas nos pontos fortes das pessoas. Você pode perceber, pela descrição apre- sentada, que esse processo tem como objetivo estimular e criar condições para o desenvolvi- mento das pessoas e da organização. As pessoas necessitam ser preparadas para contextos cada vez mais exigentes e complexos, para garantir a competitividade das organizações, assim como a própria competitividade no mercado de trabalho. Valorização de Pessoas Na visão de Dutra (2008), o terceiro proces- so de RH é a valorização de pessoas, que diz res- peito à forma como as pessoas são recompensa- das pelo seu trabalho. Dutra (2008, p. 171) afirma que “essas re- compensas podem ser entendidas como o aten- dimento das expectativas e necessidades das pessoas, tais como: econômicas, crescimento pes- soal e profissional, segurança, projeção social, re- conhecimento, possibilidade de expressar-se por seu trabalho, etc.” Remuneração e benefícios são práticas de valorização das pessoas na organização. De acor- do com o autor, a forma de concretizar a valoriza- ção da pessoa mais importante e mais complexa em termos de gestão é a remuneração. Na categoria de valorização, estão os pro- cessos que têm como objetivo estabelecer pa- râmetros e procedimentos para a distinção e va- lorização das pessoas que estabelecem alguma relação com a organização. Nesses processos, temos remuneração, premiação e benefícios. Para as pessoas, a valorização está muito atrelada ao desenvolvimento profissional. A organização que oferece para a pessoa condições concretas de crescimento cria condições para sua valorização, tanto na empresa quanto no mercado. Desenvolvimento das pessoas e compe- titividade A questão do desenvolvimento das pes- soas na organização é fundamental para a manutenção e/ou ampliação de seu di- ferencial competitivo. As organizações es- tão cada vez mais pressionadas, tanto pelo ambiente externo quanto pelas pessoas com as quais mantêm relações de trabalho, para investir no desenvolvimento humano. “As organizações estão percebendo a ne- cessidade de estimular e apoiar o contínuo desenvolvimento das pessoas, como for- ma de manter suas vantagens competiti- vas.Ao mesmo tempo, as pessoas buscam seu contínuo desenvolvimento para obter maior segurança quanto a sua inserção no mercado de trabalho.” (DUTRA, 2008, p. 101). CuriosidadeCuriosidade DicionárioDicionário Remuneração: é a contrapartida econômica e/ou financeira de um trabalho realizado pela pessoa. Remuneração indireta: é um conjunto de benefí- cios que a pessoa recebe em contrapartida ao tra- balho realizado. Geralmente, a remuneração indi- reta é complementar à remuneração direta e visa a oferecer segurança e conforto aos trabalhadores em sua relação com a organização (DUTRA, 2008). “Benefícios são certas regalias e vantagens conce- didas pelas organizações, a título de pagamento adicional dos salários, à totalidade ou a parte de seus funcionários. Constituem geralmente um pacote de benefícios e serviços que é parte inte- grante da remuneração do pessoal.” (CHIAVENATO, 1999, p. 271). Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Segundo Chiavenato (1999), a ARH refere- -se às políticas e práticas necessárias para admi- nistrar o trabalho das pessoas, como, por exem- plo, análise e descrição de cargos, recrutamento, seleção, orientação e motivação das pessoas, ava- liação de desempenho, entre outras. Essas políti- cas e práticas podem ser resumidas em seis pro- cessos básicos. Agora, veja como Chiavenato (1999, p. 12) classifica e descreve os seis processos de gestão de pessoas: Processos de Agregar Pessoas: dizem respeito à inclusão de novas pessoas na organização. São processos de provisão ou suprimento. Incluem recrutamento e seleção de pessoas; Processos de Aplicar Pessoas: dizem respeito a processos utilizados para de- senhar as atividades que as pessoas irão realizar na empresa, bem como para orientar e acompanhar seu desempe- nho. Incluem desenho organizacional, desenho dos cargos, análise de descri- ção de cargos, orientação das pessoas e avaliação do desempenho; Processos de Recompensar Pessoas: são utilizados para incentivar as pes- soas e satisfazer suas necessidades indi- viduais. Incluem recompensas, remune- ração e benefícios, e serviços sociais; Processos de Desenvolver Pessoas: são utilizados para capacitar as pessoas. Incluem treinamento e desenvolvimen- to, gestão por competências, progra- mas de mudanças e desenvolvimento de carreiras, programas de comunica- ção e outros; Processos de Manter Pessoas: são uti- lizados para criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias. Incluem cul- tura organizacional, clima, higiene e se- gurança no trabalho, qualidade de vida e manutenção das relações sindicais; Processos de Monitorar Pessoas: são utilizados para acompanhar e controlar as atividades das pessoas e seus resulta- dos. Incluem banco de dados e sistemas de informações gerenciais e outros. A figura a seguir resume os seis processos de gestão de pessoas, de acordo com Chiavenato (1999). 3.3 Processos de Gestão de Pessoas na Visão de Chiavenato Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Figura 1 – Os seis processos de gestão de pessoas. Fonte: Chiavenato (1999, p. 12). Analisando a descrição dos processos de gestão de pessoas sob o ponto de vista de Chia- venato (1999), você deve ter percebido que os processos de gestão de pessoas estão intima- mente relacionados entre si, de tal forma que se interpenetram e se influenciam reciprocamente. Dessa forma, cada processo tende a favorecer ou a prejudicar os demais, quando bem ou mal utili- zados. Por exemplo, pense em um processo de agregar pessoas malfeito: como esse fato po- deria influenciar outros processos de gestão de pessoas. Se o processo de agregar pessoas não é adequadamente realizado, o processo de desen- volver pessoas terá que ser intensificado, com- pensando as falhas do processo anterior. 3.4 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, conhecemos os processos de ARH, pela ótica de dois renomados autores sobre o tema. Dutra (2008) apresenta os processos de ARH em três categorias: movimentação de pessoas, desen- volvimento de pessoas e valorização de pessoas. De acordo com Chiavenato (1999), as políticas e práticas de ARH podem ser agrupadas em seis processos: agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas. De acordo com as descrições apresentadas, é possível perceber que os processos de ARH estão relacionados entre si, influenciando-se mutuamente. É importante que você perceba que, independentemente da classificação utilizada por determi- nado autor, os processos de ARH devem ser vistos de forma cíclica, indo desde a captação e entrada do funcionário na organização até a sua saída. Vamos, agora, avaliar sua aprendizagem sobre os processos de Gestão de Pessoas. Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Caro(a) aluno(a), Aproveite as atividades a seguir para reforçar os conceitos vistos neste capítulo. 1. A seguir, são listados, em duas colunas distintas, os processos de Gestão de Pessoas, de acordo com Chiavenato (1999), e as descrições de cada um deles. Associe os 6 (seis) processos de ges- tão de pessoas com suas respectivas descrições. 3.5 Atividades Propostas Descrição do Processo (a) São processos que incluem análise e descri- ção de cargo. (b) São processos que incluem higiene, seguran- ça e qualidade de vida. (c) São processos que incluem remuneração e benefícios. (d) São processos de provisão ou suprimento de pessoas. (e) São processos que incluem banco de dados e informações gerenciais. (f ) São processos que incluem desenvolvimento de carreira e programas de mudança. Processos de 1. Agregar Pessoas ( ) 2. Aplicar Pessoas ( ) 3. Recompensar Pessoas ( ) 4. Desenvolver Pessoas ( ) 5. Manter Pessoas ( ) 6. Monitorar Pessoas ( ) 2. Leia a descrição a seguir e, depois, responda à questão. Após identificar os colaboradores aptos ao cargo de gerente, uma rede de lojas irá identificar os pontos fortes e as deficiências individuais, analisando cada indivíduo e as exigências do cargo; depois, promoverá ações de desenvolvimento baseadas em planos de ações individuais. Cite e explique a que processo de ARH/Gestão de Pessoas pertence essa ação da rede de lojas, na visão de Dutra (3 processos) e de Chiavenato (6 processos). Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, você terá a oportunidade de conhecer alguns conceitos e meios de avaliação para melhor compreender as formas de monito- rar as pessoas nas organizações. Primeiramente, abordaremos os tipos de dados de medição. Em seguida, apresentaremos indicadores de desempenho, que possibilitam avaliar a eficácia da gestão estratégica de pessoas. INDICADORES DE RECURSOS HUMANOS4 Depois, apresentaremos exemplos da utilização dos conceitos de produtividade. Na parte final do capítulo, apresentaremos a abordagem orienta- da para o clima organizacional, esclarecendo seu conceito e importância, bem como a ferramenta mais utilizada para a avaliação do clima organiza- cional, que é a pesquisa de clima. Convido você a analisar, refletir e aplicar os indicadores apresentados neste capítulo. Primeiramente, vamos esclarecer alguns as- pectos sobre indicadores. Indicador é um instru- mento gerencial de mensuração, que permite a avaliação criteriosa de qualidade, custos e produ- tividade. Indicador é um critério a ser utilizado e não uma medida direta de qualidade. Serve para dirigir a atenção para assuntos específicos, que devem ser motivo de análise. Como exemplos de indicadores de Recursos Humanos, temos: absen- teísmo, rotatividade e número de funcionários treinados (CORRÊA,2010). Agora, vamos abordar os dois tipos de da- dos de medição existentes: atributos e variáveis. Atributos são dados contados e não medi- dos. São baseados na presença ou não de alguma condição – de a promessa ser mantida ou não; de o diâmetro estar ou não em conformidade com o padrão (especificação); sim ou não; vai ou não vai; passa ou não passa. Como exemplos de atributos, temos: O relatório foi apresentado no prazo? 4.1 Noções Básicas O funcionário chegou no horário? A carta foi digitada sem erros? As despesas do departamento X estão dentro do orçamento? A reunião começou no horário? O telefone foi atendido até o terceiro toque? Variáveis permitem avaliações ao longo de uma escala graduada. Como exemplos de variá- veis, temos: prazo de entrega em dias e tempe- ratura de recozimento em graus. A medição por variáveis provê informações mais precisas do que a medição por atributo. A frequência de uso de mensuração por variável, atualmente, é maior do que a de atributos. Como exemplos de variáveis, temos: Quantas horas antes ou depois do pra- zo o relatório foi apresentado? Quantos minutos o funcionário atra- sou? Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 Quantos erros havia, por cem palavras digitadas? Qual a diferença (variação) entre o orça- mento do departamento X e as despe- sas reais? De quantos minutos foi o atraso do iní- cio da reunião? Quantas vezes o telefone tocou, antes de ser atendido? Pense na seguinte questão: caso você não use nenhum tipo de mensuração, provavelmen- te não esteja controlando seus processos geren- ciais/organizacionais. Lembre que as avaliações são muito comuns nas organizações, pois a ne- cessidade de dados é constante. Teixeira et al. (2005) apresentam e analisam indicadores de desempenho que possibilitam avaliar a eficácia da gestão estratégica de pes- soas. De acordo com os autores, existem quatro tipos de grandezas na avaliação: Monetária – custo, investimento etc.; Quantidade – tamanho, volume etc.; Tempo – duração, prazos etc.; Qualidade – satisfação, retrabalho etc. Esses autores consideram que é possível di- vidir os processos de gestão de pessoas em um conjunto de macroprocessos, a saber: atração, manutenção, desenvolvimento, retenção e des- mobilização. Para ilustrar a aplicação dos indica- dores, Teixeira et al. (2005) apresentam exemplos com cada um dos macroprocessos. Macroprocesso: Atração ou Captação de Pessoas Informações pertinentes aos processos de recrutamento, seleção, contratação, integração e avaliação. Mensurações relacionadas com esse macro- processo: Macroprocesso: Manutenção de Pessoas As informações decorrem dos processos de remuneração, benefícios, saúde ocupacional, as- sistência social, segurança e higiene do trabalho, relações trabalhistas e comunicação. Grandeza Informações/Registros Quantidade Número de pessoas atraídas Aproveitamento interno Tempo Recrutamento Seleção Preenchimento da vaga Integração Qualidade Atendimento (pesquisa) Nível de resultados Financeira Custo da fonte (anúncios, agências) Custo de pessoal Custo de deslocamentos Custo de exames médicos 4.2 Avaliação dos Macroprocessos de Recursos Humanos Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Macroprocesso: Desenvolvimento de Pessoas Informações vinculadas aos processos de capacitação, treinamento e desenvolvimento. Grandeza Informações/Registros Quantidade Cargos (por nível) Efetivo Estagiários/trainees Terceiros Faixa etária Tempo de serviço Desligamentos (voluntários/involuntários) Aposentadorias Tempo Viagens Afastamentos Atendimentos (médico-assistenciais) Qualidade Pesquisa de clima (percentagem por faixa) Respostas de reclamações Promoções Financeira Folha de pagamento Custo de alimentação, transporte, saúde Custos de viagens Custo de horas extras Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 Grandeza Informações/Registros Quantidade Número de treinados Número de eventos Números de instrutores Número de eventos por grupo de cargos Tempo Tempo médio de treinamento Duração média por tipo de evento Tempo de treinamento por funcionário Qualidade Promoções associadas a treinamento Melhorias de desempenho associadas ao treinamento Avaliações qualitativas e quantitativas – satisfação dos treinados Mudanças de conhecimento, habilidades, atitudes e/ou desempenho Financeira Investimento/despesa geral Custos de viagens Custos por tipo de treinamento Custos por empregado Macroprocesso: Retenção de Pessoas Esforço para manter os talentos permanentemente motivados e comprometidos com o negócio. Como exemplos de práticas para a retenção, podemos citar a remuneração variável, na qual o emprega- do é remunerado pelo atingimento de resultados, e a adoção de sistemas de carreiras por competências. Grandeza Informações/Registros Quantidade Total de promoções Número de promoções por cargo Número de participantes em programas de talento Tempo Tempo de retenção (médio) Duração de eventos orientados para a retenção Qualidade Pesquisa de clima – nível de satisfação com indicadores Financeira Custo de benefícios Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 Macroprocesso: Desmobilização de Pessoas Requer a formulação prévia de políticas seletivas de dispensa de funcionários, de modo a evitar desligamentos indiscriminados e, principalmente, manter os recursos humanos da organização. Grandeza Informações/Registros Quantidade Número de aposentados no ano Previsão de aposentados por cargo Tempo Tempo de serviço Duração de programas de preparação para aposentadoria Financeira Custo de desligamento Vamos, agora, abordar conceitos sobre pro- dutividade, assim como sua aplicação. Aumentar a produtividade é produzir cada vez mais/melhor com cada vez menos. Pode-se representar a produtividade como o quociente entre o que a empresa produz (output) e o que ela consome (input): Produtividade = Output Input Para aumentar a produtividade de uma or- ganização, deve-se agregar o máximo de valor (máxima satisfação das necessidades dos clien- tes) ao menor custo. Produtividade = Faturamento Custos Produtividade = Eficácia Eficiência Produtividade = Resultados Recursos Produtividade = Produção em Unidades Físicas No Total de Homens-Horas Resultados Reais__ Resultados Previstos Produtividade = ___________________ Recursos Utilizados Recursos Previstos Agora que você já relembrou o conceito geral e as fórmulas para calcular a produtividade, veja aplicações do Índice de Produtividade: Melhorar/aumentar/maximizar (nume- rador) e diminuir (denominador) – mais com menos; Melhorar/aumentar/maximizar (nume- rador) e manter (denominador); Melhorar/aumentar/maximizar (nume- rador) e aumentar (denominador); 4.3 Medição da Produtividade em Recursos Humanos Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 Manter (numerador) e diminuir (deno- minador); Diminuir (numerador) e diminuir (deno- minador). Para tornar o conceito ainda mais claro, ana- lise e resolva o exercício a seguir sobre a instala- ção de telefones. Atividade a ser realizada: I n s t a l a ç ã o de telefones; Recursos Humanos: 5 equipes de traba- lho – instaladores; Meta (resultadopadrão/esperado): Resultados: 100 telefones instala- dos; Recursos: 300 homens-hora. Dados aferidos através de medições (cons- tatados na prática): De posse dessas informações: 1. Determine o índice de produtividade por equipe (utilizar fórmula com aste- risco); 2. Determine a equipe de melhor resul- tado e o incremento em relação ao pa- drão; 3. Faça um gráfico que represente todos esses dados processados. Equipes 1 2 3 4 5 Resultados (reais) 110 100 110 120 95 Recursos (reais) 300 280 280 320 280 Observação: Homem-Hora (HH) é a unida- de de trabalho humano correspondente ao traba- lho efetuado por uma pessoa durante uma hora. Agora, analise e resolva o exercício a seguir. Se 100 telefones são instalados por 300 ho- mens-hora: Quantos telefones são instalados por 1 HH? Quantos HH são necessários para insta- lar 1 telefone? Certamente você já ouviu falar ou mesmo já analisou ou comentou sobre o clima de uma organização. Clima organizacional diz respeito à qualida- de ou propriedade do ambiente de trabalho que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e influencia o comportamento des- tes. Existe um pressuposto de que há um con- junto de sistemas destinados a provocar a satis- fação dos empregados. Esses sistemas oscilam da ampla distribuição de parte dos resultados da empresa ao prosaico “tapinha nas costas”. Se uma organização espera a efetiva contri- buição de seus colaboradores no alcance dos re- sultados do negócio, deverá cuidar para que eles estejam felizes e satisfeitos no ambiente. Sendo assim, você pode perceber que gerenciar o clima organizacional é uma responsabilidade estratégi- ca do corpo gerencial. 4.4 Abordagem Orientada para o Clima Organizacional Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 De acordo com Tachizawa, Ferreira e Fortu- na (2004), o clima organizacional refere-se ao am- biente interno no qual convivem os membros da organização, estando, portanto, relacionado com o seu grau de motivação e satisfação. Assim, o cli- ma organizacional é influenciado pelo conjunto de crenças e valores que regem as relações entre as pessoas, determinando o que é ‘bom’ ou ‘ruim’ para elas e para a organização como um todo, Assim, o clima organizacional é favorável quando possibilita a satisfação das necessidades pessoais, e desfavo- rável quando frustra essas necessidade. (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2004, p. 239). Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2004) refor- çam que o clima organizacional deve ser entendi- do como o grau de satisfação demonstrado pelos integrantes de uma organização, na qual a moti- vação é um fator fundamental para a realização dos trabalhos. Para Toledo e Milioni (1989), clima organiza- cional pode ser considerado um conjunto de va- lores, atitudes e padrões de comportamento, for- mais e informais, existentes em uma organização. Você pode notar que existe uma ideia em comum nas definições apresentadas. Em todas elas, o Clima Organizacional está ligado, direta- mente, à maneira como o colaborador percebe a organização, com a sua cultura, suas normas, seus usos e costumes, como ele interpreta tudo isso e como ele reage, positiva ou negativamente, a essa interpretação (NUNES, 2012). Resumindo, o clima organizacional pode ser entendido como a qualidade do ambiente dentro da organização, que é percebida pelos membros dessa organização como sendo boa ou não e in- fluencia o seu comportamento. AtençãoAtenção Gestão e influência do clima organizacional O gerenciamento do clima organizacional é uma responsabilidade estratégica do corpo gerencial. No entanto, qualquer integrante da organização tem influência no clima organizacional. Saiba maisSaiba mais Valores: representam a importância que as organiza- ções dão a determinadas coisas, como, por exemplo, certos comportamentos ou posicionamentos: ética, trabalho em equipe, justiça, transparência, inovação. Balizam e demonstram quais as prioridades que uma organização procura seguir no cumprimento de seus objetivos (LUZ, 2003). Crenças e pressupostos: “usados quase como sinôni- mos para expressar aquilo que é tido como Verdade na organização. Tidos como verdades, estes conceitos são naturalizados e, consequentemente, são inques- tionáveis.” (FREITAS, 1991, p. 19). Normas: podem ser explícitas e as pessoas procuram se adequar a elas conscientemente. Podem as normas ser implícitas (subentendidas), como aquelas regras de conduta às quais as pessoas conformam-se, mas não têm consciência. Quanto mais conformidade existir entre os dois tipos de normas, mais desenvolvida e efi- caz será uma organização (FREITAS, 1991). Cultura x Clima Organizacional Cultura e clima não são sinônimos. A cultura organizacional mantém-se du- rante toda a existência de uma organização ou, pelo menos, durante parte dela. A cul- tura aponta os caminhos a serem seguidos em determinadas etapas. O clima organizacional modifica-se conjun- turalmente. Os momentos pelos quais as organizações passam em face das dificul- dades do mercado e das muitas crises que o país atravessa, a adoção de modernas tec- nologias que dispensam pessoas, a conten- ção nas políticas de salários e benefícios, o aumento das exigências aos empregados, todos esses são fatores que podem alterar o clima de uma organização e comprome- ter seus resultados (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2004, p. 241). CuriosidadeCuriosidade Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 40 Segundo Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2004), existem vários fatores que influenciam o clima e que devem ser analisados em pesquisas de clima (assunto que veremos a seguir). Alguns deles são: Liderança – liderança da alta direção, valores da organização referentes à qualidade, gestão da qualidade etc.; Informações e análises – análise de da- dos sobre qualidade, comparações com referenciais de excelência; Planejamento estratégico; Gestão de pessoas – envolvimento dos colaboradores, educação e treina- mento, avaliação e reconhecimento do desempenho dos colaboradores, bem- -estar e moral do pessoal; Garantia de qualidade de produtos e serviços – por exemplo, controle da qualidade de processos, melhoria con- tínua de processos, avaliação da quali- dade, qualidade dos fornecedores; Resultados obtidos pela empresa; Satisfação de funcionários e clientes. Há, também, pontos importantes a serem considerados no gerenciamento do clima organi- zacional. Veja alguns deles (TEIXEIRA, 2002): Definição de gestão do clima como prioridade – a direção da empresa deve estabelecer o clima como uma de suas prioridades; Escolher indicadores e processos de medição; Definição de um padrão de liderança – a escolha de um padrão de liderança específico para o clima ajuda a focar o tema; Treinamentos dos gerentes – é funda- mental treinar os gerentes para atender aos padrões esperados; Mecanismos específicos de comunica- ção com os empregados – principal- mente, criar mecanismos específicos para ouvir os colaboradores; Pesquisas de clima – para avaliar, regu- larmente e de forma ampla, o que os colaboradores pensam a respeito do tratamento que recebem, as empresas realizam pesquisas de clima. Você pode ver que o Clima Organizacio- nal representa a manifestação e a percepção de como está e/ou é a organização. Também pode- mos dizer que é o conjunto de fatores que po- dem ser medidos no ambiente de trabalho, que são percebidos pelas pessoas e que influenciam o comprometimento, a motivação e o comporta- mento dessa população. Uma das formas de se obter dados para ava- liar o clima organizacional é realizar uma pesquisade clima na organização. Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 Saiba maisSaiba mais Pesquisa de Clima Organizacional Como você pôde ver, o clima organizacional não é estável, podendo ser alterado ao longo do tempo. Além disso, o clima organizacional tem influência na satisfação dos funcionários e, portanto, na sua produtividade e permanência na organização. Pode-se dizer que empregados satisfeitos produzem mais e, consequentemente, alavancam os resultados das empresas. Sendo assim, a maioria das organizações preocupa-se em aferir, periodicamente, o seu clima organizacional, pois tem ciência que, dependendo da forma como este se apresenta, o trabalho pode ser prejudicado, as relações in- terpessoais, comprometidas e os resultados podem ficar aquém do esperado (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2004). A pesquisa de clima pode ser considerada uma ferramenta que identifica o clima, o ambiente e as condições de relacionamento colaborador-organização, servindo como base para a formulação de estratégias de mudanças e reformulações estruturais. A pesquisa ajuda os administradores a obter respostas precisas sobre a opinião dos colaboradores. Saiba maisSaiba mais Pesquisa de Clima De todas as estratégias para avaliação do clima organizacional, esta é a mais completa, pois permite à organização identificar seus pontos fracos e a satisfação de seus colaboradores com relação a vários aspectos da organização. A pesquisa de clima revela o grau de satisfação dos empregados em um determinado momento. Aponta tam- bém a tendência de comportamento dos colaboradores, como, por exemplo, apoiar ou rejeitar determinados projetos a serem promovidos pela organização. A pesquisa também é uma oportunidade para que os funcionários expressem seus pensamentos e sentimentos em relação à organização (LUZ, 2003). A pesquisa de clima aborda tópicos como: Entendimento da missão; Crenças e valores; Liderança; Relações interpessoais; Salários e benefícios. Note que a avaliação desses tópicos é um importante instrumento estratégico para o plane- jamento eficaz da organização. Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2004) estabe- lecem os seguintes objetivos de uma pesquisa de clima organizacional: Conhecer a cultura da organização; Avaliar a imagem que os empregados fazem da organização, de sua missão e de seus objetivos; Medir o grau de satisfação dos colabo- radores em diversos tópicos; Analisar os padrões de motivação e sa- tisfação, bem como as necessidades e expectativas dos colaboradores; Verificar se existe integração entre os objetivos dos colaboradores e os obje- tivos da organização; Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 42 Verificar se existe correlação entre a sa- tisfação na organização e a oferta do composto de benefícios e serviços; Verificar o nível de integração entre as áreas/departamentos; Medir o grau de envolvimento dos cola- boradores com seu trabalho e clientes. Como você pode observar, Pesquisa de Cli- ma Organizacional diz respeito ao levantamento interno de informações com os colaboradores, vi- sando a conhecer suas satisfações e insatisfações. Alguns parâmetros utilizados nessas pesquisas são (LAUSCHNER; MEUREI; HINTERHOLZ, 2012): O Trabalho em Si: com base nesta variá- vel, procura-se conhecer a percepção e atitude das pessoas em relação ao tra- balho, horário, distribuição, suficiência de pessoal etc.; Integração Setorial e Interpessoal: ava- lia o grau de cooperação e relaciona- mento existente entre os colaboradores e os diversos departamentos da organi- zação; Salário: analisa a existência de eventuais distorções entre os salários internos e descontentamentos em relação aos sa- lários pagos por outras organizações; Estilo Gerencial: aponta o grau de satis- fação do colaborador com a sua chefia, analisando a qualidade de supervisão em termos de competência, feedback, organização, relacionamento etc.; Comunicação: busca o conhecimento que os colaboradores têm sobre os fa- tos relevantes da organização, seus ca- nais de comunicação etc.; Desenvolvimento Profissional: avalia as oportunidades de treinamento e as possibilidades de promoções e carreira que a organização oferece; Imagem da Empresa: procura conhecer o sentimento das pessoas em relação à empresa; Processo Decisório: revela uma faceta da supervisão, relativa à centralização ou descentralização de suas decisões; Benefícios: apura o grau de satisfação com relação aos diferentes benefícios oferecidos pela organização; Condições Físicas do Trabalho: verifica a qualidade das condições físicas de tra- balho, as condições de conforto, insta- lações em geral, riscos de acidentes de trabalho e doenças profissionais; Trabalho em Equipe: mede algumas formas de participação na gestão da or- ganização; Orientação para Resultados: verifica até que ponto a organização estimula ou exige que seus colaboradores respon- sabilizem-se efetivamente pela conse- cução de resultados. Como algumas das contribuições da Pes- quisa de Clima, temos: O alinhamento da cultura com as ações efetivas da organização; Promover o crescimento e desenvolvi- mento dos colaboradores; Integrar os diversos processos e áreas funcionais; Otimizar a comunicação; Minimizar a burocracia; Identificar necessidades de treinamen- to e desenvolvimento; Enfocar o cliente interno e externo; Otimizar as ações gerenciais, tornando- -as mais consistentes; Aumentar a produtividade; Diminuir o índice de rotatividade; Criar um ambiente de trabalho seguro; Aumentar a satisfação dos clientes in- ternos e externos. Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43 Perceba que a gestão do clima organiza- cional é uma atividade que exige atenção per- manente e participação de toda a hierarquia. Administrar o clima não significa ter que utilizar sofisticados e/ou caros instrumentos de recursos 4.5 Resumo do Capítulo Um interessante filme que aborda indiretamente o tema “Clima Organizacional” é A conquista do paraíso: Colombo. Síntese do filme Este filme sintetiza a aventura de Cristóvão Colombo (Gérard Depardieu) no descobrimento das Américas, evidenciando as questões do planejamento (e as incertezas da pioneira vigem oceânica) e da alocação de pessoas para sua execução (recrutamento da tripulação dos navios da frota co- mandada por Colombo). Conta a história desse navegador genovês que atravessou o Atlântico pela primeira vez, em busca de novas terras, expandindo o domínio espanhol para as Américas. Pontos observáveis: Liderança, clima organizacional, planejamento de carreira, recrutamento e seleção, treinamento de integração, trabalho em equipe (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2004). MultimídiaMultimídia humanos, contratar consultores ou pagar salários bem acima do mercado. As questões materiais são importantes, mas existem alguns princípios básicos que exigem apenas coerência, respeito, reconhecimento e equidade. Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, tivemos a oportunidade de analisar os indicadores de desempenho, que possibili- tam acompanhar a eficácia da gestão de pessoas. Além disso, foi possível refletir sobre a importância de uma correta avaliação e análise da produtividade em Recursos Humanos. Aprofundamos o conhecimento sobre clima organizacional, destacando a importância da percep- ção dos colaboradores para a identificação do clima organizacional. Ressaltamos, também, que o clima não é algo estático e que é influenciado por todos os membros da organização, embora seja uma respon- sabilidade estratégica do corpo gerencial. Identificamos a importânciada avaliação do clima, assim como a ferramenta mais utilizada para esse fim, que é a pesquisa de clima. Foi, ainda, possível observar os parâmetros utilizados nas pesquisas de clima, assim como suas contribuições. Vamos, agora, às nossas atividades propostas. Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 44 Caro(a) aluno(a), Aproveite as atividades a seguir para aplicar os conceitos apreendidos neste capítulo. 1. Leia as afirmações a seguir e assinale se são verdadeiras ou falsas: a) O clima organizacional é influenciado pela forma como os gestores tratam os colaborado- res. ( ) verdadeira ( ) falsa b) Para avaliar o clima organizacional é necessário que se aplique uma pesquisa de clima or- ganizacional. ( ) verdadeira ( ) falsa 2. Assinale a alternativa correta. Para sua festa de aniversário, Mariana pediu a ajuda de seus três tios – João, Pedro e Alfredo – para encher balões. João encheu 10 balões em 1 hora; Pedro encheu 26 balões em 2 horas; Alfredo encheu 9 balões em 45 minutos. Considerando como produtividade o número de balões cheios por hora, podemos dizer que: a) João, Pedro e Alfredo têm a mesma produtividade. b) João é mais produtivo que Alfredo. c) Pedro é o mais produtivo dos três. d) Alfredo é o mais produtivo dos três. e) João é o mais produtivo dos três. 4.6 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 45 Caro(a) aluno(a), Guardamos, para este capítulo, as tendên- cias da área de Recursos Humanos. Algumas dessas tendências de RH já se tor- naram realidade em várias organizações. Outras estão presentes no discurso, mas são ainda inci- pientes na prática. Em todo caso, é normal que as organizações apresentem modelos de gestão e práticas de RH diferentes, de acordo com as suas características e histórias, e com o contexto orga- nizacional. Primeiramente, vamos tratar do tema “Con- sultoria Interna de RH”, identificando seu objeti- vo e seus benefícios para a organização. Depois, TENDÊNCIAS EM RECURSOS HUMANOS5 apresentaremos os conceitos de coaching e men- toring, assim como seus objetivos. Em seguida, você terá a oportunidade de refletir sobre um tema que tem sido comentando por profissionais e organizações: Qualidade de Vida no Trabalho. Você terá a oportunidade de refletir sobre o conceito de competências e sobre a importância da Gestão por Competências. Finalizando o capí- tulo, apresentaremos o conceito de Endomarke- ting. Acredito que os temas abordados neste ca- pítulo serão de grande utilidade na sua vida pro- fissional. Primeiramente, vamos relembrar um con- ceito já conhecido por você, na teoria e/ou na prática, que é o de consultoria. O termo ‘consultoria’ tem sido usado por di- versos autores para explicar, em síntese, uma re- lação de interação que envolve uma atividade de ajuda para a solução de um ou mais problemas. Como exemplo, consultoria pode ser con- siderada um processo de interação de dois pro- fissionais. Um profissional é o consultor, que é um especialista. O outro profissional é o consultando (ou consultado), que solicita auxílio do consultor em relação a um problema ou assunto de traba- lho com o qual ele enfrenta algumas dificuldades e o qual ele entende que pertença a outras áreas específicas do conhecimento (MANCIA, 2004). 5.1 Consultoria Interna de Recursos Humanos Com base no que foi exposto, você pode concluir que consultoria é, fundamentalmente, uma relação de ajuda, que possui caráter diferen- ciado em função da natureza do problema ou as- sunto que se pretende abordar. E o que vem a ser a consultoria interna, mais especificamente, a consultoria interna de recur- sos humanos? DicionárioDicionário Consultoria: “um conjunto de atividades desenvol- vidas pelo consultor, que ajudam o cliente a perce- ber, entender e agir sobre fatos inter-relacionados que ocorrem no seu ambiente.” (SCHEIN apud MANCIA, 2004, p. 148). Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 46 De acordo com Mancia (2004, p. 149), a Consultoria Interna de Recursos Humanos (CIRH) “é uma atividade ou meio, orientada para dar su- porte às atividades, nos diferentes campos que envolvem mudança, conhecimento técnico, pes- quisa e desenvolvimento.” Orlickas (2010) diz que a CIRH é um mode- lo de gestão que exige que cada profissional de RH, dentro de uma estrutura organizacional, atue de forma multidisciplinar, formando um link entre RH Corporativo e os demais funcionários. Nesse modelo, é necessário que o RH reco- nheça as necessidades de seus clientes internos e obtenha formas diferenciadas de desenvolvimen- to de seus funcionários, para que eles possam conduzir o leme organizacional. O processo de Consultoria Interna visa a atender ao cliente inter- no da melhor forma possível, com clareza de in- tenções e no tempo desejado (ORLICKAS, 1999). Perceba que o consultor interno de RH é um profissional que faz parte do quadro da organiza- ção, por meio de vínculo empregatício. O consul- tor interno de RH é um especialista em uma área de conhecimento, caso contrário não seria consi- derado um consultor. Além disso, esse consultor interno não tem poder decisório para implantar ações ou soluções propostas, mas sim expertise para recomendar ações ou soluções (MANCIA, 2004). Orlickas (2001) ressalta que o consultor interno de recursos humanos deve ser um pro- fissional multidisciplinar, no que diz respeito a recursos humanos, ou seja, conhecedor de todas as atividades da área de RH, e capaz de identifi- car necessidades variadas de seus interlocutores e de construir com eles soluções originais e com- plexas. Para isso, o consultor interno não precisa conhecer a fundo todas as áreas de RH. Por exem- plo, não precisa ser profundo conhecedor do conteúdo de um programa de treinamento, nem mesmo ministrar o curso, mas deve ter uma boa visão dos benefícios e resultados desse programa para o cliente interno e de como ele será minis- trado. Outro exemplo: não precisa saber elaborar um projeto de revisão de políticas de remunera- ção, mas precisa saber detectar se a insatisfação de um funcionário está no salário ou em outro motivo qualquer. Você pode concluir que a CIRH é exercida pelo consultor interno de RH, que é um profissio- nal com vínculo empregatício com a organização. Esse profissional deve ser multidisciplinar, no que se refere aos assuntos de recursos humanos. Para que possa contribuir com sua expertise para soluções e orientações ao consultado, para conduzir seu trabalho de forma adequada, o con- sultor interno de RH precisa conhecer em profun- didade a organização na qual está inserido, por meio de sua história, cultura, visão, prioridades estratégicas, competências essenciais e modelo de gestão. AtençãoAtenção O consultor interno de recursos humanos é fun- cionário de uma organização, especialista em um campo de conhecimento e, justamente devido ao conhecimento nessa especialidade, “por sua habilidade, experiência, postura e posição, exerce influência sobre diferentes segmentos da organi- zação (pessoas e grupos), mas não possuiu poder decisório sobre seus clientes nem sobre os proje- tos e sua implementação.” (MANCIA, 2004, p. 149). Saiba maisSaiba mais Multifuncionalidade do Consultor Interno de RH A necessidade de multifuncionalidade do pro- fissional que atuará como consultor interno de RH surge da urgência de exterminar as soluções isoladas e departamentalizadas e de oferecer um único profissional para interagir com o cliente. Esse profissional deve conhecer o RH como um todo, mas não necessariamente em profundida- de. Além disso, deve entender do negócio de seu cliente. Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação aDistância | www.unisa.br 47 O ambiente turbulento, de transformações e mudanças, e competitivo exige que as pessoas e as organizações mantenham-se atualizadas, de- senvolvam suas competências e consigam lidar com as incertezas e imprevisibilidade. Nesse contexto, é interessante contar com o apoio de outros profissionais para que possamos realizar progressos nas arenas que atuamos ou iremos atuar. O mentoring e o coaching são práti- cas cada vez mais importantes para o alcance das metas de desenvolvimento profissional, gerencial e organizacional (ZENKER, 2011). Um dos grandes benefícios dos programas ou sessões de mentoring e coaching, seja nas or- ganizações ou para os indivíduos, é criar condi- ções de cooperação orientada para a melhoria da produtividade e da inovação. Como resultados práticos desses processos, podemos apontar a economia de tempo e o aumento da eficiência e eficácia na implantação de projetos dentro das empresas, especialmente se forem necessários novos conhecimentos e metodologias. Outro benefício dos processos de coaching e mentoring é a melhoria de resultados que se ob- tém nos processos de change management. Toda mudança traz desconforto para os envolvidos. O uso do coaching e do mentoring para as questões mais individuais e pessoais amenizará os confli- tos e contribuirá significativamente para o surgi- mento do clima necessário para a efetiva e eficaz implementação dos novos processos. O uso do mentoring e do coaching deve ser visto como uma ferramenta que acelera a inovação e contribui, as- sim, para os resultados estratégicos da organiza- ção (ZENKER, 2011). Agora que você já pôde visualizar alguns dos benefícios dos processos de coaching e men- toring, veja os conceitos e as características de cada um desses processos. Vamos, primeiro, abor- dar o processo de coaching. 5.2 Coaching e Metoring Coaching diz respeito ao processo diretivo desenvolvido por gerente ou consultor externo a fim de treinar e orientar um colaborador em rela- ção ao seu trabalho, à organização e seus proje- tos, ajudando-o na superação de obstáculos, com impacto em seu desempenho nas atividades de- legadas. O uso do coaching ajuda a criar uma cul- tura não só voltada ao trabalho em equipe, mas também à colaboração (ZENKER, 2011). O Coah, nas organizações, pode ser enten- dido como a pessoa que se compromete a apoiar alguém com o objetivo de melhorar seu desem- penho e promover seu desenvolvimento profis- sional e pessoal. Participar de um coaching ou ter um coach é como ter um técnico que irá ajudar o profissional a desenvolver suas habilidades, corri- gir erros e desenvolver talentos (GIL, 2001). O coach pode oferecer condições para que seu cliente (coachee – aquele que recebe o pro- cesso de coaching) promova um autodiagnóstico Coach O termo ‘coach’ tem origem no campo es- portivo e tem sido utilizado para designar o papel do técnico, aquele profissional que treina, por exemplo, times de futebol e bas- quete. O coach procura transformar atletas em campeões. Coaching: expressão que significa treina- mento. Geralmente, é a organização quem contrata o coach (ou treinador), mas já há casos em que o profissional procura por ajuda. O coach é responsável pelo desenvolvi- mento de profissionais e pessoas que ne- cessitam de uma profunda reflexão de si mesmos e por promover uma mudança de rumo na carreira e até na vida pessoal. CuriosidadeCuriosidade Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 48 e aprimore sua capacidade de raciocínio e análi- se, visando a torná-lo capaz de estabelecer metas, determinar prioridades e identificar as melhores soluções para os problemas que se apresentam no dia a dia. O coach é um profissional que não se com- promete apenas com os resultados, mas com o próprio desenvolvimento e realização da pessoa que é designada como sua cliente (coachee). Sua função é dar ao cliente poder para que produ- za, para que suas intenções transformem-se em ações, que, por sua vez, traduzem-se em resulta- dos (GIL, 2001). Vejamos, agora, o processo de mentoring. O mentor busca tornar seu cliente (“men- toreado”) um “aliado” da organização e, como consequência, procura enfatizar, principalmente, os valores e a estrutura política da organização, o estabelecimento de contatos e o acesso aos recursos necessários. Sendo assim, o mentor pre- cisa ser escolhido entre as pessoas capazes de re- presentar os valores da organização e com autori- dade suficiente para proporcionar os meios para que o desempenho de seus clientes atinja o nível pretendido (GIL, 2001). Geralmente, os processos de mentoring nas organizações são aplicados para aqueles profis- sionais que têm muito potencial e que se revelam promissores, mas que precisam de ajuda para ter um desempenho de nível mais elevado, ou para profissionais no início da carreira e/ou novos na organização. O processo de mentoring pode ser concei- tuado como processo de apoio desenvolvido por um mentor, a fim de ajudar um indivíduo (“men- toreado”) a melhor definir seu território, ampliar seu potencial e alinhar suas motivações internas com atividades e projetos que o levarão ao suces- so (ZENKER, 2011). Você deve ter percebido que mentoring e coaching têm pontos em comum. Ambos pos- suem como essência a relação interpessoal. O trabalho de mentoring e de coaching estimula a reciprocidade entre as pessoas, na ampliação da percepção, descoberta de soluções, de decisões mais conscientes e de ações mais pertinentes para conseguir o que se busca (ZENKER, 2011). É importante você ter em mente que o coach e o mentor não dizem quais decisões de- vem ser tomadas. A ideia é que eles apenas orien- tem e conduzam o profissional a tomar decisões. Você já deve ter percebido que o tema QVT tem sido recorrente nas organizações e no discur- so dos profissionais. Além disso, é notório que o tema vem ganhando expressão cada vez maior no ambiente empresarial brasileiro, dentro das estratégias de gestão de pessoas. De acordo com Limongi-França e Arellano (2002, p. 305), seja por aumentar a produtividade, seja como peça importante da competitivi- dade e da modernidade da gestão de pessoas, seja no atendimento a exigên- cias dos clientes, o fato é que, por meio de melhores condições de trabalho, que fazem parte do escopo dos programas 5.3 Qualidade de Vida no Trabalho de QVT, os resultados obtidos podem ter alcançado os objetivos empresariais, au- xiliando a organização a enfrentar o am- biente competitivo e a comprometer as pessoas com o negócio da empresa. Essa definição já fornece uma noção do por- quê do interesse no tema QVT. Vamos, então, ex- plorar um pouco mais esse assunto. De acordo com Limongi-França e Zaima (2002), de alguns anos para cá, foi possível notar o crescimento de notícias, eventos, estudos e pu- blicações relacionados à QVT. Esse tema tem des- pertado o interesse do empresariado, provavel- mente pela possível ligação com a satisfação do Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 49 empregado e consequente perda ou aumento da produtividade que pode surgir dessa associação. No Brasil, foram as organizações multinacio- nais e de grande porte que mais evoluíram nos úl- timos anos em termos de QVT, definindo políticas específicas e incluindo-as em seu planejamento estratégico de RH e corporativo. Essas organiza- ções também são as que adotam, há mais tem- po, formas de gestão mais avançadas e padrões de qualidade altamente competitivos e compatí- veis com as exigências do mercado internacional (CAÑETE, 2004). Vários autores oferecem-nos definições so- bre QVT. Veja algumas dessas definições e reflita sobre o tema em termos teóricos e práticos. De acordocom Cañete (2004, p. 396), QVT “se refere à qualidade de vida em relação ao que se passa em nossos ambientes de trabalho ou em nossa vida laboral.” Cañete (2004) também res- salta que QVT consiste em uma intervenção na organização e no processo de trabalho e, sendo assim, não se reduz ao cumprimento de leis ou à discussão de direitos dos trabalhadores. Limongi-França e Zaima (2002, p. 406) apre- sentam QVT “como o conjunto de ações de uma organização no sentido de implantar melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estrutu- rais no ambiente de trabalho, visando atender escolhas de bem-estar das pessoas que atuam em uma organização.” As autoras ainda enfatizam que a construção da QVT ocorre a partir do mo- mento em que se olham a organização e as pes- soas como um todo, o que se denomina enfoque biopsicossocial. Um fator importante em relação à QVT é que a análise da qualidade de vida das pessoas está ligada ao grau de expectativa e ao grau de percepção de cada um. Podemos considerar que QVT é gerar uma organização mais humanizada. Para isso, é ne- cessário que o trabalho envolva relativo grau de responsabilidade e de autonomia em termos de cargo, recebimento de recursos e de feedback so- bre o desempenho, e enriquecimento no traba- lho, com ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo. Apesar de ser um conceito que vem sen- do discutido nos últimos anos, a QVT não é uma ideia nova. Esse conceito vem sendo abordado desde os anos de 1970 (LIMON- GI-FRANÇA; ZAIMA, 2002). CuriosidadeCuriosidade Visão Biopsicossocial É um conceito que se originou nos anos 1970, com o resgate da visão integrada e holística do ser humano. O ser humano não se divide. Cada pessoa é um comple- xo biopsicossocial composto de interfaces biológicas, psicologias e sociais, que rea- gem simultaneamente aos estímulos rece- bidos (LIMONGI-FRANÇA; ZAIMA, 2002). CuriosidadeCuriosidade Saiba maisSaiba mais “QVT é a adequação entre aquilo a que um indi- víduo aspira e o que ele efetivamente obtém na vida que leva. É uma dimensão bastante subjeti- va, e sua avaliação é de extrema importância para medir o estresse. Abrange diversas áreas da vida: profissional, familiar, lazer.” (CAÑETE, 2004, p. 398). Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 50 Vamos abordar, agora, a avaliação e desen- volvimento de competências. Esse tema de RH vem assumindo cada vez mais importância nas organizações, visto que elas precisam definir as competências necessárias para o seu sucesso e estimular o desenvolvimento dessas competên- cias nos seus colaboradores. Antes de falarmos da gestão por competên- cias, vamos contextualizar competências, dentro da Gestão de Desempenho. De acordo com Stoffel (2000, p. 13), Gestão do Desempenho é uma metodologia gerencial que visa pro- mover a consecução das metas organiza- cionais e o desenvolvimento dos recursos humanos, através de um processo partici- pativo, dinâmico, contínuo e sistematiza- do de planejamento, acompanhamento, avaliação e melhoria do desempenho. A Gestão de Desempenho é um processo que permite que saibamos o que a organização espera de nós, quais são os nossos pontos fortes e oportunidades de melhoria, e de que maneira po- demos nos desenvolver e melhor contribuir para o alcance dos objetivos da Organização. Você deve ter percebido que a Gestão de Desempenho apresenta dois focos. O resultado, ou seja, o que você conseguiu objetivamente en- tregar, é o alcance das metas e objetivos. O outro foco é a competência, ou seja, como você conse- guiu realizar a sua entrega, concretizar suas me- tas. Dentro desses focos da Gestão de Desem- penho, temos a Gestão por Competências. Ges- tão por competências significa gerenciar pessoas e equipes com base em competências. Competência, por sua vez, significa a habi- lidade ou capacidade para desempenhar algo. Competência pode ser conceituada como o “con- junto de conhecimentos, habilidades e atitudes que, quando integrados e utilizados estrategica- mente pela pessoa, permitem-lhe atingir com su- cesso os resultados que dela são esperados pela organização.” (MILIONI, 2002, p. 322). A Gestão por competências apresenta alguns objetivos que, de acordo com Picarelli (2002), merecem destaque. São eles: Entender, organizar e disseminar os co- nhecimentos ligados ao negócio e às estratégias organizacionais, buscando construir uma organização de alta per- formance; Ser um instrumento de comunicação das mensagens-chave de atitudes, co- nhecimentos e habilidades esperados em relação a cada empregado; Formar uma base de dados confiável de cada empregado (resultado das avalia- ções), tornando-a disponível para a or- ganização; Servir como valiosa fonte de informação para as necessidades de treinamento e de desenvolvimento, plano de suces- são, movimentação na carreira, seleção interna e externa, e remuneração; Comprometer o líder na gestão efetiva e no desenvolvimento de sua equipe; Obter transparência e comunicação em relação aos critérios para desenvolvi- mento profissional. Saiba maisSaiba mais Avaliação por competências “Processo em que as competências mapeadas, descritas e referendadas como a perspectiva de resultados de um cargo, função, especialização ou equipe de trabalho são pontuadas como indi- cadoras da ‘entrega’, ou seja, dos produtos ou dos resultados efetivos.” (MILIONI, 2002, p. 322). 5.4 Avaliação e Desenvolvimento de Competências Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 51 A valorização das competências, nos últi- mos anos, revela a crença de que os resultados das organizações, dos grupos, dos colaboradores dependem, em grande parte, de seus desempe- nhos. Esses, por sua vez, dependem, em grande parte, de suas competências. Se as competências necessárias para o su- cesso organizacional e profissional podem ser mapeadas e desenvolvidas, é necessário utilizar metodologias e técnicas específicas para esses objetivos. Metodologia pode ser entendida como o caminho para se chegar a algum lugar. Alguns preferem a expressão ‘estratégia’, enquanto ou- tros optam pelo “como”. Um caminho é composto de etapas ou fases. Por exemplo, primeiro, iden- tificamos o trabalho a ser realizado por alguém; em seguida, o perfil de competências requerido para essa função. Depois, aplicamos técnicas para identificar as competências fortes e limitantes dos colaboradores, montamos um plano para desen- volver as competências desejadas, acompanha- mos e avaliamos os resultados do seu trabalho. Técnicas podem ser consideradas as fer- ramentas para alcançar algo. Veja alguns instru- mentos que podem ser utilizados para identificar competências: Checklist de competências – solicitar autopercepção nas competências (for- tes e limitantes); Conversa – troca de ideias, opiniões etc.; Entrevista – de seleção, de avaliação de desempenho; Jogos – jogos dos quadrados; Simulações – representar papéis; Observação de desempenho em uma atividade – gerir um projeto; Fazer a leitura dos produtos gerados por uma pessoa – relatório; Promoção de produtos e serviços – visi- ta comercial; Uso do tempo – tempo de lazer envolvi- do com que atividade; Áreas de interesse em leituras – livros, jornais, revistas, internet etc.; Cursos, palestras, congressos e outros – Técnicas de vendas; Profissão – Administrador; Cargo – Gerente de Marketing; Ramo da empresa – farmacêutico, auto- motivo etc.; Currículo é uma fonte de informações sobre a história do indivíduo; Outros. Os meios aqui apresentados são oportuni- dades para conhecer as competências de uma pessoa ou equipe. O desafio é descobriras com- petências através desses meios. Por exemplo: um profissional que só faz cursos técnicos em sua área de atuação e nenhum na área gerencial pro- vavelmente expressa uma visão especializada e pouco gerenciamento. “É provável”. Cada caso é um caso e deve ser analisado individualmente. Existem, também, técnicas para desenvol- ver competências. Por exemplo: Estágios; Treinamento on the job – desenvolver capacidades no próprio trabalho; Job rotations – passar por várias posi- ções; Pesquisa nos vários meios de comuni- cação – internet; Oficinas – aprender fazendo; Eventos em geral – cursos, palestras, congressos etc.; Visitas – benchmarking; Novas posições – promoção ou transfe- rência para outra área; Leituras em geral e especializadas; Participação em grupo de trabalho – in- terno e externo à organização; Escrever artigos; Apresentar-se publicamente; Responder positivamente aos trabalhos demandados na área; Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 52 Colocar desafios para si mesmo e pro- curar superar obstáculos; Mentoring e coaching. Os meios apresentados são oportunidades para desenvolver competências de uma pessoa ou equipe. O desafio é descobrir formas especí- ficas e gerais para ampliarmos nossas competên- cias. Por exemplo: um profissional que precisa ampliar seus conhecimentos e competências so- bre marketing pode optar por uma pós-gradua- ção nessa área. Por outro lado, um profissional que precisa melhorar sua competência na gestão de tempo pode fazer um curso de extensão. Pelo que você teve a oportunidade de ler até o momento, pôde perceber que, no atual am- biente organizacional, com busca pela competiti- vidade e inovação, e uma gestão ágil e flexível, a gestão por competências encontra um ambiente favorável para seu desenvolvimento e pode trazer benefícios, visto que organiza e orienta os recur- sos e conhecimentos existentes para que os obje- tivos do negócio sejam alcançados. Os atuais sistemas para captação, retenção e desenvolvimento das pessoas estão operando de forma estratégica e integrada, e tendo por base as competências necessárias para a organização. Você provavelmente já ouviu o termo “En- domarketing”. E o que vem a ser Endomarketing? “Endo” provém do grego e quer dizer “ação inte- rior ou movimento para dentro”. Endomarketing é, portanto, marketing para dentro (MEIRA; OLI- VEIRA, 2011 p. 48). Endomarketing pode ser considerado a “uti- lização de modernas ferramentas de marketing, porém, dirigidas ao público interno das organiza- ções. São ações estruturais que visam à ação para o mercado.” (MEIRA; OLIVEIRA, 2011, p. 49). De acordo com Bekin (2004), pode-se de- finir Endomarketing como as ações gerenciadas de marketing, eticamente dirigidas ao público interno (ou seja, funcionários/colaboradores) das organizações com fins lucrativos, organizações governamentais e organizações do terceiro setor, observando condutas de responsabilidade co- munitária e ambiental. Brum (2000) define o Marketing Interno, ou seja, o Endomarketing, como a ação de dar ao funcionário educação e atenção, tornando-o bem preparado e bem informado para que possa tor- nar-se também uma pessoa criativa e feliz, capaz de surpreender, encantar e entusiasmar o cliente. Para a autora, Endomarketing é o esforço que a 5.5 Endomarketing organização faz para melhorar o nível de infor- mação e, com isso, estabelecer mais aproximação com o seu colaborador. Sendo assim, o marketing interno está voltado para um processo de comu- nicação interna. De acordo com Cerqueira (2002, p. 445), en- domarketing “são projetos e ações que uma em- presa deve empreender para consolidar a base cultura do comprometimento de seus funcionários com o desenvolvimento adequado de suas diver- sas tecnologias.” Segundo o autor, empreender esses projetos e ações, ou seja, o endomarketing, visa a, por exemplo: Manter o clima ideal de valorização e re- conhecimento das pessoas; Obter índices maiores de produtividade e qualidade, com consequente redução de custos; Estabelecer canais de comunicação in- terpessoal, permitindo a eliminação de conflitos e insatisfações que possam afetar o sistema organizacional. Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 53 Com base nesses pontos, constata-se que o conceito de marketing interno ou endomarketing envolve temas como: motivação dos funcionários, comunicação, comprometimento, valores, instru- mentos de marketing e satisfação do consumidor. O endomarketing tem como principal ob- jetivo fortalecer as relações internas da empresa, Saiba maisSaiba mais Projetos de endomarketing criam um componen- te de comunicação integrada, ou seja, nos dois sentidos, estabelecendo uma base de relaciona- mento interpessoal que desenvolve positivamen- te a autoestima das pessoas e facilita a prática da empatia e da afetividade (CERQUEIRA, 2002). com a função de integrar a noção de cliente e fornecedor interno, e fazer com que todos os fun- cionários tenham uma visão compartilhada sobre o negócio da empresa, incluindo itens como ges- tão, metas, resultados, produtos, serviços e mer- cados nos quais atua. Dessa forma, o endomar- keting propicia melhorias tanto na qualidade dos produtos quanto na produtividade pessoal e na QVT (MEIRA; OLIVEIRA, 2011). Pelo exposto, é possível considerar que o Endomarketing é um conjunto de ações para os próprios funcionários, visando à integração, co- municação, distribuição de informações internas e motivação, para que repercuta no cliente exter- no. Prezado(a) aluno(a), Neste capítulo, abordamos as principais tendências de Recursos Humanos nas Organizações. Apon- tamos que essas tendências já são realidade em algumas organizações; em outras, estão no discurso; e, em outras, ainda nem no discurso. Também é importante verificar se as tendências aplicam-se à determi- nada organização. Abordamos o tema CIRH, relembrando o papel geral de consultoria e esclarecendo o conceito e o papel da CIRH, assim como as exigências para o profissional de RH. Em seguida, tratamos de dois processos que têm sido utilizados pelas organizações e pelos pro- fissionais: coaching e mentoring. Você teve a oportunidade de conhecer o conceito de cada processo e refletir sobre as suas utilizações. Uma das tendências que têm chamado a atenção das organizações nos últimos anos, embora não seja uma ideia nova, é a QVT. Apresentamos alguns conceitos sobre o tema, resgatando sua importância no contexto organizacional. Contextualizamos e definimos a gestão por competências, permitindo a visualização de sua impor- tância para as organizações. Finalizando o capítulo, apresentamos o conceito de Endomarketing, permitindo que você reflita sobre seu foco e impacto para os colaboradores das organizações. Agora, vamos fixar os conteúdos deste capítulo, fazendo as atividades propostas. 5.6 Resumo do Capítulo Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 54 Caro(a) aluno(a), Aproveite as atividades a seguir para reforçar os conceitos vistos neste capítulo. 1. Leia as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta. I – O coaching é um processo que visa a tornar o coachee capaz de estabelecer metas, identificar as melhores soluções para os problemas e/ou os obstáculos que aparecem e transformar suas intenções em ações. II – O mentor deve ser alguém da própria organização, pois o processo de mentoring tem como objetivo enfatizar a cultura organizacional. III – Uma das diferenças entre os processos de mentoring e coaching é que o mentor não tem poder para decidir as ações que devem ser tomadas. a) Todas as afirmações estão corretas.b) As afirmações I e II estão corretas. c) As afirmações I e III estão corretas. d) As afirmações II e III estão corretas. e) Todas as afirmações estão erradas. 2. Em uma fábrica de softwares, três programadores que tinham excelente desempenho técnico foram promovidos para cargos de gestão. Como eles nunca haviam gerenciado uma equipe, precisavam desenvolver competências gerenciais. Para desenvolver as competências necessá- rias, seria adequado utilizar quais das técnicas de desenvolvimento de competências? 5.7 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 55 Prezado(a) aluno(a), A ARH tem evoluído nas últimas décadas e se reposicionado na organização, assumindo um lugar de parceira estratégica. Sendo assim, sua função nas organizações deixou de ser operacional e passou a ser de assessoria, orientando os gestores nos assuntos relacionados aos recursos humanos, pois são os gestores os verdadeiros responsáveis pela gestão das pessoas. Nesta disciplina, você pode analisar as mudanças ocorridas na ARH, entender os processos dessa área, os indicadores de RH e os principias principais movimentos que estão ocorrendo nas organizações e que influenciam, principalmente, os rumos da ARH. Com a abordagem aqui apresentada, você pode obter uma visão sistêmica em relação à Área de Recursos Humanos e compreender seus conceitos, tendências e, principalmente, a importância estraté- gica assumida por essa área no novo e dinâmico contexto organizacional. CONSIDERAÇÕES FINAIS6 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 57 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, apresentamos as respostas comentadas das atividades propostas. CAPÍTULO 1 1. a) falsa; b) verdadeira. a) Falsa: Os gerentes e chefes passaram a ser os responsáveis pela gestão das pessoas. No entanto, a área de RH não ficou designada com o papel operacional de RH. Pelo contrário, desde então, buscou-se cada vez mais uma atuação de assessoria e apoio estratégico de RH. b) Verdadeira. Chiavenato (1999) ressalta que a ARH é constituída de subsistemas que são contingenciais e situacionais, variando conforme a organização, fatores ambientais, orga- nizacionais, humanos e tecnológicos. Fedelis e Banov (2007) também argumentam que a estrutura de RH varia de uma organização para outra, conforme histórico e necessidades. 2. d) As afirmações II e III estão corretas. A afirmação I está errada. O capataz até tinha a responsabilidade de contratar e demitir funcio- nários, mas essa responsabilidade era dele não devido à importância dada à gestão de pessoas, mas justamente devido à falta de importância e de estrutura de gestão de pessoas. A preo- cupação do capataz não era a gestão de pessoas, mas sim operacionalizar a contratação e a demissão de pessoas. A afirmação II está correta. De acordo com Caldas, Tonelli e Lacombe (2002), nesse período, alguma ênfase foi dada ao desenvolvimento das funções gerenciais, tanto devido à imitação de modelos importados, quanto devido à necessidade de uma chefia preparada para lidar com uma mão de obra de baixa qualificação. A afirmação III está correta. No período da Segunda Guerra Mundial até 1980, houve pequenas iniciativas de fomentar um cunho estratégico para o RH no Brasil, principalmente das multina- cionais instaladas. No entanto, somente a partir de 1990, tem-se início a gestão estratégica de pessoas. RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 58 CAPÍTULO 2 1. c) As afirmações I e II estão corretas. Afirmação I – correta. Verificar quadro “Atenção”. O desempenho que se espera das pessoas no trabalho e o modelo de gestão correspondente são determinados por fatores internos e externos ao contexto organizacional. Fatores internos: produto ou serviço oferecido, tecnolo- gia adotada, estratégia de organização, cultura e estrutura organizacional. Fatores externos:, a cultura de trabalho de dada sociedade, sua legislação trabalhista e o papel conferido ao Estado e aos demais agentes que atuam nas relações de trabalho vão esclarecer os limites nos quais o modelo de gestão de pessoas poderá atuar (FISCHER, 2002, p. 13). Afirmação II – errada. Fischer (2002) afirma que o comportamento humano vem assumindo valor cada vez maior nas organizações e isso tem implicações na formulação do modelo de gestão de recursos humanos. Afirmação III – correta. No item “Fatores condicionantes do modelo de gestão de recursos hu- manos/cultura organizacional”, está a explicação da relação do modelo de gestão de pessoas com a cultura organizacional. 2. d) A alternativa (d) está errada. O modelo de gestão de pessoas articulado por competências não reduz a importância do aspecto estratégico de RH. Pelo contrário, nesse modelo, há o desejo de estabelecer vínculos mais estreitos entre o desempenho humano e os resultados no negócio da empresa, que estava presente no modelo anterior. O RH tem um papel estratégico no sentido de identificar, definir e desenvolver competências que sejam estratégicas para a organização. CAPÍTULO 3 1. 1. Agregar Pessoas (d) 2. Aplicar Pessoas (a) 3. Recompensar Pessoas (c) 4. Desenvolver Pessoas (f ) 5. Manter Pessoas (b) 6. Monitorar Pessoas (e ) Para responder a esta questão, é necessário reler, na íntegra, a caracterização dos seis processos apresentados por Chiavenato (1999). A seguir, está um resumo dos processos de ARH: Processos de Agregar Pessoas: dizem respeito à inclusão de novas pessoas na organização. São processos de provisão ou suprimento; Processos de Aplicar Pessoas: incluem desenho organizacional, desenho dos cargos, análi- se de descrição de cargos, orientação das pessoas e avaliação do desempenho; Processos de Recompensar Pessoas: incluem recompensas, remuneração e benefícios, e serviços sociais; Processos de Desenvolver Pessoas: incluem treinamento e desenvolvimento, gestão por competências, programas de mudanças e desenvolvimento de carreiras, programas de co- municação e outros; Processos de Manter Pessoas: são utilizados para criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias. Incluem higiene e segurança no trabalho, qualidade de vida; Administração de Recursos Humanos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 59 Processos de Monitorar Pessoas: são utilizados para acompanhar e controlar as atividades das pessoas e seus resultados. Incluem banco de dados, sistemas de informações geren- ciais e outros. 2. Dutra (2008) – Processo de Desenvolvimento das Pessoas: análise das deficiências individuais. É possível estabelecer com a pessoa um plano de ação para seu desenvolvimento e aferir se foi ou não efetivo. Chiavenato (1999) – Processos de Desenvolver Pessoas: utilizados para capacitar e incremen- tar o desenvolvimento profissional e pessoal. Incluem treinamento e desenvolvimento, gestão por competências, programas de mudanças e desenvolvimento de carreiras e programas de comunicação. CAPÍTULO 4 1. a) verdadeira; b) falsa. a) Verdadeira – O clima organizacional refere-se ao ambiente interno no qual convivem os membros da organização, estando, portanto, relacionado com o seu grau de motivação e sa- tisfação. Essa motivação é influenciada pela forma como os gestores exercem suas lideranças, como, por exemplo, se há comunicação, participação, reconhecimento. Prova da importância da gestão é que as pesquisas de clima costumam avaliar o estilo gerencial, ou seja, o grau de satisfação do colaborador com a sua chefia, analisando a qualidade de supervisão em termos de competência, feedback, organização e relacionamento. b) Falsa – A pesquisa de clima é uma das ferramentas/formas para obter dados para avaliar o clima organizacional. É um dos meios para levantamentos de dados mais utilizados, mas não é a única forma para avaliaro clima organizacional. Existem outras formas para obtenção de dados/informações, como: programas de sugestões, reuniões do gestor com a equipe, linha direta como presidente, café da manhã com presidente/diretores/gerentes, entrevistas com os colaboradores. 2. c) Pedro é o mais produtivo dos três. Resolução: Produtividade = nº de balões cheios/hora; João = 10 balões/1 hora; Pedro = 26 balões/2 horas = 13 balões/hora; Alfredo = 9 balões/45 minutos = 9 balões/0,75 hora = 12 balões/hora. Observação: 45 minutos representam 3/4 de hora. Isso que dizer 0,75. Logo: Produtividade (balões/hora) João 10 Pedro 13 Alfredo 12 Márcio Rodrigues Zenker Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 60 CAPÍTULO 5 1. b) As afirmações I e II estão corretas. A afirmação I está correta – Conforme vimos no capítulo, o coach pode oferecer condições para que seu cliente (coachee – aquele que recebe o processo de coaching) seja capaz de estabele- cer metas, determinar prioridades e identificar as melhores soluções para os problemas que se apresentam no dia a dia. Sua função é dar ao cliente poder para que produza, para que suas intenções transformem-se em ações, que, por sua vez, traduzem-se em resultados. A afirmação II está correta – Ressaltamos, no capítulo, que o mentoring tem como objetivo tornar o “mentoreado” um “aliado” da organização. Para isso, é preciso trabalhar os valores e a estrutura política da organização. Sendo assim, para ser capaz de realizar esse objetivo, o men- tor deve ser alguém da própria organização. A afirmação III está errada – Nem o mentor nem o coach têm poder para decidir as ações a se- rem tomadas. O papel/objetivo do coach e do mentor não é dizer/determinar o que deve ser feito, mas discutir, orientar. 2. Esta questão não tem uma resposta única. Você poderá identificar diferentes possibilidades para desenvolver as competências gerenciais. É possível, inclusive, utilizar mais de uma téc- nica. A seguir, há exemplos de quais técnicas poderiam ser utilizadas, individualmente ou em conjunto. Possibilidade 1: para ter contato com os conceitos gerenciais, os três promovidos poderiam participar de cursos e palestras (eventos em geral) sobre os temas relacionados à gestão de pessoas/equipes. Possibilidade 2: os três promovidos poderiam usar uma modalidade de treinamento on the job (no local de trabalho). Assim, eles poderiam acompanhar como gestores com experiência exe- cutam suas ações gerenciais e, depois, esses gestores acompanhariam a atuação prática dos três promovidos. Possibilidade 3: os três promovidos poderiam participar de um processo de coaching, no qual, juntamente ao coach, cada promovido identificaria quais competências gerenciais precisariam desenvolver e quais as formas que cada um poderia utilizar. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 61 BEKIN, S. F. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice-Hall, 2004. BITENCOURT, C. et al. Gestão de pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais. Porto Alegre: Bookman, 2004. BOOG, G.; BOOG, M. Discursos e práticas de gestão de pessoas e equipes: as revelações obtifas das pesquisas de clima organizacional em empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. BRANHAM, L. Motivando as pessoas que fazem a diferença. Rio de Janeiro: Campus, 2002. BRUM, A. M. Um olhar sobre marketing interno. 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Administração de Recursos Humanos_2013_2_web INTRODUÇÃO 1.1 Introdução 2.1 Conceituação 1.4 Contexto Atual de Recursos Humanos 1.5 Resumo do Capítulo 1.6 Atividades Propostas 1.2 Coceituações 1.3 Desenvolvimento Histórico de Recursos Humanos 2.2 Fatores Condicionantes do Modelo de Gestão de Recursos Humanos 2.3 Elementos Componentes do Modelo de Recursos Humanos 2.4 Resgate Histórico dos Modelos de Gestão de Recursos Humanos 2.5 Resumo do Capítulo 2.6 Atividades Propostas 3.1 Abordagem Orientada para Processos Operacionais 3.2 Processos de Gestão de Pessoas na Visão de Dutra 3.3 Processos de Gestão de Pessoas na Visão de Chiavenato 3.4 Resumo do Capítulo 3.5 Atividades Propostas 4.1 Noções Básicas 4.2 Avaliação dos Macroprocessos de Recursos Humanos 4.3 Medição da Produtividade em Recursos Humanos 4.4 Abordagem Orientada para o Clima Organizacional 4.5 Resumo do Capítulo 4.7 Atividades Propostas 5.1 Consultoria Interna de Recursos Humanos 5.2 Coaching e Metoring 5.3 Qualidade de Vida no Trabalho 5.4 Avaliação e Desenvolvimento de Competências 5.5 Endomarketing 5.6 Resumo do Capítulo 5.7 Atividades Propostas 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS REFERÊNCIAS