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Finanças Corporativas Fabrizio Scavassa Adaptada/Revisada por Fabrizio Scavassa (setembro/2012) É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Finanças Corporativas, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autôno- mo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital APRESENTAÇÃO SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 OBJETIVO E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .................................... 7 1.1 Objetivo da Administração Financeira ....................................................................................................................8 1.2 Funções da Administração Financeira .....................................................................................................................8 1.3 Resumo do Capítulo .......................................................................................................................................................8 1.4 Atividades Propostas ......................................................................................................................................................9 2 DECISÃO DE INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO ....................................................... 11 2.1 Conceito ...........................................................................................................................................................................11 2.2 Decisão de Investimento ...........................................................................................................................................11 2.3 Decisão de Financiamento........................................................................................................................................12 2.4 Busca de Resultados ....................................................................................................................................................13 2.5 Valor ...................................................................................................................................................................................14 2.6 Grupos de Relacionamento ......................................................................................................................................15 2.7 Mercado Financeiro .....................................................................................................................................................15 2.8 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................17 2.9 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................17 3 TIPOS DE EMPRESA ............................................................................................................................ 19 3.1 Empresas Individuais...................................................................................................................................................19 3.2 Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada .....................................................................................19 3.3 Sociedade por Ações ...................................................................................................................................................20 3.4 Objetivos dos Administradores e Remuneração ..............................................................................................21 3.5 Controle da Empresa ...................................................................................................................................................22 3.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................22 3.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................22 4 ADMINISTRAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES .................................................................... 23 4.1 Conceito ...........................................................................................................................................................................23 4.2 Motivos da Manutenção das Disponibilidades .................................................................................................24 4.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................24 4.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................25 5 ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES ............................................................................................. 27 5.1 Conceito ...........................................................................................................................................................................27 5.2 Custos e Riscos ...............................................................................................................................................................28 5.3 Custos dos Serviços .....................................................................................................................................................28 5.4 Gestão dos Recursos ...................................................................................................................................................28 5.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30 5.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................30 6 CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO ................................................................... 31 6.1 Conceito ...........................................................................................................................................................................31 6.2 Estratégia para Reduzir o Ciclo Financeiro ..........................................................................................................32 6.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................32 6.4 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................337 ADMINISTRAÇÃO DAS DUPLICATAS A RECEBER ......................................................... 35 7.1 Conceito ...........................................................................................................................................................................35 7.2 Arrochar e Afrouxar o Crédito ..................................................................................................................................35 7.3 Gestão de Riscos ...........................................................................................................................................................36 7.4 Gestão de Recursos ......................................................................................................................................................36 7.5 Política de Crédito e de Cobrança ..........................................................................................................................37 7.6 Alterações na Política de Crédito ............................................................................................................................38 7.7 Descontos por Antecipação de Pagamento ......................................................................................................39 7.8 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................39 7.9 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................39 8 POLÍTICA DE COBRANÇA .............................................................................................................. 41 8.1 Conceito ...........................................................................................................................................................................41 8.2 Procedimentos de Cobrança ....................................................................................................................................41 8.3 O Crédito ..........................................................................................................................................................................42 8.4 O Faturamento ...............................................................................................................................................................42 8.5 Políticas de Crédito ......................................................................................................................................................43 8.6 Padrões de Crédito .......................................................................................................................................................43 8.7 Mecanismos de Cobrança .........................................................................................................................................45 8.8 Mecanismos Alternativos ..........................................................................................................................................46 8.9 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................47 8.10 Atividade Proposta ....................................................................................................................................................47 9 ADMINISTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ............................................................................. 49 9.1 Conceito ...........................................................................................................................................................................49 9.2 Conceito de Fluxo de Caixa .......................................................................................................................................49 9.3 Objetivo do Fluxo de Caixa .......................................................................................................................................50 9.4 Causas da Falta de Recursos na Empresa ............................................................................................................51 9.5 Alterações nos Saltos de Caixa por Fatores Externos ......................................................................................51 9.6 Fatores Internos que Afetam os Saldos de Caixa ..............................................................................................51 9.7 Origem do Fluxo de Caixa .........................................................................................................................................52 9.8 Definição do Fluxo de Caixa .....................................................................................................................................52 9.9 Objetivo das Demonstrações do Fluxo de Caixa ..............................................................................................55 9.10 Lucro versus Fluxo de Caixa ...................................................................................................................................56 9.11 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................57 9.12 Atividade Proposta ....................................................................................................................................................57 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 59 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 61 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 65 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 As Finanças Corporativas apresentam uma gestão de recursos de extrema importância para a em- presa. O Administrador Financeiro necessita do controle de três fatores fundamentais para o crescimento de suas riquezas: o primeiro deles é as decisões financeiras (Decisão de Investimento e Decisão de Finan- ciamento), formas de investimentos de curto e longo prazo; o segundo é o Controle do Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa, administração das contas a receber e contas a pagar e seus respectivos prazos médios; em terceiro, temos o Fluxo de Caixa, esse sim pode fazer uma grande diferença na administração da em- presa. Comentando um pouco mais sobre o Fluxo de Caixa, podemos defini-lo como o principal item financeiro de uma empresa, pois, por meio de recursos financeiros disponíveis em caixa, as empresas tomam suas decisões. Por isso a importância do controle das formas de financiamento e investimento, controle de prazos médios, já que, ao final dessas análises, o reflexo será no mesmo lugar da empresa, o Caixa. Fabrizio Scavassa INTRODUÇÃO Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Caro(a) aluno(a), a administração financeira tem como objetivo maximizar a riqueza dos acio- nistas da empresa. O administrador financeiro é o principal responsável pela criação de valor e, para isso, envolve-se cada vez mais com os negócios da empresa como um todo. Suas atividades envolvem decisões estratégicas, como a seleção de alterna- tivas de investimentos, e as decisões de financia- mento de longo prazo, além de operação de curto prazo, como gestão do caixa, concessão de crédito a clientes, obtenção de crédito junto a fornecedo- res, negociação com bancos e gerenciamento do risco, entre outras. Suas áreas incluem o processo financeiro, os mercados, os instrumentos e as ins- tituições financeiras, e as finanças pessoais, gover- namentais e corporativas. O campo da administraçãofinanceira abran- ge ampla gama de tarefas e atividades e os profis- sionais da área encontram grandes oportunidades de contribuir para o sucesso dos negócios empre- sariais, como, por exemplo, no campo das decisões de investimento. As decisões financeiras ocorrem ao longo do tempo e, quando se referem às atividades normais da empresa, relacionadas aos pagamentos e rece- bimentos do dia a dia, são ditas decisões financei- ras de curto prazo. As decisões financeiras de longo prazo são aquelas pertinentes às estratégias de financiamen- to e de investimento. A administração financeira pode ser exercida nas mais diversas organizações: indústria, comér- cio ou serviço, empresas estatais ou privadas, vol- tadas ou não para lucros, governo, escolas, hospi- tais, clubes recreativos, entre outras. Suas funções principais são planejamento, controle, orçamento, previsões, fluxo de caixa, investimento, financia- mento, crédito, cobrança, câmbio, operações ban- cárias e gerenciamento de risco. Existem inúmeros enfoques da administra- ção financeira, destacando-se os de retorno, risco, liquidez, endividamento, eficácia operacional, ala- vancagem, valor, fusões e aquisições. DicionárioDicionário Longo prazo todos os valores a vencer acima do período de 365 dias, ou seja, um ano. AtençãoAtenção O administrador financeiro será o respon- sável pela boa prática dos conceitos de finanças, evitando, assim, que a empresa tome ações que possam trazer prejuízos em suas operações. OBJETIVO E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA1 AtençãoAtenção Administração financeira é a arte e a ci- ência de administrar recursos financeiros, para maximizar a riqueza dos acionistas. Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 1.1 Objetivo da Administração Financeira 1.2 Funções da Administração Financeira Afinal, qual o objetivo da administração fi- nanceira? Estimado(a) aluno(a), podemos citar que o objetivo da administração financeira é maximizar a riqueza dos acionistas. A maximização do lucro, tida por muitos como o objetivo principal da em- presa, é objetivo impreciso, pois ações tomadas para maximizar os lucros atuais podem diminuir os objetivos futuros e vice-versa. A maximização da riqueza é mais precisa, porque envolve o conceito de valor presente líqui- do da empresa, incorporando conceitos de risco e de custo de capital. As principais funções da administração fi- nanceira apresentadas são: tesouraria e contro- ladoria. No Brasil, as funções de tesouraria são exercidas pelo gerente financeiro e as funções de controladoria são exercidas pelo controller. Essas funções surgem e se expandem ou desaparecem, dependendo das necessidades de cada empresa, variando segundo sua natureza, porte e estágio de desenvolvimento. Quando existem prazos diferentes entre os recebimentos e os pagamentos, na maioria das ve- zes, a empresa precisa buscar recursos no mercado financeiro, por meio de empréstimos ou da apli- cação dos recursos excedentes. A administração financeira de curto prazo também é chamada ad- ministração do capital circulante. No curto prazo, o administrador financeiro preocupa-se, ainda, com o planejamento financeiro e tributário. Saiba maisSaiba mais A administração financeira tem o objeti- vo de maximizar a riqueza do acionista, enquanto as Finanças Corporativas tem como objetivo a maximização do lucro para a empresa, ou seja, o seu foco é na empresa e não no resultado. 1.3 Resumo do Capítulo A administração financeira ou as finanças corporativas são ferramentas que todas as empresas ne- cessitam para administrar seus recursos. Não é possível uma empresa obter sucesso na administração de seus recursos, que algumas vezes são excessos, sem a correta utilização dos conceitos mais básicos de finanças. A administração financeira tem um foco muito grande na tesouraria, em que podemos encontrar os setores de contas a pagar e contas a receber, e na controladoria, a qual é uma área gerencial que dá suporte às demais áreas financeiras das empresas. O mais importante, caro(a) aluno(a), é a separação dos conceitos e dos objetivos, como vimos ante- riormente. A administração financeira tem o foco no resultado para o acionista, ou seja, foco na maximi- zação da riqueza para o acionista. Enquanto isso, as finanças corporativas têm como objetivo a proteção da empresa e seus recursos. Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 1. Conceitue administração financeira e finanças corporativas. 2. Comente como as empresas obtêm seus recursos financeiros. 3. Qual o objetivo normativo da administração financeira? 4. Por que a maximização de lucro não é bom objetivo para a administração financeira? 5. Quais as principais funções da administração financeira? 1.4 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Dentro das Finanças Corporativas, podemos encontrar duas decisões financeiras muito utiliza- das pelas empresas. A administração financeira envolve basi- camente a gestão de recursos financeiros. Como obter esses recursos e onde aplicá- -los é a atividade principal do administra- dor financeiro. A obtenção de recursos diz respeito à decisão de financiamento, e sua utilização, à decisão de investimento. (LE- MES; RIGO; CHEROBIM, 2006, p. 32). 2.1 Conceito 2.2 Decisão de Investimento Caro(a) aluno(a), podemos entender por in- vestimento diversos itens dentro da empresa, des- de a compra de uma nova máquina, um novo equi- pamento, até uma unidade fabril. Segundo Lemes, Rigo e Cherobim (2006), investimento é toda apli- cação de capital em algum ativo, tangível ou intan- gível, para obter determinado retorno no futuro. Um investimento pode ser a criação de uma nova empresa ou um projeto em empresa já existente. No setor industrial, o projeto de investimento mais clássico é a aquisição de novas linhas de pro- dução, mas também são importantes os projetos de reposição de equipamentos, retorno de linhas de produção antigas, automação industrial etc. Quanto ao setor agroindustrial, os projetos envolvem aplicações de recursos na aquisição de maquinário agrícola, na construção de silos e ar- mazéns etc. Já no setor de serviço, os projetos de investi- mento referem-se desde a reforma das instalações até campanhas publicitárias. Os gastos com au- tomação, no comércio, e sistema de informações gerenciais também são projetos de investimento, na medida em que podem aumentar ou diminuir o valor da empresa, no longo prazo. DECISÃO DE INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO2 Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 2.3 Decisão de Financiamento Fonte: Editora Atlas (2008). Segundo Lemes, Rigo e Cherobim (2006), a composição de recursos da empresa é chamada estrutura financeira e pode ser verificada no lado direito do balanço, o PASSIVO. Da mesma forma que tratamos a Decisão de Investimento com base no ATIVO, podemos tecer alguns comentários so- bre o passivo e as formas de financiamento das empresas. A decisão de financiamento envolve a esco- lha da estrutura de capital, a determinação de ca- pital e a captação de recursos. Remete, portanto, à definição das fontes de financiamentos a serem utilizadas nas atividades da empresa e nos proje- tos de investimento. Os recursos para financiamen- to advêm de duas fontes: capital próprio e capital de terceiro. O capital próprio é formado por recursos dos proprietários e acionistas. Pessoas físicas e jurídicas superavitárias aplicam seus recursos excedentes nas empresas. Essas aplicações são feitas em lon- go prazo, por meio de compra de ações no mer- cado de capitais. A motivação para aplicação dos recursos pessoais e empresariais em projetos de investimento é a perspectiva de obtençãode lucro. Esse lucro é representado pela distribuição de divi- dendos, valorização do preço da ação no mercado e distribuição de bonificação. Os principais investi- mentos, hoje, são os fundos de pensão e os fundos de investimentos. O capital de terceiro entra na empresa por meio de empréstimos obtidos junto a instituições financeiras. Esses empréstimos demandam o pa- gamento de valores representando a amortização do principal e os juros. Os juros constituem a remu- neração dos recursos tomados emprestados. As dí- vidas da empresa com fornecedores (duplicatas a pagar), com funcionários (salários a pagar) e com o governo (tributos a pagar) também constituem recursos de terceiros à disposição da empresa. Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Fonte: Editora Atlas (2008). Fique atento(a), pois, para atingir o objetivo de maximização da riqueza dos acionistas, o ad- ministrador preocupa-se também com os resulta- dos apresentados nas demonstrações financeiras, como, por exemplo, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Cabe ao administrador financei- ro planejar, acompanhar e controlar as atividades e projetos da empresa, de forma a assegurar que os objetivos de resultados estabelecidos sejam cum- pridos. Essas atividades dependem da interação com a contabilidade da empresa. A DRE é um instrumento muito utilizado em finanças corporativas; através dessa ferramenta ge- rencial, o administrador financeiro tem uma visão dos custos e despesas da empresa. A DRE torna-se completa quando analisada detalhadamente, pois, conforme apresentado na figura a seguir, ela apre- senta também a Receita da empresa. 2.4 Busca de Resultados Saiba maisSaiba mais A DRE é o instrumento mais utilizado pelos administradores financeiros; ela é usada para comparar os resultados das empresas. Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Vamos falar agora sobre o Valor da empre- sa em finanças. As finanças preocupam-se com o valor de troca; quando se afirma que a função pri- mordial da administração financeira é a criação de valor para o acionista, se está afirmando que todas as atividades deverão, direta ou indiretamente, au- mentar a riqueza do acionista, ou seja, aumentar o valor de troca da empresa. Podemos aumentar o valor da empresa de duas formas: Internamente Ao vender bens e serviços por preços acima de seus custos, a empresa gera uma diferença, a qual é chamada lucro operacional. Quanto maior esse lucro, maior é a eficiência da empresa em suas atividades fins. Externamente A empresa tem uma imagem junto ao mer- cado, prováveis acionistas apostam no aumento de seu valor e pagam mais por suas ações. Existem várias formas de expressar o valor da empresa, sen- do os mais adotados: a) Valor patrimonial contábil: é o valor dos recursos registrados na contabilidade da empresa e dele é subtraído o valor das dí- vidas, ou seja, o valor expresso como Patri- mônio Líquido; b) Valor patrimonial real: é o valor dos ativos e passivos – prédios, máquinas e equipa- mentos, veículos, estoques, contas a rece- ber, entre outros; e contas a pagar, emprés- timos, outras obrigações, computados quer seja ao valor de reposição correspondente ao estado em que se encontram, quer seja ao seu valor atualizado; Fonte: Editora Atlas (2008). 2.5 Valor Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 c) Valor presente líquido: é o valor obtido em função do fluxo de caixa livre descon- tado. Para isso, é utilizada uma taxa de des- conto chamada custo de capital; d) Valor de mercado: é a somatória do valor das ações da empresa ao preço em que es- tão sendo comercializadas no mercado, nas bolsas de valores. Em empresas que não operam em bolsas de valores ou que não são constituídas em sociedades por ações, os valores são definidos pelos valores que o mercado está disposto a pagar; e) Valor de liquidação: é o valor obtido pela empresa numa situação de encerramen- to do negócio. Normalmente, costuma ser muito baixo. Modernamente, discute-se qual é o valor que importa: o valor patrimonial, em função da capacidade instalada da empresa, da tecnologia empregada no processo produtivo e da diferença entre ativo e passivo; ou o valor de mercado, em função da cotação das ações da empresa nas bol- sas de valores, que decorre das expectativas dos investidores em relação ao desempenho e valori- zação da empresa. Os grupos de relacionamento incluem os em- pregados, clientes, fornecedores, credores e outros que possuem um vínculo econômico direto com a empresa. Uma empresa atenta aos seus grupos de relacionamento evitará conscientemente medidas que possam ser prejudiciais a eles, ou seja, afetan- do sua riqueza. Zelar pelos interesses dos grupos de relacionamento faz parte da responsabilidade social da empresa e espera-se que ela proporcione benefícios máximos, de longo prazo, aos proprie- tários. As empresas operam em um ambiente eco- nômico, no qual existem agentes com recursos fi- nanceiros em excesso e outros com falta de recur- sos. Os agentes superavitários são aqueles com recursos financeiros excedentes: pessoas físicas com rendimentos acima de seus gastos, organiza- ções com ganhos superiores às suas oportunidades de investimento, governos com arrecadação maior do que suas demandas econômicas, políticas e so- ciais. Os agentes deficitários são aqueles com falta de recursos: pessoas físicas cujos rendimentos não cobrem suas despesas correntes, organizações com despesas e oportunidades de investimento acima de suas receitas, governos cuja arrecadação fica aquém de suas necessidades de recursos. Quando o hiato de recebimentos e paga- mentos ocorre em determinado espaço de tempo, especialmente na situação de falta de dinheiro, os intermediários financeiros procuram canalizar os recursos dos agentes superavitários para os agen- tes deficitários. O mercado financeiro é a reunião das institui- ções financeiras capazes de intermediar recursos. Sua principal atividade é captar recursos dos agen- tes superavitários, a quem remuneram, e aplicar os recursos, por meio de empréstimos aos agentes deficitários, dos quais recebem juros. 2.6 Grupos de Relacionamento 2.7 Mercado Financeiro Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 Caro(a) aluno(a), fique atento(a), pois o mer- cado financeiro sempre sofre diversas mudanças; essas mudanças, em sua grande maioria, sempre são influenciadas pelo ambiente externo (econo- mia do país). O Banco que age como agente inter- mediário pode mudar as taxas aplicadas sempre que ocorre alguma mudança na taxa Selic (taxa de juros de referência). O spread nada mais é que a diferença entre a remuneração que o banco paga para a aplicação (aproximadamente, 1%) e a co- brança pelo empréstimo para os agentes defici- tários (aproximadamente, 5%). O Banco também analisa o perfil do tomador do empréstimo; a taxa aplicada para uma grande empresa é muito menor que a taxa aplicada para uma pequena empresa ou uma pessoa física. Para remunerar uma aplicação, o Banco não separa o porte ou tamanho da empresa; a taxa será sempre a mesma, ou seja, uma taxa de mercado. O que vai diferenciar a remuneração é o tipo de apli- cação em que o investidor estará disposto a aplicar, lembrando que, quanto maior o retorno dessa apli- cação, mais suscetível ao risco o investidor estará. Fonte: O autor. Fonte: Editora Atlas (2008). AtençãoAtenção Spread é a diferença entre a taxa de captação das instituições financeiras e a taxa de aplicação. Reflete o custo da intermediação financeira. Fonte: Banco Central do Brasil (2012). Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17Caro(a) aluno(a), a empresa tem duas grandes decisões financeiras: a decisão de financiamento e de investimento. A decisão de investimento pode ser utilizada quando a empresa possui o recurso financeiro e de- cide pela utilização de seu dinheiro, geralmente localizado no caixa da empresa, e/ou disponibilidade. Outra decisão que a empresa pode tomar é a decisão pelo financiamento; mesmo com recursos financeiros em suas disponibilidades, ela pode optar por essa modalidade, deixando seu capital extra no caixa, para uma eventual necessidade. Quando a empresa não tem recursos financeiros, a única opção que lhe resta é a tomada de em- préstimo, ou seja, a opção do financiamento para aquisição do bem desejado. 1. Quais as principais decisões financeiras? 2. Como podem ser identificadas nas demonstrações financeiras? 3. Comente detalhadamente a decisão de investimento e a decisão de financiamento. Dê exem- plos. 4. Conceitue o valor de uso e o valor de troca. Como se aumenta o valor da empresa? 5. Quais as formas utilizadas para expressar o valor da empresa? Saiba maisSaiba mais O Banco remunera a poupança em Taxa Referencial (TR) + 0,5% ao mês; esta é a aplicação de menor risco. Quando um tomador capta um empréstimo nesse mesmo banco, a taxa aplicada pode chegar a até 12% ao mês. Esses 12% envolvem o risco que o banco corre em emprestar um dinheiro que não é dele. Quanto maior o risco do não recebimento, maior serão os juros cobrados pelo banco. 2.8 Resumo do Capítulo 2.9 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Estimado(a) aluno(a), vamos conhecer agora um pouco sobre os tipos de empresa que pode- mos encontrar no mercado; vamos ler a seguir o conceito de empresa. Segundo Weston e Brigham (2000), a constituição das empresas tem aspectos técnicos, administrativos, legais e de mercado. Os aspectos técnico e administrativo relacionam-se à atividade fim das empresas, que podem ser: instituições financeiras; empresas privadas, comerciais, indus- triais e prestadoras de serviços; empresas e órgãos públicos; organizações sem fins lucrativos, como, por exemplo, as Organizações Não Go- vernamentais (ONGs). Do ponto de vista legal, as empresas podem organizar-se sob diversas formas: firma individual, sociedade limitada e sociedade por ações. Essa constituição depende do porte da empresa, do in- teresse dos seus organizadores e das implicações administrativas de cada uma delas. 3.1 Empresas Individuais 3.2 Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada Segundo Weston e Brigham (2000), são em- presas pequenas, normalmente registradas como microempresas, de simples constituição, quase sempre de único dono, que também é o gerente. No Brasil, essas empresas, muitas vezes, emergem da informalidade, quando os negócios começam a aumentar. São pequenos estabeleci- mentos industriais, comerciais, prestadores de ser- viços, profissionais liberais e autônomos. A respon- sabilidade do proprietário da empresa individual é ilimitada, ou seja, seus bens pessoais respondem por todas as dívidas da empresa, no caso de ina- dimplência. A documentação exigida para a abertura da empresa e os registros necessários para cada negó- cio específico podem ser obtidos junto aos balcões do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), órgão que também presta as- sessoria na condução das atividades da empresa. Segundo Weston e Brigham (2000), nas em- presas limitadas, como são usualmente conheci- das, os sócios estabelecem um Contrato Social. Esse contrato define a participação de cada um dos sócios – aporte de capital de cada um deles e responsabilidade das partes – e a natureza da ativi- dade a ser desenvolvida. TIPOS DE EMPRESA3 Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 No caso de inadimplência, as dívidas da empresa poderão ser pagas com os bens dos sócios até o limite de participação no capital da empresa. No Brasil, normalmen- te, na constituição de empresas limitadas, os sócios não atentam para esse detalhe, incorrendo posteriormente em grandes conflitos. Outra característica dessas em- presas, em nosso país, é sua origem fami- liar. Muitas vezes, infelizmente, as despe- sas das famílias dos sócios são confundidas com as despesas da empresa. Para evitar inconvenientes familiares e para proteger a liquidez da empresa, sugere-se o estabe- lecimento prévio das retiradas pró-labore de cada um dos sócios, vinculadas ao de- sempenho da empresa e não de acordo com as necessidades de cada uma das fa- mílias. (WESTON; BRIGHAM, 2000, p. 42). Com os processos de fusões e aquisições, es- sas empresas tendem a ser adquiridas por outras maiores, mas existem muitos nichos de mercado que podem ser ocupados por elas: prestação de serviços, comércios especializados e industrializa- ção terceirizada, por exemplo. 3.3 Sociedade por Ações No Brasil, até o ano de 2001, estava em vigor a Lei das Sociedades Anônimas de 1976. Sua refor- mulação foi discutida durante anos no Congresso Nacional e, finalmente, foi decretada e sancionada em outubro de 2001. Praticamente toda a teoria baseia-se nas sociedades anônimas, pois, nos Esta- dos Unidos, as maiores empresas estão organiza- das dessa forma, com ações negociadas em bolsas de valores. Lá, existe cobrança da sociedade sobre o desempenho dessas empresas: as pessoas inves- tem seus recursos nas ações e monitoram o seu desempenho. O valor da ação no mercado; os dividendos e as bonificações distribuídos; a ação social da empresa; e até o comprometimento ecológico da organização são acompanhados pelos acionistas, que a qualquer momento podem ir ao mercado al- terar a composição de sua carteira de investimen- tos, vendendo as ações das empresas cujo desem- penho não é satisfatório e comprando as daquelas com melhor desempenho. Em pequenas empresas, o proprietário é nor- malmente quem detém todo o controle, desde as atividades mais operacionais sobre, por exemplo, as quantidades a serem vendidas, até as decisões mais estratégicas sobre quanto se endividar junto às instituições financeiras. À medida que cresce o tamanho da empresa, sua estrutura organizacional fica mais complexa. Começam a ocorrer divisões de tarefas em produ- AtençãoAtenção As empresas por sociedade por cotas de responsabilidade limitada não têm obri- gatoriedade de publicar seus resultados para o mercado. As sociedades por ações ou sociedades anônimas são grandes empresas com capital diluído entre milhares e até milhões de acionistas, que possuem participa- ções em seu capital, por meio de ações. Os interessados na empresa adquirem essas ações no mercado de capitais, que por sua vez se constitui numa das grandes fontes de captação de recursos nos países desenvolvidos. As sociedades anônimas podem ser de capital fechado ou aberto. As de capital fechado são aquelas cujas ações estão nas mãos de pessoas físicas e jurídicas determinadas e não são comercializa- das em bolsas de valores. No Brasil, normalmente são grandes empresas de origem familiar. As de capital aberto são aquelas cujas ações são comercializadas em bolsas de valores, estando, portanto, acessíveis a qualquer interessado. (WESTON; BRIGHAM, 2000, p. 30). Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 ção, vendas, finanças, administração de pessoas e marketing. O proprietário não mais consegue exercer o controle direto sobre todas as atividades. Historicamente, o setor financeiro é o último a ser abandonado pelo sócio-proprietário. Nas sociedades por ações, mesmo os acio- nistas majoritários, considerados os donos da em- presa, acabam por delegar a terceiros a gestão de muitas, senão todas, atividades. Essa separação en- tre a propriedadeda empresa e a sua gestão pode implicar alguns conflitos. Em princípio, os gestores devem buscar maximizar a riqueza do acionista, mas nem sempre os ganhos para o gestor estão diretamente relacionados com o valor da empresa: as decisões que maximizam a riqueza do acionis- ta não necessariamente aumentam os ganhos dos executivos. Isso significa que, ao delegar poder aos executivos, os proprietários podem estar perden- do parte de sua riqueza. Esse conflito é estudado pela Teoria dos Custos de Agência. A gerência pelos proprietários implica a bus- ca dos melhores retornos, pecuniários e não pecu- niários, para si e para a empresa, tais como: aspec- tos físicos do escritório, aparência do pessoal de secretaria, nível de disciplina dos funcionários, um grande computador, compra de matérias-primas dos amigos etc. Em outras palavras, o enriquecimento da empresa tem a mesma importância que o enrique- cimento pessoal do proprietário. A partir do mo- mento que o proprietário, ainda gerente, vende parcela de sua participação a terceiros, não mais vai despender o mesmo esforço na busca do enri- quecimento da empresa, como antes. Isso se deve ao fato de agora ele precisar dividir os resultados com outros. Então, é melhor pensar primeiramente no seu enriquecimento pessoal, depois no da em- presa. O enriquecimento pessoal pode ocorrer não apenas por meio de maiores lucros da empresa, mas também pela obtenção de benefícios pecu- niários e não pecuniários concedidos aos gerentes. 3.4 Objetivos dos Administradores e Remuneração O objetivo dos administradores pode ser, em primeiro lugar, manter o seu cargo. Algumas vezes, se fossem deixados por sua conta, tenderiam a ma- ximizar o volume de recursos que controlam ou, em termos mais amplos, maximizariam seu poder empresarial ou sua riqueza. Os administradores podem tender a dar ên- fase excessiva à sobrevivência da organização para fortalecer a segurança de seus empregos. Além disso, podem não gostar da interferência externa e, assim, outros objetivos importantes podem ser a independência e a autossuficiência da empresa. Uma forma de reduzir o conflito é remunerar os ad- ministradores com base nos resultados. Quando as empresas utilizam um sistema de remuneração no qual os administradores têm participação nos resultados, há maior probabilida- de de que os interesses coincidam. Normalmente, se recebem opção de compra de ações a preços vantajosos, procuram fazer com que as ações va- lham mais. O segundo incentivo relaciona-se com as suas perspectivas de emprego. Os que tiverem melhor desempenho tenderão a ser promovidos e, com isso, obterão melhor remuneração. Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 O controle da empresa pertence, em última instância, aos proprietários. Sob esse ponto de vis- ta, caso não atendam aos interesses dos proprietá- rios, os administradores poderão ser substituídos. No caso de sociedades anônimas, o processo pode ser mais complexo, mas a lógica é a mesma. Os acionistas elegem o Conselho de Administração, que pode contratar ou dispensar o administrador. Estudos realizados por escolas americanas encontraram alta correlação entre o aumento do valor da riqueza dos acionistas e a remuneração do principal executivo da empresa. Estimado(a) aluno(a), no mercado, podemos encontrar diversos tipos de empresa; neste tópico, vi- mos os tipos mais comuns, como empresa individual, a qual geralmente vem da informalidade e, muitas vezes, é empresa familiar. Temos também a empresa por sociedade e cotas; esta tem a característica da divisão de ações, ou seja, possui mais de um sócio, e o percentual de cada um é estabelecido pelo seu contrato social. Analisamos, também, a empresa com sociedade por ação; geralmente, encontramos grandes com- panhias nesse segmento. Essas empresas também costumam ter capital aberto e comercializar ações na bolsa de valores. As normas dessas empresas são controladas pela lei das S/As. Saiba maisSaiba mais A lei das S/As foi editada em 2007 e foi atualizada para atender à legislação vi- gente em nosso país. 3.5 Controle da Empresa 3.6 Resumo do Capítulo 3.7 Atividades Propostas 1. Quais os tipos de empresa que podemos encontrar? 2. Cite a principal característica da empresa individual. 3. Como podemos identificar uma empresa de sociedade anônima? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 4.1 Conceito Caro(a) aluno(a), a Administração das Dispo- nibilidades é de extrema importância para uma empresa; fique atento a essa conta no balanço pa- trimonial de sua empresa, pois é através dela que a empresa pode gerenciar seus recursos. Vamos, a seguir, conhecer um pouco dos conceitos de dois autores (BRAGA, 1998; HOJI, 2007) e fazer um com- parativo de dois conceitos distintos que explicam praticamente o mesmo conceito. As disponibilidades compreendem o nu- merário mantido em caixa, os saldos ban- cários de livre movimentação e as aplica- ções financeiras de liquidez imediata. Se as disponibilidades forem mantidas em níveis muito baixos, haverá o compro- metimento da capacidade de solvência da empresa. Por outro lado, o excesso de disponibilidades prejudica a rentabilida- de. A administração das disponibilidades buscará um equilíbrio entre tais extremos, mas esta não é uma tarefa fácil devido à dinâmica e aos descompassos dos fluxos de pagamentos e de recebimentos. (BRA- GA, 1998, p. 112). Segundo Hoji (2007), em certas ocasiões, as empresas podem dispor de elevados montantes de recursos com utilização futura já programada. Tais recursos poderiam provir da integralização de capital ou das operações normais e se destinar, por exemplo, à aquisição de novos ativos fixos ou à liquidação de um empréstimo. Enquanto não se define o destino desses recursos, esses valores po- dem ser mantidos sob a forma de depósitos a pra- zo (aplicação de curto prazo) ou em outros tipos de aplicação existentes no mercado financeiro. Segundo Lemes, Rigo e Cherobim (2006), os princípios de administração financeira pressu- põem que a maximização da rentabilidade deve ser alcançada através das atividades operacionais e não com aplicações financeiras de alto risco. Desse modo, devem ser evitadas as tentações de aplicar recursos excedentes em estoques especu- lativos, na compra de ouro etc., pois a empresa po- derá sofrer enormes perdas com essas operações, em função das flutuações dos preços de mercado. Os indivíduos podem “jogar” com seu dinheiro em operações altamente especulativas. Às empresas cabe exclusivamente administrar seus recursos com eficácia. AtençãoAtenção A disponibilidade é composta pelas con- tas do balanço: caixa, bancos e aplica- ções financeiras. Todas essas contas têm liquidez imediata, ou seja, transformam- -se em recursos financeiros rapidamente para a empresa. ADMINISTRAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES4 Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Segundo Hoji (2007), as projeções dos fluxos de entradas e de saídas de numerário constituem um instrumento imprescindível na administração das disponibilidades. É fundamental conhecer an- tecipadamente o montante de recursos que irá so- brar ou faltar amanhã, nos próximos dias, e assim por diante. Quanto deverá ser desembolsado nas pró- ximas semanas ou meses pode ser determinado com certa precisão, que só não é absoluta devido à possibilidade de ocorrerem eventos aleatórios. A grande incerteza reside no comportamento das entradas de numerário resultantes das vendas à vista, da cobrança de duplicatas etc. Desse modo, são deliberadamente mantidas disponibilidades para: atender aos pagamentos programados para o curso normal das atividades (“mo- tivo transação”); formar uma reserva de segurança para enfrentareventos imprevistos (“motivo precaução”). Outra razão para manter voluntariamente disponibilidades estaria associada à intenção de aproveitamento de oportunidades lucrativas, que poderiam referir-se à compra de bens, às aplica- ções no mercado financeiro e de capitais etc. (“mo- tivo especulação”). A esses motivos, poderíamos acrescentar ou- tros de natureza involuntária, relacionados com a existência de numerário em trânsito (float). É co- mum os saldos bancários serem maiores do que aqueles registrados na empresa e isso pode decor- rer dos seguintes fatos: cheques emitidos pela empresa ainda não descontados ou depositados pelos favorecidos em suas contas bancárias; existência de defasagem entre o mo- mento em que um crédito é lançado pelo banco na conta da empresa e o dia em que ela toma conhecimento disso através do aviso de lançamento. Outro motivo refere-se à exigência feita pe- los bancos para que sejam mantidos saldos míni- mos paralisados nas contas a título de reciprocida- de pelos serviços prestados e pelos empréstimos concedidos. Caro(a) aluno(a), a administração das disponibilidades é de suma importância para a empresa. A disponibilidade, ou seja, o dinheiro que a empresa possui com liquidez imediata, é o fôlego que ela tem para garantir os pagamentos de salários, fornecedores, taxas, impostos, gastos com investimentos, entre outros. A disponibilidade encontra-se no balanço patrimonial, no grupo do ativo circulante, no qual se localizam as contas com maior liquidez da empresa. Uma empresa, para não passar por problemas financeiros, deve inicialmente gerenciar muito bem a sua disponibilidade; com isso, evitará a captação de recursos financeiros desnecessariamente. 4.2 Motivos da Manutenção das Disponibilidades Saiba maisSaiba mais A disponibilidade é o agrupamento das contas Caixa, Bancos e Aplicações Finan- ceiras. 4.3 Resumo do Capítulo Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 1. Como podemos definir as disponibilidades? 2. Cite alguns motivos para a manutenção das disponibilidades. 4.4 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Caro(a) aluno(a), um item que é pouco valo- rizado pelos administradores, mas que pode trazer dor de cabeça para a empresa, é a administração dos estoques. A seguir, vamos ler o que Braga defi- ne como administração dos estoques. Segundo Braga (1998), os estoques de mer- cadorias para revenda constituem a base das ope- rações das empresas comerciais. Nas indústrias, os estoques permitem separar as etapas do processo de fabricação e favorecem a otimização das opera- ções realizadas pelas áreas de suprimentos, produ- ção e vendas. Esses estoques são classificados de acordo com a natureza e finalidade dos bens que os integram, a saber: matérias-primas, materiais de embalagem e de consumo e produtos em elabora- ção e acabados. Fique atento(a), caro(a) estudante, pois re- presentando uma parcela significativa do ativo cir- culante, os estoques provocam custos financeiros e despesas operacionais. Os obstáculos a serem transpostos nas operações de transformação das matérias-primas em produtos acabados e nos es- forços de venda e de cobrança evidenciam o tem- po despendido e os riscos inerentes ao processo de conversão dos estoques em numerário. Em poucas semanas, os níveis de estoques podem subir signi- ficativamente, porém a eliminação desse excesso poderá levar muitos meses. Nesse período, a situa- ção financeira da empresa poderá deteriorar-se e a sua rentabilidade certamente será prejudicada. Segundo Hoji (2007), o administrador finan- ceiro deve exercer um controle rígido sobre os ní- veis de estoques, visando a preservar a capacidade de solvência da empresa e maximizar o retorno dos recursos investidos. Por outro lado, a administração financeira não pode ignorar as condições necessárias ao ple- no desenvolvimento das atividades operacionais. É necessário manter certo nível de estoques de materiais e de produtos em elaboração e acabados para alcançar ganhos de escala e reduzir os custos de produção e, também, para contornar os proble- mas advindos de atrasos dos fornecedores, quebra de equipamentos, greves etc. Também temos de considerar que, em determinadas circunstâncias, a disponibilidade de produtos para pronta-entrega constitui um poderoso argumento de vendas. Podemos dizer que a administração dos es- toques busca o equilíbrio entre os aspectos opera- cionais e financeiros e isso também pode significar a constante solução de conflitos de interesses en- tre a área financeira e as demais áreas envolvidas com os estoques. Desse modo, constatamos que essa área de decisões é bastante ampla, possuindo conotações técnico-operacionais e mercadológi- cas que escapam ao nosso campo de estudo. Nos tópicos a seguir, iremos enfatizar os prin- cipais aspectos relacionados com a administração financeira dos estoques. 5.1 Conceito ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES5 Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Braga (1998) define que a manutenção de es- toques implica assumir custos e riscos, que, em sua maior parte, variam proporcionalmente ao volume e ao valor dos itens estocados como segue: Custos de capital: correspondem aos recursos investidos nos materiais e pro- dutos estocados, nas instalações e nos equipamentos utilizados na movimenta- ção física e armazenagem; Custos das instalações: envolvem o valor de locação de galpões, prédios e instalações utilizadas, imposto predial e taxas de serviços públicos, despesas de manutenção, limpeza, iluminação, refri- geração ou calefação, serviços auxiliares, seguro e depreciação (das instalações e equipamentos). 5.2 Custos e Riscos 5.3 Custos dos Serviços 5.4 Gestão dos Recursos Segundo Braga (1998), compreendem dis- pêndios com a mão de obra utilizada na recepção, armazenagem, deslocamentos internos e expedi- ção; custos dos registros e controles administrati- vos; e seguro dos estoques. Riscos da estocagem: relativos a furtos, de- terioração, obsolescência, queda nos preços de mercado etc. Segundo Braga (1998), o cálculo do giro ou rotação dos recursos investidos nos estoques for- nece uma medida adequada para a avaliação da eficiência na sua gestão. Esse cálculo indica o nú- mero de vezes em que tais recursos foram renova- dos em certo intervalo de tempo. Em face dos padrões observados em cada ramo de negócios, estoques com baixa rotação re- presentam fundos ociosos, enquanto um giro alto significa otimização dos recursos investidos. Braga (1998) define a fórmula de cálculo do giro do estoque em: Saiba maisSaiba mais Para as empresas, quanto maior o perío- do que o produto acabado fica no esto- que, menor será a margem de ganho no momento da venda. Giro dos estoques de produtos acaba- dos ou das mercadorias para revenda = Custo das Vendas Saldo médio dos estoques = No de vezes por período Giro dos estoques dos produtos acabados = Custo total da produção acabada no período Saldo médio dos estoques = No de vezes por período Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Observe que, no numerador, consta o valor pelo qual os estoques foram baixados, que corres- ponde ao custo médio ponderado: dos estoques de produtos acabados, no caso de indústrias; dos estoques de mercadorias, em se tra- tando de empresas comerciais. Assim, numerador e denominador estão ex- pressos em valores da mesma espécie. O custo das vendas corresponde a um valor acumulado durante determinado período. Geral- mente, o giro dos estoques é calculado para um ano, porém tal período poderia ser menor. Para o denominador, deve-se adotar o saldo médio dos estoques verificadono mesmo perío- do. A maneira mais adequada para calcular o de- nominador seria somar o saldo inicial do período aos saldos finais dos meses subsequentes e dividir o valor total encontrado pelo número de saldos computados. Quando analisamos demonstrações finan- ceiras de outras empresas, dispomos apenas dos saldos inicial e final dos estoques. Com esses valo- res, podemos calcular apenas a sua média aritmé- tica e isso poderá encobrir o fato de que, durante o exercício, os estoques tenham se situado muito acima ou abaixo daqueles dois saldos considera- dos. Deve ser ressaltado que o giro encontra- do corresponde a uma média global dos valores dos estoques e que determinados itens certamente apresentam rotações muito diferentes do giro global. Neste caso deveríamos calcular o giro para cada linha de produtos ou grupo de mercado- rias e atuar sobre os itens que acusaram baixa rotação. Se os referidos itens n apre- sentarem grande expressão no valor total dos estoques, o giro global n estará distor- cido e fornecerá uma medida adequada para fins de gestão financeira. (HOJI, 2007, p. 73). O giro dos estoques de materiais e de produ- tos em elaboração deveria considerar outros ele- mentos em suas fórmulas, disponíveis apenas para os analistas da própria empresa. Braga (1998) apresenta duas formas de cál- culo do estoque conforme tabelas a seguir: SALDO MÉDIO DOS ESTOQUES AtençãoAtenção O estoque parado para a empresa significa prejuízo, pois a empresa tem o gasto e deixa de ter a receita com a venda do produto, por isso é muito importante que o administrador encontre o equilíbrio do nível do estoque. Giro dos estoques de maté- ria-prima e de material de consumo = Vlr total do consumo no período Saldo médio dos estoques = No de vezes por período Giro dos estoques dos produtos acabados = Custo total da produção acabada no período Saldo médio dos estoques = No de vezes por período Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Neste capítulo, estudamos que a administração do estoque auxiliará o administrador em eliminar os desperdícios; sem a administração do estoque, a empresa pode ter prejuízos elevados. Esses prejuízos podem ser de diversas formas, entre elas: o estoque parado impede a venda, o ex- cesso de estocagem de matéria-prima impede que o produto seja vendido pela empresa, entre outras. A melhor forma de controle de estoque para o administrador é fazer sua correta gestão dos recur- sos; através dela, a empresa pode melhorar seus resultados, maximizando, assim, o lucro para o acionista. 1. Por que devemos controlar os estoques? 2. Qual o custo que envolve o controle do estoque? 3. Como podemos definir a gestão dos recursos? 5.5 Resumo do Capítulo 5.6 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 O ciclo operacional corresponde ao interva- lo de tempo compreendido desde a compra das mercadorias ou dos materiais de produção até o recebimento da venda. Trata-se, portanto, de um período (médio) em que são investidos recursos nas operações, sem que ocorram as entradas de caixa correspondentes. Parte desse capital de giro é financiada pelos fornecedores, que concederam prazo para pagamento. O ciclo financeiro define, em termos médios, o prazo, que se inicia a partir dos pagamentos aos fornecedores e termina com o recebimento das vendas. Em outras palavras, é o período durante o qual a empresa financia suas operações, sem a par- ticipação dos fornecedores. Quanto maior for o ciclo financeiro, mais re- cursos próprios e de terceiros (exceto fornecedo- res) estarão temporariamente aplicados nas ope- rações, provocando custos financeiros e afetando a rentabilidade. A seguir, apresentamos as fórmulas para cál- culo do ciclo operacional e ciclo financeiro, confor- me definição de Braga (1998): Segundo Hoji (2007), nas empresas comer- ciais, o Prazo Médio de Estocagem (PME) corres- ponde ao período compreendido desde a compra das mercadorias até o momento da sua venda (à vista ou a prazo). Nas indústrias, o PME engloba as matérias-primas e outros materiais de produção, como também os produtos em elaboração e aca- bados. Dessa forma, esse PME computa outros re- cursos aplicados no processo de fabricação corres- pondente à mão de obra direta e custos indiretos. A seguir, Hoji (2007) apresenta as fórmulas de prazos médios para cálculos: 6.1 Conceito Prazo Médio de Pagamento (PMP) = Saldo médio das duplicatas a pagar x 360 dias Compras Brutas Prazo Médio de Cobrança (PMC) = Saldo médio das duplicatas a receber x 360 dias Receitas Brutas de Vendas Prazo Médio de Estocagem (PME) = Saldo médio dos estoques x 360 dias Custos das vendas Ciclo Operacional = PME + PMC Ciclo Financeiro = PME + PMC - PMP CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO6 Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 Segundo Hoji (2007), os prazos de estoca- gens e de cobrança afetam significativamente as necessidades de recursos para financiar o giro das operações. Os prazos para pagamento concedidos pelos fornecedores suprem parte dessas necessi- dades. A parcela remanescente deverá ser coberta por outras fontes de recursos, durante um período correspondente ao ciclo financeiro. Esses recursos sempre implicarão custos para a empresa, pois: sendo originados de empréstimos e fi- nanciamentos, provocarão despesas fi- nanceiras; se forem constituídos por recursos pró- prios ou de fontes não onerosas, apre- sentarão um custo de oportunidade que corresponde ao retorno que a empresa obteria se aplicasse esses fundos em ou- tra operação de igual risco. Desse modo, ao reduzir o ciclo financeiro, a empresa estará otimizando o uso desses recursos e reduzindo os custos correspondentes. Para tanto, existem três estratégias básicas: 1) retardar os pagamentos aos fornecedores, sem comprometer o conceito creditício que a empresa possui junto a eles; 2) acelerar o recebimento das duplicatas, sem afastar os clientes por excesso de rigor via cobrança. Desde que sejam economi- camente justificáveis, os descontos finan- ceiros oferecidos para estimular a anteci- pação de pagamento facilitarão alcançar os objetivos dessa estratégia; 3) elevar o giro dos estoques até um ponto a partir do qual haveria riscos de paralisação do processo produtivo por falta de mate- riais e de perda de vendas por falta de mer- cadorias. 6.2 Estratégia para Reduzir o Ciclo Financeiro Caro(a) aluno(a), o ciclo de caixa e o ciclo operacional são duas formas de gestão que toda empresa deve adotar. Não importa o tamanho da empresa – micro, pequena, média ou grande empresa –, todas devem fazer esse tipo de controle. Saiba maisSaiba mais As empresas usam promoções de vendas para acelerar a saída dos produtos em estoque; isso traz um resultado melhor no ciclo de caixa. AtençãoAtenção Uma empresa, para não sofrer com pro- blemas em seu ciclo de caixa, deve sem- pre pagar suas dívidas no maior prazo possível e sempre receber suas receitas no menor prazo possível. Com isso, a empresa não sofrerá com es- cassez em seu caixa, tampouco precisará de capital dos bancos, evitando, assim, o pagamento de juros. 6.3 Resumo do Capítulo Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 1. Faça o cálculo do Ciclo Operacional e do Ciclo Financeiro das informações a seguir: Neste capítulo, reforçamos os conceitos de prazo médio de estoque e a importância da gestão de recursos; sem esse controle, a empresa pode passar por problemas financeiros,que poderiam ser evita- dos facilmente. A gestão dos valores a receber também apresentou sua relevância; a empresa necessita do controle de seus recebíveis, pois ele vai auxiliar na quitação das despesas com matéria-prima, salários e custos de produção. Por fim, mas não menos importante, falamos sobre os valores a pagar; nesse caso, a empresa ne- cessita negociar um prazo de pagamento maior que seu prazo de recebimento. Quando ela praticar essa política financeira, dificilmente passará por problemas de caixa. 6.4 Atividade Proposta Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Caro(a) aluno(a), chegou o momento de en- tender qual o impacto que as duplicatas a receber podem causar em uma empresa. A importância é muito grande, pois diversas empresas possuem esse setor, que cuida apenas dos valores a receber de uma empresa. Vamos conhecer um pouco do conceito de duplicatas a receber. Para Hoji (2007), a duplicata é um título formal de crédito representativo do di- reito do emitente, que pode ser transferido para outra pessoa mediante endosso. Segundo Braga (1998), vender a prazo im- plica conceder crédito aos clientes. A empresa entrega mercadorias ou presta serviços em certo momento e o cliente assume o compromisso de pagar o valor correspondente em uma data futura. Além dos riscos de atrasos e de perdas por falta de pagamento, as vendas a prazo provocam despesas adicionais com análise de crédito e co- brança. Apesar desses riscos e custos, verifica-se que parcela significativa das transações comerciais é realizada a crédito. Em suas diversas modalida- des, o crédito ao consumidor é largamente utiliza- do pelo comércio varejista. Praticamente, todas as transações realiza- das entre as empresas, envolvendo mercadorias e prestação de serviços, estão assentadas no crédito comercial ou mercantil. As empresas concedem crédito para ampliar seu nível de operações, obter ganhos de escala, absorver melhor os custos fixos e, assim, maximi- zar a rentabilidade. A concessão de prazo para pagamento favo- rece o escoamento da produção industrial, aumen- ta o giro dos estoques do comércio e permite às empresas prestadoras de serviços ampliarem suas atividades. Os saldos das duplicatas a receber geral- mente têm participação elevada no ativo circulante. Representando a parcela ainda não liquidada dos créditos concedidos, es- ses saldos poderiam ser desdobrados em custo das vendas (ou dos serviços presta- dos), impostos sobre vendas e lucro bruto. Deste modo, ao converter os estoques em duplicatas a receber, as empresas conti- nuam suportando os custos incidentes so- bre os recursos investidos nas operações. As duplicatas a receber constituem um ativo de elevada liquidez porque podem ser descontadas nos bancos comerciais ou servirem de garantia no levantamento de novos empréstimos. (BRAGA, 1998, p. 263). 7.1 Conceito 7.2 Arrochar e Afrouxar o Crédito Esses são dois termos na administração de duplicatas a receber, pois são duas políticas de crédito. Arrochar o crédito significa que a empre- sa vai diminuir o prazo de recebimento, passará a receber mais valores à vista; isso vai impactar no saldo de contas a receber e diminuirá as vendas da ADMINISTRAÇÃO DAS DUPLICATAS A RECEBER7 Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 7.3 Gestão de Riscos Hoji (2007) define que conceder crédito aos clientes representa assumir custos e riscos que não existem nas vendas à vista, tais como: despesas com a análise do potencial de crédito dos clientes; despesas com a cobrança das duplicatas; risco de perdas com os créditos incobrá- veis; custo dos recursos aplicados nas contas a receber; perda de poder aquisitivo do valor dos créditos, em decorrência do processo in- flacionário. Os departamentos de crédito e de cobrança provocam despesas com seu pessoal, com visitas aos clientes, com serviços de agências de informa- ções cadastrais, com escritórios especializados em cobranças judiciais etc. Desse modo, os custos envolvidos nas transa- ções a prazo são superiores àqueles das operações à vista e os respectivos preços de venda deveriam traduzir essa diferença. Entretanto, observa-se que os descontos para pagamento à vista geralmente não refletem a ausência de todos os custos e riscos apontados. Isso ocorre porque, em cada ramo de negócios, existem prazos tradicionais calcados no ciclo de produção e vendas da clientela e as em- presas consideram que não adianta tentar incen- tivar as vendas à vista em face das condições do mercado em que atuam. Devido ao fato de concederem crédito aos seus clientes e contarem com recursos limitados, as empresas exigem prazos de seus fornecedores, mesmo que, por isso, tenham de pagar mais. As- sim, o crédito comercial irradia-se por todo o siste- ma econômico. Giro das duplicatas a receber = Receitas brutas das vendas a prazo = No de vezes por período Saldo médio das duplicatas a receber empresa. Afrouxar o crédito terá o efeito contrário; a empresa vai conceder mais crédito aos clientes, com isso as vendas aumentarão, assim como as contas a receber e a inadimplência da empresa. 7.4 Gestão de Recursos Segundo Braga (1998), ao mesmo tempo em que se preocupa em alcançar um nível adequado de receitas de vendas, a administração financeira tenta minimizar os recursos aplicados em dupli- catas a receber, objetivando maximizar a taxa de retorno global. Para Braga (1998), pode-se avaliar a eficiên- cia na gestão dos recursos aplicados nas duplicatas a receber através do cálculo do seu giro ou rotação, como segue: Saiba maisSaiba mais Para aumentar as vendas, as empre- sas costumam conceder mais crédito (afrouxar o crédito). Isso também ajuda a aumentar o giro do estoque. Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 O saldo médio das duplicatas a receber deve- ria ser calculado através do quociente entre: a soma do saldo inicial do período e dos saldos finais dos meses subsequentes; o número de saldos computados. Segundo Hoji (2007), quando dispomos ape- nas dos saldos inicial e final do período, calcula- mos a média de dois saldos e ela poderá não refle- tir adequadamente o comportamento dos saldos mensais intermediários, principalmente quando estes estiverem sujeitos a influências sazonais. 7.5 Política de Crédito e de Cobrança Um giro elevado representa maior eficiência na gestão dos fundos aplicados no financiamento das vendas a prazo (e vice-versa). Segundo Groppelli e Nikbakht (2002), a po- lítica de crédito de uma empresa fornece os parâ- metros que determinam se deve ser ou não con- cedido crédito a um cliente e, em caso afirmativo, qual o valor limite de crédito a ser atribuído. A análise de crédito envolve o levantamento de informações sobre o cliente, que poderiam ser classificadas através do que se convencionou de- nominar “Cs do Crédito”, a saber: Caráter: refere-se à intenção do devedor em pagar suas dívidas, independente- mente de haver ou não condições de fazê-lo; Capacidade: relacionada com a compe- tência dos administradores e com o po- tencial de produção e de vendas da em- presa; Condições: relativas a fatores externos e macroeconômicos, envolvendo: sazona- lidade do produto, efeitos da moda sobre a continuidade do negócio, essencialida- de do produto, influência de outro ramo de atividade, sensibilidade do próprio ramo a problemas de liquidez e outros, porte da empresa em relação a outras do mesmo ramo e de outros ramos; Capital: refere-se à situação econômico- -financeira da empresa; Colateral: compreende as garantias reais ou pessoais oferecidas; Conglomerado: situaçãodas demais em- presas do grupo e também dos controla- dores, que poderá justificar a concessão de crédito a uma empresa em má situa- ção ou arrastar à insolvência uma boa empresa. Desse modo, a concessão de crédito deman- dará: análise dos demonstrativos financeiros do cliente, inclusive das demais empre- sas do grupo, atentando-se para a fi- dedignidade dos dados apresentados (assegurada pelo parecer dos auditores independentes); consulta às fontes de referência cadastral (fornecedores, bancos, agências especia- lizadas etc.); visita às instalações da empresa e entre- vistas com seus principais executivos, para aferir o nível de organização, a ca- pacidade gerencial etc. Não se pode aplicar muito tempo no levanta- mento e análise dessas informações, sob pena de o cliente desistir da compra ou o custo das inves- tigações tornar-se muito elevado em face do valor do crédito. Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 Uma política de crédito rigorosa envolverá menor despesa com os departamentos de crédito e de cobrança, menor índice de atrasos e de perdas com duplicatas incobráveis, mas também menor volume de vendas. Alguns clientes que costumam liquidar suas duplicatas com atraso seriam rejeita- dos e, provavelmente, iriam comprar dos concor- rentes. Uma política de crédito liberal provocaria efeitos contrários. Os padrões de crédito da empresa definem os critérios mínimos para a concessão de crédito a cada cliente. Ao se avaliar a possibilidade de afrou- xar esses padrões de crédito, deve-se atentar para os seguintes aspectos básicos: incrementos no vo- lume de vendas, no investimento em duplicatas a receber e nas perdas com devedores incobráveis. A eficiência e o volume de trabalho do de- partamento de cobrança dependerão: de a política de crédito ser rigorosa ou liberal; da qualidade das análises e avaliações realizadas pelo departamento de crédi- to; da presteza com que forem tomadas as providências contra clientes em atraso; do poder de pressão da empresa sobre tais clientes. Os dispêndios com as cobranças reduzirão o nível de inadimplentes até certo ponto, a partir do qual as perdas deverão ser atribuídas à política de crédito adotada e à eficiência do departamento de crédito. AtençãoAtenção O fato de uma empresa tomar todas as precauções na concessão de crédito não elimina o risco de inadimplência. Uma política de crédito liberal certamente amplia o potencial de vendas da em- presa, mas também acarreta maior investimento em duplicatas a receber, maior prazo médio de cobrança devido aos atrasos e maior porcentagem de perdas por inadimplência. Apesar desses inconvenientes, poderá ser vantajoso transacionar com clientes que representem maior risco de crédito, pois, elevando o volume de vendas, aumentarão as receitas operacionais e os custos variáveis, mas também serão reduzidos os efeitos dos custos fixos sobre o resultado final. (GITMAN, 2006, p. 142). A partir desse momento, surge o conceito de margem de contribuição total, que representa o valor remanescente das receitas operacionais após a dedução dos custos variáveis totais. Esse diferencial deverá ser suficiente para absorver os custos fixos totais e, ainda, propiciar um resíduo, que constituirá o lucro das operações. Desse lucro, serão abatidas as despesas financeiras e outras, para se chegar ao lucro líquido. A margem de contribuição unitária corres- ponde à diferença entre o preço de venda e o custo variável unitário. 7.6 Alterações na Política de Crédito Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 Estimado(a) aluno(a), falamos, neste capítulo, sobre um tema que impacta muito a saúde financeira da empresa: as duplicatas a receber. Como estudamos no capítulo anterior sobre ciclo de caixa, esses conceitos consolidam as informações que temos sobre a real importância desses recebíveis para a em- presa. A administração das duplicatas a receber é uma ferramenta gerencial que vai auxiliar a empresa no controle de saldo para pagamentos a fornecedores. Fique atento(a), conforme falamos anteriormente, a empresa deve pagar num prazo maior e receber em um prazo menor. Esse conceito bem aplicado elimina em grande parte os problemas financeiros das empresas se tratando de capital circulante; entende-se por capital circulante os valores que temos a pagar e a receber. Saiba maisSaiba mais Na contabilidade (DRE), as receitas não recebíveis são contabilizadas como Provi- são para Devedores Duvidosos (PDD) e fazem parte das despesas comerciais. Segundo Braga (1998), o oferecimento de descontos financeiros para estimular a antecipa- ção de pagamento reduzirá: o risco de perdas com duplicatas incobráveis; o índice de duplicatas liquidadas com atraso; o prazo médio de cobrança; os recursos aplicados em duplicatas a rece- ber. Ao conceder tais descontos, a empresa esta- rá reduzindo suas receitas de vendas. Entretanto, novos clientes poderão ser atraídos pela possibili- dade de adquirir os produtos por um preço inferior e o aumento no volume físico de vendas poderá beneficiar os lucros. Mesmo que isso não ocorres- se, a redução dos investimentos em duplicatas a receber poderia justificar essa medida. 7.7 Descontos por Antecipação de Pagamento 7.8 Resumo do Capítulo 7.9 Atividade Proposta 1. Faça uma síntese sobre a importância da administração das duplicatas a receber. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 Vamos entender um pouco sobre a política de cobrança; ela deve ser implementada em con- junto com a política de crédito. Não deve ser facili- tada demasiadamente a concessão de crédito para, posteriormente, ter de aplicar rigidez na cobrança ou vice-versa. Se já for esperada a dificuldade de cobrança no ato da concessão do crédito a deter- minados clientes, a avaliação do crédito deverá ser mais rigorosa. As áreas de marketing e vendas têm a ten- dência de facilitar a concessão de crédito para au- mentar o volume das vendas, sem se preocupar muito com as possibilidades de perdas futuras des- sas vendas, pois os executivos dessas áreas costu- mam pensar que sua principal função é vender. Os analistas de crédito podem sofrer pressão psicoló- gica para conceder o crédito em situações irregula- res. Portanto, o administrador financeiro deve estar atento para evitar eventuais abusos praticados por áreas comerciais, por meio de políticas de crédito e cobrança claramente definidas. Se a responsabilidade pela concessão de cré- dito tiver participação da área de vendas, o paga- mento da comissão de venda deve ser vinculado ao efetivo recebimento das vendas. Dessa forma, a própria área de vendas contribuiria para melhor selecionar os clientes. 8.1 Conceito 8.2 Procedimentos de Cobrança A cobrança feita por intermédio de bancos é mais segura e prática e, geralmente, custa menos do que uma cobrança feita em carteira. Geralmen- te, a cobrança bancária é mais eficiente, pois, se o sacado atrasar o pagamento, o banco não dispen- sará os encargos moratórios e, ainda, poderá enca- minhar o título para protesto após o vencimento (se for dada essa instrução ao banco). Por medida de segurança, todos os valores recebidos de clientes, em carteira, devem ser de- positados em contas bancárias previamente deter- minadas. Os cheques, quando recebidos de clientes, devem ser nominais à empresa e cruzados, com a expressão “válido somente para depósito em con- ta do favorecido” entre as linhas cruzadoras, para que possam ser depositados somente na conta da empresa. A área de Cobrança deve enviar diariamente à área de Administração de Caixa o Relatório de Re- cebimento de Vendas, com os dados sobre valores depositados em contas bancáriaspredetermina- das, bem como valores cobrados por intermédio de bancos. Quando houver a necessidade de entregar o recibo “quitado” ao cliente antes do efetivo recebi- mento, deve ser inserida no documento expressão do tipo “a quitação deste valor está condicionada ao crédito na nossa conta bancária...”. POLÍTICA DE COBRANÇA8 Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 42 8.3 O Crédito 8.4 O Faturamento Segundo Hoji (2007), o crédito é fator facili- tador das vendas. Por meio da concessão de crédi- to, as empresas podem vender muito mais do que venderiam se não utilizassem esse tipo de facilida- de. Por outro lado, crédito é fator de risco para as empresas, porquanto pode haver perda com deve- dores relapsos. A concessão do crédito exige tam- bém grandes volumes de investimentos em capital de giro, o que torna a sua administração complexa, exigindo de gestores e executivos atenção e uso de técnicas adequadas. Nas sociedades muito antigas voltadas ex- clusivamente para as atividades rurais e agrícolas, o prazo entre o plantio e a colheita determinava a necessidade de antecipação de entrega, aos pro- dutores, de sementes e implementos agrícolas. Essa entrega antecipada fez com que surgissem as primeiras formas de crédito. Os autores Homer e Syl dizem que existem evidências de que o Código de Hamurabi, 1800 a.C., trazia seções referentes à regulamentação do crédito na Babilônia. Mais tarde, na Grécia antiga, após o surgi- mento do dinheiro, as atividades comerciais de- ram origem às primeiras instituições bancárias, que passaram a realizar operações de crédito sob diversas formas, embora muito longe das formas praticadas atualmente. O crédito, no conceito atual, é a disposição de alguém ceder temporariamente parte de seu patrimônio ou prestar serviços a terceiros, com a expectativa de receber de volta o valor cedido ou receber pagamento, depois de decorrido o perío- do de tempo estipulado, na sua integralidade ou em valor correspondente; além, também, da troca de bens presentes por bens futuros. Por se tratar de aplicação de recursos em Ativo Circulante, a sua concessão deve ser supor- tada pela existência ou obtenção de recursos para financiá-la, pois interfere no equilíbrio econômico- -financeiro da empresa. A concessão de crédito aos clientes resul- ta em ativos que têm várias denominações, tais como: Valores a Receber, Duplicatas a Receber ou, ainda, Contas a Receber. Junto aos Estoques, for- mam os principais valores do Ativo Circulante. Quanto maiores o volume de vendas a cré- dito e o prazo médio de cobrança, maior será a necessidade de capital de giro para financiar esse ativo. O custo desse financiamento deve ser agre- gado aos custos dos produtos. Segundo Hoji (2007), conceder crédito im- plica proceder ao recebimento do valor do crédito em época futura, o que torna necessária a emissão de documento, que virá a ser o instrumento de cobrança. A emissão desses documentos, geral- mente denominados faturas, pode ser de grande complexidade para as empresas, dependendo do tipo de produto, mas, principalmente, os serviços são os que apresentam maiores dificuldades em serem faturados. Não é raro encontrar na imprensa reclama- ções de clientes de prestadoras de serviço, tele- comunicações, por exemplo, que contestam as faturas apresentadas, nas quais constam serviços que alegam não terem sido prestados. Nesse caso, as faturas são objeto de atrito entre a empresa e o cliente e, por essa razão, há necessidade de grande suporte de informações para responder às queixas dos Clientes. A Nippon Telegraph and Telephone Corporation (NTT), empresa de telefonia do Japão, na década de 1980, emitia seis milhões de faturas Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43 mensais, só na cidade de Tóquio. A meta da NTT era ter, no máximo, cinco erros por mês no total de suas faturas. Outras dificuldades, também na área de prestação de serviços, se apresentam em ativida- des de grande diversidade de serviços prestados a diversos tipos de cliente, que têm contratos com cláusulas específicas de faturamento diferentes. É o caso dos hospitais, cujas faturas são altamente complexas, não só pelos diferentes serviços presta- dos, como também pelos diversos clientes a quem prestam serviços – Sistema Único de Saúde (SUS), UNIMED (Cooperativa Médica), outros convênios, prefeituras municipais, particulares –, cada um de- les com regras específicas de faturamento. Existem outros problemas de faturamento vividos pelas prestadoras de serviços públicos de água, energia, telefone e gás que coexistem com clientes de baixíssimo consumo, dando origem a faturas de pequeno valor. Os custos de cobrança são praticamente os mesmos que os das faturas de grande valor. A solução adotada por alguns países, como a Inglaterra, por exemplo, onde as faturas de baixo valor são cobradas trimestralmente, encon- tra certas barreiras com os consumidores brasilei- ros de baixa renda que não se submetem a esse tipo de faturamento. Faturar bem, emitindo faturas com qualida- de, é fator primordial para a obtenção de bons re- sultados nas empresas. As políticas de crédito são a base da eficiente administração de Valores a Receber, pois orientam a forma como o crédito é concedido, definindo pa- drões de crédito, prazos, riscos, garantias exigidas e diretrizes de crédito. As políticas de crédito definem formas de concessão de crédito com base nas con- dições presentes e expectativas futuras da situação econômico-financeira da empre- sa, das condições da economia e do mer- cado onde a empresa atua. Como tais se- rão revistas sempre que houver alterações importantes nesses fatores. A ação repen- tina e agressiva da concorrência deve pro- vocar alterações nas políticas de crédito, por exemplo. (HOJI, 2007, p. 89). A definição das políticas de crédito pode não ser responsabilidade exclusiva da área financeira das empresas. Deverá haver equilíbrio de influên- cia das áreas de marketing e financeira. Forte in- fluência da área financeira, voltada para a redução de riscos, pode levar a condições de crédito exces- sivamente severas, que impedirão vendas. Por ou- tro lado, condições com exigências bastante bran- das podem facilitar as vendas, mas tornar difícil o seu recebimento. Há que lembrar que é melhor não vender, do que vender e não receber. Saiba maisSaiba mais A área de Faturamento é responsável pela emissão de toda receita de venda operacional da empresa. Sem essa área, a empresa fica impossibilitada de passar informações de recebíveis para a área de contas a receber. Segundo Hoji (2007), os padrões de crédito estabelecem as condições mínimas que o preten- dente deve possuir para receber crédito da em- presa. As políticas de cobrança têm o objetivo de fazer com que os recebimentos ocorram nas datas de vencimento e estejam prontamente à disposi- ção da administração de caixa da empresa. 8.5 Políticas de Crédito 8.6 Padrões de Crédito Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 44 Como condição, as políticas de cobrança de- vem ser do conhecimento dos clientes no momen- to da negociação, para que não haja reclamações futuras. As políticas de cobrança devem estabelecer desde mecanismos de como o débito será cobrado até os procedimentos nos casos de atrasos e ina- dimplência. O pagamento em dia é a situação ideal após todo o processo de concessão do crédito. Para os casos de atrasos e não pagamento, há necessidade de atenção redobrada, pois podem surgir conflitos, dificuldades no relacionamento com o cliente, que sempre espera postura mais flexível da empresa, e, por outro lado, do responsável pela área de co- brança, de quem são exigidos resultados.As políticas definem ações sequenciais para esses casos, como, por exemplo: telefonema de lembrança no segundo dia após o vencimento; carta ou e-mail no quinto dia; carta ou e-mail com texto mais duro no décimo dia (informando que o título está sendo enviado para os advogados da empresa para as medidas judiciais ca- bíveis e/ou que o avalista ou garantidor será acionado); acionamento do avalista ou garantidor; envio ao Cartório de Protesto de Títulos e comunicação da inadimplência às agên- cias de crédito (ver seção sobre confir- mação das informações); execução da dívida através do encami- nhamento do título aos advogados da empresa. As políticas de cobrança devem definir, se assim o entenderem os administradores financei- ros e de comercialização, as taxas de desconto por pagamento antecipado ou no vencimento da obri- gação. Como a aplicação de multa é considerada agressiva pelos clientes e, até mesmo, discutível do ponto de vista legal, o mecanismo encontrado para incentivar o pagamento pontual é o uso dessa forma mais branda. As taxas adicionais de juros, correção mone- tária – quando permitida pela legislação – e multas por atraso são também componentes importantes das políticas de cobrança. Braga (1998) define que os clientes são pes- soas distintas, que podem passar por dificuldades momentâneas para pagar seus compromissos em dia; a empresa deve manter o cadastro atualizado do comportamento de seus clientes e, de acordo com esse histórico, estabelecer o nível adequado de pressão de cobrança. Clientes circunstanciais, efêmeros, que não têm potencial de parcerias du- radouras, devem ter tratamento diferenciado da- queles parceiros permanentes, em termos de pres- são de cobrança. As consequências das políticas de cobrança traduzem resultados diretos nos valores aplicados em valores a receber, diminuindo-os ou aumen- tando-os de acordo com maior ou menor pressão de cobrança. Políticas eficazes tendem a reduzir perdas com devedores incobráveis, pois é sabido que os maus pagadores estão mais expostos a co- bradores mais exigentes. Os principais documentos utilizados para a cobrança podem ser os carnês, as duplicatas, as notas promissórias, simples registro em conta cor- rente, cheque pré-datado e débito eletrônico pro- gramado. Os títulos são negociados com instituições financeiras ou agentes de factoring (empresa que faz empréstimos à pessoa jurídica sem crédito no mercado) e é possível que sejam estabelecidas po- líticas mais duras de cobrança, como envio imedia- to ao Cartório de Protesto caso não haja pagamen- to no vencimento, por exemplo. Os custos de cobrança devem ser analisados em termos de custo-benefício. Algumas empresas vão até o final de uma ação para cobrar dívida de valor irrisório, com o objetivo de mostrar aos clien- tes sua postura rígida em relação à cobrança. Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 45 A eficiência e o custo das diversas formas de realização da cobrança são fatores a serem consi- derados na decisão entre os diversos mecanismos de cobrança. Alguns dos mecanismos mais usados de co- brança são: Via Bancária Através da rede bancária, flui o maior volume de cobranças formais no meio econômico. É muito importante a escolha do banco a quem se atribuirá a responsabilidade da cobrança, pois é necessária muita negociação para que os serviços sejam pres- tados dentro das expectativas da empresa, volta- dos para a eficiência e para o baixo custo opera- cional. Essa forma é essencial para empresas que tenham clientes dispersos geograficamente. De- pendendo da negociação com o banco, a cobran- ça poderá ser realizada através de várias modalida- des, das quais algumas são apresentadas a seguir: Cobrança simples: o banco atua como simples prestador de serviços de cobran- ça. Recebe o Borderô, que é um formu- lário no qual constam todas as informa- ções da empresa e dos títulos colocados em cobrança, e lança o débito pelo ser- viço de cobrança. Recebido o pagamen- to, o banco efetua o crédito na conta da empresa. A emissão e envio das fichas de compen- sação, também denominadas bloquetos bancários, podem ser feitos pela empre- sa ou pelo banco. A ficha de compensa- ção pode ser paga, até o vencimento, em qualquer agência bancária do país. É pos- sível o pagamento pela internet, via digi- tação do número do título de cobrança ou leitura ótica do código de barras. Após o vencimento, o pagamento so- mente poderá ser feito nas agências do banco responsável pela cobrança. Na negociação com o banco, para que as taxas de cobrança fiquem menores, é comum serem acordados prazos para a disponibilização dos valores cobrados. Esses prazos podem variar e são identifi- cados pelas siglas D+1 ou D+n, depen- dendo de quantos dias o produto da co- brança fica indisponível para a empresa. As ações posteriores de cobrança, caso o devedor não pague, ficam sob a res- ponsabilidade da empresa emitente do título; Caução dos títulos: os procedimentos são os mesmos da cobrança simples. A diferença é que os títulos e o produto da cobrança representam garantia para em- préstimos obtidos pela empresa emiten- te junto à instituição bancária; Desconto dos títulos: a empresa realiza operação de empréstimo junto ao banco e vincula o recebimento dos títulos “des- contados” para a liquidação do emprés- timo. Embora os títulos atuem como ga- rantidores da operação de empréstimo, o banco não detém sua propriedade. No vencimento, caso o devedor não pague, o valor do título é debitado na conta da empresa emitente. É uma forma de co- brança eficaz, no sentido de que o banco auxilia a empresa na escolha dos títulos a serem descontados, pois só aceita e desconta aqueles que consideram que oferecem pequeno risco. Títulos descon- tados são típicos de conterem condições menos flexíveis de cobrança. Via Carteira É o mecanismo que tem menores custos e maior flexibilidade, mas sua eficiência é discutível. 8.7 Mecanismos de Cobrança Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 46 Os títulos ficam depositados na área de cobrança da empresa e são acionados nas respectivas datas de vencimento, geralmente por cobradores da em- presa. Essa prática pode ser de iniciativa da empre- sa emitente ou quando da solicitação do cliente. Muitas instituições do poder público somente efe- tuam pagamentos via carteira. Os controles devem ser muito rígidos, pois podem ocorrer perdas ou extravios de di- nheiro recebido, assaltos, etc. Os registros dos títulos emitidos e seus pagamentos devem ser alvo permanente de eficiente controle e enquadrados nos programas periódicos dos auditores internos. Os co- bradores da empresa recebem o Borderô diário dos títulos que irão cobrar e, ao final do dia, prestam contas dos valores recebi- dos e devolvem os títulos não cobrados. (HOJI, 2007, p. 109). Algumas atividades comerciais, como bu- tiques e lojas de varejo voltadas para o comércio, por exemplo, preferem o uso da cobrança via car- teira, por meio da emissão de carnês de cobrança. Dessa forma, procuram fazer com que os clientes retornem à loja para efetuar os pagamentos, abrin- do oportunidades para a realização de novas ven- das. É uma forma de trazer o cliente à empresa. O comércio das cidades de menor porte ainda é fortemente baseado nessa forma de cobrança; no entanto, a popularização dos cartões de crédito e dos cartões de débito com data programada ten- de a diminuir essa forma de concessão de crédito e cobrança. Via Representante Trata-se da modalidade de cobrança via car- teira; no entanto, a cobrança é realizada através de representante ou escritório localizado em outra cidade. Como normalmente o denominado escri- tórioé um posto avançado de vendas da empresa e o representante é responsável pelas vendas em determinada região, é discutível se deve assumir a função de “cobrador”, pois a ação de cobrança pode dificultar a realização de vendas. Segundo Hoji (2007), é fato incontestável que a gestão do crédito e da cobrança tem alto ní- vel de complexidade, com consequências diretas em níveis de vendas e na estrutura financeira da empresa. Empresas que usam intensivamente o crédito para realizar suas vendas encontram difi- culdades em gerenciá-lo, pois esta não é a sua ati- vidade principal; portanto, não é o seu forte. Em razão dessas dificuldades da administra- ção de valores a receber e também do alto inves- timento nesse ativo circulante, algumas empresas cuja atividade depende essencialmente da ven- da a crédito buscam mecanismos alternativos, o que contribui para reduzir eventuais atritos com os clientes, pois a cobrança é feita por outra insti- tuição. Criam ou se associam a instituições finan- ceiras especializadas. As lojas de departamentos, grandes supermercados e montadoras de veículos são exemplos de empresas que buscaram esse tipo de solução, constituindo suas próprias instituições financeiras – os bancos de investimentos e as com- panhias de crédito, financiamento e investimento, as chamadas financeiras – ou se associando à insti- tuição financeira experiente. O texto apresentado no início deste capítulo exemplifica as parcerias mencionadas. AtençãoAtenção A empresa que optar pela cobrança via escritórios de advogados também terá um acréscimo dos honorários para a re- cuperação do valor devido pelo inadim- plente. Algumas vezes, o baixo valor não compensa o custo da operação. 8.8 Mecanismos Alternativos Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 47 Muito bem, caro(a) aluno(a), estamos chegando ao final de nossos estudos; estamos quase finali- zando o conteúdo deste módulo. Entender o processo da política de crédito auxilia a empresa na tomada de decisão. Essa tomada de decisão geralmente envolve os critérios de cobrança dos credores, ou seja, os va- lores a receber da empresa. Toda empresa deve formalizar a sua política de cobrança, seja ela via bancos ou via escritórios de advocacia. A concessão de crédito ajuda muito no processo decisório das ações tomadas contra os clientes inadimplentes. É muito comum as empresas recorrerem a certidões negativas (protestar o cliente), a fim de acelerar o processo de recebimento. Muitas vezes, esse processo não é bem-sucedido por conta dos sérios problemas financeiros que a própria empresa está passando. 1. Defina a importância da política de crédito. Faça um resumo contendo os principais itens. Está se tornando prática comum no Brasil a utilização de cartões de crédito, próprios ou de ter- ceiros, para vendas à vista ou parceladas. Os custos supostamente elevados dessa modalidade de cré- dito podem compensar riscos de inadimplência, que se tornam quase nulos com a sua adoção. Uma alternativa é a venda por meio dos car- tões que movimentam contas bancárias, como a Redecard, por exemplo, que podem ser utilizados para vendas à vista ou em parcelas, substituindo o cheque e reduzindo o risco do não recebimento. 8.9 Resumo do Capítulo 8.10 Atividade Proposta Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 49 Estamos chegando ao final de nosso material de estudo. Vamos discutir um pouco sobre a admi- nistração do caixa; este é um item também muito importante para o administrador. Convido você, estimado(a) aluno(a), a ler a definição de alguns autores sobre essa ferramenta. Brigham, Gapenski e Ehrhaedt (2001) defi- nem que, em Finanças, o fluxo de caixa (designado em inglês cash flow) refere-se ao montante de cai- xa recebido e gasto por uma empresa durante um período de tempo definido, algumas vezes ligado a um projeto específico. Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhaedt (2001), na Contabilidade, uma projeção de fluxo de caixa demonstra todos os pagamentos (dire- tos) e recebimentos esperados em um determina- do período de tempo. O controlador de fluxo de caixa necessita de uma visão geral sobre todas as funções da empresa, tais como: pagamento, rece- bimentos, compra de matéria-prima, compras de materiais secundários, salários e outros, porque é necessário prever o que se poderá gastar no futu- ro, dependendo do que se consome hoje. O fluxo de caixa é uma ótima ferramenta para auxiliar o administrador de determinada empresa nas tomadas de decisões. É através desse “mapa” que os custos fixos e variáveis ficam evidentes, per- mitindo, dessa forma, um controle efetivo sobre determinadas questões empresariais. Seria um erro, acima de tudo, considerar que o fluxo de caixa pode ser utilizado apenas por em- presas. Atualmente, cada vez mais pessoas físicas se interessam por uma organização financeira mais eficiente. Existem hoje, no mercado, diferentes ti- pos de ferramenta que têm por objetivo facilitar a confecção do fluxo de caixa. Algumas empresas oferecem, inclusive, ferramentas específicas para pessoas físicas e jurídicas, além de excelentes ma- nuais de funcionamento e materiais didáticos. 9.1 Conceito 9.2 Conceito de Fluxo de Caixa São as alterações e/ou modificações que in- fluenciam o caixa em qualquer momento. Segundo Marion (1998, p. 380), “[...] a De- monstração de Fluxo de Caixa (DFC) indica a ori- gem de todo o dinheiro que entrou no Caixa, bem como a aplicação de todo o dinheiro que saiu do Caixa em determinado período, e, ainda o Resulta- do do Fluxo Financeiro.” Essa demonstração tem a característica de evidenciar as transações que efetivamente movi- mentam o caixa, o que poderia ser uma caracte- rística controvertida. O registro de movimentações de caixa é muito dinâmico; a demonstração de flu- xo de caixa, tal qual as demais demonstrações, é estática, ou seja, reflete um determinado momen- to ou, mais propriamente dizendo, um determina- do saldo disponível e reportado. ADMINISTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA9 Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 50 Portanto, não devemos analisar o fluxo de caixa dessa forma, estática, verticalmente como são apresentados, uma vez que essa não é a reali- dade das empresas. 9.3 Objetivo do Fluxo de Caixa Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhaedt (2001), as informações sobre os fluxos de caixa de uma empresa são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações financeiras uma base para avaliar a capacidade da empresa em gerar cai- xa e valores equivalentes ao caixa e às necessida- des da empresa para utilizar esses fluxos. A demonstração de fluxo de caixa propicia aos analistas financeiros uma fonte segura para melhor elaborar seus planejamentos financeiros, como também serve a outros usuários a forma com que a empresa gerou o caixa ou, até mesmo, como utilizou os recursos e valores equivalentes ao caixa. A empresa, quando utiliza essa demonstra- ção com as demais, supre de forma completa os usuários e, principalmente, os habilitam à avalia- ção nas mudanças de ativos líquidos de uma em- presa e sua estrutura financeira, que podem ser exemplificadas nas questões de liquidez e solvên- cia. Não obstante esse fato, ainda temos a melhora significativa no conhecimento dos prazos ineren- tes aos fluxos de caixa, proporcionando adaptação às circunstâncias e às oportunidades. A Projeção visando a antecipar sobras de cai- xa (para aplicar) ou falta de caixa (para financiar), por exemplo, com bancos, também tem o objeti- vo de mostrar as aplicações de recursos efetuadas pela empresa no período e quais as fontes de finan- ciamento utilizadas. Sob o ponto de vista analítico, evidenciará o grau de eficiência da administração dos recursos da empresa. As aplicaçõesdemasiadas em ativos não operacionais podem apresentar certos problemas ao longo dos anos, pois o administrador deixa de investir na própria empresa ou negócio para in- vestir em outros ramos de atividade diferentes do ramo de sua empresa. Uma mudança na política de estocagem ou de crédito pode apresentar resultados favoráveis ou desfavoráveis; isso porque o produto pode ficar um tempo maior ou menor no seu estoque, par- tindo do conceito que estoque parado é prejuízo e, quanto maior o giro do estoque, melhor para a empresa. À medida que o balanço patrimonial é com- posto de ativos e passivos, estes representam apli- cações, que são uso/origens, fontes/recursos, para: facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a obter; detectar antecipadamente as carências de recursos; planejar desembolsos, evitando acúmu- lo de compromissos vultosos em época de pouco encaixe; quantificar os recursos próprios disponí- veis para investimentos; intercambiar os diversos departamentos com área financeira; usar eficiente/eficazmente recursos dis- poníveis; financiar necessidades sazonais ou cícli- cas da empresa; prover recursos para expansões (planta, operacional etc.); manter determinado nível de caixa, em função do capital de giro; auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para verificar sua conveniên- cia; aplicar os excedentes de caixa; programar convenientemente emprésti- mos ou financiamentos; projetar plano efetivo de resgate de dé- bitos; integrar os controles financeiros da em- presa. Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 51 Expansão descontrolada de vendas (maiores compras); Insuficiência de capital próprio e utiliza- ção do Capital de Terceiro; Ampliação exagerada dos prazos de vendas; Compras de porte de caráter cíclico ou para reserva; Prazos de recebimentos e de pagamen- tos inadequados; Rotação lenta de estoques e produtos aca- bados; Ociosidade do capital fixo pela retração de mercado; Distribuição de lucros além das disponibili- dades; Altos custos financeiros pelo fluxo irregular de caixa. 9.6 Fatores Internos que Afetam os Saldos de Caixa Declínio das vendas exige medidas para pre- servar liquidez. Expectativa de desaquecimento econômico exige do administrador financeiro: política de crédito (restringir o crédito para diminuir perdas); cobrança (reduzir o prazo médio de rece- bimento); manter nível de estoque reduzido; Políticas de Produção (reprogramar com- pras e gastos na produção); expansão ou retração do mercado (alte- ração nos níveis normais de estoques e suas consequências em termos de de- sembolsos); elevação do nível de preços (inflação); concorrência; alterações nas alíquotas de tributos; inadimplência (controle rigoroso das du- plicatas a receber em termos de valores e condições/forma de cobrança). Esses fatores decorrem de decisões tomadas quanto às Políticas de: Produção: aquisição de máquinas; ex- pansão da fábrica/linhas de produtos; manutenção do nível de produção em períodos de quedas de demanda e suas consequências; Vendas: prazos de entrega e vencimento das duplicatas; propaganda, publicidade e promoção; comissões de vendas; des- contos e abatimentos a conceder etc.; Distribuição: entrega própria ou por transportadora; frete pago ou a pagar; rodovia; ferrovia; marítimo; aéreo etc.; Compras: prazos obtidos x prazos con- cedidos; descontos concedidos pelo for- necedor em função de compra à vista/a prazo em relação à taxa de juros do mer- cado etc.; Pessoal: as contratações, dispensas e treinamento. 9.4 Causas da Falta de Recursos na Empresa 9.5 Alterações nos Saltos de Caixa por Fatores Externos Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 52 A seguir, apresentamos as características das empresas equilibradas financeiramente: equilíbrio entre ingressos e desembolsos em termos de valor; aumento do capital próprio em relação ao Capital de Terceiro; rentabilidade do capital empregado é satisfatória; menor necessidade de capital de giro; tendência de aumento no índice de rota- ção de estoques; prazos médios de recebimentos e de pa- gamentos estáveis; não há falta de produtos prontos ou mer- cadorias para o atendimento das vendas etc. 9.7 Origem do Fluxo de Caixa A demonstração de fluxo de caixa foi “nor- matizada” pelo pronunciamento do Financial Ac- counting Standards Board (FASB), pelo Boletim nº 95, que instituiu o fluxo de caixa em substituição à Demonstração de Origem e Aplicações de Recur- sos (DOAR), datado de novembro de 1987, sendo colocado em vigor a partir de julho de 1988. O Brasil passou a utilizá-la, não de forma obri- gatória, mas até mesmo com um aconselhamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a partir de 1992, com a revisão da Norma Internacional de Contabilidade (NIC) 7, que recebia a denominação, até então, de Demonstração das Mutações na Po- sição Financeira, que fora aprovada em julho de 1977. 9.8 Definição do Fluxo de Caixa Os termos que são utilizados nessa demons- tração têm o seguinte significado: caixa: compreende numerário em mão e depósito bancário disponível; equivalente ao caixa: são investimentos em curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em valores conhecidos de caixa e que estão sujeitos a um insignificante risco de mudança de valor; fluxos de caixa: são entradas e saídas de caixa e equivalentes ao caixa; atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da em- presa e outras atividades diferentes das de investimento e financeiras; atividades de investimento: são as aqui- sições e vendas de ativos de longo prazo e outros investimentos não inclusos nos equivalentes ao caixa; Saiba maisSaiba mais Toda tomada de decisão sempre reflete no caixa, seja decisão de compra ou au- mento/redução no prazo de recebimento. Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 53 atividades de financiamento: são ativi- dades que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital e empréstimo a pagar da empresa. Definir o fluxo de caixa parece ser uma tarefa razoavelmente fácil, contudo a indústria financeira e os profissionais de contabilidade têm desenvol- vido numerosos métodos para descrever o proce- dimento. Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhaedt (2001), as definições sobre o que constitui o fluxo de caixa variam amplamente; dependendo da téc- nica que é utilizada e em qual empresa foi adotada, haverá variações enormes. Antes que o analista fi- nanceiro comece a executar sua função, o procedi- mento de fluxo deverá ser meticulosamente defi- nido em relação à técnica a ser utilizada. Nenhuma medida exata de fluxo de caixa pode ser efetuada de tal forma que satisfaça toda a necessidade da análise financeira do usuário. O que ocorre também é que, por mais expe- riente que seja um analista financeiro, ele poderá ser confundido por analisar uma demonstração financeira sem conhecer efetivamente o negócio da empresa, pois as receitas de vendas de uma empresa podem ser aumentadas a uma taxa alta e conduzidas a um crescimento dos níveis de lucros reportados; esse analista pode ser induzido pelos números a assumir que sejam igualmente conver- tidos em altos níveis de fluxo de caixa líquido e isso não é necessariamente o que ocorre. Pormenorizando ainda mais o texto anterior, em nosso atual estágio econômico, as receitas cres- centes geradas pelo aumento das vendas a crédito significam somente que os direitos em recebimen- to daempresa estão crescendo ou “inchando” o contas a receber, pois note que esses recebimen- tos são, na realidade, somente um documento de dívida. E, em razão da expansão dos pagamentos feitos em atraso, a conversão desses ativos em lí- quidos de caixa será atrasada e, consequentemen- te, a empresa parecerá saudável financeiramente, mas será tão somente no papel; aquele reportado, na realidade, poderá ser diferente e levar até à in- solvência. Os fatores mais usuais e que, se não forem analisados com muito rigor, poderão levar a em- presa a sérios problemas de desequilíbrio financei- ro são: insuficiência crônica de caixa; captação sistemática de recursos através de empréstimos bancários, principal- mente de curto prazo; sensação de esforços desmedidos; sensação de risco de “quebra” repentina. As causas básicas seriam os seguintes indica- dores: excesso de investimento em estoques; aumento do prazo médio de recebimen- to de vendas; diminuição do prazo médio de paga- mento de compras; excesso de imobilização; inflação; recessão. Por fim, devemos ilustrar todos os fatores citados com as devidas consequências. A empre- sa que não estiver atenta a todas as mudanças so- cioeconômicas nas quais está inserida terá proble- mas dos mais diversos quanto à sua complexidade, tais como: vulnerabilidade ante as flutuações de mercado; atrasos no pagamento das obrigações; tensões internas; concordata; falência. O que ocorre com esse movimento é que as empresas começam a buscar os financiamentos para estabilizar o aumento de suas contas a rece- ber com recursos externos, que deveriam ser dire- cionados a cobrir suas obrigações correntes. Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 54 São passivos usuais das empresas: os tributos; os bancos; os fornecedores; os funcionários. O que poderá acarretar as principais faltas de caixa nas empresas são os fatores que mais preo- cupam os gestores financeiros; entre eles, pode- mos exemplificar os seguintes: expansão descontrolada das vendas, aci- ma de sua capacidade de comercializa- ção; insuficiência de capital próprio e utiliza- ção do capital de terceiros em proporção excessiva; aumento exagerado do prazo de fatura- mento; necessidade de compras em grande vo- lume; aumento da inadimplência; aumento da necessidade de capital de giro em proporção maior do que o au- mento do capital circulante líquido; aumento exagerado do ciclo financeiro; baixa velocidade da rotação dos esto- ques; excessiva distribuição de dividendos. Em resumo a essas causas ou outras que pos- sam levar a esses perigosos caminhos, teremos o seguinte quadro econômico para identificar: declínio das vendas; retração do mercado; elevação do nível de preços; concorrência; aumento da carga tributária; aumento da inadimplência. Para que possamos sanar essas consequên- cias a ponto de não ter a situação empresarial mais agravada ou que as alternativas não sejam mais cabíveis devido ao prazo/tempo na tomada de de- cisão tardia, é consenso que existem medidas que poderiam amenizar ou sanar parcial ou totalmen- te, para que não se chegue às vias da insolvência. São elas: aumento do capital próprio pela subscri- ção por parte dos sócios atuais; aumento do capital próprio pela subscri- ção e integralização por parte de novos sócios; redução do ritmo das atividades opera- cionais; adequação do nível de operações ao ní- vel de recursos disponíveis; contenção dos custos e das despesas operacionais; venda de imobilizados ociosos; planejamento e controle financeiros. Para tomar as devidas medidas, no intuito de saneamento das dificuldades por parte da empre- sa em questão, devemos ter a noção exata das di- mensões do fluxo de caixa: por exemplo, em curto prazo, deveria corresponder ao controle detalhado de entradas e saídas de caixa geradas durante o período projetado. Enquanto, em longo prazo, de- veríamos analisar e compreender a projeção sin- tética de todas as entradas geradas pela venda de bens e serviços e das saídas provocadas por custos operacionais e de capital, incluindo projetos de expansão, modernização, localização ou novas ins- talações fabris. É uma demonstração, sem dúvida nenhuma, com muita objetividade e, por isso, no conceito de alguns especialistas, leva vantagem sobre as demonstrações legisladas, como a DOAR e, até porque não dizer, a DRE. Infelizmente, nem mesmo o caixa é tão obje- tivo quanto parece ser à primeira vista. Há aspec- tos controversos sobre os quais inexiste consenso e que podem levar a demonstrações completa- mente diferentes, conforme se adote um ou outro ponto de vista. Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 55 Hoji (2007, p. 296), em sua definição, cita o prof. Eliseu Martins: “O balanço e a demonstração de resultados, se elaborados à luz do custo histó- rico e na ausência de inflação, são a distribuição lógica e racional ao longo do tempo do fluxo de caixa da empresa.” Com esse pensamento, não podemos sim- plesmente efetuar alguns poucos ajustes na de- monstração, transferindo itens que não são caixa para a coluna de caixa, pois o conceito mais puro dessa demonstração é relatar somente os itens “caixa”, sem que haja a intenção de mostrar outra posição que não a real. A demonstração de fluxo de caixa mostra as alterações líquidas que ocorrem na empresa, e as atividades do fluxo criam essas mudanças. Brigham, Gapenski e Ehrhaedt (2001) ava- liam que as alternativas de investimentos e contro- le ao longo do tempo são tomadas pela empresa com objetivos monetários. Usando o Fluxo de Cai- xa como instrumento de verificação das situações presentes e futuras na empresa, ele também pode posicionar para que não se chegue a situações de não liquidez (caixa negativo), com a precisão de que não haja excessos monetários de caixa e, se houver, serão devidamente aplicados. As informações constantes dessas demons- trações sempre versarão sobre a capacidade de geração de caixa e de controle dos itens financei- ros da empresa. Portanto, elas evidenciarão a capa- cidade financeira de autofinanciamento das ope- rações, deixando sempre para a última instância a utilização do sistema bancário, evidentemente para captações de curto prazo. É também informação básica dessa de- monstração a evidenciação da capacidade de ge- rar recursos e expandir o nível de investimento, sempre considerando que as dívidas estarão sufi- cientemente amortizadas, tanto em curto quanto em longo prazo. Segundo Hoji (2007), a partir da leitura das demonstrações, poderemos chegar a algumas ponderações, como, por exemplo: quais as causas das mudanças na situação financeira da empresa? em que foi empregado o lucro gerado pe- las operações? como foi possível a empresa distribuir divi- dendos após prejuízo sofrido no exercício? de que forma a empresa consegue manter seus pagamentos em dia se os resultados vêm sofrendo baixas, ou seja, estão nega- tivos? como é financiada a expansão da empresa? o que é feito com as receitas de venda de imobilizados? os recursos gerados pela empresa são sufi- cientes? habilidade da administração; a política de investimento é adequada? o nível de tesouraria. AtençãoAtenção Uma empresa superavitária (lucrativa) pode quebrar pela má administração do caixa. Isso se deve ao descontrole do pra- zo de pagamento (muito baixo) e do pra- zo de recebimento (muito elevado). 9.9 Objetivo das Demonstrações do Fluxo de Caixa Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 56 Conforme definiçãode Brigham, Gapenski e Ehrhaedt (2001), os rendimentos de uma empre- sa reportados nas suas demonstrações de resul- tados podem indicar uma condição saudável de toda a posição financeira. Em consonância a esse fato, as análises dos coeficientes também podem indicar uma condição igual, mesmo assim, essa empresa poderá estar perto de uma falência. Um profissional de finanças menos experiente pode até perguntar como ocorre essa situação de total incompatibilidade. A resposta é simples e objetiva: somente a leitura do fluxo de caixa poderá identi- ficar realmente o porquê de a empresa estar nesse aspecto. Vitalidades ou fraquezas financeiras não são identificáveis pela análise de coeficientes de uma demonstração de resultados ou de um balan- ço patrimonial. Para analisar a situação financeira de uma empresa e medir sua solvência, temos de separar os conceitos de receitas e despesas dos conceitos de recebimentos e pagamentos em caixa, pois isso permitirá ir ao âmago dos fluxos. Apesar de o caixa e o rendimento estarem intimamente ligados, eles não são, em hipótese al- guma, a mesma coisa, haja vista que o rendimento tem a ver com o excedente aos custos incorridos e muitos eventos poderão ocorrer durante a transfe- rência dos rendimentos em caixa. Um desses even- tos poderá ser o aumento do papel do capital em lucros não distribuídos de uma subsidiária à sua matriz. Sob a ótica do método indireto da demons- tração de fluxo de caixa, esse aumento seria adi- cionado à receita líquida da matriz, como caixa de atividade operacional, quando, na realidade, o flu- xo da matriz inclui somente os dividendos pagos em caixa para a matriz pela subsidiária. No mun- do econômico, o denominador final e comum a todas as operações é o dinheiro; e, em longo pra- zo, o conceito volta exatamente a uma diferença de riqueza medida em dinheiro. No caso extremo, qual o lucro de uma empresa em longo prazo? É a diferença entre o valor de sua liquidação e os in- vestimentos feitos pelos sócios. Assim, o conceito tradicional de lucro está vinculado, em sua última consequência, ao fluxo financeiro de ponta a pon- ta entre a empresa e seu proprietário. No caso de inflação, é necessário colocar todos os componentes do fluxo em uma única moeda, corrigindo-se cada investimento feito pe- los proprietários e cada lucro distribuído a eles ao longo do tempo. A necessidade de se conhecer continuamente o andamento da vida da entidade exige a elaboração das demonstrações contábeis periódicas. Para isso, o regime de competência produz realocações do fluxo financeiro, de forma a ter as confrontações necessárias a uma boa análise da evolução da efetiva rentabilidade e da correta posição financeira de qualquer entidade. A seguir, apresentamos o modelo de fluxo de caixa. 9.10 Lucro versus Fluxo de Caixa 1) Saldo Inicial de Caixa 1.000 2) Ingressos ou recebimentos (a + b) 69.000 a) Vendas à vista 20.000 b) Cobranças de vendas a prazo 49.000 3) Desembolsos ou pagamentos (c + d + e) (60.000) c) Duplicatas fornecedores (45.000) d) Salários do mês (5.000) e) Energia elétrica (10.000) 4) Disponibilidade acumulada (1 + 2 - 3) 10.000 5) Nível desejado de caixa 2.000 6) Empréstimos a captar 0 7) Aplicações financeiras (8.000) 8) Saldo final de caixa (inicial do próximo período) 2.000 Descrição dos componentes do fluxo de caixa (modelo) Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 57 Caro(a) aluno(a), este é o nosso último capítulo; ao estudar o fluxo de caixa, podemos consolidar todos os outros conceitos que estudamos no início deste material. Toda tomada de decisão sempre vai refletir no caixa da empresa; por esse motivo, para uma boa administração, deve-se inicialmente controlar o caixa da empresa. Através do caixa da empresa, transitam todos os valores relevantes da empresa, desde pagamen- tos a fornecedores, recebimentos de clientes, nossos salários, aquisição de ativos, como computadores, cadeiras, mesas etc. Uma empresa sem um controle efetivo de caixa, praticamente, é um empresa sem direção ou, sim- plesmente, sem rumo. 9.11 Resumo do Capítulo 9.12 Atividade Proposta 1. Elabore uma projeção de caixa do mês de maio, conforme as informações a seguir. Considere os saldos de entrada (positivo) e saída (negativo). Pagamento Fornecedor Alfa 32.552 Pagamento Fornecedor Beta 47.853 Pagamento Fornecedor Gama 69.352 Pagamento Fornecedor Ômega 25.456 Recebimento Venda à Vista 175.000 Recebimento Venda Mês Abril 25.478 Recebimento Venda Mês Maio 25.410 Recebimento Venda Mês Março 15.474 Recebimento Venda Mês Junho 7.522 Saldo Inicial de Maio 21.500 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 59 Após a leitura deste material, podemos entender melhor como as Finanças Corporativas podem agir dentro de uma empresa; por mais simples que seja a aplicação dessa técnica, seu reflexo está direta- mente relacionado ao caixa da empresa. Agora, com maior conhecimento sobre o assunto, o administrador poderá aplicar essas técnicas no seu cotidiano; afinal, é muito importante o administrador ter conhecimento dos impactos positivos e negativos que podem ocorrer na empresa, ao tomar a decisão de aumentar um prazo ou diminuí-lo. Com uma boa administração de suas finanças, a empresa, mesmo apresentando prejuízo em suas demonstrações financeiras, pode “sobreviver” por muito tempo. Basta um controle com muita disciplina em seu fluxo de caixa; com isso, dizemos que o fator fundamental para uma empresa realmente é o con- trole de caixa. CONSIDERAÇÕES FINAIS10 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 61 CAPíTULO 1 1. A administração financeira cuida da maximização do resultado para o acionista, enquanto as finanças corporativas têm o foco no resultado para a empresa. 2. As empresas podem obter seus recursos financeiros através de capital de terceiro (bancos, for- necedores) ou capital próprio (sócios e acionistas). 3. O objetivo maior é a maximização da riqueza para o acionista. 4. Função de Tesouraria e Controladoria. CAPíTULO 2 1. Temos duas decisões: investimento e financiamento. 2. Podemos identificar no balanço patrimonial, do lado do ativo (investimento) e passivo (finan- ciamento). 3. A decisão de investimento ocorre quando a empresa possui capital e decide usar seus próprios recursos para comprar um item para a sua operação. A decisão de financiamento ocorre quan- do a empresa decide financiar esse bem com capital de terceiro, como, por exemplo, bancos. 4. Valor de Uso é considerado o valor interno da empresa, enquanto o valor de troca é considera- do o valor externo da empresa. Aumentamos o valor da empresa melhorando o resultado com a comercialização de sua operação. 5. Valor Patrimonial Real, Valor Patrimonial Contábil, Valor Presente Líquido, Valor de Mercado e Valor de Liquidação. CAPíTULO 3 1. Podemos encontrar Instituições financeiras; Empresas privadas, comerciais, industriais e pres- tadoras de serviços; Empresas e órgãos públicos; Organizações sem fins lucrativos, como, por exemplo, as ONGs. 2. Essas empresas costumam surgir da informalidade, quando os negócios começam a aumentar. São pequenos estabelecimentos industriais, comerciais, prestadores de serviços, profissionais liberais e autônomos. A responsabilidade do proprietário da empresa individual é ilimitada, ou seja, seus bens pessoais respondem por todas as dívidas da empresa, no caso de inadimplência. 3. As sociedades por ações ou sociedades anônimas são grandes empresas com capital diluído entre milhares, e até milhões, de acionistas, que possuem participações em seu capital, por meio de ações. RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS Fabrizio Scavassa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 62 CAPíTULO 4 1. Podemos definir as disponibilidadescomo sendo todo valor que a empresa possui para uso imediato, ou seja, itens de alta liquidez, como conta caixa, banco e aplicações financeiras. 2. Os motivos da manutenção das disponibilidades são: atender aos pagamentos programados para o curso normal das atividades (“motivo transação”) e formar uma reserva de segurança para enfrentar eventos imprevistos (“motivo precaução”). CAPíTULO 5 1. O estoque deve ser controlado para que a empresa não sofra com perda de produtos acaba- dos ou, simplesmente, tenha prejuízo com o tempo de permanência do produto no estoque (excesso de dias). 2. Custos de capital: correspondem aos recursos investidos nos materiais e produtos estocados, nas instalações e nos equipamentos utilizados na movimentação física e armazenagem. Cus- tos das instalações: envolvem o valor de locação de galpões, prédios e instalações utilizadas, imposto predial e taxas de serviços públicos, despesas de manutenção, limpeza, iluminação, refrigeração ou calefação, serviços auxiliares, seguro e depreciação (das instalações e equipa- mentos). 3. Podemos definir a gestão de recursos através da fórmula matemática que considera o prazo médio do estoque (dias de estoque médio) e o giro do estoque, o qual analisa o número de vezes que ocorre a reposição completa do estoque. CAPíTULO 6 1. Tabela preenchida com memória de cálculo; lembre que, para média de 3 meses, só será possí- vel calcular a partir do ano de 2011. Finanças Corpotativas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 63 CAPíTULO 7 1. Vender a prazo implica conceder crédito aos clientes. A empresa entrega mercadorias ou pres- ta serviços em certo momento e o cliente assume o compromisso de pagar o valor correspon- dente em uma data futura. Além dos riscos de atrasos e de perdas por falta de pagamento, as vendas a prazo provocam despesas adicionais com análise de crédito e cobrança. Apesar desses riscos e custos, verifica- -se que parcela significativa das transações comerciais é realizada a crédito. Em suas diversas modalidades, o crédito ao consumidor é largamente utilizado pelo comércio varejista. A administração das duplicatas a receber é uma ferramenta gerencial que vai auxiliar a empre- sa no controle de saldo para pagamentos a fornecedores; fique atento(a), conforme falamos anteriormente, a empresa deve pagar num prazo maior e receber em um prazo menor. Esse conceito bem aplicado elimina, em grande parte, os problemas financeiros das empresas se tratando de capital circulante; entende-se por capital circulante os valores que temos a pagar e a receber. CAPíTULO 8 1. A política de cobrança deve ser implementada em conjunto com a política de crédito. Não deve ser facilitada demasiadamente a concessão de crédito para, posteriormente, ter de apli- car rigidez na cobrança, ou vice-versa. Se já for esperada a dificuldade de cobrança no ato da concessão do crédito a determinados clientes, a avaliação do crédito deverá ser mais rigorosa. As áreas de marketing e vendas têm a tendência de facilitar a concessão de crédito para au- mentar o volume das vendas, sem se preocupar muito com as possibilidades de perdas futuras dessas vendas, pois os executivos dessas áreas costumam pensar que sua principal função é vender. Os analistas de crédito podem sofrer pressão psicológica para conceder o crédito em situações irregulares. Portanto, o administrador financeiro deve estar atento para evitar even- tuais abusos praticados por áreas comerciais, por meio de políticas de crédito e cobrança cla- ramente definidas. Se a responsabilidade pela concessão de crédito tiver participação da área de vendas, o paga- mento da comissão de venda deve ser vinculado ao efetivo recebimento das vendas. Dessa forma, a própria área de vendas contribuiria para melhor selecionar os clientes. CAPíTULO 9 1. Para resolver o exercício, separe todos os va- lores de entrada e faça a soma; em seguida, faça a soma dos valores de saída. Lembre-se de considerar o sinal negativo para saídas de caixa. O saldo do período é a diferença entre recebi- mento e pagamento do mês. O saldo final é a soma do saldo inicial e do saldo do período. FLUXO DE CAIXA MÊS DE MAIO SALDO INICIAL 21.500 ENTRADAS 248.884 Recebimento Venda à Vista 175.000 Recebimento Venda Mês Maio 25.410 Recebimento Venda Mês Abril 25.478 Recebimento Venda Mês Março 15.474 Recebimento Venda Mês Junho 7.522 SAíDAS (175.213) Pagamento Fornecedor Alfa (32.552) Pagamento Fornecedor Beta (47.853) Pagamento Fornecedor Gama (69.352) Pagamento Fornecedor Ômega (25.456) SALDO DO PERíODO 73.671 SALDO FINAL 95.171 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 65 BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Spread. Disponível em: <www.bcb.gov.br/SPREAD>. Acesso em: 25 ago. 2012. BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1998. BRIGHAM, E.; GAPENSKI, L. C.; EHRHARDT, M. Administração financeira: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2001. EDITORA ATLAS. Materiais de apoio. São Paulo: Atlas, 2008. Disponível em: <www.editoraatlas.com.br/ Atlas/webapp/materiais_do_professor.aspx?mtt_cod_id=1>. Acesso em: 24 ago. 2012. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. São Paulo: Harbas, 2006. GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. São Paulo: Saraiva, 2002. HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2007. LEMES, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. São Paulo: Campus, 2006. MARION, J. C. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 1998. WESTON, J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da administração financeira. São Paulo: Makron Books, 2000. REFERÊNCIAS INTRODUÇÃO 1 OBJETIVO E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1.1 Objetivo da Administração Financeira 1.2 Funções da Administração Financeira 1.3 Resumo do Capítulo 1.4 Atividades Propostas DECISÃO DE INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO 2 2.3 Decisão de Financiamento 2.4 Busca de Resultados 2.5 Valor 2.6 Grupos de Relacionamento 2.7 Mercado Financeiro 2.8 Resumo do Capítulo 2.9 Atividades Propostas TIPOS DE EMPRESA 3 3.3 Sociedade por Ações 3.4 Objetivos dos Administradores e Remuneração 3.5 Controle da Empresa 3.6 Resumo do Capítulo 3.7 Atividades Propostas ADMINISTRAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES 4 4.2 Motivos da Manutenção das Disponibilidades 4.3 Resumo do Capítulo 4.4 Atividades Propostas ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES 5 5.2 Custos e Riscos 5.3 Custos dos Serviços 5.4 Gestão dos Recursos 5.5 Resumo do Capítulo 5.6 Atividades Propostas CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO 6 6.2 Estratégia para Reduzir o Ciclo Financeiro 6.3 Resumo do Capítulo 6.4 Atividade Proposta ADMINISTRAÇÃO DAS DUPLICATAS A RECEBER 7 7.3 Gestão de Riscos 7.4 Gestão de Recursos 7.5 Política de Crédito e de Cobrança 7.6 Alterações na Política de Crédito 7.7 Descontos por Antecipação de Pagamento 7.8 Resumo do Capítulo 7.9 Atividade Proposta POLÍTICA DE COBRANÇA 8 8.3 O Crédito 8.4 O Faturamento 8.5 Políticas de Crédito 8.6 Padrões de Crédito 8.7 Mecanismos de Cobrança 8.8 Mecanismos Alternativos 8.9 Resumo do Capítulo 8.10 Atividade Proposta ADMINISTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 9 9.3 Objetivo do Fluxo de Caixa 9.4 Causas da Falta de Recursos na Empresa 9.5 Alterações nos Saltos de Caixa por Fatores Externos 9.6 Fatores Internos que Afetam os Saldos de Caixa 9.7 Origem do Fluxo de Caixa 9.8 Definição do Fluxo de Caixa 9.9 Objetivo das Demonstrações do Fluxo de Caixa 9.10 Lucro versus Fluxo de Caixa 9.11 Resumo do Capítulo 9.12 Atividade Proposta 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS REFERÊNCIAS