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hipotônica para limitar a expansão do volume do líquido extracelular. Cálculo do volume da solução hipertônica para correção da hiponatremia Fórmula de Adrogué e Madias. Fórmulas Uso clínico Na+ em 1L da infusão – Na+ sérico água corporal total + 1 Estima o efeito de 1 litro de qualquer infusão no Na+ sérico (Na+ em 1L da infusão + K+ em 1L da infusão) – Na+ sérico água corporal total + 1 Estima o efeito de 1 litro de qualquer infusão contendo Na+ e K+ no Na+ sérico Água corporal total estimada (em litros) Homens e mulheres jovens: 60% e 50% do peso corporal, respectivamente. Homens e mulheres idosos: 50% e 45% do peso corporal, respectivamente. 6 Caso o paciente perca uma igual quantidade de sal e água através de vómitos ou diarreia, não haverá alteração no valor sérico de sódio. Assim, para a hiponatremia surgir devido à perda de sal, o paciente deve perder mais sal que água, ou, mais comumente, substituir a sua perda de água e sal com água pura determinando uma verdadeira depleção de sal. Kelson Nobre Veras Condutas Práticas para UTI 111 Correção da hiponatremia severa Concentração do sódio sérico < 125 mEq/L. Pacientes sintomático (confusão, ataxia, cefaléia, convulsões, rebaixamento do nível de consciência). Taxa de correção inicial: 1 a 2 mEq/litro/hora nas primeiras horas Interromper a correção rápida quando: Desaparecimento das manifestações com risco de vida Concentração de sódio sérico de 125 a 130 mEq/litro (ou mesmo menor se a concentração inicial for menor que 100 mEq/litro). Restante da correção distribuída nas horas seguintes para completar 24 horas. Tratamento da Hipernatremia conforme Estado Volêmico Déficit de água e sódio Hipovolemia Perdas Renais Sódio urinário > 20 mmol/L Solução salina isotônica Perdas Extrarrenais Sódio urinário < 10 mmol/L Solução salina isotônica Excesso de água Euvolemia SIADH Dor Drogas Deficiência de glicocorticóides Hipotiroidismo Distúrbios psiquiátricos Sódio urinário > 20 mmol/L Restrição Hídrica Excesso de água e sódio Hipervolemia Síndrome nefrótica Insuficiência cardíaca Cirrose Sódio urinário < 10 mmol/L Restrição de água e sódio Insuficiência renal aguda e crônica Sódio urinário > 20 mmol/L Restrição de água e sódio Kelson Nobre Veras Condutas Práticas para UTI 112 HIPERNATREMIA Causas de Hipernatremia PERDA DE ÁGUA Água pura Perdas insensíveis não repostas (cutânea e respiratória) Hipodipsia Diabetes insipidus (poliúria, hipernatremia, osmolaridade plasmática 300mOsm, osmolaridade urinária 200 mOsm): deficiência ou resistência à vasopressina Diabetes insipidus neurogênico Pós-traumático Causado por tumores, cistos, histiocitose, tuberculose, sarcoidose Idiopático Causado por aneurismas, meningite, encefalite, síndrome de Guillain- Barré Causado pela ingestão de etanol (transitório) Diabetes insipidus nefrogênico congênito Diabetes insipidus nefrogênico adquirido Causado por doença renal (doença medular cística) Causado por hipercalcemia ou hipocalemia Causado por drogas (lítio, demeclociclina, foscarnet, metoxiflurano, anfotericina B) Fluido hipotônico Causas renais Diuréticos de alça Diurese osmótica (glicose, uréia, manitol) Fase poliúrica da necrose tubular aguda Diurese pós-obstrutiva Doença renal intrínseca Doença gastrointestinal Vômitos Drenagem nasogástrica Fístula enterocutânea Diarreia Uso de catárticos osmóticos (lactulose) Causas cutâneas Queimaduras Suor excessivo GANHO DE SÓDIO HIPERTÔNICO Infusão de bicarbonato de sódio hipertônico Preparado alimentar hipertônico Ingestão de cloreto de sódio Ingestão de água do mar Eméticos ricos em cloreto de sódio Enemas salinos hipertônicos Injeção intrauterina de cloreto de sódio Infusão de cloreto de sódio hipertônico Diálise hipertônica Hiperaldosteronismo primário Síndrome de Cushing Kelson Nobre Veras Condutas Práticas para UTI 113 Tratamento da hipernatremia A redução do volume cerebral causado pela hipernatremia pode causar ruptura vascular, com hemorragia cerebral, hemorragia subaracnóide e dano neurológico permanente ou morte. O tratamento da hipernatremia requer o tratamento da causa subjacente e a correção da hipertonicidade. Cronicamente, as células cerebrais se adaptam aumentando sua osmolaridade através da geração de osmóis orgânicos com fins a evitar a perda de água intracelular. Portanto, em pacientes com hiperosmolaridade prolongada, o tratamento agressivo com fluidos hipotônicos pode causar edema cerebral, o que pode levar a coma, convulsões e morte. A redução da concentração de sódio em uma taxa máxima de 0,5 mEq/litro/hora previne o edema cerebral e convulsões. Objetivar queda na concentração sérica de sódio é em torno de 10 mEq/litro/dia com meta de atingir concentração sérica de sódio de 145 mEq/litro. A via preferida para administração de fluidos é a via oral ou uma sonda nasogástrica; se nenhum for possível, os fluidos podem ser dados de forma endovenosa. Apenas fluidos hipotônicos são apropriados, incluindo água pura, soro glicosado 5%, cloreto de sódio a 0,2% e cloreto de sódio a 0,45%. Quanto mais hipotônica a infusão, menor a taxa de infusão necessária. O soro fisiológico a 0,9% é impróprio para o manejo da hipernatremia, exceto em casos de franco comprometimento circulatório. O volume da infusão necessário é determinado pela fórmula de Adrogué e Madias. Repor as necessidades hídricas básicas e outras perdas (febre, vômitos, diarreia). O monitoramento do estado clínico do paciente e valores laboratoriais, inicialmente em intervalos de 6 a 8 horas, guiará os ajustes na administração de fluidos. HIPERCALCEMIA Causas principais: hiperparatireoidismo primário, neoplasias e doenças granulomatosas. Os sintomas de hipercalcemia geralmente se desenvolvem quando as concentrações Sintomas neurológicos: depressão, fraqueza, fadiga e confusão mental, alucinações, desorientação, hipotonicidade, convulsões e coma. Sintomas cardiovasculares: depressão miocárdica, arritmias, hipertensão, bloqueio atrioventricular. Sintomas gastrointestinais: náuseas, vômitos, disfagia, obstipação, úlceras pépticas e pancreatite. Sintomas renais: capacidade diminuída de concentrar a urina, poliúria levando a perda de sódio, potássio, magnésio e fosfato. O tratamento da hipercalcemia é necessário para o paciente sintomático ou se o nível de cálcio total for >15 mg/dL. Pacientes com função cardiovascular e renal adequadas O paciente com hipercalcemia severa está invariavelmente desidratado e o tratamento de primeira linha deve ser a hidratação vigorosa com soro fisiológico a 0,9% com monitorização dos eletrólitos séricos e da função renal. Medidas terapêuticas adicionais dependerão da causa da hipercalcemia, da história e dos resultados dos exames. Pacientes com insuficiência cardíaca ou insuficiência renal: hemodiálise é o tratamento de escolha para reduzir rapidamente os níveis de cálcio. Kelson Nobre Veras Condutas Práticas para UTI 114 HIPOCALCEMIA Sinais e sintomas: espasmo de músculos esqueléticos